
Burma Superstar
Adicionei esse restaurante na minha lista de lugares para comer em San Francisco em abril. Como sou atrapalhada, mas nunca desisto de uma missão, conseguimos jantar no Burma Superstar no inicio de dezembro. Valeu a pena esperar tanto tempo? Claro que valeu! Fui buscar o Uriel no aeroporto e na volta entramos na cidade e chegamos na Clement Street às 4:30 da tarde. Era um pouco cedo para jantar, mas lembrei de ter lido sobre as imensas filas para comer nesse lugar. Na hora que chegamos não tinha ninguém, chegamos juntos com dois moços e ficamos ali na frente. Precisei dar um pulo na farmácia e quando voltei a fila já estava virando a esquina. Foi uma alegria saber que éramos os primeirões. O Uriel já tinha ficado amigo dos moços, um deles até falava português aprendido com videos e livros. Às 5 em ponto as portas se abriram, entramos e sentamos na mesa ao lado dos moços amigos da fila. O lugar é bem pequeno, então as mesas são bem juntas [tipo ter que tomar cuidado pra não encostar a bunda no prato de arroz do vizinho ao sair, como eu quase fiz] e ficamos conversando e trocando ideias sobre o cardápio. Em 15 minutos o restaurante já estava completamente lotado e borbulhando com comensais animados e famintos. Do lado de fora a fila se avolumava e um banco estratégicamente instalado para o conforto e um chazinho servido como cortesia ajudava o pessoal aguentar a espera. Fizemos perguntas sobre as opções do cardápio para o atendente e é claro que ele recomendou a salada mais popular, com folhas de chá de Burma, que foi o que pedimos. Além das samosas burmesas, eu pedi uma sangria com lichia, barriga de porco com pickles de folhas de mostrada e o Uriel um camarão com folhas azedas. Acompanhamos tudo com arroz de coco. Estava tudo super gostoso. E diferente. A salada vem com os ingredientes separados, que são misturados com destreza e movimentos acrobáticos na nossa frente. As folhas de chá tem um sabor bem diferente, nós gostamos! Comemos um bolo de chocolate e gengibre de sobremesa, que também estava bom. Recomendei o Burma Superstar para todo mundo no meu círculo de amigos e conhecidos que gosta de comida asiática, mas de vez em quando quer provar algo diferente do tailandês ou do indiano/nepalês. Burma é a nova onda.
peras assadas com verjuice
açafrão & alecrim

Em todos os livros do Yotam Ottolenghi eu via receitas que mencionavam um ingrediente chamado verjuice, mas nunca tive a curiosidade de procurar e comprar. Até outro dia quando aportei no mercadinho de produtos internacionais onde vou de vez em quando. Vou lá porque gosto de olhar as mercadorias indianas e do oriente médio, mas vou também por que eles vendem uns ingredientes brasileiros e eu às vezes peço pra proprietária indiana encomendar coisas com o fornecedor brazuca dela. Neste dia eu fui lá pedir pra ela trazer bananinha do tachão de ubatuba [podem rir, mas quem tem boca vai à Roma, né?]. Ela não é boba e está trazendo cada vez mais produtos brasileiros, como carne seca, queijo catupiry e goiabada cascão. Bom, nesse dia eu finalmente vi as garrafas de verjuice e a luz verde piscou dizendo—compra, compra, compra! e eu comprei. Essa foi a primeira receita que fiz com esse suco de uvas verdes que é muito usado para substituir sucos cítricos ou vinagre em inúmeras receitas salgadas e doces. As peras usadas aqui precisam estar bem firmes, porque elas vão assar por um período longo e precisam ficar inteiras, não podem desmanchar. O verjuice e o mel formam uma calda muito deliciosa. Essa receita faz uma sobremesa bem delicada, intrigante e sofisticada, muito boa para uma ocasião festiva.
250ml de mel
400ml de verjuice
2 pitadas de açafrão
2 ramos de alecrim fresco
8 peras Bosc, firmes
Pré-aqueça o forno a 356ºF/180ºC. Numa panela média coloque todos os ingredientes, menos as peras, e deixe ferver. Remova do fogo e reserve.
Descasque as peras, corte ao meio longitudinalmente e retire o núcleo mas deixe a haste intacta. Coloque as peras em um prato refratário ou de cerâmica e despeje o líquido por cima. Cubra o prato com papel alumínio. Asse por 40 minutos, vire as peras algumas vezes na calda quente e deixe cozinhar por mais 30 minutos ou até ficar cozido, removendo o papel alumínio nos últimos 10 minutos. Retire do forno deixe esfriar um pouco e sirva com sorvete ou um creme inglês, se quiser. Eu não quis.
bolas de neve de limão

