erva doce assada com queijo parmesão & tomilho

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Este prato está na edição de março de 2010 da revista Everyday Food e listado na seção dos acompanhamentos. Mas para nós, ele serviu como prato principal, acompanhado de um arroz com lentilhas e cebolas caramelizadas. Me surpreendi agradavelmente com o resultado. Simplesmente delicioso e nem preciso dizer que não sobrou migalha, né?

3 bulbos pequenos de erva-doce [*usei 2 grandes]
Manteiga para untar
1/3 xícara de queijo parmesão ralado
Sal marinho grosso e pimenta do reino moída a gosto
3 raminhos de tomilho fresco

Corte os bulbos de erva doce ao meio e coloque numa panela com água. Leve ao fogo e deixe cozinhar por uns 15 minutos ou até os bulbos ficarem macios. Remova os bulbos da panela com água [guarde a água para usar como caldo] e coloque para escorrer, com a parte cortada para baixo, sobre folhas de papel ou um pano de prato. Coloque os bulbos cozidos num refratário, com a parte cortada virada para cima. Unte cada bulbo com um pouco de manteiga, salpique sal e pimenta do reino moída a gosto, polvilhe com o queijo parmesão ralado e com as folhinhas de tomilho fesco. Leve ao forno pré-aquecido em 450ºF/ 232ºC por 20 minutos, até o queijo ficar grantinado. Sirva imediatamente.

salada para um

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Quando o Uriel viaja acabo sempre batendo o meu próprio record de comer sanduiche de pão com queijo e saladas. Tenho a maior pregui de cozinhar só pra mim. Quando ele volta, já estou seca para comer comida. Nem que seja um simples arroz com feijão. Mas enquanto ele não está, bebo vinho e improviso ranguinhos frescos e fáceis, como esta salada, que comi sozinha acompanhada de fatias de baguette torradas na frigideira.
para a salada:
Folhas de alface
Um pepino libanês cortado em fatias finíssimas
Pimentão piquillo cortado em pedaços
Queijo feta esmigalhado
para o molho:
Suco e raspas da casca de um limão cravo pequeno
2 colheres de sopa de iogurte natural integral
1 colher de chá de mostarda Dijon
Sal [flor de sal ou maldon] e pimenta do reino moída a gosto
3 ou 4 colheres de sopa de azeite
Misturar bem os ingredientes com um batedor de arame até virar um creme bem incorporado, e temperar a salada.

fotografando com Penny De Los Santos

Passar um dia na companhia da fotógrafa Penny De Los Santos em San Francisco, fotografando e aprendendo, foi uma oportunidade de ouro que eu agarrei rapidinho, dando um salto triplo de ninja. Nunca fui tão rápida tomando uma decisão e me registrando para um evento. Dez minutos depois da Elise Bauer anunciar que a Penny estaria dando um workshop em SF , eu já estava com o meu espaço garantido. E minha rapidez e destreza valeram a pena! Eu já conhecia a Penny, dos seus trabalhos pra revista Saveur, de outros workshops que eu invejei e já era leitora do seu blog Appetite. No dia do evento, sai de Davis super adiantada, porque não queria pagar mico de chegar atrasada e acabei chegando na cidade uma hora e vinte antes do inicio do workshop. Andei pela Castro Street, comi outro breakfast, enrolei ouvindo gospel no rádio do carro , quando vi a Penny chegando com a Tara do blog Tea & Cookies, que a ajudou a organizar o evento. Fui a primeirona a entrar no restaurante Contigo, onde parte do workshop iria acontecer.

Penny é uma simpatia e uma simplicidade. Veio me receber, o que já me fez inaugurar o primeiro mico do dia. Pra quem ainda não sabe, sou a maior produtora de gafes do oeste norte-americano. Aos pouquinhos os outros participantes foram chegando e infelizmente eu não conhecia ninguém, com exceção da Elise. Na primeira fase do evento, Penny contou um pouco da trajetória dela, mostrou muitas fotos, cada uma com uma história bacana, numa aula de fotografia e de vida. Depois tivemos a oportunidade de fotografar a comida preparada pelo time fabuloso do restaurante Contigo. Também ganhamos permissão para comer todos os “modelos”. Durante o workshop Penny circulou pelo restaurante, conversando e dando dicas, dando até pra esquecer por micro segundos que ela era aquela fotografa super fantástica que ilustrava com imagens magnificas as páginas das revistas Saveur e National Geographic.

