farro com shitake

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Comprei um pacotinho de farro importado da Itália. Aqui temos o spelt, mas o farro eu nunca vi. Tem que ser o italiano mesmo. As instruções no pacote mandava deixar os grãos de molho durante a noite. Eu segui a risca e acabei com um farro super molinho, quase comestível. Cozinhei com sal e uma folha de louro por apenas alguns minutos, pois fiquei com medo que eles se desmanchassem. Coei, deixei esfriar. Refoguei os shitakes frescos rapidamente no azeite com uma pitada de sal. Juntei os cogumelos refogados ao farro cozido, acrescentei bastante ciboulettes picadas e servi. Ficou um rango bem interessante, rústico porém sofisticado.

madeleines

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Nunca fiz segredo das minhas dificuldades na cozinha, que por sinal são muitas. Outro dia, refletindo sobre o assunto, concluí que sou boa fazendo saladas e, talvez, inventando sorvetes. Nada mais. Todo o resto cai na categoria de desafio pra mim. Bolos, bolachas, tortas e massas em geral são algumas delas. Por isso nunca me meti a fazer certas receitas. Aquelas que me assustam, pois provavelmente estarão fadadas ao fracasso e consequentemente à frustração da decepcão. Madeleines era uma. Apesar de já tê-las usado como título de uma das minhas histórias proustianas de memória , nunca tinha feito a receita. Sempre passava batido pelas formas de conchinhas nas lojas de utensílios culinários onde encaroço regularmente. Até que às vezes ousava dava uma piscada com um brilho de purpurina pros lados das forminhas, mas logo desviava meus olhos, para não cair na tentação. Frustrações já tenho muitas, na verdade tenho uma coleção.
Mas o destino se encarregou de me colocar ao encontro das madeleines, através de um presente que ganhei da querida Brisa. As formas, lindas e com formato de conchinhas arredondadas, chegaram pelo correio e me incentivaram a respirar fundo e decidir finalmente enfrentar este desafio.

Escolhi esta receita de madeleines da Heidi que já tinha namorado um tempo atrás. Eu só precisava do momento certo. Ela me chamou a atenção por causa da brown butter. Achei que ficaria interessante. Tenho receio de me jogar em receitas complicadas, mas adoro fazer coisas com detalhes diferentes. Simples, porém sofisticado. Este é o meu estilo. Como sempre que vou fazer algo que requer mais atenção e concentração, reservei a tarde tranquila de domingo para me jogar nesta aventura. Segui todas as instruções e medidas. Só tremi um pouco na base quando vi que teria que fazer duas rodadas de forno, já que esta receita produz massa para mais do que as minhas 16 conchinhas. Deu um pouco mais de 2 duzias e ficaram deliciosas. A brown butter deixa a massa com um sabor de nozes. Pecan—foi o veredito do sabor proferido pela Marianne, que provou as madeleines na segunda-feira com repetidos elogios.

1 1/2 tablete [170 gr ou 6 ounces] de manteiga
3/4 xícara de farinha de trigo
4 ovos grandes
1 pitada de sal marinho grosso
2/3 xícara de açúcar
Raspas de 1 limão grande
1 colher de chá de extrato puro de baunilha
Açúcar de confeiteiro para polvilhar
Formas especiais para madeleines.
Pré-aqueça o forno em 350ºF/ 176ºC.

Derreta o 1 1/2 tablete de manteiga numa panela pequena em fogo médio até o liquido ficar amarronzado e com um aroma de nozes, mais ou menos uns 15 minutos. Coe essa manteiga derretida para remover os resíduos que vão se acumular no fundo da panela, usando uma peneira forrada com uma folha de papel toalha. Reserve.

Enquanto a manteiga esfria, unte as forminhas de madeleine com bastante manteiga, caprichando nas dobras do desenho. Polvilhe com farinha e reserve.

