pudim de pão com molho de whiskey

Essa foi a sobremesa que levei pro jantar na casa da minha amiga. Um pudim de pão de New Orleans. Ele não só fez sucesso porque ficou delicioso e se destacou das outras tortas compradas prontas, como todos adoraram falar o seu longo nome – creole bread pudding with whiskey sauce, pondo ênfase, claro, no whiskey sauce! Esqueci de tirar uma foto. Mas garanto que o pudim ficou bonito e com um sabor incrível. Tirei essa receita da edição de novembro de 2006 da revista Cottage Living.

Creole Bread Pudding with Whiskey Sauce
Manteiga derretida para untar a forma
4 xícaras de pão francês amanhecido [usei o puglisese] cortado em cubinhos bem pequenos
4 xícaras de leite integral – usei somente 3 e achei que 4 seria muito.
4 ovos grandes levemente batidos
2 xícaras de açúcar
2 colheres de sopa de extrato de baunilha
1/2 xícara de passas ou damascos secos cortados em cubos [usei cranberry seca, afinal era Thanksgiving!]
1 maçã pequena, cortada m cubinhos

Pré-aqueça o forno em 350ºF/176ºC. Unte uma forma funda com a manteiga. Eu usei uma retangular. Coloque os cubinhos de pão numa vasilha grande e cubra com o leite. Numa outra vasilha bata o açúcar, ovos e baunilha. Jogue na mistura de pão e leite. Acrescente as passas/damasco/cranberry seca a maçã em cubinhos. Misture bem e coloque na forma untada. Asse por 1 hora e meia.

Prepare o whiskey sauce:
Numa panela coloque:
1 ovo grande
1/2 xícara de açúcar
1 colher de chá de maisena
1 xícara de half-and-half [que eu acredito ser um creme de leite fresco diluído no leite] ou de leite evaporado
Leve ao fogo médio, batendo sem parar com o batedor de arame até o molho engrossar. Tire do fogo e adicione:
1 colher de sopa de whiskey
1 colher de chá de extrato de baunilha

Misture bem e sirva com o pudim de pão. O molho e o pudim devem ser servidos morninhos.

Meyer Lemon Pots de Crème

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Como decidi sabiamente não fazer o peru com all the trimmings, pude me dedicar às sobremesas. Fiz três—duas para o nosso almoço e uma para o jantar que fomos na casa de uma amiga. Essa de potinhos com creme de limão Meyer ficou incrívelmente deliciosa – very lemony, como eu imaginava que ficaria. Não sei de onde peguei essa receita, provavelmente de algum website, pois ela estava no meu mailbox. Simples e deliciosa!

Meyer Lemon Pots de Crème
2/3 xícara de açúcar
1 ovo inteiro
4 gemas
1 1/4 xícara de creme de leite fresco [heavy cream]
1 colher de chá de raspas da casca do limão Meyer
1/2 xícara de suco do limão Meyer
Pre-aqueça o forno à 325ºF/162ºC
Bata bem o suco do limão, o açúcar, o ovo e gemas. Adicione o creme e bata bem. Passe a mistura por uma peneira [esqueci de fazer esse passo…]. Acrescente as raspas de limão.

Coloque o creme em seis* potinhos para suflê ou custard numa forma larga e funda. Divida a mistura uniformemente entre os potinhos. Coloque água fervendo na forma até a metade dos potinhos. Cubra com papel alumínio e leve ao forno por 35 minutos. Deixe esfriar e coloque na geladeira por algumas horas antes de servir.

*deu para encher cinco potinhos. mas uns ficaram mais cheios que outros, então calculo que se caprichar pra encher igualmente dá pra seis.