Na segunda parte do workshop saímos para as ruas da cidade, primeiro para almoçar, o que eu acabei não fazendo. Encontramos com a Penny na esquina da Mission Street, onde faríamos a segunda parte da nossa tarefa fotográfica. Ali mesmo comi o um saquinho de manga fresca, vendida por um mocinho num carrinho que também oferecia abacaxi e papaya. Dali partimos em dois grupos para fotografar perspectivas, pessoas e comida. A parte mais difícil para mim é fotografar pessoas. Pedi, muito sem graça, para fotografar o cachorrinho de uma moça e ela avisou—só o cachorro, pois eu não estou vestida apropriadamente. Tive que obedecer. O Mission District é um gueto latino em San Francisco, cheio de cores e figuras interessantes. Era domingo, então as famílias estavam passeando e almoçando nos inúmeros restaurantes da região. Eu e a Elise entramos num que vendia pupusas e eu pedi licença para fotografar, o dono consentiu, mas a senhora que moldava as pupusas não gostou. Fez cara feia, virou as costas pra mim e ainda reclamou. Tivemos que pedir desculpas e cascar fora.

Depois das duas horas pra cima e pra baixo na Mission, nos encontramos no 18 Reasons, um espaço para eventos relacionados à gastronomia, onde conectamos nossos laptops, escolhemos 12 fotos e fizemos um slide show com fotos de todos os participantes. Me senti invariavelmente frustrada, pois sempre acho que não dei o melhor de mim, que minha timidez é uma pedra no sapato, me atrapalhando muito, eteceterá. Mas minhas fotos não foram vaiadas! Terminando o dia na companhia de uma fotografa tão talentosa e outros vinte e quatro blogueiros, escritores e fotógrafos, me senti flutuando no ar. Como se milhares de portas tivessem sido abertas na minha consciência. A identificação que senti com o trabalho lindo e orgânico da fotografa Penny De Los Santos me deu certeza de que estou no caminho certo. Só falta um pouquinho mais de tempo para fotografar e uma boa dose de coragem e firmeza.

[**fotos dos outros participantes do evento no album do Flickr — Penny in SF]

gelatina de pistacho

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Minhas experimentações com agar-agar continuam acontecendo pelos bastidores, embora nem tudo acabe aparecendo por aqui. Um dos experimentos virou uma gelatina bem gostosa, que eu até fotografei e tals. No final acabou não rolando fotoblogabilidade e ela desvaneceu silenciosamente para o arquivo morto da obscuridade. Era uma interessante mistura de leite de amêndoas e castanhas portuguesas, mais o agar-agar. A protagonista de hoje, feita com leite, iogurte e pistachos, ficou por um bom tempo pendurada por um fio naquele limite entre a decisão de publicar ou abortar. Decidi publicar.
Tenho o privilégio de viver numa região produtora de muitas coisas gostosas e nutritivas, entre elas o pistacho. Um dos projetos do meu marido é uma colheitadeira de pistachos, que ele testa durante a colheita todo final de verão numa das maiores fazendas do estado. Na nossa festa de trabalho de final do ano, um dos advisers do programa não pode comparecer, mas mandou uma caixa enorme cheia de pistachos fresquinhos com um aviso para que todos se servissem a vontade. Eu obedeci e trouxe um saco para casa, apesar deles não terem passado pelo controle de qualidade, por não estarem perfeitos, salgados, eteceterá.
Depois de alguns meses alojados na categoria de encalhados, finalmente salvei os pistachos de uma existência de inutilidade. Descasquei um por um e medi 1 xícara de pistachos inteiros. Bati essa xícara de pistachos com 1 xícara de leite e três colheres de sopa de mel. Coloquei a mistura numa panela, juntei 1 envelope de 4g de agar-agar [mais ou menos 1 2/3 colheres de chá] e levei ao fogo. Deixei ferver, removi do fogo e juntei 1 xícara de iogurte integral natural. Misturei bem, coloquei numa vasilha molhada e levei à geladeira até firmar.
Essa gelatina ficou deveras interessante. O iogurte proporcionou uma acidez muito legal, que me agradou imensamente. Mas dá pra fazer somente com leite. Faz uma gelatina cremosa e crocante, se você acredita que isso seja possível.