Coloque os ovos e a pitada de sal na vasilha da batedeira e encaixe o batedor de arame. Bata os ovos em alta velocidade até triplicar de volume, mais ou menos uns 3 minutos. Continue batendo em alta velocidade e vá adicionando o açúcar bem devagar. Bata por mais 2 minutos até a mistura ficar bem densa. Desligue a batedeira a adicione as raspas de limão e a baunilha, incorporando delicadamente com uma espátula. Espalhe a farinha por cima da massa e revolva gentilmente, ainda usando a espátula. Por último, adicione a manteiga derretida e incorpore bem com a espátula. Coloque a massa cobrindo 3/4 das forminhas e leve ao forno por 12 a 14 minutos, ou até que as madeleines fiquem bem douradas. Remova as madeleines da forma, deixe esfriar brevemente numa grade e polvilhe com açúcar de confeiteiro usando um pequeno coador de chá.

sopa de tomate, abobrinha e manjericão

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Para fazer esta a sopa, usei duas receitas do livro Love Soup da Anna Thomas como inspiração e criei a minha. Uma sopa de tomate com abobrinha e manjericão. Como nunca pensei nessa mistura antes? Ficou boa demais. Servi acompanhada de crostinis, que fiz seguindo a receita da Anna e não sobrou nem farelo. Já repeti a receita, porque essas torradinhas vão bem com tudo.

Para a sopa:
Cozinhe brevemente uns 6 tomates maduros com um pouco de água. Bata tudo no liquidificador [cuidado, se estiver quente] e passe tudo por uma peneira. Rale 1 abobrinha grande no ralador manual ou no processador. Usei o ralador manual. Numa panela coloque uma ou duas colheres de sopa de azeite e refogue ali uma cebola pequena picada e 1 dente de alho pequeno picado. Refogue até a cebola ficar macia. Junte a abobrinha ralada e refogue por mais uns minutos. Junte o molho de tomate e uma xícara de folhas de manjericão fresco picadinhas. Tempere com uma pitada de açúcar mascavo, sal e pimenta do reino moída a gosto. Deixe cozinhar por uns 20 minutos, até engrossar. Decore com folhinhas de manjericão fresco e salpique com queijo ralado bem fininho. Sirva com os crostinis de queijo parmesão.

Para os crostinis:
Corte uma baguete em fatias de mais ou menos 1 cm. Forre uma forma de assar com papel alumínio. Coloque as fatias de pão na forma de assar. Pincele cada fatia com uma camada fina de azeite de oliva. Pode usar um spray ou passar com o dedo mesmo. Coloque um pouquinho de queijo parmesão ralado bem fininho em cima de cada fatia de pão. Coloque em forno pré-aquecido em 350ºF/ 176ºC e asse por 10 a 20 minutos. Fique vigiando, para as torradas não passarem do ponto e torrarem demais.

berinjela com iogurte & romã

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Outra receita do livro Arabesque, The Taste of Marocco, Turkey & Lebanon da Claudia Roden. Fiz com a berinjela rajada e substituí os pinoles por sementes de abóbora torradas. Ficou um prato lindo e delicioso. Pra mim, o detalhe encantador é a adição das sementes de romã. Mas elas são opcionais.

Serve de 6 a 8 pessoas
4 berinjelas [mais ou menos 2 quilos]
Azeite extra-virgem
Sal a gosto
1 1/2 colher de sopa de melado de romã [*compre pronto em lojas de ingredientes do oriente médio ou faça em casa usando esta receita da Elise]
1 1/2 colher de sopa de vinagre de vinho
2 xícaras de iogurte integral
1 dente de alho amassado [*omiti]
2 colheres de sopa de tahini
1/4 de xícara de pinoles [*usei sementes de abóbora tostadas]

Corte as berinjelas em fatias grossas e coloque numa forma forrada com papel alumínio. Pincele os dois lados de cada fatia com azeite e tempere com sal. Asse em forno bem quente, pré-aquecido em 475ºF/ 250ºC por 30 minutos virando cada uma por uma vez, até elas ficarem macias e escuras. *Eu fiz esse processo na churrasqueira.