I’m thankful for everything

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de onde eu chucruto…

Hoje que eu poderia dormir muito, o quanto quisesse, sem horários, estou acordada e alerta desde às 7am. Levantei, fazer o quê? É o hábito. Estou pensando no ranguinho de Thanksgiving, na viagem do meu filho, na minha viagem. Eu não gosto de viajar e não viajo bem, então tudo relativo ao trajeto vira um estresse. Mas hoje é dia de agradecer, e eu certamente tenho MUITO pra dizer obrigada! Estou com uma leve dor de cabeça causada pelos inúmeros copos de vinho – delicioso Zinfandel, que bebi na festa da minha amiga. O Roux corre atrás do Misty, depois chora quando é enjeitado, o Uriel ainda dorme, o céu está azulzinho, está 6ºC lá fora, estou de roupão de fleece quentinho, pantufas, descabelada, chucrutando da mesa da cozinha, de onde eu sempre chucruto, e vocês podem ver nas fotos.
—o que você vê: comprei o novo Joy of Cooking depois de ler a review da Elise. eu tenho a edição de 1975, que é bem mais magrinha que essa. o californiano Ghirardelli faz um excelente chocolate, da mesma qualidade dos suiços e franceses. minha bolacha favorita que eu como pela manhã, toasts de anisete. mais uma geléia, essa austríaca de wild lingonberry achei no World Market. revistas com as receitas que vou tentar fazer hoje. os limões meyer, meus favoritos. o meu gato Misty. o iBook de onde eu olho para o mundo.

seis graus

A rainha Faby me conta que um dos melhores amigos do marido dela – um amigo de adolescência, ligou para parabenizá-la pela reportagem no Estadão. Na onda, ele revela uma informação extra: a prima dele também estava na reportagem. Quem é o amigo do marido da Faby? Meu primo Paulo, filho da tia Maria José, que deu a receita do Chucrute com Salsicha para a minha mãe.

A querida Cris está me ajudando a encontrar um lugar legal em Campinas para fazermos um encontrinho dos blogs de culinária quando eu estiver por lá. Ela me escreve pra sugerir um restaurante bem bacana – o Terraço Rosário no shopping Galleria, bem localizado e de fácil acesso para todos. Trocamos algumas informações particulares e rapidamente desdobram-se revelações incríveis: a Cris trabalha na IBM com o meu cunhado Beto, irmão do Uriel.

Estamos todos de uma maneira ou de outra interligados – não tenham e menor dúvida disso!!

um thanksgiving sem peru

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[Thanksgiving 2004—em destaque no buffet, a minha famosa torta de tomate]

Nós costumamos passar o Thanksgiving com a Reidun, a sogra do meu filho. Ela nos convida todo ano, e faz o almoço/jantar com todos os elementos da clássica comemoração americana. Eu curto muito essa celebração, porque é uma festa de família e comida, sem aquela neuras de presentes que é o Natal. Dizem que o Thanksgiving é o feriado mais importante para o americano, deixando até o Natal para trás. Eu entendo o por que disso, e acho fabuloso uma festa para agradecer! Então todo ano vamos para o Marin county no final de novembro e comemos o peru assado—sempre preparado pela minha nora, que passa o dia em função do bicho, temperando e untando de hora em hora com manteiga. Para acompanhar sempre tem batatas em forma de purê ou apenas cozidas—ítem que não pode faltar na casa de uma norueguesa—além de gravy, cranberry sauce, batata-doce, vagens, ervilhas, cenouras, brussels sprouts, stuffing que recheia o peru e é geralmente servido separado, saladas e pães. Sobremesas de torta de maçãs e de abóbora. Tem sempre um toque diferente aqui ou ali, como a adição de uma salada de palmito ou uma torta de tomate trazidas por mim. Mas no geral o cardápio básico é sempre o mesmo.

