O scrapbook de fotos de M.F.K. Fisher me deu uma idéia geral da vida dessa mulher, por quem eu ando totalmente fascinada. Por isso é capaz de eu ficar um pouco monónota, batendo na mesma tecla e voltando toda hora no mesmo assunto. Mas pra mim isso é necessário, pois preciso escrever sobre as coisas que me interessam, mesmo que eu corra o risco de virar uma chatonilda repetitiva.
Fisher foi uma mulher inteligente, linda, elegante e engraçada. Escrevia muito bem e por isso traduziu suas experiências e descobertas culinárias em histórias interessantes. Ainda nem arranhei a superfície da quantidade de material bacana que ela produziu. Na introdução de The Art of Eating, uma de suas filhas conta que a ouvia teclar de madrugada na máquina de escrever e diz que o barulhinho da mãe escrevendo lhe proporcionava um conforto acolhedor. Eu me identifico com a maneira de Fisher encarar a culinária e a gastronomia sem arrogância e sem firulas. Como aqueles famosos gomos de tangerina que ela secava no calor do aquecedor do hotel, e que transformaram-se numa iguaria inigualável. Ou os pequenos quadradinhos de chocolate, que ela conta ter comido acompanhados de uma fatia de pão num dia frio e tedioso num bosque na Bavária, e que ficou na memória como um dos melhores momentos gastronômicos de sua vida.
* as fotos são clicáveis e ampliáveis.
Mês: setembro 2006
sopas de fevereiro – pro frio que vai chegar
O livro foi publicado em 1931 na Inglaterra e chama-se The Gourmets Almanac. O autor, Allan Ross Macdougall, deu uma de modernex e escreveu um livro pretendendo ser divertido, com histórinhas, curiosidades, poesias e até cifras e letras de músicas. Dividiu o livro em meses do ano e para cada um colocou uma ilustração chamativa. Fui fisgada pelo capítulo das sopas, estratégicamente colocadas no mês de fevereiro. Ele vai escrevendo sobre isso e aquilo e vai dando as receitas, daquele jeito beeeeeem pré-Martha Stewart, quando não tinha medida de nada, exatidão nenhuma e salvasse-se quem pudesse. Tudo era sugerido no olhomêtro. O almanaque era para gourmets, bem lembrado. Então nenhuma mocréia ou estrupício sem talento [cof cof] ousaria abrir, ler ou muito menos tentar trêmulamente fazer uma dessas receitas. Esclarecido esse detalhe vamos às sopas, que hoje, excuse moi, até eu que não sou gourmet nem nada me atrevo a fazer. Desejem-me sorte!
Chana Orloff’s Vegetable Soup
[O autor primeiro explica quem é Chana Orloff, mas sinceramente, não interessa… cut!] Ela tem uma sopa de legumes que eu adoro, por sua suculência e simplicidade. Ela cozinha todos os legumes cortados em pedacinhos da maneira usual e quando estiver quase pronto, ela corta uma cebola grande e frita numa manteiga até ficar marrom. Daí ela adiciona a cebola à sopa, que deve cozinhar um pouco mais. A sopa é servida assim como está, com uma colherada de creme de leite espesso em cada prato.
Rameno À L’Oignon
Essa sopa é uma variação desenvolvida pelo escultor Despiau à meira como o povo de Les Landes fazem. Você corta as suas cebolas e frita numa frigideira até ficarem marrons numa bolota de gordura de ganso [substituir esse item vai ser lasquera!]. Quando a cebola estiver boa e escura, cubra até a beira da frogideira com água fervendo e deixe ferver devagar. Adicione temperos a gosto [deve ser sal e pimenta do reino]. Torre algumas fatias de pão, uma para cada prato, e cubra cada uma com queijo ralado, colocando elas numa sopeira. Quebre um ovo e separe a gema da clara. Coloque a clara na sopa, e quando tiver coagulado tire a frigideira do fogo e só então adicione a gema. Despeje a sopa na sopeira e sirva imediatamente.
