
salada de tomate com sumac

A primeira reportagem que fisgou a minha atenção na edição de maio/julho da revista do Jamie Oliver foi sobre o restaurante Fadel, no Líbano. O restaurateur Mourad Mazouz do Momo de Londres, visita o famoso restaurante mantido pela família Fadel desde a década de 40 no alto de uma montanha, à uma hora de carro de Beirute. O lugar serve pequenas porções de comida caseira e típica. O primeiro prato que me chamou a atenção foi uma salada de tomate temperada com sumac. Como estamos em plena estação, tomates suculentos e maduros é o que não tem faltado na minha cozinha. Fiz essa salada duas vezes, o Uriel adorou. O sumac é um tempero muito interessante e intrigante que eu deveria usar mais na minha cozinha. Bem comum nas cozinhas do oriente médio, ele tem uma cor roxa linda e um sabor cítrico. Só peguei leve o alho, pois detesto ficar com aquele after taste tão peculiar, quando se come alho cru. Mas se você gostar à beça do alho cru e não se importar com o bafão, faça como a receita manda e enjoy it!
1/2 cabeça de alho [*diminuí consideravelmente]
1 colher de sopa de maionese
1 colher de sopa de azeite de oliva, mais extra para servir
2 tomates grandes [ele recomenda a variedade beef, que foi a que usei]
1 colher de sopa de sumac
Folhas de hortelã fresco picadinho
Sal a gosto
No pilão ou no processador, moa bem o alho misturado com a maionese e o azeite. Prepare a salada cortando o tomate em fatias e colocando numa travessa, Pincele cada fatia de tomate com a maionese de alho, salpique com sal e sumac, regue com um fio de azeite e decore com as folhas de hortelã picada.
trigo com cogumelos
Quem disse que eu consigo passar pela banca dos cogumelos no Farmers Market sem comprar um pacotinho? Desta vez ataquei de shiitake e chanterelle. Na hora que compro não sei de nada. Depois penso o que fazer com eles. Cogumelos frescos são deliciosos! E com esses eu quis preparar um prato bem substancioso e decidi misturá-los com algum tipo de grão. Uma olhada geral na despensa revelou um restinho de trigo em grão [wheat berries] que mediu exatamente 1 xícara. Cozinhei essa xícara de trigo com 3 xícaras de água e uma pitada de sal em fogo baixo, até a água secar e o trigo ficar molinho. Numa frigideira refoguei cebola picadinha na manteiga e acrescentei os dois tipos de cogumelos, refoguei por uns minutos e salguei. Depois foi só misturar o trigo cozido com os cogumelos refogados, juntar bastante ciboulette picadinha e pronto. Eu servi morno, quase frio.
a revista do Jaime