Não sou pessoa de fazer biscoitos. Porque também não sou pessoa de comer biscoitos. Consumo apenas aqueles biscoitos simples, sem recheios e sem firulas, pra molhar no café com leite matinal no meu ritual de todos os dias. Mas fazer cookies polvilhados de açúcar somente com uma razão muito boa. E essa razão foi eu ter ganhado uma batelada de limões Meyer de uma colega de trabalho. Acho que peguei umas duas dúzias de limões maravilhosos, gigantescos e suculentos! Daí ví essa receita e pronto. Esses biscoitinhos ficam muito gostosos e são muito bons pra acompanhar qualquer tipo de chá. Eu fiz uma infusão de limão e gengibre, nosso chá favorito das noites de domingo.
meyer lemon snow balls
faz cerca de três dúzias de biscoitos
2 xícaras de pecans [*usei nozes]
2 e 1/2 xícaras de farinha de trigo
2 colher de sopa de raspas da casca de limão Meyer
1/2 xícara de açúcar
3/4 xícara de manteiga gelada e cortada em cubinhos
3 colheres de sopa de suco de limão Meyer
açúcar de confeiteiro para finalizar
Pré-aqueça o forno a 300°F/ 150ºC. Prepare as assadeiras forrando com folhas de papel vegetal/manteiga ou esteiras de silicone.
Em um processador de alimentos misture as nozes e a farinha. Processe até ficar tudo finamente moído. Em uma tigela misture com os dedos as raspas da casca de limão Meyer com o açúcar. Adicione o açúcar de limão à mistura de nozes e farinha. Pulse para combinar. Adicione a manteiga e pulse até formar uma farofa grossa. Adicione o suco de limão meyer, uma colher de sopa de cada vez e vá pulsando bem entre cada adição. Processe até uma bola começa a se formar e a massa se mantenha firme quando pressionada entre os dedos.
Usando uma colher de sopa pegue pequenas quantidades de massa de cada vez e rolar fazendo uma bolinha. Coloque sobre a assadeira, deixando um pouco de espaço entre cada biscoito. Leve ao forno e asse por 45 minutos girando as formas no meio do cozimento. Retire do forno e deixe esfriar sobre uma grade. Depois de 10 minutos, enquanto os biscoitos ainda estiverem um pouco mornos, role no açúcar de confeiteiro. Deixe esfriar completamente e rolar os biscoitos no açúcar de confeiteiro novamente. Eu rolei apenas uma vez. Guarde numa lata forrada com papel vegetal ou manteiga.
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bolo [duplo] de milho

Este bolo é exatamente aquele do flocão que eu fiz no ano passado. Só não sei se o flocão era o mesmo ou se comprei outro pacote. É sempre um grande mistério a aparição ou reaparição de ingredientes na minha cozinha. Usei a mesma receita do pacote, só fiz uma modificação—substituí o leite por um creme de milho. Mais uma das mil e uma coisas que tenho guardada, o milho orgânico congelado do último verão. Descongelei um saquinho com mais ou menos 2 xícaras de milho, bati no liquidificador com um pouco de água e coei. Medi duas xícaras de creme de milho e coloquei no lugar das duas xícaras de leite. Esse bolo ficou muito macio.
2 xícaras de kimilho flocão*
[*se não achar o flocão tente substituir por cormeal moída grossa]
2 xícaras de creme de milho** [**bata o milho no liquidificador com um pouco de água e passe por uma peneira bem fina]
1 xícara de açúcar
1/2 xícara de óleo vegetal
1 xícara de coco ralado
3 ovos caipiras [gemas e claras separadas]
1 colher de chá de fermento em pó
Pré-aqueça o forno em 355ºF/ 180ºC. Unte uma forma de 20 cm com um furo no meio com óleo vegetal e reserve. Em uma panela, misture o kimilho flocão, o creme de milho, o açúcar e o óleo. Leve ao fogo médio por 5 minutos. Desligue o fogo e deixe esfriar completamente. Enquanto isso bata as claras em neve. Quando a mistura estiver fria, junte o coco ralado, as gemas e o fermento em pó. Misture bem com um batedor de arame. Junte então as claras em neve usando uma espátula. Coloque a massa na forma untada, leve ao forno e asse por 45 minutos. Quando o bolo estiver dourado e cozido no meio remova do forno e deixe esfriar completamente antes de desenformar.
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bolo de avelã
[com molho de limão]


