salada de erva-doce, aspargos
e rabanetes

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Essa salada é do livro Plenty do Yotam Ottolenghi. Ela é feita com beterrabas assadas e como eu não tinha, troquei por rabanetes. E usei os aspargos crus ao invés de cozidos. Com tantos ingredientes primaveris, além de super refrescante e saborosa, essa receita me deu a oportunidade de usar mais um pouco daquele vidrão de verjuice.

4 rabanetes cortados em fatias finas
1/2 bulbo de erva doce cortado em fatias
2 aspargos cortados em fatias finas
1/4 xícara de sementes de girassol torradas
1 xícara de verjuice
1/4 de óleo de semente de uva
Sal e pimenta do reino moída na hora a gosto
Folhas frescas de endro [dill] para decorar

Coloque o verjuice numa panelinha e leve ao fogo. Deixe ferver, abaixe o fogo e deixe cozinhar até reduzir em um terço da quantidade. Enquanto isso coloque o bulbo de erva-doce, os rabanetes e aspargos numa travessa. Quando o verjuice estiver bem reduzido, remova do fogo e deixe esfriar completamente. Misture o óleo ao verjuice e tempere com sal e pimenta do reino moída. Tempere a salada com esse molho, salpique com as sementes de girassol, decore com as folhas de endro e sirva.

oito limões — açúcar & suco

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Admito que peguei muitos limões Meyer quango a colega trouxe uma sacola deles para desovar no trabalho. A desculpa é que eu *A M O* esse limão [e quem não ama?] e não podia deixar passar essa oportunidade, pois agora acho que só verei meyer lemons no final do ano. E para não correr o risco de perder uma gota dessa preciosidade e usar quase tudo o que fosse possível, resolvi raspar a casca de oito deles e espremer o suco. Com as raspas eu fiz um açúcar de limão, que ficou super forte e aromático. Eu já tinha feito outros açúcares assim, mas esse ficou diferente pois usei muito mais raspas e não deixei secar, então ficou um açúcar úmido. Foram raspas de 8 limões bem grandes e 4 xícaras de açúcar super fino, daqueles próprios para bebidas que dissolvem mais fácil. E o suco eu guardei na geladeira e fui usando. Uma boa oportunidade para usar o açúcar e o suco é fazer uma limonada. Num copo alto coloque um dedo de suco, complete com água gasosa, adoçe com o açúcar, misture bem e beba.

salada de ramas de ervilha
com cogumelos

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Não consegui achar um equivalente em português para pea shoots, que são as ramas, com folhas e florezinhas, do pé de ervilha. Quando você vê um pé de ervilha na horta, são essas ramas que se enroscam nas grades e suportes. Li que os pea shoots são muito usados na culinária asiática e foi na banquinha da família asiática no Farmers Market de Davis que comprei esse maço lindo, super verde com as florzinhas branquinhas. Procurando uma receita para usar os pea shoots, achei a desta salada com cogumelos cozidos e foi o que fiz. Fico muito gostosa, adoramos a textura das folhas frescas e cogumelos refogados. Se quiser fazer essa receita sem as ramas de ervilha, use outro tipo de folha verde, como o espinafre.

1/2 xícara de azeite extra-virgem
1 chalota [shallot] ou cebola pequena picada
400gr de cogumelos—usei o shiitake, cortado em fatias finas
1 colher de chá de folhas de tomilho fresco picado
Sal e pimenta do reino moída na hora a gosto
2 colheres de sopa de vinho xerez seco
1 colher de sopa de mostarda Dijon
1 e 1/2 colheres de sopa de vinagre de xerez
1 colher de sopa de salsinha picada
1/2 maço de ramas de ervilha
Queijo Parmigiano- Reggiano cortado em fatias bem finas

Em uma frigideira grande aqueça 1/4 xícara de azeite de oliva. Adicione a chalota picada e cozinhe em fogo alto, mexendo sempre, por aproximadamente 30 segundos. Adicione os cogumelos e o tomilho, tempere com sal e pimenta e cozinhe, mexendo de vez em quando, até dourar, de 8 a 10 minutos. Adicione o vinho xerez e cozinhe até que evapore. Retire do fogo.