Arranje as fatias de berinjela assadas numa travessa rasa e larga. Numa vasilha pequena misture o melado de romã, o vinagre e 2 colheres de sopa de azeite e pincele as fatias de berinjela com esse tempero. Numa outra vasilha bata o iogurte com o alho [*eu omiti o alho] e o tahini e jogue sobre as fatias de berinjela. Frite os pinoles em 1/2 colher de sopa de azeite, mexendo sempre até eles ficarem mais dourados e jogue sobre o iogurte [*usei sementes de abóbora que só tostei na frigideira, sem azeite]. Decore com sementes de romã e sirva.

galette de tomate e manjericão

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Eu detestei tanto essa foto, que acabei deixando a pobre receita mofando injustamente na gaveta das desprezadas. Apesar da aparência de vilã de filme de terror, o sabor dessa galette é o fino da bossa. Deve ser feita com tomates maduríssimos no seu pico de doçura e perfume. Usei diversas variedades, que ajudaram a dar um colorido legal. Simplifiquei uma receita do David Lebovitz publicada na revista Fine Cooking. A dele levava milho e queijo. Na minha não. Gostei imensamente da minha versão. Já a massa, fiz exatamente como ele especificava na receita.

massa de cornmeal
suficiente para uma galette de 30 cm
1 1/4 xícara de farinha de trigo
1/3 de cormeal fina
1 colher de chá de açúcar
1 1/4 colher de chá de sal
6 colheres de sopa de manteiga sem sal gelada cortada em cubinhos
3 colheres de sopa de azeite
1/4 xícara de água gelada

No processador coloque a farinha, cornmeal, açúcar e sal. Pulse e vá colocando a manteiga até ela ficar bem distribuída, mas ainda em pedaços visíveis. Adicione o azeite e a água, pulsando até a massa ficar compacta. Coloque a massa sobre uma folha de filme plástico, achate com as mãos formando um circulo e leve à geladeira por uma hora. Abra essa massa com muidado, pois ela fica mais quebradiça que o normal.

recheio de tomate e manjericão
2 colheres de sopa de azeite
1 cebola grande cortada em fatias finas
Sal e pimenta do reino moída a gosto
Um maço de manjericão fresco picado
1 punhado de azeitonas pretas kalamata
2 tomates bem grandes ou vários pequenos bem maduros, cortados em fatias e enxugados numa folha de papel

Numa panela aqueça o azeite, adicione a cebola e cozinhe, mexendo frequentemente, até ela ficar amarronzada, por uns 10 minutos. Tempere com sal e pimenta a gosto. Adicione o manjericão picado e as azeitonas e cozinhe por mais 30 segundos. Desligue o fogo e deixe a mistura esfriar.

Pré-aqueça o forno em 375ºF/ 190ºC e coloque a grade no meio. Forre uma assadeira lisa e sem bordas com papel vegetal- parchment. Se sua assadeira tiver bordas, vire e use de cabeça para baixo.

Abra a massa numa superfície bem enfarinhada formando um circulo. Transfira a massa para a forma forrada, usando o rolo ou uma espátula larga se necessário. Espalhe a mistura de cebola, manjericão e azeitona no centro da massa, deixando uma borda de mais ou menos 5 cm. Espalhe o tomate por cima, dobre as bordas e leve ao forno por 30 a 45 minutos. Remova do forno, deslize a galette do papel para um prato e sirva.

fritos de abobrinha e feta

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Vez e outra a Nigella Lawson é entrevistada pela NRP e dá umas receitas legais. Numa dessas vezes, no ápice do nosso último verão, ela deu uma receita com abobrinha e queijo feta—dois ingredientes delíciosos e que se casam muito bem. É uma friturinha, mas não é imersa em óleo, nem fica gordurenta ou pesada. Ela diz que gosta de servir como aperitivo, mas aqui eles foram o prato principal, acompanhados de uma salada simples. Ficam bons mornos ou frios, você decide como irá servi-los.

4 abobrinhas ou aproximadamente 500 gr
5 ou 6 raminhos de cebolinha
250 gr de queijo feta
Um macinho de salsinha fresca picado
Um macinho de hortelã fresco picado
1 colher de chá de páprica
1 xícara de farinha de trigo
Sal e pimenta do reino moída a gosto
3 ovos batidos
Azeite para fritar
3 ou 4 limões [*ela usa a lime, o limão verde, mas eu usei o amarelo]

Rale a abobrinha no ralador ou no processador e coloque num pano de prato. Deixe descansando por uns 20 minutos [*eu deixei menos pois minha abobrinha era bem seca] até que ela fique sem nenhum excesso de liquido.

