sopa essência do tomate

essencia-tomateOutro dia a querida Ana me enviou uma coleção de links de receitas de sopas frias—minha obsessão deste último verão. Adorei todas e vou fazer uma por uma. A primeira que preparei foi esta de tomate, com uma receita muito peculiar, ressaltando o doce natural dos tomates. Eu coloquei uma pitada de sal marinho por minha própria conta. Gostei imensamente do resultado. Os tomates consumidos na época, orgânicos e super maduros, são deliciosos. Estou aproveitando enquanto posso, pois em breve eles sumirão. Gastei dois minutos para fazer essa sopa e devorei lambendo o prato—ninguém viu, pois eu estava sozinha.

serve 4 pessoas
4 xícaras de tomates variados super maduros
1/4 de xícara de azeite extra-virgem
1 colher de sopa de nectar de agave [*pode substituir por mel]
1/2 xícara de folhas de manjericão fresco cortado em tirinhas
Sal [* adição minha]

Bata no liquidificador 3 xícaras de tomates, o azeite, agave e 2 xícaras de água gelada, até formar um creme [*e eu passei tudo pela peneira e coloquei um pouco de sal marinho]. Sirva a sopa e decore cada prato com o resto dos tomates e o manjericão em tirinhas.

bolo de milho com pesto

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Eu queria fazer uma receita com milho. Procurei pelo ingrediente no How to Cook Everything Vegetarian do Mark Bittman e caí nesta receita de bolo de milho. Esses bolos são super tradicionais, especialmente nas cozinhas do sul dos EUA, e eu adoro. Nem sempre eles incluem milho, mas o ingrediente principal é sempre o cornmeal. Usei algumas dicas do Bittman, como acrescentar grãos de milho crus e também um tantinho de molho pesto na massa. Usei um pesto feito em casa, que eu tinha na geladeira, Ficou bem legal. Esses bolos de milho são geralmente servidos como acompanhamento, mas pra nós ele foi o protagonista num jantar de dia de semana acompanhado por uma salada de legumes.

1 1/4 xícara de buttermilk
2 colheres de sopa de manteiga ou azeite [*usei azeite e menos]
1 1/2 xícara de cornmeal [ele recomenda o de moedura média]
1/2 xícara de farinha de trigo
1 1/2 colher de chá de fermento em pó
1 colher de chá de sal
1 colher de chá de açúcar
1 ovo
1 xícara de milho verde
2 colheres de sopa de molho pesto

Pré-aqueça o forno em 375ºF / 190ºC. Coloque a manteiga ou o azeite numa frigideira que possa ir ao forno ou numa forma quadrada, deixe aquecer e espalhe, untando. *Eu fiz com o azeite, sem aquecer.

Misture os ingredientes secos numa vasilha. Misture o ovo com o buttermilk, adicione o milho e o pesto e jogue essa mistura na de ingredientes secos. Misture levemente e coloque na frigideira ou forma untada. Asse por 30 minutos ou até que o bolo fique levemente dourado. Sirva quente ou morno.

carpaccio de abobrinha
[variação nº 53]

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Essa salada de abobrinha que publiquei nos primórdios do blog é até hoje um coringa que eu tiro da manga todo verão. Não conseguiria listar todas as variações que fiz, usando ervas diferentes, queijos diferentes, variedades de abobrinhas diferentes, temperos diferentes, como azeites de nozes, avelãs ou amêndoas ou vinagres de frutas. Parece uma salada simplória, mas é incrivel a quantidade de modificações criativas que ela permite. E fica sempre uma delícia. Essa foi feita com a abobrinha da variedade crooked neck, folhas de manjericão roxo fresco, queijo parmiggiano-reggiano em lasquinhas ultra finas, sal marinho, suco de limão e azeite de nozes.

pipoca estourada no saco de papel — brown bag popcorn

Me entusiasmei deveras quando vi essa idéia do Mark Bittman para um snack saudável no seu livro Food Matters. Ele argumenta corretamente que a pipoca é um grão integral, custa baratíssimo, fica pronta em minutos e brownbag-popcornpode ser preparada com inúmeras variações de sabores, doces ou salgados. Todo outono eu recebo muitos pacotinhos de pipoca na cesta orgânica. Elas são de milho indígena, alguns do azul. Vou guardando tudo num pote, pois não tenho o costume de estourar pipoca regularmente, apesar de adorar comê-las. Pra mim estourar pipoca é como fazer brigadeiro: eu não tenho jeito e pronto. Meus poucos brigadeiros sempre ficaram uma joça e com a pipoca é a mesma história. Ponho muito ou pouco óleo, muito ou pouco sal, deixo queimar, faço metade pipoca, metade piruá. Sério, é uma incapacidade. E DETESTO pipoca de microondas, aquelas com manteiga com gosto de plástico e sabores artificiais. DETESTO.