Em uma tigela grande coloque a mostarda e o vinagre xerez. Aos poucos misture 1/4 de xícara de azeite de oliva e tempere com sal e pimenta. Misture os cogumelos nesse molho e leve à geladeira por uns 15 minutos. Numa travessa coloque as ramas de ervilha, cubra com os cogumelos e as fatias de Parmigiano Reggiano, misture e sirva.

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bolo de earl grey & laranja

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Achei a ideia desse bolo feito com o chá preto misturado com a laranja, absolutamente genial. Coincidentemente eu tinha acabado de comprar uma dúzia das laranjas cara cara, que é uma variedade com polpa avermelhada. Até que gostei do resultado, mas achei que ficou um pouco doce demais pro meu gosto. A culpa foi do glacê. Se eu for refazer essa receita certamente usarei apenas um terço da quantidade do açúcar do glacê ou talvez nenhum açúcar, só regando o bolo com o suco e o chá. Mas se você é fã de coisas mais adocicadas, essa é uma receita ideal. Não curti muito, mas não preveni outros de curtirem—levei o bolo pro meu trabalho, deixei ele na cozinha e em trinta minutos não tinha nem um farelo no prato. Sucesso!

1/4 de xícara de açúcar branco
1/4 de xícara de açúcar demerara
1 xícara de açúcar de confeiteiro
2 ovos caipiras
7 colheres de sopa de manteiga sem sal, derretida e fria
1 xícara de farinha de trigo
1 colher de chá de fermento em pó
1/4 colher de chá de sal
4 saquinhos de chá earl grey [da melhor qualidade possível]
6 colheres de sopa de suco de laranja cara cara
[*pode substituir laranja navel ou suco de tangerina]
1 colher de chá de água de flor de laranjeira

Pré-aqueça o forno em 350ºF/ 176ºC. Unte uma forma redonda de 20 cm com manteiga e forre com uma rodela de papel vegetal ou manteiga. Misture açúcar e os ovos em uma tigela e bata bem até ficar cremoso e leve. Adicione a manteiga derretida e misture bem. Peneire a farinha, o sal e o fermento juntos e adicione à massa. Abra os saquinhos de chá e despeje as folhas em uma tigela pequena. Despeje o chá na massa e mexa bem. Misture o suco de laranja e água de flor de laranjeira. Despeje a massa na forma preparada, leve ao forno e asse por 20-25 minutos até que o bolo esteja cozido no centro. Remova do forno, deixe esfriar completamente e inverta o bolo em um prato antes de colocar o glacê.

glacê de laranja e earl grey
1/2 xícara de açúcar de confeiteiro peneirado
1 e 1/2 colher de sopa de chá earl grey preparado bem forte
1 colher de sopa de suco de laranja

Misture o açúcar de confeiteiro com chá e suco de laranja até ficar um creme grosso. Despeje sobre o bolo e deixe descansar por pelo menos 30 minutos antes de servir .

the new kid on the block

asparagus

Os aspargos chegaram e agora vai ser difícil comer outra coisa, porque eles estão abundantes e baratos. As combinações são imensas. O mais comum é aspargo e ovo, que no meu caso tem que ser o cozido bem duro e picadinho ou em forma de omelete. Neste caso a receita era com fava beans e eu usei edamame. Os aspargos cozidos rapidamente no vapor e os edamames aferventados na água com sal por 5 minutos. Tudo temperado com um molho vinagrete feito com limão, azeite, sal, pimenta do reino moída na hora, alcaparras e folhinhas de endro.

