berinjela grelhada [ao meu estilo]

Comemos muitas berinjelas neste último verão e essa foi a minha receita clássica da estação, que fiz, refiz e modifiquei até não poder mais. Usei muitos tipos de berinjela, as comuns, as rajadas, as brancas, as japonesas. Pra fazer essa receita é só fatiar as berinjelas, temperar com sal, pimenta e azeite. Grelhar na grelha, forno ou churrasqueira—aqui é sempre churrasqueira o verão inteiro. Espalhar as berinjelas grelhadas num prato ou travessa, cobrir com um molhinho de pesto feito em casa [geralmente bato no mini-processador folhas de manjericão com azeite, só isso] ou um molho com amêndoas ou de castanhas de caju deixadas de molho de um dia para o outro e colocadas no liquidificador água, limão, azeite, sal, pimenta [algo mais ou menos como essa receita]. Nessa eu misturei o molho de amêndoa com um pouquinho do pesto, depois salpica um punhado de sementinhas de abóbora ou girassol tostadas por cima, outro tanto de ervas frescas picadas, uns tomatinhos cortados ao meio e, bon appétit, aproveitar!

precisamos falar sobre crueldade [e compaixão]

Compaixão é a força que promove mudanças. Eu acreditava que as mudanças vinham do conhecimento e da informação, mas acredito agora que mudanças só ocorrem realmente quando uma combinação desse saber é impulsionada pelo poderoso sentimento da compaixão.

Nunca fui uma pessoa de hábitos carnívoros e costumava dizer que nasci vegetariana e fui “espancada” de volta à “normalidade”. A ideia de cozinhar sem carne sempre foi uma coisa natural e um exercício de criatividade pra mim, mas a de cozinhar sem leite, ovos e queijo era um túnel escuro onde nunca me atrevi a entrar. Por isso, e por que não gosto de rótulos nem de me encaixar em nenhum grupo, nunca me posicionei como vegetariana, muito menos como vegana.

Mas algo aconteceu. Acidentalmente eu escutei uma entrevista com o Nathan Runkle, fundador da organização Mercy For Animals. Não sei o que eu estava esperando ouvir dele quando não parei enquanto podia e prossegui ouvindo, mas levei uma chacoalhada quando finalmente escutei os fatos que por anos me esquivei de ouvir sobre a crueldade praticada com os animais de fazenda, o odioso sistema de Factory Farms.

Passei alguns dias aparvalhada. Nas minhas visitas ao supermercado naqueles dias tudo o que eu via era sofrimento nas embalagens coloridas à venda nas prateleiras e geladeiras. Demorei umas semanas para aceitar que estava fazendo parte de uma engrenagem muito bem lubrificada e sem nenhuma transparência, que nos engana dia após dia, não mostrando como é que esses animais acabam nessas caixas e bandejas.

Não me tornei vegetariana nem vegana, mas não quero mais fazer parte desse sistema, nem contribuir com essa indústria pavorosa. A humanidade vai pagar muito caro por todo esse sofrimento que estamos causando à esses bilhões de seres vivos que são destituídos de absolutamente qualquer direito. Vamos levar muitos séculos para quitar essa magnitude de carma negativo que estamos produzindo desde que transformamos os animais em apenas mais uma mercadoria.

Eu continuo comendo ovos bem moderadamente, porque sei de onde os que eu compro vêm, conheço as galinhas da fazendinha. E tenho comido peixe selvagem ocasionalmente. Mas a maioria dos outros produtos animais já não fazem mais parte do meu dia a dia. Nem mesmo os queijos, o que é bem triste, pois eles são deliciosos. Quero explicar essa mudança, que vai ter algum impacto nas receitas do blog. E erguer aqui essa bandeira da compaixão com relação à todos os animais.

Pra quem quiser ouvir, algumas entrevistas e TED Talks que ouvi e achei importante divulgar [todas em inglês]:

»Nathan Runkle and The Power of Compassion ⭐️

»The Power of Our Food Choices: Lauren Ornelas

»Olympic Level Compassion | Dotsie Bausch

»Paul Shapiro On The Future Of Food

»Why I’m A Vegan | Moby

»Toward Rational, Authentic Food Choices | Melanie Joy

»Cowspiracy: How Animal Agriculture Is Destroying The Planet & What You Can Do About It

»Matthew Kenney – Crafting the Future of Food

sopa marroquina de cenoura e abacate [com relish de uva passa]

