cheese cake

No dia que eu cheguei na geleira canadense, ainda tonta, cansada, com um jet lag danado e um certo espanto, fui levada à uma espécie de café, onde estava sendo comemorado o aniversário de quarenta anos de alguém. Eu não comi nada, bebi apenas uma daquelas águas borbulhantes canadenses com sabor de kiwi, que era novidade pra mim. Eu estava muito fora do eixo para comer qualquer coisa, ainda mais açúcar. Mas foi nesse dia, em agosto de mil novecentos e noventa e dois, que conheci uma das sobremesas mais típicas da América do Norte, o Cheese cake.

O pequeno café na Broadway Avenue, chamado Calories era especializado nessa sobremesa, onde se podia comer cheese cakes de todos os sabores, com todos os toppings. Eu fui muitas vezes lá, durante os anos em que morei em Alaskatoon.
Claro que rapidinho alguém me passou a receita do cheese cake. Essa é a versão canadense da torta cremosa.

Cheese Cake Simples
Forre uma forma de 23 cm [9″] com 1 xícara de Graham Wafer Crumb Crust [uma farofa de bolacha moída] misturada com 1 colher de sopa de açúcar e 2 colheres de manteiga.
1 pacote de cream cheese [250g]
1 lata de leite condensado
1/2 xícara de suco de limão
1 colher de sopa de baunilha
1 pote de geléia de qualquer sabor [ou a receita de geléia*]

Numa vasilha grande bata o cream cheese até ficar cremoso. Gradualmente adicione o leite condensado batendo até ficar liso. Colocar o limão e a baunilha. Colocar essa mistura sobre a massa previamente preparada. Gele por 3 horas até ficar firme. Cobrir com geléia antes de servir.

* Geléia de Fruta:
Para 2 xícaras de fruta fresca misture separadamente:
1 xícara de água
1 xícara de açúcar
3 colheres de sopa de maisena
3 colheres de sopa de corn syrup
Cozinhar até a mistura ficar clara. Esfriar por 1 minuto e acrescentar 3 colheres de sopa de gelatina em pó sem sabor ou no sabor da fruta usada. Adicione as frutas, misture bem e gele. Sirva por cima do cheese cake.

Eu tenho uma receita de calda de fruta muito mais fácil e rápida:
Descongele um saco pequeno de qualquer fruta: framboesa, morango, blueberry. Quando estiver descongelado, acrescente açúcar mascavo ou mel e deixe macerar por uma hora. Sirva por cima do cheese cake.

salada “mediterrânea”

O “mediterrânea” do título é só pra deixar com uma cara mais chique, mas essa é uma salada de grão de bico que eu faço há anos, mais ou menos como se fazia na casa dos meus pais. Fiz ontem para um picnic no parque e ficou deliciosa e satisfez o apetite faminto da hora do jantar.

Uma lata de grão de bico cozido [usei orgânico]
Um tomate cortado em cubinhos
Um punhado de mussarela fresca em cubinhos
Um punhado de azeitona preta grega
Um punhado de salsinha fresca picada

Misture tudo e tempere com sal, pimenta do reino, azeite e vinagre balsâmico. Eu usei um vinagre fabuloso com figo e limão, mas qualquer outro balsâmico serve. Deixe marinar por pelo menos uma hora e sirva com pão italiano.

give me the chocolate and nobody gets hurt

Eu gosto, é claro, mas não sou viciada, nem louca por chocolate. Também não sou uma formiga, sempre atrás do açúcar. Mas todo mundo tem seus dias, quando acontecem coisas inesperadas, que nos fazem agir de maneira pouco comum. Ontem foi um desses dias pra mim.

Fui ao dentista para a minha limpeza semestral. Eu tenho uma história com dentista. Não é uma história feliz, apesar de eu ter uma dentista fenomenal, com uma equipe fenomenal. O problema é que eu nasci assim, com essa propensão para ter problemas dentários. Never mind, isso não interessa. O que interessa é que eu fico toda tensa e estressada quando visito minha dentista. Ontem não foi diferente, tive até uma dor de cabeça.

Quando voltei pro trabalho o inusitado aconteceu. Me deu um desejo incontrolável de comer chocolate. Podia ser qualquer um, bad American chocolate, cheio de caramelo e peanut butter, eu encarava qualquer coisa. Catei 3 mangos e corri pra maquininha de tranqueiras mais próxima. Peguei uma barra de Crunch [dark, edição especial!], um pacote de M&Ms de amendoim e um saco de sour gummy bears!! Eu ADORO tudo o que é sour, isso é uma fraqueza que não posso negar. Mas M&M e Crunch foi novidade. Nem preciso dizer que devorei tudo enlouquecidamente e depois bebi água pra digerir a culpa.