asparagus asparagus

Burma Superstar

Adicionei esse restaurante na minha lista de lugares para comer em San Francisco em abril. Como sou atrapalhada, mas nunca desisto de uma missão, conseguimos jantar no Burma Superstar no inicio de dezembro. Valeu a pena esperar tanto tempo? Claro que valeu! Fui buscar o Uriel no aeroporto e na volta entramos na cidade e chegamos na Clement Street às 4:30 da tarde. Era um pouco cedo para jantar, mas lembrei de ter lido sobre as imensas filas para comer nesse lugar. Na hora que chegamos não tinha ninguém, chegamos juntos com dois moços e ficamos ali na frente. Precisei dar um pulo na farmácia e quando voltei a fila já estava virando a esquina. Foi uma alegria saber que éramos os primeirões. O Uriel já tinha ficado amigo dos moços, um deles até falava português aprendido com videos e livros. Às 5 em ponto as portas se abriram, entramos e sentamos na mesa ao lado dos moços amigos da fila. O lugar é bem pequeno, então as mesas são bem juntas [tipo ter que tomar cuidado pra não encostar a bunda no prato de arroz do vizinho ao sair, como eu quase fiz] e ficamos conversando e trocando ideias sobre o cardápio. Em 15 minutos o restaurante já estava completamente lotado e borbulhando com comensais animados e famintos. Do lado de fora a fila se avolumava e um banco estratégicamente instalado para o conforto e um chazinho servido como cortesia ajudava o pessoal aguentar a espera. Fizemos perguntas sobre as opções do cardápio para o atendente e é claro que ele recomendou a salada mais popular, com folhas de chá de Burma, que foi o que pedimos. Além das samosas burmesas, eu pedi uma sangria com lichia, barriga de porco com pickles de folhas de mostrada e o Uriel um camarão com folhas azedas. Acompanhamos tudo com arroz de coco. Estava tudo super gostoso. E diferente. A salada vem com os ingredientes separados, que são misturados com destreza e movimentos acrobáticos na nossa frente. As folhas de chá tem um sabor bem diferente, nós gostamos! Comemos um bolo de chocolate e gengibre de sobremesa, que também estava bom. Recomendei o Burma Superstar para todo mundo no meu círculo de amigos e conhecidos que gosta de comida asiática, mas de vez em quando quer provar algo diferente do tailandês ou do indiano/nepalês. Burma é a nova onda.

Burma Superstar Burma Superstar
Burma Superstar Burma Superstar
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peras assadas com verjuice
açafrão & alecrim

Em todos os livros do Yotam Ottolenghi eu via receitas que mencionavam um ingrediente chamado verjuice, mas nunca tive a curiosidade de procurar e comprar. Até outro dia quando aportei no mercadinho de produtos internacionais onde vou de vez em quando. Vou lá porque gosto de olhar as mercadorias indianas e do oriente médio, mas vou também por que eles vendem uns ingredientes brasileiros e eu às vezes peço pra proprietária indiana encomendar coisas com o fornecedor brazuca dela. Neste dia eu fui lá pedir pra ela trazer bananinha do tachão de ubatuba [podem rir, mas quem tem boca vai à Roma, né?]. Ela não é boba e está trazendo cada vez mais produtos brasileiros, como carne seca, queijo catupiry e goiabada cascão. Bom, nesse dia eu finalmente vi as garrafas de verjuice e a luz verde piscou dizendo—compra, compra, compra! e eu comprei. Essa foi a primeira receita que fiz com esse suco de uvas verdes que é muito usado para substituir sucos cítricos ou vinagre em inúmeras receitas salgadas e doces. As peras usadas aqui precisam estar bem firmes, porque elas vão assar por um período longo e precisam ficar inteiras, não podem desmanchar. O verjuice e o mel formam uma calda muito deliciosa. Essa receita faz uma sobremesa bem delicada, intrigante e sofisticada, muito boa para uma ocasião festiva.

250ml de mel
400ml de verjuice
2 pitadas de açafrão
2 ramos de alecrim fresco
8 peras Bosc, firmes
Pré-aqueça o forno a 356ºF/180ºC. Numa panela média coloque todos os ingredientes, menos as peras, e deixe ferver. Remova do fogo e reserve.

Descasque as peras, corte ao meio longitudinalmente e retire o núcleo mas deixe a haste intacta. Coloque as peras em um prato refratário ou de cerâmica e despeje o líquido por cima. Cubra o prato com papel alumínio. Asse por 40 minutos, vire as peras algumas vezes na calda quente e deixe cozinhar por mais 30 minutos ou até ficar cozido, removendo o papel alumínio nos últimos 10 minutos. Retire do forno deixe esfriar um pouco e sirva com sorvete ou um creme inglês, se quiser. Eu não quis.