Comprei três livros do chef Matthew Kenney e fiquei encantada. Na verdade comprei um, depois adquiri os outros dois. Nesses livros ele faz comida vegana e crua. Essa sopa está no livro Everyday Raw Express. Ficou extremamente delicada e deliciosa. O relish de passas já usei pra acompanhar outros pratos e já modifiquei adicionando uma maçã.

para a sopa:
1 e 1/2 xícara de cenouras
1 xícara de leite vegetal [usei de castanhas]
1 abacate pequeno
1/4 xícara de suco de limão
1 colher de sopa de mel
1 colher de sopa de gengibre fresco picado
1/8 colher de chá de pimenta da jamaica [allspice]
2 colheres de sopa de azeitonas verdes picadinhas
1/4 xícara do relish de uva passa

Bata todos os ingredientes no liquidificador, menos as azeitonas e o relish, que serão usados só na hora de servir.

para o relish:
3/4 de xícara de uva passa branca [quanto maior, melhor]
1 colher de sopa de gengibre fresco picado
1 colher de chá de xarope de agave
1/4 de colher de chá de sementes de mostarda
1/4 de colher de chá de pimenta caiena
1/4 de colher de chá de sal
1/4 de xícara de vinagre de maçã [orgânico e não filtrado é preferido]

Coloque todos os ingredientes num processador de alimentos e pulse algumas vezes até obter um molho pedaçudo. Coloque num vidro e guarde na geladeira até a hora de servir.

pilaf de trigo [do Itamar]

Uma foi uma receita facílima que fiz num sábado usando o livro Plenty do Yotam Ottolenghi. Estou revisitando esses livros que fazia muito tempo que não abria. Engraçado que dependendo da época do ano ou da fase que estamos vivendo, abrimos o mesmo livro e somos atraídos por receitas totalmente diferentes. Essa me atraiu nã somente por ser fácil, mas porque tinha na geladeira uns pimentões vermelhos maravilhosos que tinha comprado no farmers market.

6 colheres de sopa de azeite
4 cebolas pequenas picadinhas
3 pimentões vermelhos picados
2 e 1/2 colheres de sopa de extrato de tomate
1 colher de sobremesa de açúcar
2 colher de sobremesa de grãos de pimenta-de-rosa [pode ser a do reino]
2 colheres de sopa de sementes de coentro
2/3 xícara de passas currants
1 xícara de trigo bulgur
1 e 3/4 xícara de água
sal a gosto
um punhado de cebolinha picada

Em uma panela grande coloque o azeite e refogue as cebolas e os pimentões em fogo médio alto por cerca de 12 minutos. Adicione o extrato de tomate, o açúcar, especiarias e as passas. Refogue por 2 minutos, mexendo constantemente. Adicione o bulgur, a água e o sal. Mexa bem para misturar e deixe ferver. Assim que ferver desligue o fogo e tampe a panela. Deixe descansar por 20 minutos. Remova a tampa, mexa bem com um garfo para afofar os grãos, polvilhe com a cebolinha picada e sirva.

torta de maçã com calvados

Na antepenúltima semana do Farmers Market de Woodland apareceu uma fazenda vendendo maçãs e peras. Eles chegam tarde porque as maçãs e peras só começam a aparecer nesta época. Assim, recém-colhidas e na temporada, as maçãs são absolutamente maravilhosas. Comprei muitas e quis logo fazer uma torta. Mas queria que fosse uma torta simples. A rústica galette foi perfeita. Procurei por ideias, achei essa massa e o recheio me inspirei numa torta francesa que vi no livro de receitas Monet’s Palate Cookbook. Ficou exatamente como eu queria!

para a massa:
1 xícara de farinha de trigo
1/2 xícara de farinha de espelta ou farinha de trigo integral
2 colheres de sopa de açúcar
1/4 colher de chá de sal kosher
1/2 xícara de manteiga fria cortada em pequenos cubos [*usei a manteiga vegana da Earth Balance, que tem em tabletes e é bem pratico]
1/4 xícara de água gelada
2 colheres de chá de vinagre de maçã

para o recheio:
4 maças granny smith
Suco de 1 limão
1/4 de xícara de açúcar demerara [cristal]
Calvados [brandy de maçã]

Misture as farinhas, o açúcar e o sal em uma tigela grande. Adicione a manteiga e use um cortador de massa ou duas facas para cortar a manteiga na farinha, até que os pedaços de manteiga que você tem na mistura sejam do tamanho de ervilhas. Eu faço colocando usando o processador de alimentos, pois acho mais prático. Adicione a água gelada e o vinagre. A massa tem que ficar nem muito molhada nem muito farinhenta. Adicione mais água se precisar. Pra mim não precisou. Faça uma bola, pressione num círculo, embrulhe em filme plástico e leve à geladeira por pelo menos 1 hora.

