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Manga e banana são frutas que não têm produção local, então tenho que me contentar com as que vêm de longe. Sempre que vejo as mangas mexicanas expostas nos supermercados, lembro de uma amiga suiça imigrada para o Canadá que rolava os olhos quando eu reclamava daquelas mangas sem gosto, que tinham viajado milhares de quilômetros até chegar nas nossas mesas. Mas tudo mudou depois que ela e o marido fizeram a viagem da vida deles ao México. Passaram meses planejando. fizeram jantares para nos mostrar os mapas, o etinerário, os planos. Depois fizeram outros jantares para mostrar as fotos, contar as histórias e aventuras. Eles voaram até Los Angeles e depois dirigiram pelo México, fazendo visitas à lugares não turísticos, tudo planejado e estudado, com engrenagem e desempenho de um relógio suiço. Num dos jantares depois da viagem ela virou-se pra mim e disse—agora eu entendo o que você queria dizer quando reclamava das mangas sem gosto. pela primeira vez na vida eu provei uma manga de verdade lá no México e realmente, aquelas de lá não tem comparacão com as que compramos aqui! Minha amiga teve uma epifania gastrônomica comendo uma manga no México.
Por isso nunca espero muito das frutas que vêm de outros países, seja porque estão fora de estação ou porque não há producão. Mas quem resiste à uma receita de sorvete de manga, como essa, perpetrada pela Neide? Não quis nem saber se a manga era a mais perfeita ou não. Fui em frente! Modifiquei um pouquinho a receita, só para não perder o hábito.
Bati no liquidficador a polpa de duas mangas, algumas sementes de cardamomo [que esmaguei no pilão primeiro], mais ou menos uma xícara de kefir e adocei com nectar de agave. Coloquei na sorveteira e voilá! Tá dificil parar de comer esse sorvete, tive até uma série de dolorosos brain freezes, tal a minha esganação.