Coloque a cebolinha picada numa vasilha e junte o queijo feta moido com as mãos. Acrescente a salsinha e o hortelã picados e a páprica. Junte a farinha e tempere com sal e pimenta. Aos poucos, adicione os ovos batido e vá misturando. Junte a abobrinha ralada. Vai ficar uma massa mole e pedaçuda.
Numa frigideira grande aqueça um pouco de azeite—o suficiente para cobrir toda a superfície numa camada bem fina. Vá colocando a massa em colheradas: de sopa se quiser os fritos maiores ou de sobremesa se quiser menores, eu fiz maiores. Achate cada frito com as costas da colher. Deixe fritar por uns 2 minutos de cada lado, ou até ficarem bem dourados. Vá colocando os fritos prontos num prato forrado com papel.
Sirva morno ou frio com limão espremido por cima. Faz 25 bolinhos pequenos ou 12 grandes.

salada de beterraba & iogurte

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Quando li a auto-biografia da Judith Jones—The Tenth Muse, marquei o nome da autora de culinária Claudia Roden, que Jones comenta com bastante entusiasmo. Claudia foi uma das muitas revelações com que Judith nos presenteou, quando publicou seu primeiro livro de receitas do Oriente Médio. Nascida e criada em Cairo, no Egito, Claudia Roden completou sua educação formal em Paris e depois mudou-se para Londres para estudar Artes. Seu primeiro livro foi recebido com muito entusiasmo quando publicado na América do Norte na década de 60 através de Judith Jones e da editora Knopf. Quero mostrar os livros da Claudia aqui, que são absolutamente lindos. Esta receita de salada de beterraba saiu do Arabesque—A Taste of Marocco, Turkey, & Lebanon. É uma receita da Turquia, muito simples e deliciosa.

Pancar Salatasi—Beets with Yogurt
Serve de 6 a 8 pessoas
1 quilo de beterraba
2 dentes de alho amassados [*opcional – não usei]
2 xícaras de iogurte grego drenado
2 colheres de sopa de suco de limão
6 colheres de sopa de azeite de oliva extra-virgem
Sal a gosto
Um punhado de hortelã fresco ou salsinha picados [*usei hortelã]

Cozinhe as beterrabas na água ou assando no forno ou churrasqueira—eu gosto mais de assar e fiz essa na churrasqueira, embrulhadas em papel alumínio em temperatura alta por uns 30 minutos.

Deixe as beterrabas cozidas ou assadas esfriar, remova a casca e corte em rodelas. Se for usar o alho, misture com o iogurte. Coloque o iogurte espalhado numa travessa e arrume as rodelas de beterraba por cima. Junte o limão, azeite e sal e bata bem com um batedor de arame. Despeje essa mistura sobre as beterrabas e salpique com as folhas de hortelã [ou salsinha] picadas por cima. Sirva.

*para fazer uma variaçao desta salada no estilo libanês, substitua o alho por 1 1/2 colher de sopa de tahini misturado ao iogurte.

no meu Co-op

Peguei uma ricota fresca na prateleira dos queijos especiais, mas não consegui achar nenhuma referência ao preço, nem em plaquinhas, nem em etiquetas. Resolvi levar assim mesmo. Ricota artesanal e tal. Passando no caixa, ele não conseguia achar o preço nem o código. Já cogitei deixar a ricota pra trás, porque no meu Co-op não tem aqueles funcionários que correm pelo supermercado vestindo patins pra verificar preço, lá é tudo muito mais simples. O caixa olha meio frustrado pra ricota, olha pra mim com cara de help me, mas eu disse que sentia muito, também não tinha conseguido achar o preço.
—você acha que $3,99 é um preço justo?
—certamente!!
—plin-tchin, três e noventa e nove.
No páteo do supermercado um pessoal abordava os clientes com alguma petição pedindo assinaturas. Eu sempre assino quando acho o motivo relevante. Um deles se aproximou de mim com prancha e caneta.
—oi, você curte marijuana?
—ahn, tô meio apressada hoje, desculpa…
Era uma coleta de assinaturas para a campanha de legalização da maconha.