who wants to live forever…

A inquilina da minha guest house veio pagar o aluguel no domingo e me pegou, como ela sempre me pega, fazendo o rango. Ela tem 21 anos e está no seu junior year na UC Davis. Eu já a conhecia antes dela virar minha inquilina. Ela não cozinha, o que pra mim é até certo ponto um alivio, pois a cozinha da guest house é minuscula e tem que investir num esquema para se cozinhar lá. Mas toda vez que ela vem pagar o aluguel ou só perguntar algo ou me falar algo, nós conversamos sobre comida. Ela me acha no mínimo o máximo porque eu cozinho e acha que eu sou uma mulher de sucesso porque eu tenho um blog de culinária. Ela é muito engraçada e fala umas frases engraçadas, sempre elogiosas e carinhosas, ela é bem querida. Às vezes eu convido ela pra puxar um rango. No meu aniversário ela veio e comeu a brandade de bacalhau, que ficou um pouco sem sal, então ela colocou—sem brincadeira—uma colher de SOPA de flor de sal no meio do prato. Uma vez ela me perguntou—você sabe que existem comidas prontas que você pode comprar e colocar no microondas? Minha resposta foi uma sonora gargalhada! Foi idéia do Uriel iniciar o processo de desova do bolo de laranja com tâmaras que ficou muito doce pro nosso gosto. Ele ofereceu o bolo pra ela, que aceitou prontamente, então eu cortei quatro fatias gigantes e embrulhei numa folhona de papel aluminio, enquanto explicava que o bolo só estava um pouco doce pra nós, mas era coisa fina—usei os melhores ingredientes, ovos fresquíssimos, manteiga orgânica, as tâmaras são locais e estão na temporada, tudo que eu uso é da melhor qualidade. Ela fez aquela cara de encantamento que ela sempre faz quando eu falo de como eu cozinho e nas coisas que eu acredito, e enquanto segurava cuidadosamente o pacote de bolo soltou mais uma das suas pérolas—oh, vocês comem tão saudável, você e o Uriel vão viver pra sempre!

apple & carrot slaw II

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Refiz esta receita de anos atrás, desta vez tirei foto. E não usei repolho, mas usei a cebola roxa e troquei o coentro por salsinha. O resto ficou igual—só que da primeira vez cortei as cenouras e as maçãs no mandolin, depois cortei em fios. Desta vez cortei grosso e ficou uma salada para exercitar bem os molares e o maxilar. As cranberries podem ser substituidas por passas ou qualquer outra fruta seca.

pappardelle de outono

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O Trader Joe’s tem um pappardelle de limão com pimenta do reino que é tão bom que nem precisa tempero—uma bolota de manteiga ou apenas queijo ralado já basta. Mas desta vez fiz o macarrão com uma mistura de legumes assados.**Nem preciso dizer o quanto eu adoro assar legumes, né? ** Assei primeiro a abóbora—usei uma fatia grossa cortada em quadradinhos da variedade musque de provence. Depois assei cogumelos crimini e um bulbo de erva-doce cortada em cubinhos. Temperei os legumes assados com sal, pimenta do reino, azeite, suco de limão meyer, salsinha, orégano e tomilho frescos. Misturei os legumes temperados ao pappardelle cozido e polvilhei com bastante queijo parmesão ralado na hora de servir.