Atrás da minha casa tem um shopping center, daquele tipo strip mall, mas com muito mais charme. O estacionamento de carros fica nos fundos e na frente tem um jardinzão com espaço para bicicletas [estamos em Davis], muitas mesinhas pelo passeio e uma área que pertence ao Arboretum da UC Davis no canto, com muitas plantas, árvores e bancos. Deve ser o espaço comercial mais agradável da cidade, com algumas lojas e restaurantes. Uma das lojas é uma livraria, onde eu não vou muito frequentemente, já que compro tudo o que eles vendem lá online. Mas de vez em quando gosto de dar uma geral para ver as novidades. A seção de culinária é sempre o meu ponto final.
No sábado resolvi dar um pulo lá só para encaroçar. Dei uma geral sem muito entusiasmo e quando parei nos livros de receitas vi, num encaixe entre as prateleiras, a revista do Jamie Oliver. Já tinha dado uma olhada na versão online da revista na época do lançamento e achei legal, mas não fiquei entusiasmada ao ponto de ir procurar pela edição no papel. Mas ali estava ela, bem na minha frente, então peguei uma e comecei a folhear, ali mesmo em pé.
A revista é bacaninha, impressa num papel grossinho, bem diferente das outras revistas em geral. É também bonita, com o Jamie sempre na capa [não pude deixar de pensar na Oprah Winfrey—hahaha!] e o conteúdo é bem variado e interessante. Fui folheando, no inicio com aquela minha cara blasé de quem se recusa a ser contaminada pelos hypes da mídia. Mas aos poucos minha cara blasé foi se metamorfoseando numa cara de imensa surpresa. Fechei a revista antes de chegar ao final, porque já tinha decidido que iria comprá-la.
O que me fez decidir comprar a revista do Jaime? Um especial sobre o Líbano, com fotos e receitas maravilhosas!
Vi que aquela edição era de maio/junho e fui até a seção de revistas onde achei a edição julho/agosto. Levei as duas. Que grande surpresa! Na segunda revista, mais reportagens legais, mais fotos inspiradoras, mais receitas bacanérrimas e no final uma matéria linda sobre a cidade de Lisboa.
Gostei tambem de uma seção dobrável e removível em forma de poster no final da revista, com sugestões divertidas e interessantes de menus para um mês. Ao contrário do que eu imaginava, a revista do Jaime Oliver não é só uma ego-trip do rapaz e realmente se destaca no mundinho das revistas gourmet. Sem falar que deve ser a primeira revista que carrega o nome de um chef celebridade. Nem vamos mencionar a revista da horrorilda Rachel Ray. A do Jamie Oliver é outra história, totalmente rock n’ roll com muita classe!
gelado de amora & pera assada

O meu farmers market é bacana o ano todo, mas no verão ele me provoca um faniquito especial, porque se enche de produtos maravilhosos, pelos quais eu esperei meses e meses, como os damascos, os pêssegos e os tomates. Vou comprando tudo como se não houvesse amanhã e muitas vezes esqueço que é também no verão que eu passo muito mais tempo sozinha, pois essa é a época em que o Uriel mais viaja. Com uma cornucópia exagerada de produtos espalhados pela bancada da cozinha, é sempre aquele ziriguidum upalêlê para consumir tudo o que comprei e não deixar estragar nada.
As peras, de casca cor de burgundy, eu tinha comprado na semana anterior seduzida pela delicadeza dessa variedade que se antecipa à estação. O rapazinho de chapéu que vendia as frutas me falou o nome da variedade, mas não consegui de jeito nenhum encontrar alguma informação sobre elas. Mas ele me falou—você tem um olho bom pras coisas boas. Pois é, mas as peras ficaram lá esperando por uma idéia, até que eu percebi que elas já estavam bem maduras, Descasquei, parti ao meio e grelhei todas elas na churrasqueira. Guardei as peras assadas e meio caramelizadas no próprio açúcar natural na geladeira, onde elas ficaram esperando pelo aparecimento de alguma idéia brilhante para poder usá-las.
Enquanto isso, eu lidava com a abundância de frutas compradas naquela semana—pêssegos que tiveram que ser congelados, ameixas de duas variedades que comi em quantidades exageradas como snack no trabalho, mais melões ultra perfumados que deixaram a minha cozinha cheirando à maracujá. E as amoras, que decidi usar para fazer sorvete. Sim, paciência, mais um sorvete!
E fiquei um bocado de tempo pensando—amora com quê? amora com quê? amora com quê? Plin—amora com pera assada!
Fiz esse sorvete numa piscada, 1 xícara de creme de leite fresco, 1/2 xícara de leite integral, três peras assadas, uma caixinha de amoras e mel a gosto [e a vodka invisível, claro]. Comi esse sorvete também de uma piscada. E comi tudo sozinha, nem dando chance pro Uriel experimentar esse gelado super roxo, que ficou incrivelmente gostoso.
um monte de abobrinhas

Tão lindas, pequenas abobrinhas de variedades diversas, algumas com a flor ainda atachada, comprei pensando em grelhar na churrasqueira e é o que vou fazer pro almoço, com algum molho de queijo pra acompanhar.
sopa fria de milho & coco