sopa de tomate—em variações

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Tudo começou durante as nossas tagarelices diárias no Twitter, quando a querida Fê disse que estava bebericando uma taça de cava enquanto esperava a sopa de tomate ferver. Sopa de tomate? Já fui perguntando a receita, que ela prontamente e em menos de 140 caracteres me enviou. Era a coisa mais simples do mundo—dois ingredientes principais, tomate e pimientos piquillo, mais um dente de alho, uma pitada de sal, um fio de azeite, se bem me lembro. Naquele dia mesmo improvisei a minha versão, com os ingredientes que tinha em casa. A partir disso minha vida mudou e desembestei a fazer uma sopa de tomate atrás da outra.

Bem sabendo que durante o inverno, tomates aqui não há, vou me explicando que usei tomates inteiros enlatados. Acho que foi o Mark Bittman que disse que esses tomates são os melhores para substituir os frescos, pois são enlatados no pico da estação, no auge da maturidade e sabor. Eu uso os tomates da marca californiana Muir Glen, que são, na minha opinião, imbátiveis. Uso o fire roasted, que tem um que de sabor a mais. Já usei muitas latas desses tomates, com os quais preparei muitas variações desta sopa dadivosissíma e que simplesmente não consigo parar de fazer. Não vejo a hora dos tomates frescos chegarem por aqui no verão, para eu poder expandir essa idéia ainda mais.
A primeira sopa que fiz, usei junto com os tomates a pimenta peppadew, que é picante e doce e eu adoro. Depois achei um vidro de tapenade de piquillos, que usei para fazer uma versão mais aproximada da sopa da Fer. Finalmente, essa querida amiga Dadivosa me enviou da Espanha os autênticos pimientos del piquillo, que são uns pimentõeszinhos vermelhos assados na brasa. Não são picantes. Fiz a sopa ainda mais uma vez, desta adicionando uma colherzinha de pimenton de La Vera, que é conhecido como páprica espanhola e pode ser doce ou picante. Usei a picante.

a receita básica:
Tomates orgânicos frescos ou em lata
Pimentões vermelhos assados
[piquillos ou pimentões vermelhos comuns assados ou a pimenta peppadew]
Um dente pequeno de alho
Sal a gosto
Pimenton de la Vera, doce ou picante ou páprica
Azeite extra-virgem a gosto

Bata os tomates, pimentões e o alho no liquidificador com um pouco de água. Passe tudo por um peneira. Coloque o liquido numa panela e leve ao fogo. Adicione o sal e o pimenton de la Vera ou páprica. Deixe ferver. Desligue, adicione azeite a gosto. Sirva.

farofa americanizada

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Um tempo atrás alguém me perguntou se eu tinha um pouco de farinha de mandioca para virar uma farofinha que acompanharia uma feijoada que seria servida à um grupo de americanos e estrangeiros. Lembrei que tinha sim, um último pacote, que foi gentilmente doado. Meses depois descobri que eu tinha muito mais farinha brasileira do que pensava. Encontrei lá no fundo de um dos meus armários um pacote de farofa temperada pronta, outro de farinha de mandioca e outro de farinha de milho. Todos com data expirada. Tipo, expirado em 2005! Não lembro, nem sei de onde vieram esses pacotes—presente de alguém que veio ou de alguém que foi e não quis levar, sabe-se lá. Infelizmente tive que jogar tudo no lixo. Cinco anos é muito tempo.

Ainda lidando com a enxurrada de folhas verdes chegando semanalmente na cesta orgânica, encasquetei de fazer uma farofa, daquelas com verdura, ovo cozido e alguma farinha. Farinha brasileira de mandioca ou milho não há, mas não vou deixar este pequeno detalhe atravancar o meu caminho, não é? O negócio é que eu conheço os truques. Saber os truques é elementar, em alguns casos, meu caro Watson.