Giusti’s

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Mas uma vez decidimos seguir as indicações da reportagem restaurants worth the drive da Sacramento Magazine. Na primeira vez adoramos a experiência da alta qualidade e simplicidade do Putah Creek Café. Desta vez, nossa visita ao Giusti’s foi um pouco diferente. O restaurante instalado no meio de fazendas de uva e ao lado do Sacramento River, parece mesmo o paraíso dos caçadores e pescadores. Como a reportagem da revista descreve, o lugar é rústico por dentro e por fora. Pertence à uma família de descendentes de italianos que gerencia o restaurante há mais de cem anos. Logo na entrada tem um bar, com o teto totalmente forrado de bonés de baseball. O restaurante fica ao lado do bar e faz um estilo cantina, mesmo na hora do almoço de um dia ensolarado as persianas estava fechadas e as luzes acesas. O menu do dia fica afixado em lousas brancas nas paredes. Nós decidimos pedir o catch of the day, que era o grilled red snapper. O prato vinha com sopa ou salada, pão rústico e vinho. Comida à beça! Pedimos sopa, que veio numa vasilha enorme, deveria servir umas quatro pessoas. O vinho—um Chianti sangue de boi, veio numa jarra, dava também pra quatro pessoas. O peixe veio com um arroz, tipo parabolizado e temperado com o que parecia ser cogumelos. Cara de arroz de caixinha. O peixe parecia ter sido temperado com aqueles pózinhos de alho e não consegui imaginar aquilo sendo grelhado. Parecia ter sido apenas frito numa frigideira. A sopa também não era feita from scratch. Se era, meu paladar está me passando a perna, porque aquela sopa tinha o gosto típico das sopas em lata. Comemos, mas não ficamos impressionados. Eu pedi uma porção de batata frita, e foi a única coisa que realmente gostei. Elas vieram super quentes e crocantes. A reportagem da revista dizer que as porções no Giusti’s são enormes foi correto, mas dizer que a comida é fresca, eu não coloco minha mão no fogo pra confirmar isso. Muito pelo contrário. Achei que eles usam muita coisa processada e pré-preparada, como o arroz, a sopa e os temperos.

Talvez tenhamos ido lá no dia errado. No final de dezembro eles terão um sábado de Cioppino e toda quarta-feira no jantar o especial é lagosta. Bom, tem lagosta no Red Lobster também, mas isso não significa que valha a pena jantar lá.

want some castanhas?

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O melhor antídoto para uma manhã gelada no Farmers Market é chegar na barraca de um fazendeiro para comprar romã e kiwi e ver uma churrasqueira forrada de castanhas portuguesas assando na brasa. Fiquei ali provando e comprando as deliciosas romãs e o kiwi madurinho recém-colhido de polpa verde e doce, quando o simpático fazendeiro me perguntou:

—do you want some castanhas?

Claro que quero castanhas, respondi. E levei uma porção, que fui comendo pela rua, apertando a casca por baixo e devorando o conteúdo que foi ajudando a aquecer o corpo. Junto com as castanhas ganhei também um folheto—how to roast chestnuts, que vou divulgar aqui. As castanhas são uma iguaria típica de Natal para muitos países nos hemisférios norte e sul. Então onde quer que você esteja, delicie-se com elas!

* * *

Primeiro, quando guardar suas castanhas portuguesas, não deixe que elas ressequem. Elas devem ser mantidas em lugar úmido, enterradas numa vasilha com areia ou terra molhada, ou embrulhadas numa toalha úmida dentro de um saco plástico na geladeira, ou congeladas numa vasilha com água.

Roasting em casa—use uma frigideira pequena. Corte um X na base de cada castanha, ou corte a base fora. Adicione 1/4 de xícara de água na frigideira, coloque as castanhas, tampe e cozinhe por uns 3 minutos. Vá chacoalhando a frigideira no fogo, até as castanhas ficarem tostadas, com a casca bem esturricada. Coma as castanhas ainda quentes, retirando uma por uma das cascas. Quando esfria a casca fica muito difícil de ser retirada. Para re-aquecer, leve de volta ao fogo na frigideira.