Neste ano vamos ter um Thanksgiving diferente aqui em casa. Uma grande amiga da Reidun ficou viúva e ela decidiu passar esse dia na companhia dela. E também o Gabriel e a Marianne embarcam para o Brasil no dia seguinte, então ninguém vai estar com cabeça para assar peru. Eu também não estou, por isso resolvi que vou fazer uma bacalhoada, tudo simples e rápido, pois estou um pouco apavorada com a falta de tempo que vou enfrentar nessas festas de final de ano. Vou chegar do Brasil no dia 16 e vou ter exatamente seis dias para preparar o Natal que vai ser outra vez aqui em casa, com o meu irmão, cunhada e sobrinhas, mais a família da Marianne. Acho que vai ser um potluck Christmas, tudo diferente, como esse Thanksgiving com bacalhau!

Uma belíssima polenta

Apesar de eu ser descendente de italianos, na minha casa nunca se fez muita polenta. O macarrão sempre foi o elemento forte e dominante da nossa cultura carcamana. Li ou ouvi que a polenta é mais comum no norte da Itália e minha família veio do sul – Potenza. Além da falta de familiaridade com esse prato, eu ainda tinha um certo preconceito com relação à sua preparação, pois eu sempre achei que dava uma trabalheira sem fim. Imaginava o feitio da polenta envolvendo horas de trabalho intenso, mexendo o fubá sem parar num tacho de ferro com uma colherona de pau. Aquela coisa de criar músculo e suar bicas. Lembro de ter ido uma vez à uma festa típica de uma comunidade tirolesa perto de Piracicaba e como chegamos tarde, ficamos a ver navios, sem comer, pois a venda da polenta tinha se esgotado. Ficamos parados lá no meio da muvuca sentindo o cheirinho e vendo bandejas cheias de pratos com o creme amarelo acompanhadas de frango passarem pra lá e pra cá, sobre as nossas cabeça. Prometemos voltar no próximo ano e comprar os ingressos para a comida antecipadamente, mas nunca fizemos. Embora eu adorasse comer os quadradinhos fritos nas churrascarias, a polenta pra mim sempre foi um prato meio desconhecido, que nunca tive a chance de realmente apreciar.
De vez em quando eu comprava no supermercado uns rolos de polenta pronta, que eu tentava fritar e matar um pouco da vontade de comer aquelas deliciazinhas fritas dos restaurantes brasileiros. Mas nunca consegui replicar a guloseima. Outro dia, olhando a seção das farinhas no Co-op, vi a farinha própria para polenta e decidi que deveria largar mão de ser frescona e arriscar um pouquinho mais nas minhas receitas. Pelas instruções da embalagem, aquilo não parecia ser um bicho-de-sete-cabeças. Comprei um pacote, apertei a ponta do nariz prendendo a respiração e tchiiguuun, mergulhei nas águas desconhecidas da preparação desse tradicional prato italiano.

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Nas fotos a polenta já é quase finita! Quando o Uriel falou brincando – essa é a piada da hora aqui em casa agora – você não vai tirar uma foto, já estávamos quase acabando de almoçar. Mas resolvi registrar o evento mesmo assim!
Polenta da Italiana do Sul
Ponha 3 xícaras de água com sal para ferver numa panela de ferro. Quando ferver, adicione 1 xícara da polenta e vai mexendo até engrossar com um batedor de arame – uns 5 minutos, nem chega a cansar! Quando já estava bem grossinha, juntei umas mini-linguiças cortadinhas em rodelas e uma colher de sopa de cebolinha picada, que era o que eu tinha na geladeira. Eu fiz tudo numa panela só, pois sou assim, sempre me arranjo pra ter menos coisas pra lavar. Usei uma panela que vai ao forno. Então por cima da polenta coloquei uma camada de molho de tomate bem grosso – usei um que fiz dos meus tomates da horta e congelei. Penerei o molho pra não ficar nenhum pedacinho de tempero. Por cima do molho coloquei fatias de dois tipos de queijo – Panela e Provolone, que era o que eu tinha na geladeira. Coloquei no forno por uns 30 minutos. Ah, ficou tão boa que nem acreditei! Eu fiz polenta! Eu fiz polenta!

dá pra pôr num marmitex?

