Em anos e anos usando espátulas na cozinha, nunca tinha usado uma tãoo boa quanto essas. São da Chef’n e são as melhores. Comprei uma, comprei outra, comprei mais uma, porque espátulas nunca são demais. Elas são de silicone por fora, com uma barra de metal por dentro—como dá pra ver mais ou menos na espátula branca. Dá pra usar os dois lados, o que é uma mão na roda. Aqui cada uma dessas custa em torno de dez patacas. Vale a pena o investimento. Eu recomendo!
* coincidência as cores serem branco, vermelho e azul, hein? pisc!
um dia, dois bolos
Por volta das três da tarde eu sempre saio para fazer uma caminhada pelo campus, esticar as pernas, respirar ar puro, espairecer e às vezes comer um bolinho na coffee house. Desta vez foi um de abóbora com especiarias, que estava muito bom. Quando regressei pra minha sala, fui pega no meio do caminho por um dos meus colegas. Eu logo saquei—era uma festinha pra mim, com bolo de chocolate e cartão com mil desejos de felicidades. É que na terça-feira eu e o Uriel recebemos nossa cidadania americana. Meus colegas decidiram que devíamos celebrar. E eu até comi a fatia do bolo, que não estava mal, apesar de ser daqueles comprados em supermercado.
antepasto de berinjela & pimentão
Não tem segredo nenhum nessa receita, que com certeza todo mundo tem a sua especial ou faz de improviso, como eu fiz. O pessoal da fazenda avisou que as berinjelas dessa semana seriam as últimas mesmo—a-a-aleluia! Sinceramente, as berinjelas já deram pra mim este ano. Assim também como os pimentões, que eu já estava fazendo uma coleção como se fossem bijous: verdes, amarelos, vermelhos, os chamados de pimenta doce, sem falar nas pimentas. Hora de dizer chega, né? Pra isso eu precisei de uma receita que detonasse todos esses legumes de uma vez, quando também aproveitei pra gastar a dentadura dinossaurica de alho.
É só refogar o alho em azeite, depois jogar as berinjelas e pimentões picados, refogar, temperar com sal, pimenta, ervinhas frescas ou secas [usei a provençal], depois jogar umas azeitonas e uma pimenta vermelha picadinha e cozinhar, cozinhar, cozinhar, cozinhar, sempre em fogo baixo.
Panetone caseiro
Minha mãe encontrou a receita de panetone que eu fazia em meados do século passado, quando praticava minhas experiências culinárias na ensolarada cozinha da minha casa em Piracicaba. Quem me deu essa receita foi uma vizinha e lembro que fiz pela primeira vez com ela e depois segui meu rumo sozinha. Eu fazia uma fornada de panetone recheado com frutas e outra com pedacinhos de chocolate para experimentar. Naquela época os panetones de chocolate não eram comuns, então os meus faziam sucesso como novidade. Para quem quiser testar, segue a receita.
1ª MASSA:
5 tabletes de fermento para pão
1 copo de leite morno
1 xícara de água morna
1 xícara de açúcar
3 ovos
4 xicaras de farinha de trigo
Bata no liquidificador os 5 primeiros ingredientes—tudos, menos a farinha. Passe a mistura para uma tigela grande e junte as 4 xícaras de farinha de trigo, misture com as mãos. Deixe em lugar quente e coberto para crescer.
2ª MASSA:
1 xícara de manteiga
1 lata de leite condensado
raspas de limão
raspas de laranja
3 ovos
1 colher de café de noz moscada fresca ralada
1 colher de chá de sal
Farinha de trigo o suficiente mais ou menos 2 quilos, contando com as 4 xícaras já empregadas antes. Convém colocar menos de 2 quilos e se precisar vai colocando mais
250 grs. de frutas cristalizadas enfarinhadas
100 gramas de uvas passas enfarinhadas
Bata a manteiga em creme, junte aos poucos o leite condensado e continue a bater até obter consistencia cremosa. Junte este creme á massa já crescida e acrescente as raspas, os ovos batidos, a noz moscada, sal e farinha de trigo para obter uma massa fofa que não grude na mão. Sove bem e divida em 3 partes. Junte em cada parte um pouco de frutas cristalizadas enfarinhadas e torne a amassar. Coloque em formas próprias de papel ou em formas untadas. Deixe crescer até quase encher a forma. A seguir faça um corte em forma de cruz e coloque um pedacinho de manteiga. Pincele com gema de ovo e leve a assar por 1 hora.
Quantidade: 3 panetones médios.
