Dinner with Georgia O’Keeffe

Tenho comprado muitos livros em versão eletrônica, muito mais do que versões em papel. Mas este tinha que ser adquirido em publicação tradicional, porque pra mim ele equivale a um livro de arte. Depois de publicar o maravilhoso Dinner with Jackson Pollock, a fotógrafa Robyn Lea escolheu Georgia O’Keeffe, outro ícone norte-americano com uma ligação com receitas, ingredientes e cozinha. Eu não conhecia muitos detalhes da vida e obra da Georgia O’Keeffe, mas depois desse livro fui atrás de conhecer tudo. Vi até um filme sobre a relação dela com o marido, o fotógrafo Alfred Stieglitz—com a atriz Joan Allen fazendo a pintora e o Jeremy Irons fazendo o fotógrafo. Que vida maravilhosa, longa e fascinante. As receitas, pescadas do acervo pessoal da artista, são todas simples, coloridas e empolgantes. Já estou animadíssima pra fazer um monte delas. O’Keeffe tinha uma relação espiritual com na natureza e os alimentos. Ela acreditava em alimentação saudável e era adepta de muitas ideias naturalistas. Ela mantinha uma horta, no sítio em que vivia no Novo México, que abastecia a cozinha com ingredientes para as suas receitas. Esse livro é tão lindo e delicado que fui folheando delicadamente, virando as páginas com as pontas dos dedos, tomando cuidado pra não fazer nenhum movimento brusco e perturbar a harmonia das fotos, cores, receitas e histórias.

cooking matters

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We will always make time for things that MATTER. Cooking matters.

A artista Maira Kalman ilustrou a edição especial do livro Food Rules: An Eater’s Manual do Michael Pollan. Essa ilustração, que peguei no website dela, sumariza quase tudo o que penso sobre a importância de cozinhar. Administro assim o tempo que preciso para alimentar minha família [onde estou incluída]. Depois disso estar feito, eu vejo séries, leio revistas, navego pela internet.

Dinner with Jackson Pollock

Dinner with Jackson Pollock Dinner with Jackson Pollock
Dinner with Jackson Pollock Dinner with Jackson Pollock
Dinner with Jackson Pollock Dinner with Jackson Pollock
Dinner with Jackson Pollock Dinner with Jackson Pollock
Dinner with Jackson Pollock Dinner with Jackson Pollock

Fazia um tempinho que não investia em livros e comprei esse do Pollock e outro do Monet. O pacote foi entregue na porta da minha casa quando eu estava viajando a trabalho e quando voltei ele não estava mais lá. Foi a primeira vez que tive algo roubado da minha porta, fiquei imensamente chateada. Liguei pra Amazon e eles me perguntaram se eu queria o dinheiro de volta ou que os livros fossem reenviados. Optei pelo reenvio e dois dias depois eles chegaram. O do Monet—bonito, mas com as fotos de sempre, as receitas de sempre. O do Pollock—lindo, criativo, estimulante, muitas histórias sobre ele e a mulher, Lee Krasner, receitas de família, compiladas de recortes e anotações escritas a mão, tudo isso lindamente encadernado em espiral, com fotos históricas, fiquei encantada, não larguei do livro por algumas semanas e fiz algumas das receitas. Com a atual abundância de livros de culinária, onde tudo parece ser feito no mesmo formato, com o mesmo estilo de fotos e layout, esse foi uma exceção muito auspiciosa que me deixou muito feliz!

salada de tomate & romã

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Lá vou eu toda contentona mergulhar numa nova aventura culinária com a chegada auspiciosa do novo livro do Yotam Ottolenghi—Plenty More. Eu fiz a pré-encomenda antes do livro ser lançado aqui nos EUA e esperei pacientemente por meses. No dia 15 de outubro ele chegou, juntamente com o autor que está numa turnê pelo país. Essa é mais uma empreitada vegetariana, uma sequência do livro Plenty lançado em 2011. Depois do furacão que foi Jerusalem, eu realmente não esperava que o Plenty More fosse trazer tantas surpresas boas. Fiquei novamente encantada. Ottolenghi é um mestre nas misturas inusitadas de ingredientes e sabores. Quando que eu imaginaria misturar tomates com romãs? Acho que nunca. No final de outubro ainda estava recebendo alguns tomates na cesta orgânica e as romãs já estão abundantes. Simplifiquei a salada usando apenas um tipo de tomate, por razões óbvias. Essa salada é perfeita para o finalzinho do verão, quando ainda podemos ostentar tomates em variedades. Eu preparei a receita um pouco tarde, mas mesmo assim achei que valeu a pena.

400gr de tomates maduros [variados, se tiver]
1 pimentão vermelho cortado em cubos
1 cebola roxa pequena picadinha
2 dentes de alho esmagados [*omiti]
1/2 colher de chá de pimenta da Jamaica
2 colheres de chá de vinagre de vinho branco
1 e 1/2 colher de sopa de melaço de romã
60 ml de azeite
Sementes removidas de 1 romã
1 colher de sopa de folhas pequenas de orégano fresco para decorar
Sal e pimenta do reino moída na hora

Numa tigela grande, misture o tomate, pimentão e cebola e reserve. Numa tigela pequena misture o alho, a pimenta da Jamaica, o vinagre, o melaço de romã, o azeite e 1/3 colher de chá de sal e mexa bem até ficar bem combinado. Despeje esse molho sobre os tomates e misture suavemente. Coloque tudo numa travessa. Adicione as sementes de romã e as folhas de orégano, tempere com pimenta do reino moída na hora e regue com um fiozinho de azeite. Sirva em seguida.