Snert or Dutch Pea-Soup
Essa excelente e inesquecível sopa de ervilhas é uma receita que vem do famoso restaurante Port Van Clef de Amsterdã. Pegue um pound de ervilhas e deixe de molho por vinte e quatro horas. Faça um caldo com um osso de rabo e adicione as ervilhas. Adicione também dois talos de salsão, três alho proós e alguma salsinha picadinha. Adicione temperos a gosto e deixe a sopa ferver ao lado do fogo por cinco horas, mexendo frequentemente. Mais ou menos duas horas antes de servir coloque na sopa várias fatias de linguiça defumada. A substanciosa mistura deve então ser servida.
Cherbah
Todos os visitantes que chegam até as não-turisticas regiões do Norte da Africa, se eles são aventureiros gastronômicos devem conhecer essa sopa. Corte um número igual de tomates e cebolas em pedaços. Frite em manteiga com um maço grande de hortelã selvagem picado grosseiramente e três pimentões vermelhos pequeno. Adicione sal e pimenta a gosto. Quando estiver escurecendo adicione 2 pints de água, um pedaço de carneiro e 4 ounces de damasco seco. Cozinhe bem devagar. Antes de servir, retire a carne e corte em pedaços pequenos, adicione vermicelli e sirva.
Mint Soup
Esta sopa é comum na Tunísia. Frite um dente de alho e algumas folhas de hortelã no azeite. Adicione água suficiente e um pouco de semolina. Vá mexendo enquanto cozinha. Bata dois ovos e coloque numa sopeira. Coloque a sopa na sopeira e sirva.
candy store
sambando com o crioulo doido
Cozinhar? Como? Quando? Não consegui nem fazer umas comprinhas de supermercado ainda. Não fui ao Farmers Market. Não tenho a menor idéia de menu ou planos para assuntos culinários. É que às vezes o bicho pega.
Sexta-feira abriu a temporada de outono do Mondavi Center e eu trabalhei no show do fantástico Bo Diddley. Reencontrei muita gente conhecida, foi bem legal. O show foi excelente, Diddley fez a platéia levantar e dançar. Até o chancellor da UC Davis, que assistia ao show do seu camarote, deu umas reboladas, batendo palmas e tal. Quando eu tenho show no Mondavi, não dá tempo de cozinhar. Tenho que comer algo improvisado e sair, pois tenho que estar no saguão do teatro, de uniforme, às seis e meia.
Sábado tivemos uma garage sale da Brazil in Davis na minha casa de hóspedes, para arrecadar uma graninha para mandarmos para uma entidade assistencial no Brasil. Eu passei a semana em função dessa garage sale. No sábado acordei às seis e meia da manhã e fiquei no meu estado clássico de estressadinha, até que tudo ficou em ordem e a coisa engrenou. Fazer a garage dentro da casa foi legal, pois não ficamos expostas na rua, tínhamos banheiro e cozinha, onde deixei um pote de café para os visitantes se servirem. Fizemos uma graninha boa e no final do dia aconteceu o inesperado – aluguei a minha casa de hóspedes!! Minha nova inquilina é uma pessoa que eu já conheço há uns dois anos, uma menina muito meiga, estudante da UC Davis, que aprende português com a Brazil in Davis e ama o Brasil. Eu a conheci quando alguém me indicou para ajudá-la a fazer uns telefonemas para uma comunidade no Rio Grande do Norte, onde ela tinha passado uns meses e estava doando uma grana do bolso dela pro pessoal lá comprar sementes e alugar um trator para arar a terra e fazer uma roça de feijão e milho comunitária. O currículo dela é dez, vamos ver como ela vai se sair como minha inquilina!
Depois da garage eu e minhas amigas fomos almoçar num restaurante gostosinho aqui em downtown. Bebemos vinho e relaxamos! Eu comi um prato bem interessante chamado Fazzoletti: uma massa fininha como de lasanha recheada com milho, cogumelos e queijo de cabra, dobrada como um pacotinho e temperada com molho de tomate e tomates cerejas frescos. Estava muitíssimo bom. Além da companhia, da conversa e do vinho!
na Paradoxo
Todo sábado, sem falta, tem minha coluna na Paradoxo. Às vezes faço um repeteco daqui, outras vezes desenvolvo e incremento um velho texto. Quem não leu, vai ler. Quem já leu, lê de novo!