E o inestimável truque da farinha eu aprendi com uma querida pernambucana que conheci nos meus anos morando no Canadá, quando não havia ainda lojas online e tudo era muito mais difícil para quem morava no estrangeiro. Ficamos muito amigas e ela me passava muitas receitas e me ensinou que o Cream Of Wheat—um produto muito comum aqui na América do Norte e que é geralmente usado para fazer mingau, substitui razoavelmente bem a farinha de mandioca em receitas de farofa. Depois de um tempo, descobri por mim mesma que os famosos Grits, muito usados na culinária do Sul dos EUA, também funcionam muito bem em farofas. Não é, de maneira alguma, a mesma coisa que farinha de mandioca, mas engana muito bem. Eu não tenho receio de substituir ingredientes, desde que faça um certo sentido. E neste caso faz.

1 maço de folhas verdes picadinhas em fatias finas [* usei uma mistura de verduras chamada de mixed raab]
2 ovos cozidos e picados em cubinhos
1/2 cebola cortada em fatias
Sal e pimenta do reino moída a gosto
1 xícara de Grits

Numa frigideira robusta coloque o azeite e refogue a cebola. Junte as folhas verdes e refogue até elas murcharem e ficarem com uma cor verde bem escuro. Tempere com sal e pimenta a gosto. Junte os ovos cozidos picado, mexa bem e junte os grits, mexendo sempre até os grãos ficarem tostadinhos e tudo virar uma farofa bem seca. Sirva imediatamente.

laranja vermelha com calda morna de mel & alecrim

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No final do ano em Londres, aproveitei bastante os dias de convivência com minha família, mas não consegui passear muito. Até fiz planos de visitar a Petersham Nurseries e almoçar no café ou mesmo tomar um chá, mas não consegui. Quando voltei da viagem, coloquei livros de alguns chefs ingleses na minha wish list da Amazon, entre eles os da Skye Gyngell, a simpática chef do café da Nursery. O primeiro que comprei foi My Favorite Ingredients, onde ele dá receitas feitas com 16 de seus ingredientes favoritos. Marquei muitas para fazer, é claro. Mas a primeira que coloquei em prática foi essa sobremesa incrivelmente delicada, feita com as laranjas vermelhas [blood oranges] que ainda estão na estação por aqui, mas logo desaparecerão.

Acho as laranjas vermelhas lindíssimas. Não tem páreo para elas nessa disputa de beleza. Elas são docinhas, mas podem ter um leve toque amargo, o que as deixa ainda mais charmosas. Essa receita serve 4 pessoas.

6 laranjas vermelhas
1/2 xícara de um mel leve e aromatico [*usei de flor de laranjeira]
3 colheres de sopa de água
3 ou 4 raminhos de alecrim fresco, mais para decorar
1 pequena pimenta vermelha seca bem picadinha
[*opcional, não usei]

Descasque as laranjas com uma faquinha bem afiada, removendo também toda a parte branca. Corte em fatias. Passe o rolo de macarrão pelos raminhos de alecrim, para machucá-los um pouco e liberar os aromas. Numa panela coloque o mel, a água e os raminhos de alecrim. Deixe aquecer no fogo baixo, mas não deixe ferver. Arrume a fatias numa travessa ou em pratos individuais. Remova os raminhos de alecrim e regue as fatias de laranja com o mel aquecido. Se for usar a pimenta seca picadinha, salpique por cima das fatias de laranja. Decore com raminhos frescos de alecrim se quiser e sirva.

sorvete de leite queimado

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Vou inaugurar a estação dos sorvetes mais cedo este ano, tudo por causa do Alex Atala. Pra dizer a verdade eu nunca paro de fazer sorvetes. Mesmo no inverno, eu faço uma receita aqui e outra ali, quase sempre repeteco. Mas desta vez é uma receita especial. Tudo começou quando li este texto do Luiz Américo comentando o restaurante D.O.M. do Alex Atala. Elogios pra cá, elogios pra lá, chego no final do quarto parágrafo e leio as palavras mágicas—sorvete de leite queimado.
Nunca comi nos restaurantes do Atala, não tenho o livro dele, nem sei muito sobre ele, tirando o fato de que ele é considerado um dos chefs mais inovadores da gastronomia brasileira, usando ingredientes nativos de maneira criativa e inusitada. Imagino que tudo o que ele inventa e prepara deve ser superbacana, porque alguém que faz um sorvete de leite queimado só pode ser um gênio.

