Salada marroquina

Do livro Moosewood Restaurant Celebrates, uma salada para o Ramadan. Fiquei encantada à primeira olhada e fiz. Ficou muito boa e vou fazê-la, muitas outras vezes, com certeza, no verão.

Molho:
1 colher de sopa de azeite
1 colher de sopa de orégano fresco picado
1 colher de sopa de tomilho fresco picado [*omiti]
1 colher de sopa de Sumac em pó
2 ou 3 colheres de chá de suco de limão fresco
Bater bem os ingredientes do molho com um batedor de arame.

Numa vasilha grande misturar:
1 xicara de pepino picado
1 xícara de tomate picado
1 xícara de pimentão vermelho ou amarelo [*omiti]
2 colheres de sopa de scallions picados [*usei cebola roxa]
1/2 colher de chá de sal [*usei o Flor de Sal, of course!]
2 colheres de sopa da casca picada de conserva de limão
Acrescentar o molho bem batido, misturar bem e servir.

Comida de sonho e de vida

Acordei de um sonho, no meio da noite, onde eu estava almoçando no Shambhala, um centro de meditação aqui em Davis. Lá não tem almoço e o local do sonho não era o real Shambhala. Mas sonho é sonho, ninguém discute. Mas nele eu colocava arroz e outras preciosidades vegetais numa caneca branca de cerâmica bem comprida e comia com hashis azuis. Acordei com uma sensação incrivelmente boa, e levei um tempo pra pegar no sono novamente. Nesse interim, algumas histórias de comida começaram a pipocar freneticamente na minha mente, como se o sonho tivesse aberto uma gaveta fechada há muitos anos. Tive até que cantar um mantra pra conseguir dormir novamente, tal o estado de animação mental que fiquei.

Fui visitar uma amiga da Etiópia que tinha tido um bebê. Levei presentes, flores e fui recebida com comida. Ela tinha preparado uma carninha desfiada imersa num molho vermelho super apimentado, um refogado de batatas e pão achatado caseiro. Eu fiquei pasma! Ela me disse que era essa a tradição do país dela, a recém-parida servir comida para as visitas. E me ensinou como comer, cortando pedacinhos do pão macio com as mãos e usando para pegar bocados da comida.

Minha amiga indiana cozinhou um festim de comidas típicas para mim. Almoçamos juntas e eu não sabia nem por onde começar – era tudo uma delícia, vários pratos, tudo vegetariano. Comi muito um cozido de grão-de-bico, os pães fritinhos crocantes de lentilhas e as samosas.

Fui com minha amiga chinesa a um templo budista coreano. Era aniversãrio do Buda e após o ritual e celebração da manhã, teve um grande almoço. No fundo do templo armou-se toldos e muitas mesas e cadeiras. A comida era fora desse mundo de deliciosa. Tudo vegetariano. Infelizmente não lembro os detalhes, pois já faz muitos anos, mas lembro de como fiquei encantada com tudo. O detalhe é que eu era a única ocidental no lugar – altona, cara de Ana Magnani, com esse meu jeito típico desengonçado, me sentindo a girafa perdida no reino dos pinguins. Mas minha amiga sorria e dizia, fica tranquila que você é muito bem-vinda aqui.

Tempos depois voltei a esse templo com a minha mãe – as duas sozinhas dentro do templo, mais estranhas e estrangeiras impossível. Uma senhora muito pequena e amável nos aproximou de nós, falou algo com gestos e nos ofereceu laranjas enormes, super suculentas. Agradeci imensamente…

Muitos anos depois conheci um casal do Sri Lanka e fui convidada para outro aniversário do Buda, desta vez num templo bem pequeno e humilde onde teve a cerimônia e depois um almoço. Foi tudo muito simples, dentro do templo mesmo, que era na verdade uma pequena casa. Na cozinha muitos pratos vegetarianos, um com a aparência mais apetitosa que o outro. Pegamos os pratos e o casal todo sem graça veio me dizer – nós não usamos talheres, comemos com as mãos. Sentamos no chão com nossos pratos no colo e eu novamente a única cara de ocidental, mal ajambrada pois tenho certa dificuldade em me sentar no chão, comi feliz da vida aquela comida deliciosa em homenagem ao Buda.

polenta com queijo asiago

Receita inventada, mas ficou realmente boa. Salvou a patria do jantar, e foi um excelente acompanhamento para a sopa de frango à caçadora!
3 xícaras de caldo de legumes
3 xícaras de água
2 xícaras de milho de polenta
2 colheres de sopa de crème fraîche
1 xícara de queijo asiago ralado
1 pitada de sal
Ponha o caldo de legumes, a água e o sal numa panela em fogo alto. Quando ferver, abaixe o fogo e jogue o milho da polenta. Mexa vigorosamente com um batedor de arame, tomando cuidado para não empelotar. Siga o tempo de cozimento do pacote – o meu foi cinco minutos, um pouco mais. Desligue o fogo e coloque o crème fraîche e o queijo asiago ralado. Mexa bem até o queijo derreter. Leve ao forno médio por uns 10 minutos. Essa polenta fica cremosa, no ponto certo para acompanhar a carne com molho. First-class!

um jantar [quase] perfeito

Como descrever uma tarde na cozinha preparando um jantar para amigos, que me deixou imensamente frustrada? Resolvi fazer frango à caçadora com polenta. Acrescentei ao menu o famoso carpaccio de abobrinha e uma torta de limão meyer que vi no NY Times. Parecia tudo muito simples, tudo muito fácil. O problema é que sou uma pessoa rebelde e mereço muitas chibatadas por isso.