Outra característica da minha personalidade é fazer tudo de maneira obcecada. Se eu gosto de um ator ou atriz tenho que ver TODOS os filmes com eles, se gosto de um autor, compro e leio TODOS os seus livros, se uma roupa fica legal e confortável, eu adquiro o mesmo modelo em outras cores e assim vou indo. Neste momento encasquetei com as sopas frias, então não sossegarei enquanto não preparar todas as receitas que encontrar pela frente, em livros, websites e revistas. Essa saiu na edição de junho de 2009 da revista Martha Stewart Living, num especial sobre sopas frias. Já fiz a sopa de cenoura dessa matéria e ainda vou fazer outras.
Para essa sopa usei o milho de espigas que eu tinha grelhado na churrasqueira, então fiz uma modificação nos procedimentos, porque o meu milho já estava cozido. Com isso a minha sopa ficou pronta em 5 minutos! Para aqueles dias em que o cansaço bate forte. Adorei o resultado dessa sopa, porque o sabor adocicado do milho combinou muito bem com o leite de coco. Vou colocar a receita como está na revista e depois a minha versão.
serve 4 pessoas
Numa panela coloque 3 xícaras de grãos de milho frescos, 1 pimenta jalapeño sem sementes e cortadas em pedacinhos, 1 lata de leite de coco e 2 1/2 xícaras de água. Leve ao fogo médio e deixe ferver. Diminua o fogo e cozinhe por uns 20 minutos. Remova do fogo, deixe esfriar um pouco e então bata tudo no liquidificador [com muito cuidado!] e depois passe o líquido por uma peneira. Tempere com sal e pimenta branca moída a gosto. Leve a sopa para gelar. Na hora de servir misture 1 colher de sopa de suco de limão verde. Decore com grãos de milho e pimenta branca moída, se quiser.
A minha versão de cinco minutos: como o milho já estava cozido, bati tudo no liquidificador, passei pela peneira, misturei suco de limão amarelo [meus limões estão despencando da árvore de tão suculentos] e servi. Comi dois pratões sozinha. O resto devorei no almoço do dia seguinte.
how to cook everything vegetarian

Sou uma pessoa cheia de manias e chatices. Sempre fui e só estou piorando com o passar do tempo. Só faço o que quero e como quero. Na minha organização aparentemente descuidada e caótica, está implantado o meu sistema pessoal de fazer as coisas, a maneira como eu funciono. Uma das coisas que muita gente pode não entender é a minha mania de comprar livro que vou levar anos para ler. Faço isso com muita frequência, comprando os livros que quero ter, o que nem sempre coincide com a minha vontade e necessidade de ler.
Então há mais ou menos uns dois anos eu trouxe para casa o livrão How to Cook Everything do Mark Bittman e coloquei na estante. Nem pensei mais nele. Meses depois trouxe o outro livrão do mesmo autor, How to Cook Everything Vegetarian e encaixei na estante, ao lado do primeiro. Comprei e não li, assim como comprei e li muitos outros livros depois disso. Há mais ou menos uns dois meses, sem nenhuma razão aparente, removi o livro de cor verde da estante e desde então tenho carregado ele pra cima e pra baixo, literalmente, pois levo pro quarto para ler, depois levo pra cozinha para por alguma das receitas em prática. Vou marcando as páginas, que nesta altura estão praticamente deformadas de tanto post-it e outros objetos que uso para marcá-las—incluíndo um garfo de madeira quebrado.
Já estou quase no final da minha exploração minuciosa do How to Cook Everything Vegetarian, que é um calhamaço de quase mil páginas. O que mais me interessou nesse livro foi a maneira como o Mark Bittman, que é um minimalista como eu, apresenta as receitas. Ele fala tanto para os iniciantes na cozinha, como para os cozinheiros com mais prática. Para iniciantes, ele dá todas as lições simples sobre utensílios, técnicas e ingredientes, além de listar praticamente todas as receitas básicas existentes. Para os cozinheiros mais desembaraçados, ele dá zilhões de dicas, variações das mesmas receitas básicas, que foi a parte do livro que mais gostei. As idéias são absolutamente criativas e fáceis de serem aplicadas na prática. Talvez um iniciante tenha um pouco de dificuldade para substituir os ingredientes e fazer modificações nas receitas. Mas eu gostei imensamente da brincadeira. Recomendo esse livro para a sua biblioteca básica de culinária, se você estiver dando os primeiros passos na cozinha e como fonte de inspiração, se você já arrisca dar voos solos mais ousados. É um livro para vegetarianos e veganos e também para não vegetarianos como eu, que colocam os legumes, verduras e frutas como elementos protagonistas nas refeições.
O livro não tem fotos. Só algumas ilustrações puramente educativas aqui e acolá. Um livro com quase mil páginas sem fotos coloridas das receitas pode ser interessante? You betcha!
pilaf de arroz integral e ervas