Pra mim, leite queimado é uma viagem de memória de volta à minha infância. Bebi tanto desse nectar tão simples de preparar, que funcionava até como um placebo para aplacar todos os achaques de criança super ativa e endiabrada. Remédio pra que, se podíamos beber um xicrão de leite queimado fumegante?

Pois com esse gosto de infância feliz reavivando meu paladar, me meti a preparar um sorvete de leite queimado. Não deve ser complicado, pensei. E não foi. E ainda por cima, esse gelado fenomenal saiu da sorveteira denso e cremoso, prontinho para ser atacado por colheradas ansiosas.

1 xícara de leite integral
5 colheres de sopa de açúcar mascavo escuro
[se preferir mais doce, use 6 colheres]
1 xícara de creme de leite fresco
1 colher de chá de alguma bebida alcóolica, licor de café, vodka, eu usei pinga de banana [opcional]

Numa panela, coloque o açúcar e leve ao fogo médio. Sempre vigiando deixe o açúcar derreter até fazer um caramelo. Use uma colher de pau e vá mexendo a panela com cuidado pro caramelo não queimar. Quando o açúcar estiver todo derretido, jogue o leite. O caramelo vai empedrar. Vá mexendo com uma colher de pau ou batedor de arame até o caramelo derreter totalmente e o leite ficar cremoso. Desligue o fogo, coloque o leite queimado numa vasilha, junte o creme de leite, mexa bem e leve à geladeira. Quando o liquido estiver bem gelado, junte o alcóol e coloque tudo na sorveteira. Vinte minutos depois, remova o sorvete da sorveteira, coloque num recipiente de vidro com tampa e guarde no congelador até a hora de servir.

um tipo de pissaladière

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Na última segunda-feira, assustadas e abobalhadas com a quantidade de verduras entuchadas na cesta orgânica, eu e a Marianne tivemos a pachorra de contar: DEZ tipos diferentes de folhas verdes. Dez, mes amis, DEZ. Eu sugeri que ela adquirisse um bom livro de receitas vegetarianas, porque não tem criatividade culinária que se sustente sozinha nesse monocromático panorama.

Persisto nos repetecos das folhinhas picadas e refogadas com alho ou cebola e respingadas com limão, que tanto eu como o Uriel gostamos. Mas com tanta variedade, HAJA verdurinha refogada, hein? A morte pelo tédio certamente e felizmente nunca será uma ameaça concreta se depender da minha capacidade de correr atrás de idéias. Até que tenho feito bastante coisas diferentes com as verduras. Como aquela torta com massa de azeite, que foi um achado. E agora encontrei outra forma de consumir as verduras, de maneira criativa e deliciosa.

Voltei a fazer a massa da pizza de sábado em casa. Eu tenho fases intercaladas de ânimo e preguiça. Ando numa fase animada. Só que a receita perfeita, que uso já faz uns anos, faz duas pizzas grandes com massa bem fininha, o que não é muito prático numa casa com duas pessoas. A solução que eu encontrei foi fazer duas massas, deixar uma guardada na geladeira, já pre-assada, esperando para virar pizza no outro sábado. Mas essa idéia não vingou como eu queria, pois na segunda-feira eu já arrumei outro uso para a segunda massa.

Lembrei da deliciosa pissaladière, uma espécie de pizza provençal feita no sul da França, coberta de cebolas caramelizadas e azeitonas pretas. Imaginei um tipo de pissaladière com ou sem as cebolas, mas com muita verdura e um outro legume ou cogumelos, um queijinho e voilá!

Usei a segunda massa de pizza, que ganhou uma cobertura com folhas e caules de mostarda, fatias de cebola e cogumelos chanterelle refogados no azeite e temperados com sal marinho e pimenta do reino moída, um punhado de azeitonas pretas espalhadas e raspinhas de queijo parmesão por cima. Daí é só terminar de assar no forno em 365ºF/ 185ºC.

Refiz a mesma pissaladière numa outra segunda-feira, usando uma mistura de folhas verdes refogadas no azeite, alcachofras grelhadas e conservadas no azeite que comprei prontas, azeitonas pretas e pedacinhos de queijo de cabra.

Já pensei em mil e uma variações diferentes, sempre usando verduras, até quando essa invasão verde-clorofila durar.