As castanhas são muito ricas em proteína e têm quase zero de gordura. Elas ficam ótimas recheando carnes, misturadas com arroz, no stir fry. Elas podem ser assadas no forno também—400ºF/205ºC por 20 minutos. Não esqueça de fazer um corte na base de cada uma antes.

bolo de laranja e tâmara

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Pois então, o meu bolo não ficou igual ao da receita original. Primeiro o bolo assou um pouco demais e ficou muito moreno. Segundo, por algum motivo alheio à minha vontade, o glacê não ficou grosso, ficou apenas uma calda e pra falar a verdade nós achamos esse adendo extremamente doce—eu recomendaria regar o bolo somente com o suco de laranja e raspas, sem o açúcar. A não ser que doce arrepiante seja do seu gosto.

orange date bundt cake
1/2 xícara de manteiga sem sal na temperatura ambiente
[8 colheres sopa ou 1 tablete de 113 gr]
1 xícara de açúcar
2 ovos grandes
Raspas de 1 laranja média
1 colher de chá de baunilha
2 xícaras de farinha de trigo
1/2 colher de chá de bicarbonato de sódio
1/2 colher de chá de sal
2/3 xícara de buttermilk [ou coalhada, ou kefir]
umas 6 tâmaras picadas
Para o glacê:
1 xícara de açúcar de confeiteiro
1/2 xícara de suco de laranja espremido na hora
1 colher de sopa de raspas de laranja

Pré-aqueça o forno a 350ºF/176ºC. Unte uma forma Bundt. Na batedeira, usando a pá, bata a manteiga até ela ficar cremosa, por mais ou menos 3 minutos. Acrescente o açúcar e bata por mais uns segundos. Acrescente os ovos, depois as raspas de laranja e a baunilha. Adicione metade da farinha, o sal e o bicarbonato de sódio. Coloque o buttermilk, depois o resto da farinha. Coloque as tâmaras picadas na massa gentilmente e coloque a massa na forma untada. Asse por 40 minutos. Deixe esfriar, vire o bolo numa travessa e prepare o glacê misturando os ingredientes, ou somente regue com o suco de laranja—minha recomendação. Sirva quando estiver completamente frio.

a mal humoradinha

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Aqui está a prova. Não é culpa dos hormônios borbulhantes de mulher madura, assim como nunca foi culpa dos hormônios borbulhantes de garota adolescente. Eu nasci mal humorada. O mau humor está nos meus genes, faz parte de mim, é uma caracteristica da minha persona. Admito, sou uma mal humoradinha. Na verdade sou mesmo uma mal humoradona. Mas isso não desconta atrativos, pelo contrário, só acrescenta. Afinal os mal humorados podem ser extremamente charmosos e também merecem um lugar ao sol. [pisc!]

chestnut soup

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A receita original pedia 15 castanhas portuguesas, salsão e cebola. Mas eu usei um purê de castanhas, que comprei numa lata made in France, e substituí a cebola e salsão por alho-poró.

Numa panela eu derreti duas colheres de manteiga. Refoguei o alho-poró. Bati o puré de castanhas no liquidificador com 1 litro de caldo de galinha. Acrescentei esse creme ao alho-poró refogado. Coloquei sal e deixei cozinhar em fogo baixo por uns 40 minutos. Fica um creme liso, macio e leve. O mais interessante é que o sabor da sopa poderia enganar qualquer um: parece incrivelmente com feijão. Até o Uriel ficou pasmo, quando eu disse que não era feijão. Intrigante!

the making of a [lovely] salad

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A salada de sempre, com folhas de rúcula e alface, das quais tenho tido abundância. Um pequeno pedaço de blue cheese do Point Reyes Farmstead Cheese Co. que é uma produtora local que faz um queijo simplesmente divino. No vinagrete básico coloquei micro-pedaços de um tomate seco—seco mesmo, tenho que cortar com a tesoura, que compro de uns produtores japoneses gentilíssimos no Farmers Market. E fiz os croutons, na frigideira de ferro. Cortei as fatias de pão em quadradinhos, ou pelo menos tentei, coloquei um pouco de manteiga na frigideira, adicionei um dente de alho bem picadinho, deixei a manteiga impregnar com o sabor do alho e joguei os cubinhos de pão. Tostei, mexendo sempre com uma colher de pau, até eles ficarei crocantes. Montei a salada na hora de servir.