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the vegetarian epícure [I & II]

vegetarian epicure
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vegetarian epicure vegetarian epicure
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Anos atrás eu escrevi sobre o The New Vegetarian Epícure—a versão mais modernizada desses livros da Anna Thomas. Sempre quis ter as primeiras edições e até consegui o segundo livro em versão paperback. Quando comprei, a vendedora da loja me disse que o primeiro era bem difícil de conseguir e eu até pedi pra ela ficar de olho pra mim. Ficou por isso mesmo. Passou muito tempo, nunca mais pensei no assunto, até parei um pouco de comprar livros usados e antigos, porque eles são realmente só para se colecionar. As receitas normalmente já estão datadas, precisam de uma revisão para se adaptar aos nossos tempos. Mas quando entrei na lojinha de antiguidades no centro de Healdsburg na manhã gelada de primeiro de janeiro de 2013 e vi os dois volumes do The Vegetarian Epícure em versão capa dura, agarrei os livros num pulo da Dona Onça e encaroçei pela imensa loja com um sorriso de felicidade congelado na cara. Depois de tantos anos tinha finalmente conseguido as versões originais dos anos 70 dos livros pioneiros da fofíssima Anna Thomas!

Apesar das receitas estarem realmente um pouco datadas, as ilustrações são um primor e os textos dela são uma viagem. Como esse, que finaliza o capítulo com dicas para entreter os amigos com um jantar em casa:

“So, the two-hours-later course came to be. This may consist of a great bowl of strawberries and a pot of cream, or maybe hot chocolate on a cold night, accompanied by thin slices of the torte that couldn’t be finished earlier, or a platter of nuts and dried fruits with mulled wine. This two-hours-later course is especially recommended if grass is smoked socially at your house. If you have passed a joint around before dinner to sharpen gustatory perceptions, you most likely will pass another one after dinner, and everyone knows what that will do—the blind munchies can strike at any time.”

[ inspiração ]

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Fazia um tempão que eu não comprava livros de receita. Por meses adicionei novidades na minha lista de desejos, mas não tomei a decisão de comprar nenhum. Até que li a notícia de que finalmente a Amazon começaria a cobrar taxas dos residentes da Califórnia depois de uma longa batalha legal. Essa encomenda foi o último uso dessa nossa regalia, minha despedida da alegria que era não ter despesas extras adicionadas no fechamento da compra. Foi um bom motivo. E os livros são uma verdadeira fonte de ideias e inspiração. O Sweet Cream da Bi-Rite é praticamente um must have, pois essa sorveteria tem sempre filas absurdas na porta, que nunca tive coragem de enfrentar. Um dia terei. Mas até lá já terminarei de ler todas as receitas do livro. O das paletas mexicanas era outro imprescindível, pois sempre tive impressão que as paletas deles são tão boas e criativas quanto os nossos picolés brasileiros. O Pop’s é cheio de ideias funkys e o People’s Pops de misturas coloridas e diferentes. Oficialmente ainda é verão, não é? Então ainda está valendo!

Mastering the Art of French
Cooking [versão para tablet]

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No dia quinze de agosto o mundo comemorou o aniversário de 100 anos da Julia Child. Homenagens abundaram em sintonia com a amplitude da sua influência. Ninguém pode negar que a magnitude do marco de referência que essa mulher se tornou na cultura gastronômica mundial é algo incomensurável. Eu não vou fazer homenagem, porque nem é necessário. Mas como pessoa totalmente favorável às novas midias, quero contar que a editora Knopf Doubleday/Random House Digital lançou em julho deste ano um app para ipad e nook—Mastering the Art of French Cooking: Selected Recipes. A editora já tem os dois volumes do clássico Mastering the Art of French Cooking em versão e-book. Mas nesse app, que tem apenas uma compilação das receitas mais famosas e algum excertos dos livros, traz umas fotos bem legais, tem lista de ingredientes e equipamentos culinários, um depoimento com a Judith Jones que foi uma grande amiga e a editora da Julia, muitos daqueles vídeos pioneiros com a Julia preparando as receitas e a até audio com pronúncia dela para os nomes dos pratos em francês. Não é comparável ao volume massivo dos dois livros, mas custa apenas $2.99 e é bem divertido.

muitos poucos livros

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2011 deve ter sido o ano em que eu menos comprei livros. Primeiro foi por causa do choque da mudança, com o empacotamento de uma casa inteira, dez anos de acúmulo, e perceber que eu tinha cacareco pra caramba! Muitas doações e reciclagens depois, ainda continuei com muito cacareco. Dei um fim em anos de coleção de revistas, doei muitos livros, fiz o possível e mesmo assim precisamos de dois caminhões gigantes pra carregar tudo de uma casa para a outra. Embora tudo isso não tenha sido exclusiva culpa dos livros, confesso que dei uma brecada de leve. Sem falar que fiquei entretida com outras mil coisas—além da arrumação, as pequenas reformas, troca de piso, instalação de fogão, descobrimento e desbravamento da cidade, eteceterá, eteceterá. Não adquiri tantos livros também porque me peguei meio que no flagra folheando alguns deles sem o menor entusiasmo. É muito livro, muitos lindos, inspiradores, divertidos, mas nem todos realmente úteis. Tomei uma canseira das revistas também, principalmente quando percebi que não estava dando conta de manter o ritmo de leitura das publicações que chegavam mês após mês, não me dando oportunidade nem de tomar um fôlego. Cancelei várias assinaturas e algumas eu troquei pela versão eletrônica, pra ler no iPad. Essa troca funcionou muito bem pra mim e espero poder eventualmente fazer isso com todas as revistas que assino. Quanto aos livros, vou indo no passinho do elefantinho. Quem sabe em 2012 meu ânimo de leitura retorne. Sempre lembrando que agora eu tenho um porão enorme e uma garagem que já virou depósito, o que significa espaço à beça pra poder encher de mais coisarada.