o figo é fresco

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Ganhei um monte de figos mission colhidos no quintal da minha amiga Jean. Pensei em fazer uma receita com eles. Fiquei animada. Depois pensei melhor e NHAC… Resolvi comer todos eles assim frescos. E comi! Eu adoro figo. Se tiver que escolher entre morango, pêssego, manga, cereja ou figo, eu fico com o figo.

Aqui a receita que eu não fiz:
Figo Fresco com Queijo de Cabra e Lavanda
8 figos mission frescos – eles são os pequenos, mais escuros
2 colheres de sopa de queijo mascarpone
1/4 xícara de queijo de cabra amolecido
1/4 colher de chá de flores de lavanda secas
1/2 colher de sopa da mel
Coloque os figos cortados ao meio numa travessa. Misture os queijos, as flores e o mel. Coloque uma colher dessa mistura em cima de cada metade de figo.

o dedo caolho

Queridos amigos e amigas que me lêem. Se vocês têm um olho bom para os detalhes, com certeza já perceberam a minha tendência para fazer typos e erros banais em frases. Não quero dar uma de sonsa e deixar todo mundo pensando que fugi da escola. A verdade é… bem, a verdade é… cof cof… a verdade é que eu NÃO SEI DATILOGRAFAR! Cato milho com um dedo só e olho para o teclado enquanto escrevo. É um péssimo hábito enraizado, coisa de gente turrona que sempre se recusou a aprender o bê-á-bá do teclado. E não insistam em dicas, não sugiram cursos online, porque eu não vou fazer, não vou fazer, não vou e pronto! Só queria explicar por que eu faço tantos errinhos.

Mas não bastasse ser dedológrafa, ainda ando meio cegueta. Preciso de óculos para ler e não uso, porque não gosto, me irrita, me dá tontura. Isso tudo somado ao fato de que escrevo a maioria – não todos – os meus textos num pequeno laptop, onde eu perco muito em visualização. Isso tudo tem me deixado imensamente preocupada. Será que vou virar um velhinha [velhona] cheia das teimosias, ameaçando os incautos com um guarda-chuva pontudo quando confrontada, com o batom borrado, uma meia de cada cor em cada pé, achando sempre que tem razão e escrevendo receitinhas de canja de galinha e bolo de cenoura cheias de teupos… tiupos… tiupos… TYPOS?

Bolo rápido de polenta com limão e tomilho

Estava com essa receita engatilhada desde que recebi a edição de setembro da revista Martha Stewart Living. De hoje não podia passar, então me meti a assar um bolo, mesmo estando meio cansada e pensando em ir logo pra cama ver filmes e [tentar] ler um pouquinho da minha pilha de livros. O título da receita em inglês diz pão, mas o resultado é um bolo bem compacto com uma textura bem leve e úmida. O sabor dominante é de limão e o cornmeal contribui com a crocância. Está difícil parar de comer!

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Polenta quick bread with lemon and thyme
3/4 xícara [1 1/2 tabletes] de manteiga sem sal amolecida
1/3 xícara de farinha de trigo
3/4 xícara de açúcar
1 colher de sopa de raspas de limão [amarelo]
2 colheres de sopa do suco de um limão [amarelo]
3 ovos grandes
1 colher de sopa da tomilho fresco
1 xícara de cornmeal [um fubá um pouco mais grosso – mas acho que fubá funciona bem]
1 colher de chá de fermento em pó
3/4 colher de chá de sal grosso
1/4 xícara de pine nuts [pinoles] tostados

Pré-aqueça o forno em 325ºF/165ºC. Unte buma forma de pão com manteiga e polvilhe com farinha de trigo. Na batedeira coloque a manteiga e o açücar e bata em velocidade média por 3 minutos, até formar um creme bem claro. Acrescente as raspas do limão e misture por mais um minuto. Vá adicionando os ovos um a um e batendo. Adicione o suco de limão e o tomilho. Adicione a farinha, o cornmeal, o fermento e o sal e misture bem. Coloque 2/3 das pine nuts. Coloque a massa na forma untada, salpique com o resto das pine nuts e asse por 50 minutos. Deixe esfriar numa grade.