Notas: Não esquecer de passar as frutas na farinha de trigo. Se for forma própria de papel, não precisa untar a forma. Colocar só metade da massa na forma, porque ela cresce até em cima.
salada de beterraba & laranja
Uma salada simples cujo segredo é o molho. A beterraba eu assei embrulhada no papel alumínio sem descascar—fiz num outro dia quando assei outras coisas e aproveitei o forno, guardei na geladeira embrulhada no papel alumínio que assou. A laranja foi descascada e despelada da parte branca. Ajeitei tudo numa travessa e preparei o molho. Uma colher de sopa de suco de laranja, 1/2 colher de sopa de vinagre de champagne ou vinho branco, sal e três colheres e sopa de óleo de avelãs. Qualquer óleo de nozes ajuda a intensificar o sabor da beterraba. Bata bem o molho com um batedor de arame até ele ficar bem emulsificado e cremoso. Tempere a salada. Eu também salpiquei raspas de casca da laranja sobre as beterrabas.
the pizza revolution
Quando o chef austríaco Wolfgang Puck abriu o Spago, seu restaurante na Sunset Boulevard de Hollywood em 1982, ninguém esperava que o centro do menu fosse a pizza. Com um poderoso forno à lenha italiano instalado em frente ao bar, o restaurante foi um sucesso instantâneo. Puck inovou o cardápio de pizza da América, colocando sobre os discos de massa ingredientes como camarões frescos de Santa Barbara, prosciutto, scallops, queijo de cabra de Sonoma, alcachofras, berinjelas, flores de abobrinha, ou qualquer tipo de produto fresco que por ventura o chef achasse no mercado do dia. A pizza mais famosa do Spago era a recheada com salmão defumado, caviar, cebola roxa e creme fraiche aromatizado com dill.
O restaurante Spago atraia foodies e celebridades. Frequentadores assíduos eram Billy Wilder, Warren Beatty, David Bowie e Jack Nicholson, que sentavam-se às mesas cobertas por toalhas impecavelmente brancas onde talheres de prata da Christofle e pratos imensos da Villeroy & Boch eram arranjados com classe e harmonia.
pistachio-pomegranate pilaf
Receita da revista Martha Stewart Living de dezembro 2007 que eu simplifiquei. Na receita original vai arroz selvagem, que eu não tinha, então usei só o basmati. O passo-a-passo também era mais elaborado. A quantidade é para servir de 10 a 12 pessoas, então diminua de acordo.
Pilaf com pistacho e romã
5 colheres de sopa de azeite
1o shallots – echalotas picadinhas – mais ou menos 2 1/4 de xícara
1 1/2 xícara de arroz selvagem
4 xícaras de caldo de galinha ou água
Sal grosso
1 xícara de arroz basmati lavado e escorrido
1 3/4 xícaras de água
3 colheres de sopa de vinagre de sherry-jerez
1 colher de sopa de óleo de gergelim
Pimenta do reino moída a gosto
1 xícara de pistachos descascados e picados grosseiramente
1 3/4 de xícaras de semente de romã – mais ou menos 2 romãs
1 xícara de coentro fresco picado
1 xícara de salsinha fresca picada
Faça o arroz selvagem, refogando as echalotas em 1 colher de sopa de azeite, adicione o arroz, refogue, adicione o caldo de galinha ou a água, reduza o fogo e cozinhe até o arroz ficar macio e os grãos abrirem—não fiz essa parte porque não tinha arroz selvagem. Fiz o arroz basmati com as echalotas e água. Se for fazer os dois arroz, separadamente prepare o basmati, refogado no azeite. Adicione a água e sal a gosto, deixe ferver, abaixe o fogo e desligue quando o arroz secar. Tampe. Prepare um molho com o vinagre de sherry, o azeite restante, o óleo de gergelim, sal e pimenta. Misture os dois arroz, o molho, as sementes de romã, o pistacho picado, o coentro e a salsinha. Misture bem e sirva.
meu encontro com a Alice
O motivo da minha ida à Berkeley foi o book signing da Alice Waters. Claro que eu já tinha comprado o livro novo dela—The Art of Simple Food, e até usado nos preparos do Thanksgiving com a receita do lemon curd. Mas não dava pra perder essa oportunidade de ficar frente a frente com uma das minhas musas. Comprei outro livro lá, que também recebeu dedicatória e vai ser enviado para uma querida amiga. Nem preciso dizer que como fanzoca boba que sou, fiquei totalmente emocional na frente da Alice Waters. Ela é bem petit, e linda, e delicada. Eu precisava falar algo, porque a gente se sente meio pateta ali na frente da pessoa que você admira, então eu disse—thank you so much, Alice, you’re such an inspiration to me!. Ela sorriu. Deve ouvir isso o tempo todo, mas tudo bem, não importa, eu tinha que falar alguma coisa!
Chez Panisse Café
As confusões acontecem por algum motivo esotérico, não por falta de planejamento, pois algumas vezes tudo falha calhordamente por nenhum motivo aparente. Desta vez eu me preparei. Escrevi pra Maryanne, que lê este blog, mora em Berkeley e conhece os bons restaurantes da cidade. Ela sugeriu três lugares, eu escolhi um, liguei e fiz reserva. Tudo certo, não iriamos dar com os burros n’água em qualquer birosca desconhecida. Chegamos em Berkeley cedo, pois eu queria antes passar no The Cheese Board Collective, que fica em frente ao Chez Panisse e faz parte da história do restaurante. O lugar estava fechado, então seguimos para o Farmers Market em downtown, onde passamos um tempo e depois seguimos para o restaurante onde eu tinha feito reserva. Chegando lá, o grande choque—o lugar estava FECHADO*! Fiquei louca da vida, gruni, chutei lata, aquilo não era possíverrrrr….