Acontece…. Hoje já estou mais tranquila e voltei pro chá branco, frutas desidratadas, iogurt e barrinhas de cereal!

o jantar pronto pela manhã

Acordar com o cheiro da sopa e pensar, ufa, hoje não preciso me preocupar, pois o jantar já está pronto. Esse é o milagre – e a vantagem, do crock pot ou slow cooker. A maravilhosa panela elétrica que cozinha bem devagar e pode ficar ligada uma noite ou um dia inteiro. Joga-se nela um punhado de feijão de qualquer tipo, pica todos os legumes e verduras, cobre com água filtrada, põe no mínimo e tchau. A sopa ficou a noite toda cozinhando. Mas também pode ser colocada pela manhã e ficar coznhando durante o dia. Depois é só temperar com sal, pimenta e azeite e servir com bastante queijo ralado.
Na sopa de hoje coloquei feijão branco pequenininho, cebola, bok choy, tomate, cenoura, coentro, salsão.

um passinho pra frente, por favor

A biblioteca da cozinha ganha uma estante nova, com mais prateleiras, algumas portas e gavetas, e também mais alguns livros. Você deve estar pensando, por que essa louca sem tempo e que mal sabe cozinhar fica investindo em mais livros de culinária, que ela nunca vai usar pra fazer receitas? Bom, a resposta está na minha bio ali do lado. Cada um tem o seu hobby, sua mania. A minha é livro de culinária. Se eu conseguisse juntar novamente os livros que deixei pra trás, dos meus anos no Brasil e no Canadá, teria que comprar mais uma estante. Mas deixa pra lá, o que importa é que mais vale um gosto do que…

Já percebi que ler o livro póstumo da Julia Child, escrito pelo seu sobrinho-neto, sobre os anos em que ela e o marido Paul Child viveram na França, vai ser ser pura diversão. E My Life in France vem cheio de fotos em P&B da americana desengonçada fazendo aulas no Le Cordon Blue na década de 50. Puro prazer!
O The Amish Cook era um livro necessário. Como eu poderia viver sem saber como os Amishs que vivem hoje nos EUA cozinham? E suas receitas frugais? E suas histórias? Agora que já sei, me sinto muito mais realizada. Ufa!

O outro livro foi porque o verão está alí na esquina [uma esquina a trinta quarteirões daqui, pelo jeito], e eu tenho que estar super preparada. Então comprei Good Day for a Picnic, cheio de receitas bacanas, práticas e de idéias para picnics divertidos e inusitados. Já contei que eu amo preparar e participar de picnics, e que tenho um montão de cestas? Ih…. foge, rápido, senão você vai ter que ler outra história obsessiva.

quem quer bacalhau?

A Páscoa é um feriado muito mal comemorado aqui, onde não se destacam as celebrações religiosas. Falei de bacalhau no meu trabalho tantas vezes—hoje é dia de bacalhau, hoje é dia de bacalhau, que até me dei um beliscão. Até parece… Eu não como bacalhau na Sexta-feira Santa há quase duas décadas. Mas por que ainda falo nisso? Porque passei uma boa parte da minha vida ouvindo—bacalhau, bacalhau, bacalhau, e comendo o peixe, é claro. Aqui tem bacalhau pra vender, mas eu raramente me animo a comprar. No Co-op ou no Nugget se encontra uma pequeníssima caixinha de madeira, com bacalhau canadense suficiente para duas pessoas. Mas como a Sexta-feira Santa nem é feriado nem nada, quem se importa.

O diretor do programa para o qual eu trabalho falou, quase como que me dando uma rasteira, que os portugueses simplesmente dizimaram com os bacalhaus da costa de New Foundland séculos atrás, por isso agora a opção virou a Noruega. Eu não sei de nada, só sei que comer bacalhau na Sexta-feira Santa é parte da minha cultura, como a daqueles índios lá de Washington é de comer baleia.

Como o dia do bacalhau foi um dia normal de trabalho por aqui, almoçei um “já-te-vi” de espagueti que preparei na noite anterior, com essas lingüiças finas recheadas que estão na moda. À noite fomos à um restaurante tailandês, onde pedimos o trivial—sopa vegetariana com leite de coco, won-ton fritos recheados de camarão e porco, salada e pepino, arroz e camarões com cogumelos exóticos ao molho de gengibre.

Macarrão com lingüiça
Cozinhe uma porção de espagueti em bastante água com sal. Cozinhe a lingüiça na água – eu usei uma recheada de queijo asiago e cogumelos. Corte em rodelas e refogue no azeite e alho. Acrescente bastante tomate seco picado e aspargos cortados ao meio. Refogue tudo por um minutinho, coloque sal e pimenta do reino à gosto. Misture o macarrão cozido e sirva com bastante queijo parmesão fresco, ralado na hora.