E o Bittman dá exatamente uma receita de pipoca de microondas, pra fazer com milho fresquinho dentro de um pacote de papel—as brown bags que o pessoal aqui usa pra embrulhar lanche. Gostei imensamente da idéia e fui testar. Ele diz pra deixar de 2 a 3 minutos em potência alta. Como eu sou uma pessoa com muito [pouco] bom senso, resolvi preparar a minha com o tempo máximo: 3 minutos. E é claro que não fiquei lá olhando, prestando atenção como deveria. Fui fazer outra coisa e só me toquei que um desastre estava em desenvolvimento quando comecei a sentir o cheiro de queimado. Corri para dar de cara com um pesado fumacê embaçando a visão dentro do microondas. Foi horriveRR. A pipoca torrou de uma maneira que eu nunca tinha visto antes. O saquinho de papel já estava em combustão, quando o movi do microondas para a pia. Foi um tal de abrir janela, abanar com o pano de prato, a gataiada toda ouriçada. Tive muita sorte que o fumacê não disparou o alarme de incêndio. Mas e o fedor? A casa ficou três dias impregnada com um cheiro fortíssimo de queimado, mesmo eu tendo tentado de todas as maneiras encobrir o cheiro fazendo comidas aromáticas. Até comprei um spray, desses pra desinfetar futum de cigarro. Não adiantou.

Mas uma receita do Mark Bittman dando em desastre não era possível. O erro só podia ter sido cometido por mim. Resolvi tentar de novo, deixando só dois minutos e vigiando militarmente a janelinha do microondas. Ficou perfeito! Refiz outras vezes mudando o tempero e a perfeição persistiu. Então se você for fazer, comece testando nos dois minutos e fique de olho. Se o seu microondas for mais fraco, dai sim suba pra três minutos. Essa pipoca é realmente um snack legal, pois você pode temperar tudo ali no saquinho de papel, ela fica pronta realmente em dois minutos e não deixa quase NENHUM piruá!

faz de 2 a 4 porções
1/4 de xícara de milho de pipoca
1/2 de colher de chá de sal ou menos se quiser
2 colheres de chá de óleo ou menos se quiser

Dentro do saco de papel coloque o milho de pipoca, o sal, óleo, chacoalhe bem e dobre a borda umas duas vezes. Coloque no microondas em potência alta por 2 [ou 3] minutos. Remova o saco e abra com cuidado, pois vai sair um vapor quente. Você pode adicionar ervinhas secas, sal com ervas, misturinha de temperos com curry ou pimenta, ou mesmo açúcar para fazer pipoca doce.

salada de lentilha & iogurte

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Tem dias em que eu simplesmente encasqueto que quero comer algo feito com um certo ingrediente. Neste dia foi a lentilha. Gosto imensamente dessa lentilha pretinha chamada beluga que é excelente para fazer salada. Ainda estava matutando sobre os procedimentos, quando vi uma receita de salada impressa no próprio pacote das lentilhas. Perfeito! Achei bem legal a mistura dos ingredientes, principalmente o iogurte. A salada fica com uma aparência estranha, mas o sabor é sensacional. E as sobras resistem bem por uns dias na geladeira.

1 xícara de lentilha beluga cozida na água ou caldo
1/2 xícara de iogurte integral
Suco de 1/2 limão
Raspas da casca de um limão
Cebolinha picada [* usei ciboulette]
1 maça pequena cortada em cubinhos
3/4 xícara de passas brancas [*usei as currants]
3/4 xícara de nozes tostadas [*usei amêndoas]
1 colher de chá de curry em pó

Misture todos os ingredientes e sirva. Eu coloquei ainda uma pitadinha de pimenta cayenne, mas você não precisa. Se não achar a lentilha beluga, use a Puy verde ou a comum, mas não deixe cozinhar muito, para não amolecer demais.