Enquanto isso descasque as maçãs e corte em fatias. Tempere com o suco de limão para que elas não escureçam. Jogue uma dose de calvados [mais ou menos 1/3 de xícara] sobre as maçãs, adicione o açúcar e misture bem com as mãos. Reserve.

Pré-aqueça o forno a 400°F/ 205°C. Remova a massa da geladeira e abra num círculo. Eu abri entre duas folhas de papel vegetal. Transfira a massa cuidadosamente para uma assadeira forrada com papel vegetal. Espalhe as maças no centro da massa e dobre as bordas do circulo para dentro, cobrindo parte das maças. Salpique com um pouco de açúcar demerara e leve ao forno.

Asse a galette por 40 a 50 minutos ou até que a crosta fique com um tom dourado. Remova do forno e deixe esfriar completamente antes de servir.

brownie de chocolate & banana

Fui ao supermercado e comprei banana. Voltei no supermercado uns dias depois e esqueci que já tinha comprado banana e comprei mais banana. Quem nunca, né? Nem fiquei irritada comigo mesma, porque já tinha essa receita linda separada pra fazer. Nem sei como descrever o quanto que isso ficou bom, uma mistura de bolo e brownie, cheia de ingredientes bons e pouquíssimo doce, boa pra comer como sobremesa ou no café da manhã ou da tarde. Delicioso!

2 colheres de sopa de óleo de coco derretido, mais pra untar
2 xícaras de farinha de amêndoa
1 colher de chá de fermento em pó
1 e 1/2 colher de chá de sal kosher
1/3 xícara de cacau em pó sem açúcar
3/4 xícara de manteiga de amêndoa sem açúcar [*misturei de amêndoa e de amendoim porque não tinha o suficiente só da amêndoa. mas pode usar somente a de amendoim]
1/2 xícara de xarope de bordo [maple]
1 e 3/4 xícaras de banana amassada [cerca de 4 bananas]
1 banana inteira para decorar
1 pitada de sal em flocos
Nibs de cacau

Pré-aqueça o forno a 350°F/176°C. Forre uma forma redonda de fundo removível com papel manteiga e unte o fundo e as laterais com um pouco óleo de coco derretido. Em uma tigela média misture a farinha de amêndoa, o fermento, o sal kosher e o cacau em pó. Em uma batedeira ou à mão com um batedor misture bem a manteiga de amêndoas, o óleo de coco derretido, o xarope de bordo e a metade das bananas amassadas. Adicione cerca de um quarto dos ingredientes secos e misture bem. Adicione os ingredientes secos, metade de cada vez, misturando bem e adicionando a outra metade das bananas amassadas, sempre misturando bem. Coloque a massa na forma untada. Fatie a banana restante em três tiras no sentido do comprimento e decore no topo da massa [eu usei 2 bananas cortadas ao meio]. Delicadamente regue as fatias de banana com xarope de bordo [omiti essa parte] e polvilhe com uma pitada de sal. Eu adicionei um pouquinho de nibs de cacau. Leve ao forno e asse por 1 hora e 30 minutos. Remova do forno e deixe esfriar completamente antes de servir.

salada defumada de jaca verde

Esta foi a segunda receita que fiz usando a jaca verde como substituto da carne. Na primeira fiz um refogado com tomate, que agradou público e crítica e com as sobras fiz um escondidinho com batata, que desapareceu num minuto. Tenho olhado muitas receitas veganas e crudívoras por aí e tudo tem me encantado. Já tinha decidido fazer essa receita quando a namorada do meu filho pediu para passar o final de semana com a gente [ele tá viajando]. Ela vive dizendo que *tem* que comer carne, que *precisa* da proteína animal diária e todo aquilo e tal. Fiquei meio preocupada de servir uma salada *imitação* de frango e ela detestar, desmaiar, sei lá. Mas o contrário aconteceu. Ela repetiu e repetiu. Todos nós adoramos. Vou refazer com outros sabores. Essa jaca verde é um negócio incrível. Aqui eu compro a jaca verde em lata na salmoura, só preciso picar fininho ou desfiar. Nunca procurei pra comprar a jaca verde de outro jeito, mas ouvi que vende nos mercadinhos asiáticos.