Outra receita do chef belga Alain Coumont, que eu modifiquei um pouco e saiu bem diferente. Coloquei menos água no arroz, o que resultou num pilaf mais seco e não coloquei azeitonas verdes, porque não tinha. Também troquei o arroz de grão curto pelo basmati integral. E omiti o alho. Se você seguir a receita, vai ter um pilaf mais cremoso, como um risoto. Mas eu gostei da minha versão, mais seca, cujas sobras acabaram virando salada no dia seguinte, com a adição de tomatinhos cerejas cortados ao meio. Segue a receita original do chef, numa quantidade para servir um jantar com convidados.
Serve 12 pessoas
2 colheres de sopa de azeite de oliva
2 cebolas médias picadas finamente
6 dentes de alho picados [*wow! omiti os 6 dentes]
10 xícaras de água
3 xícaras de arroz integral de grão curto
1 galho de tomilho fresco
1 folha de louro
Sal kosher
1 1/2 xícaras de azeitonas verdes picadas [*omiti]
1/2 xícara de folhas de salsinha picadas
1/4 xícara de folhas de manjericão picados
3 colheres de sopa de suco de limão
1 colher de sopa da casca ralada do limão
Pimenta do reino moída na hora
200 gr de queijo de cabra envelhecido cortado em fatias [*usei o Manchego]
Numa panela grande, aqueça o azeite, junte a cebola e alho e refogue, mexendo por uns minutos. Adicione a água, o arroz, o galho de tomilho e a folha de louro. Deixe ferver, desligue o fogo, cubra a panela e deixe descansar por 30 minutos. *Eu pulei essa parte de deixar descansar. Adicione sal a gosto no arroz, volte ao fogo e cozinhe em fogo baixo, mexendo de vez em quando, até que o arroz tenha absorvido toda a água. Remova do fogo, retire a folha de louro e o ramo de tomilho, acrescente as azeitonas, a salsinha, o manjericão, o suco e raspas do limão, a pimenta e acerte o sal, se precisar. Na hora de servir, regue com mais azeite e enfeite com as fatias de queijo e mais manjericão fresco. Sirva imediatamente.
bota box – vinho em caixa
Os enófilos puristas podem me chicotear ou jogar tomates podres, mas não resisti à tentação e comprei essa caixa de vinho com torneirinha.
Vinhos em caixas estão disponíveis no mercado há muitos anos e eu tive uma amiga que só comprava deles, porque são baratos, práticos e têm a torneirinha—fator crucial nestes casos. Mas eu mesma nunca tinha comprado uma, porque até hoje nenhuma elas conseguiu me seduzir. Mas essa da Bota Box, contendo três litros de vinho Zinfandel de vinhas antigas, com caixa ecológica feita de papel reciclado, me fisgou. Outro motivo importante foi saber que o vinho permanece bom e bebível por mais de um mês depois da torneirinha ser aberta. Como eu bebo sozinha, adorei poder ter essa opção de não precisar me preocupar se aquela garrafa de vinho aberta, da qual só bebi um copo, vai virar vinagre. E o Zinfandel é bem saboroso, encorpado. Já bebi ele puro e já usei para fazer tinto de verano—metade vinho, metade soda de limão ou água com gás num copo alto cheio de gelo. Criticos critiquem, mas eu gostei e levanto um brinde: tchin-tchin!