Resolvemos voltar para a rua do Chez Panisse, onde ficava um outro lugar que a Maryanne tinha recomendado. Mas quando chegamos lá e eu olhei novamente para o charmoso restaurante da Alice Waters, me deu um ziriguidum:
—fruck reservations! eu vou checar se rola a gente almoçar no café do Chez Panisse!
E fui. A hostess, extremamente delicada e gentil, me disse que seria trinta minutos de espera. Topei sem piscar. Enquanto o Uriel foi estacionar o carro, eu fiquei olhando os cozinheiros trabalharem na preparação do jantar do dia, no restaurante que fica na parte de baixo da casa. Dei uma espiada através da cortina e depois fiquei embasbacada, olhando o movimento na cozinha de um dos restaurantes mais famosos do mundo. Um dos cozinheiros escolhia talos de uma verdura, outros picavam coisas, a cozinha tinha um cheiro maravilhoso de coisas deliciosas. De repente entrou o chef Jean-Pierre Moullé, que comanda a cozinha do restaurante há anos. Ele inspecionou algumas coisas e foi sentar-se em uma das mesas com outras pessoas, certamente planejando a noite.
Subimos para o café, onde tivemos o nosso almoço. Infelizmente eu sou tímida demais pra sacar a minha camerazona dentro do lugar e tirar fotos indiscriminadamente. Simplesmente não rolou. E eu estava feliz da vida, curtindo a minha primeira visita ao Chez Panisse. Durante o almoço eu fiquei contando coisas sobre a história do restaurante pro Uriel. Percebi que nessa altura do campeonato, depois de ler tanto e tanto, eu sei absolutamente TUDO sobre tudo do lugar, só faltava mesmo estar lá fisicamente.
O café é maior que o restaurante, isto é acomoda mais gente. E tem um cardápio a la carte, que o restaurante não tem—lá o menu é fixo. Eu pedi o Zinfandel da casa, que tem toda uma história, que eu contei pro Uriel, e quis provar. Eu pedi uma ricota assada com folhas de alface da horta e um frango grelhado com brócolis ao vapor, molho de tomatillos e batata frita palha, que na realidade eram lascas finérrimas da batata, como papel de seda. O Uriel pediu uma sopa de couve-flor com iogurte e menta e depois um ravioli com espinafre e cogumelos, uma das massas mais delicadas que eu já vi. De sobremesa acertamos na mosca, o Uriel com uma bavaroise de baunilha com molho de fruta silvestre e eu com um sorvete de laranja cristalizada, que devoramos entre murmuros de puro prazer.
O Chez Panisse é a epítome de absolutamente tudo que eu sempre acreditei e pratiquei na minha cozinha. Come-se tão bem quanto em outros mil lugares, mas pra mim é a filosofia que envolve o restaurante que faz a diferença. Como eles põe em pratica a sustentabilidade, como insistem na qualidade dos produtos e como apoiam os produtores locais.
*quando chegamos em casa à noite, tinha uma mensagem do restaurante furão na secretária, se desculpando pelo inconveniente de termos dado com a cara na porta. aparentemente eles decidiram não abrir por causa de um problema de família.
lemon curd tart
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Lemon curd pra mim é uma coisa deliciosa, doce e ácido, perfeito para rechear tortas ou bolos, ou mesmo para comer com waffles. O duro era encontrar um lemon curd que não tivesse gosto artificial e consistência de coisa engrossada com maizena. Quando eu achava um de ótima qualidade, eu estocava. Mas agora, com essa receita da musa Alice Waters, nunca mais comprarei um vidro de lemon curd na vida. Fiz o lemon curd e forrei as forminhas de torta com fundo removivel com uma massa básica de torta, esticada bem fininha. Assei a massa, em forno pré-aquecido em 350ºF/176ºC até a massa ficar dourada. Recheei as forminhas e assei novamente por uns 15 minutos ou até o lemon curd ficar firme. Simples, fácil e simplesmente o fino da bossa!
Lemon Curd
do livro The Art of Simple Food
Lave e seque 4 limões —eu usei dois limões amarelos [siciliano] e três meyer pequenos. Raspe os limões e depois esprema o suco. Meça 1/2 xícara de suco. Misture bem numa panela 2 ovos, 3 gemas, 2 colheres de sopa de leite [integral], 1/3 de xícara de açúcar [pode pôr um pouco mais se gostar mais doce, mas pra mim essa quantidade de açúcar ficou perfeita, pois eu gosto bem azedinho], 1/4 colher de chá de sal—omita se usar manteiga salgada, 6 colheres de sopa de manteiga cortada em pedacinhos. Adicione as raspas e o suco dos limões e cozinhe em fogo médio mexendo constantemente com uma colher de pau, espátula ou batedor de arame. Quando engrossar coloque numa vasilha e deixe esfriar.Pode colocar em vidros de geléia e guardar na geladeira.