biscuits de manjericão roxo e queijo parmesão

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Os biscuits são pãezinhos muito fáceis e rápidos de fazer, bom pra um lanche de domingo à noite. Esses, publicados na edição de julho de 2009 da revista Cooking Light, me chamaram a atenção por causa do manjericão roxo. Por coincidência naquela semana eu tinha um mação dessa variedade super aromática. Como eu não tenho muita experiência fazendo esse tipo de receita, pequei somente por abrir a massa muito fina. A receita pede para deixar a massa com uma altura de três centímetros e eu deixei com muito menos, então os meus biscuits ficaram mais fininhos, mas com certeza não menos gostosos. Se você não tiver acesso ao manjericão roxo, faça com o verde mesmo.
faz 12 biscuits
2 xícara de farinha de trigo
2 colheres de sopa de açúcar
4 colheres de chá de fermento em pó
1 colher de chá de sal
1/4 xícara de manteiga gelada cortada em cubinhos
2/3 de xícara de manjericão roxo picadinho
1/2 xícara de queijo parmigiano-reggiano ralado fininho
2/3 xícara de leite
1 ovo grande
Pré-aqueça o forno em 425ºF/ 220ºC. Meça a farinha, nivelando com uma faca. Misture a farinha com o açúcar, fermento e sal numa vasilha média, misturando bem com um batedor de arame. Adicione a manteiga e vá misturando com um cortador de massa ou com duas facas [*que foi o que eu fiz] até ficar uma farofa grossa. Junte o manjericão e o queijo ralado. Numa vasilha pequena misture o ovo e o leite, batendo bem com o batedor de arame. Adicione a mistura de leite e ovo à de farinha e misture até ficar úmida. Jogue a massa numa superfície enfarinhada e abra com o rolo numa expessura de 3 cm. Corte com cortador de biscoitos de 5 cm de diâmetro ou com a boca de uma xícara ou tijelinha bem pequena. Coloque os biscuits numa forma untada com óleo ou azeite ou forrada com papel alumínio [*ou forrada e untada, que foi o que eu fiz]. Asse por 15 minutos. Remova do forno e deixe esfriar.

rabanete [roxo]

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Quando vi esses rabanetes roxos na banquinha simpática de uma família no Farmers Market, pensei que estivesse tendo um embaçamento visual, pois eles estavam bem ao lado de um monte de beinjelas magrelas exatamente do mesmo tom. Perguntei pro moço—estou vendo certo, elas são realmente roxas? Sim, eram. Levei dois maços para casa. Adoro esses rabanetes diferentes: os coloridos, os psicodélicos, os hipnóticos, os rosa-chocantes. O rabanete roxo também ficou bonito, numa salada simples, regada com suco de limão, azeite e salpicada com sal, pimenta e bastante ciboulettes.

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torta de morango & iogurte

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Essa torta de morango é o fino da bossa—deliciosa, refrescante e o tempo de preparo é de quinze minutos. Sim, QUINZE MINUTOS senhoras e senhores! Eu que sou uma atrapalhada e desajeitada consegui preparar tudo nesse meio tempo, enquanto finalizava o almoço. Se eu pude fazer, qualquer um pode. A receita original, que saiu na edição de agosto de 2006 da revista Gourmet, levava blueberries. Mas eu tinha morangos e foi com eles então que fiz a torta.

1 envelope de gelatina sem sabor [4 gr]
1 xícara de creme de leite fresco
2 xícaras de iogurte grego integral ou iogurte integral comum drenado
1/2 xícara de açúcar
1 colher de chá de extrato puro de baunilha
2 xícaras de morangos picados [ou bluberries]
200 gr de preparado de bolacha ou as bolachas moídas e misturadas com 4 colheres de sopa de manteiga

Coloque a bolacha moída com a manteiga ou o preparado numa forma de torta apertando bem com os dedos. Reserve.

Coloque 3 colheres de sopa de água numa panela pequena e polvilhe a gelatina em pó. Deixe descansar por 5 minutos e depois aqueça em fogo bem baixo, mexendo sempre com um batedor de arame, até a gelatina dissolver completamente. Numa vasilha pequena misture a gelatina e 1/4 do creme de leite. Numa outra vasilha misture o iogurte, o açúcar e a baunilha. Junte a mistura de iogurte à de gelatina. Misture bem e leve à geladeira por 5 minutos.

Enquanto isso bata o restante do creme de leite na batedeira até formar picos. Misture esse chantily e 1 xícara e 3/4 dos morangos picadinhos à mistura de iogurte e gelatina que estava na geladeira.

Coloque a mistura de creme e frutas na forma de torta forrada com a massa de bolacha. Decore com o restante dos morangos e leve à geladeira por uns 30 minutos. É o tempo servir o almoço ou jantar, comer tranquilamente e ao final ter uma sobremesa fresca e deliciosa para servir.

meu encontro com a Anna Thomas

Anna Thomas
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Na sexta-feira eu estava ouvindo a minha programação regular da NPR pela manhã, quando anunciou-se uma entrevista com a Anna Thomas. Eu sou fanzoca dessa autora há muitos anos. Tenho dois livros dela, o segundo The Vegetarian Epicure e o The New Vegetarian Epicure, que carrego comigo há tantos anos, que já nem lembro quantos exatamente. Os livros dela são pequenas jóias, não só pelas receitas, mas também pelo cuidado da impressão, fontes, layout e ilustração. Adorei ouví-la ao vivo pelo rádio e me impressionei demais com a simpatia, a maneira casual e descontraída com que ela falou com o entrevistador. E para completar, anunciou que iria estar em Sacramento no domingo para um book signing na livraria The Avid Reader.