Quando me dá o cinco minutos que eu quero fazer uma receita de um certo jeito, não tem como escapar. Eu procuro, procuro, procuro e se não achar exatamente o que eu quero, eu adapto. Foi o que fiz com essa receita. Tudo porque eu queria um bolo denso de azeite. Quando mencionei pro Uriel quie o bolo teria um molho de caramelo [porque não tinha creme de leite fresco e alguém teria que sair pra comprar] ele reagiu inesperadamente de maneira bem negativa—não faz molho de caramelo não, que é muito açúcar! faz outra coisa. E então eu fiz, usando limões, preparei um molho de iogurte com mel. Ficou muito bom.
1/2 xícara de manteiga sem sal, em temperatura ambiente*
[*substituí por 1/4 de xícara + 2 colheres de sopa de azeite conforme esta tabela]
1 xícara de farinha de trigo
1/2 xícara de avelãs
1 xícara de açúcar
1 colher de chá de fermento em pó
1/2 colher de chá de sal kosher
3 ovos caipiras grandes
Preaqueça o forno a 350°F/ 176ºC. Unte uma forma redonda de 20cm com azeite, forre com papel vegetal, unte o papel e polvilhe com farinha de trigo.
No processador de alimentos pulse as avelãs com 1 colher de sopa de açúcar até formar uma farofa. Coloque numa vasilha grande e junte o fermento, o sal e a farinha de trigo.
Usando uma batedeira em velocidade alta, bata o azeite e o restante do açúcar até formar um creme, por cerca de 3 minutos. Adicione os ovos um de cada vez, batendo sem parar. Reduza para a velocidade baixa e misture os ingredientes secos. Coloque a massa na forma preparara e leve ao forno pré-aquecido. Asse até que o bolo esteja dourado e cozido no centro, por uns 40-45 minutos. Remova do forno, coloque a forma sobre uma grade e deixe esfriar. Inverta numa travessa, remova o papel vegetal, deixe esfriar completamente e sirva com o molho de limão.
molho de limão
1 xícara de iogurte natural integral
1 limão—casca ralada e suco espremido
1/4 xícara de mel
Misture todos os ingredientes e bata bem com um batedor de arame até ficar um greme bem emulsificado. Sirva sobre fatias do bolo.
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três gatos [na cozinha]

salada de folhas de dente
de leão [com nozes & ovos]

Outra receita adaptada do meu mais novo livro favorito, o Vegetable Literacy da chef Deborah Madison. Na receita original a folha era de radicchio, mas eu substituí pelas de dente de leão que recebo regularmente na cesta orgânica durante o inverno. As folhas de dente de leão são bem amargas, como as do radicchio e então a substituição foi indolor. Essa é uma boa maneira de eu comer ovo, já que picadinho assim e temperado com um molho, o gosto “eca” da gema fica disfarçado.
1 maço de folhas de dente de leão [ou um radicchio Chioggia]
1 ovo caipira cozido
2 colheres de sopa de salsinha picada
Nozes picadas
Um fio de xarope de agave [opcional]
Vinagrete de nozes
faz cerca de 1/3 de xícara
1 cebolinha finamente picada
sal marinho a gosto
1 colher de sopa de vinagre de vinho tinto
1 e 1/2 colher de chá de mostarda dijon
3 colheres de sopa de óleo de nozes
Misture a cebolinha, sal e vinagre em uma tigela pequena e deixe descansar por 10 minutos. Em seguida misture a mostarda e óleo de nozes. Reserve.
Numa travessa coloque as folhas picadas, os ovos picados, tempere com o vinagrete, salpique com a salsinha e as nozes picadas. Regue com um fiozinho de xarope de agave e sirva.
pink grapefruit


Pink grapefruit—ao natural ou em fatias, regado com suco e casca ralada de limão meyer, polvilhado com açúcar de maple e coco ralado. Fancy that!
sopa de romanesco
[com chips de bresaola]

Bem no meio do inverno os brócolis romanesco aparecem na cesta orgânica. Não vou dizer que fico contente, pois apesar da sua aparência festiva e intrigante, o sabor desse legume não me seduz. Geralmente passo ele pra frente, mas vez em quando fico com um. E quando aconteceu, usei o brócolis intergaláctico para fazer uma sopa. Não fiz nada complicado—apenas assei os floretes temperados com azeite e sal, bati no liquidificador com caldo de legumes e temperei com sal e pimenta do reino moída na hora. O que diferenciou essa sopa foi o chips de bresaola. Me inspirei numa receita feita com prosciutto, mas usei a bresaola que eu tinha na geladeira. Imagino que dê pra fazer esses chips com diversos tipos de frios. É só espalhar as fatias sobre uma assadeira coberta com papel vegetal e levar ao forno pré-aquecido em 350ºF/ 176ºC por uns 15-20 minutos, até as fatias ficarem crocantes e quebradiças. Sirva uma porção dos chips grosseiramente quebrados com a mão por cima da sopa.
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