Essa história já foi contada e recontada na minha família zilhões de vezes. Virou uma fábula.
Quando eu ia ao Rio, ou ela ia a Campinas era comum passarmos as noites em claro conversando. Como a gente conversava, e como curtíamos a companhia uma da outra. Na última vez que fui ao Rio visitar a minha prima Helô, os nossos convercês atravessaram as madrugadas, o que era um tantinho sacrificante para os nossos filhos – o meu Gabriel com uns seis anos, e o Pedro dela, com uns quatro. Acordávamos tarde, tomávamos aquele café da manhã longo e ficávamos na mesa conversando, conversando… Íamos jantar super tarde, era uma bagunça geral. Pobres crianças, filhos inocentes de duas malucas.

Num belo domingo, levantamos super tarde, tomamos café e ficamos na mesa até tardão, nem pensamos em almoço nem nada, até que alguém sugeriu irmos comer numa churrascaria rodízio. O marido da minha prima era amigo do dono do lugar, então o cara ofereceu um desconto para a nossa mesa. Beleza pura! Sentamos para comer e o Gabriel simplesmente desembestou. Encheu o prato com tudo que era possível e toda carne que era oferecida ele aceitava. Ficamos de olhos esbugalhados olhando o guri comer. E como ele comeu! Na hora de pagar, o dono da churrascaria falou – olha, vou dar o desconto como prometi, mas vou ter que cobrar aquele menino como adulto, pelo tanto que ele comeu.

O marido da minha prima pagou a conta e voltou rindo, inconformado, nos contando o ocorrido. Começamos a rir também, quando vimos um garçon se aproximar do Gabriel e ouvimos ele pedir – dá pra você pôr os restos num MARMITEX que eu vou levar pra casa?

Pobre guri, filho de uma mãe desnaturada, estava tentando se prevenir. Vai que não tivesse almoço no dia seguinte! Até hoje não me conformo – que dóóóó!!!!

O café, o café!

Eu me considero uma excelente anfitriã. Recebo meus hóspedes muito bem, com conforto e salamaleques. Preparo o quarto, a cama fofinha, ponho um vaso de flores na mesa de cabeceira, barrinhas de chocolate, toalhas macias no banheiro, carafe com água fresquinha, roupão e pantufas felpudas. Faço café da manhã caprichado, sempre procurando agradar – ovos mexidos e café para uns, chá e presunto com tomate e mostarda para outros. Mas todo mundo está sujeito a cometer aquela gafe histórica. A minha aconteceu na primeira vez que eu hospedei a sogra do meu filho. Ela não podia ficar com o Gabriel e a Marianne porque eles ainda moravam na minha guest house – que embora seja uma guest house, naquele momento não servia para acomodar nenhum guest.

Tudo bonitinho, arrumado, a sogreta instalada e confortável, fomos dormir. No dia seguinte acordei com o som da voz da minha hóspede – ela fala alto e acorda cedíssimo. Pensei, vou levantar e descer pra fazer o café. Mas juro – J-U-R-O – que ouvi a voz do Uriel no meio do blábláblá. Fechei os olhos e resolvi dormir por mais alguns minutos, reconfortada pela idéia de que ele estava na cozinha e iria pelo menos fazer o café, colocar as xícaras na mesa, me daria um tempo extra curtindo a cama. Quando finalmente levantei e desci, crente que a minha hóspede já estava bebendo o seu sagrado café preto, encontrei as duas – mãe e filha, conversando na cozinha e combinando um lugar para sair e tomar o café da manhã. Não era o Uriel dialogando com ela, pois ele tinha acordado mais cedo que todo mundo e já tinha saído. Quase enfartei de vergonha!! Preparei um super café e aprendi a minha lição – anfitriões TÊM que levantar ANTES dos hóspedes.

Mas a história não acabou aí. A gafe teve repercussão, pois da próxima vez que a sogra do meu filho veio passar a noite na minha casa, ela trouxe uma GARRAFA TÉRMICA CHEIA DE CAFÉ na mala. Pra se garantir na manhã seguinte.