Tive que otimizar meu dia, desistir de fazer algumas coisas, para poder nadar, preparar um almoço simples e zarpar para Sac, encontrar pessoalmente a Anna Thomas e pegar um autógrafo dela no seu novo livro dedicado à sopas.

Saí atrasada, sabendo que aqui tudo começa pontualmente e já me odiando pela possiblidade de perder um só minuto de qualquer que fosse a atividade com a Anna naquela livraria. Não sei por que, mas achei que teria um tipo de palestra, como aconteceu com a Deborah Madison na Avid Reader de Davis em junho passado. Cheguei toda esbaforida, com bolsa, sacola, câmera e ela já estava sentada na mesa dos livros, conversando animadamente com os fãs, que se alinhavam numa paciente fila.

Na entrevista no rádio ela já tinha avisado que o evento teria amostras de uma sopa, receita do livro, e de um cornbread. Antes mesmo de sacar a câmera da sacola, perguntei se podia fotografar e causei uma micro comoção que terminou com a irmã da Anna vindo falar comigo. Super simpática, me perguntou se as fotos eram pra publição e eu disse que não, era para o meu blog pessoal—explica, explica, explica. Ela foi muito gentil e me pediu endereço do site, e-mail, ficha completa. Depois disso comecei a clicar, começando com o cornbread que pareceu delicioso, mas eu não provei porque tinha acabado de almoçar. Comprei meus livros e me prostrei na fila.

A Anna Thomas é sem dúvida a autora de culinária mais descontraída que eu já conheci pessoalmente. Sabe quando você se encontra com a vizinha na rua e ela te dá umas dicas do melhor lugar pra comprar aquele ingrediente especial e de quebra ainda te dá uma receita muito boa e prática, fica conversando super animada e te envolve de uma tal maneira, que você fica ali ouvindo mesmo sabendo que está perdendo a hora para algum outro compromisso.

Fiquei de orelhão pra ouvir o que ela estava dizendo pra outros fãs e meio que entrei na conversa, fazendo mil caras de concordância e balançando a cabeça afirmativamente durante todo o tempo em que ela doutrinou em favor de cozinhar os feijões secos para fazer as sopas e nunca usar feijão em lata. Participei passivamente de várias conversas até chegar a minha vez. A Anna te deixa tão à vontade que soltei a minha matraca ali na frente dela, falei que tinha ouvido ela no rádio, que tinha um blog, que não era oficialmente vegetariana, mas que minha comida era, disse até que ela era muito mais bonita pessoalmente do que nas fotos—e de fato é, não somente pela beleza física, mas porque ela tem uma vibração muito legal, de pessoa feliz.

Ela me contou que é amiga do David Leite, o porta-voz e divulgador da culinária portuguesa aqui nos EUA. Ela também me contou que nunca esqueceu da sopa caldo verde que tomou em Portugal numa das primeiras vezes que foi a Europa. E hoje usa muito a base do caldo verde para fazer as suas deliciosas sopas. Foram apenas alguns minutos ali conversando sobre comida com a Anna Thomas—eu acorcundada porque não consigo conversar em pé com uma pessoa que está sentada, preciso estar próxima, tête-à-tête—mas eu senti uma intimidade enorme com ela. Acho que todos sentem.

Depois que ganhei autógrafos nos meus livros, fui provar a sopa de feijão preto com butternut squash servida com um molho de pimenta e um pingo de azeite extra-virgem. Fiquei conversando com uma funcionária da livraria que nem perguntei o nome. Falamos de comida, de blogs, de livros, da Anna e da Julia Child, de ingredientes. Tomei a sopa, que estava muito gostosa, e me despedi suando. Estava um forno em Sacramento hoje, um dia nada apropriado para sopas quentes feita com ingredientes robustos. Na volta, perdi até a entrada mais comum que eu uso para chegar em Davis, de tão distraída que estava, pensando em simpatia, em alegria, em entusiasmo e paixão, em comida e sopas.

* já vi que no Love Soup tem um capitulo só de sopas frias—acho que ainda tenho tempo de colocar algumas em prática.