The Mondavi

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Nesses dias quentes eu ando bebendo muitos vinhos brancos. Vou testando as variedades. Neste final de semana estou me deliciando com esse Fumé Blank produzido pela vinícola Mondavi do Napa Valley. Esse vinho é feito com as uvas do Savignon Blank, com toques de citrus e melão. Os Mondavi produzem vinhos muito bons e têm uma vinícola muito charmosa logo na entrada do Napa Valley, tudo muito bem cuidadinho, num estilo missão espanhola. Eu tenho uma simpatia imensa pelos Mondavi, que não tem nada a ver com vinho.

No ano 2000, o casal Robert e Margrit Mondavi fez uma doação de 35 milhões de dólares para Universidade da Califórnia em Davis. Eles queriam que se construísse um teatro. Em 2003 o Mondavi Center ficou pronto e abriu para o público. Fica no campus da universidade e é majestoso. Um dos teatros com a melhor acústica do mundo, todo forrado com uma madeira especial resgatada do fundo do oceano na costa do Pacífico perto de Vancouver. O teatro é espetacular e traz artistas fabulosos para a nossa cidadezinha. Eu nunca comprei um ingresso para o Mondavi Center, mas conheço o teatro de cabo a rabo, por dentro e por fora, o palco, o backstage, porque sou voluntária lá desde 2003. Ajudo a levar as pessoas até as suas cadeiras azuis numeradas, faço os salamaleques e depois me sento e vejo o show. Já vi muita coisa legal, e o que eu mais gosto é que sempre vejo os ensaios, os artistas de roupas comuns, testando o som, etc. Quem lê o meu blog pessoal há tempos, com certeza já topou com muitos comentários que eu fiz sobre shows em que trabalhei e assisti. Tenho muitas histórias com aquele teatro. Os voluntários são pessoas cultas, amantes das artes e da música, que trabalham lá porque gostam. Muitos vem de outras cidades, enfrentam trânsito na estrada durante a semanas, para fazer os shows. Eu adoro ser voluntária lá, onde conheci muita gente legal e vi shows espetaculares. Tudo isso graças aos Mondavi, que nos proporcionaram um teatro dessa magnitude, numa cidade universitária de 60 mil habitantes. E é claro que nos elegantes bares dentro do Mondavi Center só é servido os vinhos da vinícola. Uma excelente troca, não?

Torta rústica de maçã com Calvados

Fizemos um almoço em família, porque o Uriel voltou da fazenda ontem à noite e já vai viajar de novo hoje à tarde. Tracei meu plano e defini meu menu – postas de salmão e espigas de milho assados na churrasqueira, salada de batata com molho de sour cream e chives [não tinha iogurte], a salada síria de trigo e nozes da Valentina e uma torta de maçãs que vi na edição de setembro da revista Gourmet. Eu tinha umas macãs gala que comprei no Farmers Market, colhidas no dia. E na receita ia Calvados, um destilado de maçãs, que ainda não tinha tido a chance de usar numa receita. Tudo pronto, vamos lá!

Não foi tarefa fácil pra mim preparar um menu com tantos pratos. Não é novidade eu fazer isso, mas é sempre uma jornada que me exaure… Me atrapalhei imensamente, fiquei toda esbaforida e estressada, mas pelo menos não quebrei nada, nem me machuquei. Apenas derrubei açúcar por cima do fogão, deixei o salmão passar um pouco do ponto e quase queimei o milho. Quando o Gabriel e a Marianne chegaram estava tudo quase que controlado, só faltava arrumar a mesa. O Uriel sempre me dá uma mãozinha com as coisas de churrasqueira e com a arrumação de mesa e lavação das louças. Mas hoje ele se enfiou numa empreitada de eliminar o matagal do jardim da guest house, que estava realmente descontrolado. Então fiquei sola nos preparativos do almoço.

Ninguém reclamou de nada, todo mundo comeu e até elogiou. Então está bom! Como faço sobremesas muito de vez em quando, preciso reportar. Foi uma simples torta de maçãs, mas ficou bem especial. A receita é para pequenas tortinhas, mas eu fiz uma torta inteira, que era mais prático.