Migrei da receita do The Silver Spoon para outra do The New Best Recipe by Editors of Cook’s Illustrated Magazine, porque ela parecia mais bem explicada, com mais detalhes ilustrativos e portanto dando menos chances para erros. Escolhi fazer o frango com vinho branco, porque ainda tinha muitas garrafas que sobraram do Natal.
Li e reli a receita, as micro-explicações dadas pelo livro, tudo parecia sob controle, sopa no mel. Mas dei um pequeno passo em falso – me rebelei nas quantidades dos ingredientes. Ingenuamente pensei que poderia passar a perna nas onces, xícaras, unidades, gramas. E sei exatamente onde errei: coloquei muito vinho e muito tomate, o que causou uma profusão de molho que não engrossou com o tempo regular no forno e eu tive que apurar no fogo, até o ponto desastroso em que a carne do frango descolou dos ossos e virou uma gororoba assustadora, cheia de pedaços alienígenas, ossos pelados boiando, cogumelos quase irreconhecíveis, uma aparência realmente tétrica. Deu vergonha de servir aquilo aos meis convidados.

Ninguém falou nada e todo mundo comeu a sopa à caçadora, que ficou saborosa. Mas aprendi a minha liçao. Quando decidir usar uma receita, siga os ingredientes à risca [siga os ingredientes à risca, siga os ingredientes à risca, siga os ingredientes à risca, siga os ingredientes à risca,siga os ingredientes à risca, siga os ingredientes à risca, siga os ingredientes à risca, siga os ingredientes à risca, siga os ingredientes à risca, siga os ingredientes à risca, siga os ingredientes à risca!], tamos combinados?

pet peeves
[*things that make me go awgh!]

Torneira pingando, barulho de gente mastigando com a boca aberta, gadgets tecnologicas que não funcionam como deveriam, gente que te deixa falando sozinha, papo hipocondríaco, generalizações, chegar atrasada à lugares, perder coisas, roupa apertada, receber conselhos não requisitados, telefone que toca na hora errada, gritaria, monólogo sem chance de virar diálogo, caixa de correio vazia, lero-lero de gente que sabe-tudo, criança mal educada, bagunça no banheiro, porta de armário e gaveta aberta, tentar falar com alguém pelo telefone e não conseguir, viajar longas distâncias de carro ou avião, água quente que acaba no meio do banho, papo de dinheiro, caixa de leite ou suco vazando, patrulhamento de qualquer tipo: direita, esquerda, em cima do muro, não achar a chave dentro da bolsa, falta de tempo, spams, ter que esperar…. esperar…. esperar por alguém, sala de cinema lotada, caixa eletrônico que cobra $1,50 para fazer retiradas, ficar com o pé molhado, alça de sacola de supermercado que arrebenta, água quente que acaba no meio do banho, criança dando escândalo dentro de loja, imitonildos que não têm idéias próprias, caixa de e-mail que dá pau toda hora, aquela laranja podre no meio do pacote de oferta fechado, não encontrar lugar pra estacionar, recibo de loja com códigos indecífraveis para descrever as mercadorias, livro de referência que você não pode retirar da biblioteca, caneta que falha no meio da assinatura, qualquer bebida sem gelo, gato que fica no seu pé o tempo todo e mia quando você acidentalmente pisa no rabo dele, acordar às 7am no domingo, perder cds e meias no ‘buraco negro’, esquecer de pagar contas e receber cartas de cobrança, vendedor de loja que fica toda hora te perguntando se você quer ajuda, ouvir briga de vizinhos, mentiras esfarrapadas, faca que não corta, colocar gasolina no carro, toalha suja de migalhas de pão, moscas rodeando, gente que não saca que enquanto eles estão indo com o fubá você já está voltando com o bolo.

sopa de couve-flor com gorgonzola

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Li em algum lugar uma receita assim, de couve-flor com gorgonzola e fiquei bem animada, pois ainda tinha um buquê da couve que comprei para o risotto. Também tinha um tantinho de gorgonzola, que queria gastar, depois do trauma da abóbora! Não achei a receita, então foi sem mesmo.

Assei os floretes de uma couve-flor pequena regados com azeite em forno alto. Numa panela fritei um dente de alho num pouquinho de azeite. Juntei os floretes assados e 1 litro de caldo de legumes. Deixei ferver por uns minutos e então triturei a couve-flor dentro da panela mesmo, com o mini-mixer de mão. Voltei a panela para o fogo e acrescentei meia xícara de half-half [pode ser creme de leite fresco], o gorgonzola [que deu mais ou menos uma colher de sopa] e um cubinho de queijo brie que eu queria terminar. Deixei o queijo derreter, desliguei o fogo, coloquei sal e pimenta do reino moída na hora a gosto. Voalá! A sopa ficou cremosa com pedacinhos molinhos da couve-flor e como o gorgonzola desta vez foi discreto, o sabor predominante foi mesmo o do legume.