chestnut
a melhor refeição das nossas vidas
Minha amiga Alison escreveu sobre comida e eu estou de olho! Ela descreveu o menu da festa de casamento da qual ela e o Allan participaram, na Espanha.
looking for M.F.K. Fisher
Estou completamente apaixonada pelo texto da Mary Frances! Ainda estou lendo Serve it Forth, mas estou buscando informações sobre ela, porque quando eu leio um livro de alguém fico curiosa para saber mais sobre a pessoa. Vi no catálogo online da UC Davis que tinha lá um scrapbook, um livro publicado em 1997 com fotos da Fisher desde a sua infância até a velhice. Saí do trabalho e estacionei minha bike na biblioteca. Agora não tem mais jeito, estou numa confa literária!
Dentro daquela biblioteca, que coisa, às vezes me esqueço do cheiro dos livros e das sensações que eles me provocam. Camelei muito dentro daquela biblioteca para achar a prateleira dos livros da M.F.K. Fisher. São quatro andares, um verdadeiro labirinto. Finalmente achei e não consegui levar apenas um. Peguei o scrapbook, mais um livro de memória, outro de cartas…. aimeudeuso!
Como já estava ali, resolvi dar uma passadinha pelas prateleiras de culinária. Meusantantónio, tô ferrada! Dei uma olhada numa prateleira e já queria levar tudo! Peguei dois livrinhos de gastronomia publicado nos anos 30. A primeira e única vez que alguém retirou esses livros foi em 1980! Acho que não vou ter problema requisitando essas reliquias.
Agora preciso traçar um plano. Preciso de umas duas horas por dia pra comer – e preparar a comida, oito horas de sono, oito horas no trabalho, então preciso me organizar muito bem nas horas restantes, porque pra conseguir ler todos esses livros eu vou ter que me retirar da vida social, parar de ver filmes na tv, ir ao cinema, escrever nos blogs, eteceterá…..
salada de tomate com limão em conserva
Ainda estou colhendo muitos tomates, então resolvi fazer uma receita que vi num livro bonito que eu tenho de culinária do Marrocos. Gostei da idéia de misturar o tomate com o limão em conserva. É uma salada simples e fácil de fazer, mas tem um sabor bem especial. Foi aprovada!
Tire as sementes e corte uns quatro tomates grandes em fatias finas. Corte um limão em conserva no meio, tire a polpa e jogue fora, corte a casca em fatias finas. Misture com os tomates e acrescente um punhado de salsinha e outro de coentro picadinhos. Prepare o molho com o suco de meio limão, uma pitada de sal, uma colherzinha de chá de páprica doce e azeite. Misture bem e tempere a salada.
O limão em conserva é um ingrediente típico da cozinha marroquina e pode ser encontrado pronto em vidros. Mas pra quem não conseguir achar, há a opção de fazer em casa numa receita facílima que me foi passada pela Gisa:
confit de citron – preserved lemon – limão em conserva – Coloque o limão lavado e cortado em quatro no sentido longitudinal sem separar (fica como uma flor de 4 pétalas). Coloque num pote de conserva com tampa hermética e coloque um colher de chá de sal pra cada limão que couber no pote. Preencha com água fervente e feche. Leve o pote para uma panela grande cheia de água e deixe ferver 5 minutos. Depois de frio guarde o pote em local fresco e escuro. Depois de aberto deve ser conservado em geladeira.
começou a minha estação favorita
Outono é a minha estação favorita do ano, por ser a mais agradável, a mais colorida, a mais bonita. Adoro as folhas mudando de cores, o clima de preparação pro inverno. Aqui na Califórnia o outono é bem longo então podemos apreciá-lo como se degustasse um bom vinho.
Essas fotos foram feitas em 2004 quando minhas sobrinhas estavam aqui me visitando. Elas vieram da Inglaterra com uma lista de coisas para fazer, uma delas ir à um pumpkin patch, pois segundo elas – em Londres não tem pumpkin patch! What a pity… Então fomos e elas se divertiram. Pegamos muitas abóboras e a Paula queria levar a dela no avião de volta para casa. Foi um sacrificio convencê-la a deixar a abóbora aqui. A Paula é essa da foto, às vezes coelhinha, às vezes sereia.