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Rustic Apple Tart with Calvados Whipped Cream
Para a torta:
1/3 xícara mais 1/2 colher de sopa de açúcar
1/2 xícara de cidra ou suco de maçã
1 colher de sopa de vinagre de maçã
500 gr de pequenas maçãs gala, raladas em fatias, com a casca
1 pacote de massa pronta para torta [a receita pede massa folhada, mas eu usei uma massa comum mesmo, porque esqueci de comprar a outra..]
3 colheres de sopa de manteiga sem sal
1 colher de sopa de Calvados
Para o creme:
1/2 xícara de creme de leite fresco gelado [heavy cream]
1 colher de chá de açúcar
1 colher de chá de Calvados

Aqueça o forno em 425ºF/220ºC. Coloque 1/3 de açúcar numa panela e faça um caramelo claro. Jogue a cidra e o vinagre e faça um molho. Desligue o fogo. Jogue as maçãs em fatias finas nesse molho e deixe macerar por uns 10 minutos. Coe as maçãs, separe o molho. Coloque as maçãs sobre a massa pronta numa forma – se for fazer tortinhas individuais, corte quadrados da massa e ponha separados na forma. Salpique a torta com pedacinhos de 1 colher de sopa de manteiga e o restante do açúcar. Leve para assar por uns 20 ou 30 minutos. Enquanto isso coloque o molho de volta na panela, acrescente as 2 colheres de manteiga e o Calvados. Deixe ferver, mexendo de vez em quando, até o molho engrossar e reduzir pra 1/3. Quando a torta estiver assada, jogue esse molho por cima. Sirva com o creme de leite com Calvados – bater os três ingredientes na batedeira até a consistência ficar firme.

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ice cream dream

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Confesso que comprei esses sorvetes no Co-op puramente baseada no rótulo de nutrição. Quando li 10% total fat, zero de trans fat e 5g de açúcar, coloquei os potinhos imediatamente no carrinho. Comparado com os 50% total fat de um Haagen Dazs da vida, peloamordedeus, é uma diferença brutal! Só depois que vi que o sorvete, fabricado pela Celestial Seasonings, tinha os mesmos sabores de alguns dos seus chás e era feito com leite de arroz. Como eu adoro leite de arroz, fiquei toda sorridente. E o sorvete é simplesmente uma delícia – leve e delicado, e vem sem motivos para culpa.

quem não arrisca não petisca

Cansada e esgotada, fui à Sacramento depois do trabalho para uma shopping therapy. Nada exagerado, mas eu queria ir à uma loja especifica comprar umas roupitchas. Eu vou rarissimamente à malls, porque não temos nenhum aqui em Davis. Tenho que ir até Sacramento e não gosto muito do ambiente dos malls. Faço minhas compras em outlets, lojas de fábrica, pontas de estoque e lojinhas da cidade. Sou super thrifty com roupas, porque enjôo delas facinho, além de ser uma desastrada e manchar tudo, rasgar tudo. E gosto de ter MUITA roupa, então não pago preço regular. Mas ontem fui no de downtown Sacramento, que é o mais próximo pra mim. Ele é um típico mall californiano, todo aberto, até que bonito. Mas por que, perguntam-se vocês, eu estaria escrevendo sobre isso? Outra vez um post off topic? Nãnanina! É que eu preciso dizer o quanto eu ABOMINO comida de shopping. Eu tenho nojo, asco, revolta. Não consigo comer aquelas porcarias fast-food, simplesmente. Então camelei onde queria, comprei o que queria e dirigi correndo, faminta, de volta para Davis.

Atrás da minha casa tem uma pequena área de comércio, com algumas lojas, alguns restaurantes com mesinhas na área externa, um imenso gramado onde as crianças correm, os adultos se esparramam deitados, e um jardim de plantas típicas da região, que faz parte do Arboretum da UC Davis, com mesinhas, cadeiras e bancos para o pessoal se aconchegar. Nem preciso fazer a comparação desse shoppingzinho vizinho com um mall qualquer em outro lugar… Mil vezes aqui! Então voltei decidida que iria jantar – sozinha mesmo – num dos restaurantes dali. É só atravessar a rua, super tranquilo.