1 lata [398 ml] jaca verde em salmoura
2 talos de salsão picados
3 ramas de cebolinha verde picadinhas
1/2 xícara de pimentão vermelho picado em cubos
3 colheres se sopa de maionese vegana [usei essa de amêndoa feita em casa]
1 dente de alho picado
2 colheres de chá de endro fresco picado
3 colheres de chá de suco de limão fresco
1/2 colher de chá de páprica defumada
1/4 colher de chá de sal marinho
Pimenta do reino moída na hora a gosto

Escorra e pique a jaca ou desfie com as mãos. Descarte as partes duras. Meça 1 e 1/2 xícaras da jaca picada. Coloque numa vasilha e junte o salsão, a cebolinha, o pimentão, a maionese e o alho. Misture bem e junte o endro. Tempere com o suco de limão, a páprica defumada, sal e pimenta. Coloque numa travessa e leve à geladeira até a hora de servir. Eu servi com folhas verdes. Mas pode servir como recheio de sanduíche.

maionese de amêndoa [no sanduíche de pepino]

Estou um pouco obcecada com receitas veganas, porque meu queixo sempre caí com o nível altíssimo de criatividade para replicar alimentos sem nenhum produto derivado de animais. Comprei uma verdurinha diferente no farmers market, um verdinho muito picante chamado wild cress. A moça que me vendeu sugeriu colocá-las num sanduíche de pepino com maionese. Decidi experimentar fazer uma maionese vegana e escolhi fazer essa com amêndoas. Adorei o resultado e preparei os sanduíches com pepinos em rodelas [com casca e tudo], pão de trigo germinado, as folhinhas de wild cress e bastante maionese.

faz cerca de 1 xícara
1/2 xícara de amêndoas deixadas de molho em água por 8 horas e as cascas removidas [fica fácil remover com os dedos depois de demolhar e escorrer a águra]
1/2 xícara de água
Suco de 1/2 limão
1/4 colher de chá de mostarda em pó
1/2 colher de chá de sal
1/4 colher de chá de pimenta do reino moída na hora
1/2 a 3/4 xícara de azeite
1 colher de chá de xarope de agave ou maple

Coloque todos os ingredientes, exceto o azeite, no liquidificador e bata até ficar homogêneo. Com o liquidificador ainda em funcionamento despeje com cuidado e lentamente uma pequena quantidade de azeite através da abertura na tampa do liquidificador. Comece com 1/2 xícara de óleo e continue até atingir a consistência correta, até 3/4 xícara. Prove e ajuste os temperos, adicionando mais suco de limão ou um pouco de vinagre de maçã se você quiser acentuar mais o sabor. Eu usei um pouquinho de vinagre de maçã. Refrigere e use.

berinjelas variadas
[com ideias para usá-las]

O casal de fazendeiros no Farmers Market de Woodland vende os primeiros tomates da estação. A barraca deles é bem popular. Eles trazem também pepinos, abobrinhas, pimentões e as berinjelas. E as berinjelas são lindas, eu *tenho* que comprar! Essas não precisam salgar pra tirar amargo, deixar de molho no vinagre, nada desses truques. Usa-se direto. E aprendi que berinjela não precisa de geladeira, desde que usada dentro de uns 3 dias. Essas fiz na churrasqueira, grelhadas. Corta no meio, tempera como quiser, eu usei um sal de limão ou sal de hibisco ou sal de alecrim, azeite, depois salpica com ervas e sementes tostadas, de abóbora, de girassol, faz um molhinho com iogurte, mais limão, xarope de romã ou de tamarindo, pimenta vermelha ou do reino, vinagre balsâmico, raspinhas de limão, decora com tomatinhos, manjericão, hortelã, salsinha. O céu é o limite pra usar a imaginação, isso fica com demais!

hummus cru de grão-de-bico germinado

Fiz esse hummus cru pra levar numa festa na casa das nossas vizinhas. Usei o grão de bico germinado e cru, não cozinhei. Bati no processador de alimentos os grãos germinados com um dente de alho, suco e raspas da casca de um limão Tahiti, tahini cru, sal, um punhadinho de salsinha e água gelada até dar ponto. Na hora de servir adicionei azeite extra-virgem, uma pitada de sal de hibisco [mói o sal grosso com flores secas] e sementes de girassol torradas. U-la-la!

grão de bico grão de bico grão de bico