Fui ao Fuzio um franchise que abunda aqui na Califórnia. Uma mistura de cozinha italiana com oriental. É esquisito mesmo… O ambiente é modernex, o serviço é simpático e atencioso, mas a comida deixa um tanto a desejar. Sentei no bar, porque assim não me sinto tão deslocada por estar sozinha. Pedi um ravioli recheado com tomate seco e queijo, com molho de cogumelos grelhados, que não estava totalmente ruim, só a massa que estava um pouquinho dura. E bebi uma taça de Chardonnay [sempre californianos] que supostamente teria um leve sabor de melão. Não estava mau, mas também não impressionou. Se o Fuzio fosse um bom restaurante, com um menu mais variado, eu seria uma frequentadora mais assídua nos meus dias solitários de final de verão. Mas nem tudo pode ser perfeito….

folga na cozinha e outros papos

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Todo final de agosto, início de setembro, meu marido some na fazenda de pistacho ou em congressos pelo mundo afora. Então eu fico meio desorganizada na cozinha, porque não tenho muito ânimo de cozinhar só pra mim. Improviso muito, também porque não gosto de comer em restaurantes sozinha. Faço coisas simples e práticas. Sandubas e saladas são a base do menu. Ontem fiz uma coisa horrêver… Jantei uma salada Caprese – tomate, mussarella fresca e basilicão – com uma fatia de pão preto, em pé na cozinha, enquanto telefonava para as minhas amigas e combinava um cinema.

Fomos ao Varsity Theater, o cinema independente da minha cidade, ver o documentário Who Killed the Electric Car. Logo na entrada, notei uma janelinha que eu não tinha visto antes, no lado esquerdo do hall principal e fui lá xeretar. O teatro tem o seu balcãozinho estilo anos 50 vendendo pipoca, refrigerante, mas aquela janelinha vendia café e sorvete – gelatto e regular. Me encantei por um sabor de berries com cabernet. Achei uma ótima idéia, só que senti um pouco de dificuldade para terminar o sorvete quando a sala ficou escura.

a trilha sonora do capítulo de hoje é Dylan

Ele está na fazenda de pistacho no sul da Califórnia. Não fui nadar, porque estava ansiosa para ir até a Borders com um cupom comprar o novo cd do Bob Dylan. Comprei também mais um livro de culinária francesa, desses com fotos bonitas, e postais pro meu amigo Guto. Na volta passei ao lado da inquilina da minha guest house e seu cachorro de três pernas conversando com o meu vizinho cinqüentão tri-atleta na calçada. Essa foi uma história traumatizante que felizmente acaba depois de amanhã.

Comida, comida! Nao quis comer no restaurante italiano, nem no bistrô das saladas. Peguei o carro e fui até o Co-op, nosso supermercado cooperativa. Enchi o carrinho de coisas tolas – sorvete de frutas, wrappings com hummus e falafel, marmelada, pão preto, duas bananas, polenta corn chips, hamburger vegetal. Ouvi pela terceira vez neste dia um elogio à minha roupa – your top is awesome! Sim, é mesmo!

Uma taça de vinho branco de Cadiz na Andaluzia, salsa de vidro com coentro e azeitonas, figos verdes e roxos, iogurte grego com mel. Bob Dylan tocando no cd player me leva quase às lágrimas. Meu vizinho recebe uma visita, um cabeludo hipongo. Será o George da esquina? Eu achava que o George era desempregado e até sentia pena da mulher sorridente dele, quando fiquei sabendo que ele é um professor do departamento de Artes. Quanta diferença do departamento de Engenharia agrícola, onde ninguém tem tempo pra nada e ainda viaja. Todos os meus vizinhos são acadêmicos.

Vou ler A Little Taste of France, vou escrever postais, de óculos que eu odeio, vou terminar de mastigar os figos, que eu adoro, e sentir as sementes estourando entre os meus dentes, vou terminar de ouvir Dylan e seu Modern Times, tentando não sair dançando pela cozinha, evitando que o meu vizinho me veja pelas janelas e me pegue no flagra comendo, bebendo, cantando.