Na minha chumbada panelinha de cast iron. Comprada baratotalzinha na thrift store, mas que é simplesmente perfeita para cozinhar ovos!
Operação Resgate: as pêras
Que atire a primeira pedra aquele que nunca deixou uma fruta estragar na cesta. Infelizmente eu faço muito disso, porque não guardo nenhuma fruta na geladeira, nem mesmo durante o verão. Então vira e mexe tenho que acionar a Operação Resgate para bananas, maças, morangos. Ontem foi a vez das pêras. As pobres coitadas estavam quase se desmilinguindo e achei que precisavam urgentemente virar uma torta.
Assim então, sem paciência de procurar receita de torta de pêra, resolvi fazer a minha própria, de cabeça – oh, não, DANGER WILL ROBINSON, DANGER!!
Peguei uma caixa de massa para torta pronta [usei Pillsbury, mas qualquer uma serve]. Forrei uma forma funda com uma das rodelas da massa. Descasquei e cortei todas as pêras quase desfalecidas em fatias. Preparei um molhinho com os seguintes ingredientes:
1 xícara de leite integral
1 ovo
1 colher de sopa de maizena
1/4 xícara de açúcar
1/4 xícara de vinho marsala seco
Engrosse num creme em fogo médio. Misture as pêras ao creme e coloque tudo na forma forrada com a massa. Cubra com outra rodela de massa, faça cortes com a faca e decore com açúcar demerara. Asse em forno pré-aquecido em 365ºF/180ºC por 45 minutos. Retire do forno e deixe esfriar. Essa torta fica melhor servida fria, de preferência no dia seguinte.
simples demais
Lave as amoras. Deixe escorrer. Bata bem batido com um batedor de arame, uma porção de um bom iogurte natural e integral com mel a gosto. Jogue as amoras no iogurte. Coma sentado ou em pé.
as pessoas nos restaurantes
Fomos jantar no grego que faz a salada mais honesta da cidade. Chegamos cedo e enquanto caminhávamos no estacionamento vimos duas senhoras entrando no restaurante. Uma delas era bem velhinha, ou a menos parecia, toda curvadinha. Meu marido brincou dizendo, olha a velhinha já passou na nossa frente, vamos correr! Nesse restaurante a gente sempre espera um pouquinho pra sentar, especialmente nos finais de semana. Até que não esperamos nada para sentar, mas esperamos muito para alguém finalmente pegar nosso pedido e a comida chegar. Com a volta das aulas, os restaurantes voltam a encher e ontem o grego estava particularmente lotado! Ao nosso lado uma mesa com um pessoal falando extremamente alto, tão alto que estava nos incomodando. E discutiam política. Troço mais chato, discutir num tom tão elevado um assunto que gera tanta controvérsia. Do outro lado uma família enorme com vários adolescentes comendo muito. Virava e mexia ouvíamos uma comoçao, um woooowww geral, viámos um clarão de chamas e sentíamos um cheiro bom de queijo derretido – era um prato de queijo flambado com uma bebida álcoolica que da próxima vez que formos lá eu vou pedir. O restaurante estava aconchegante, pedi um vinho super gostoso, a salada que eu adoro, a comida estava muito boa. Quando as mesas que nos rodeavam finalmente se esvaziaram, eu pude ver as duas senhoras que chegaram na nossa frente. Fiquei observando as duas quietinhas comendo, a mais velhinha ainda vestindo seu casaco de capuz, toda curvadinha e mirradinha pediu pra garçonete colocar o resto do seu prato numa caixinha, a mais nova depois olhava a conta, examinava tirando e colocando os óculos bem séria, enquanto a outra falava umas coisinhas. Fiquei hipnotizada pela visão das duas e de repente meus olhos começaram a encher de lágrimas, e tive que pegar o guardanapo para secá-las, disfaçadamente para ninguém perceber que eu estava chorando – e chorando sei lá por que. Estou sempre pagando esses micos em público e por motivos geralmente inexplicáveis.
A desova de inverno
Não sei por que nunca coloquei essa histórinha no Chucrute. É uma prática muito comum por aqui, a desova dos legumes, verduras e frutas. Acontece muito mais frequentemente no verão, mas por incrível que pareça, a turma do dedo verde é tão prolifica que temos a desova de inverno também. Hoje tivemos uma de limões—a variedade meyer de casca amarela, que é uma preciosidade! Quem trouxe foi um dos programadores com quem eu trabalho, e uma das escritoras do programa já passou por e-mail uma receita da tia dela, que vou tentar fazer amanhã e pedir permissão pra colocar aqui, caso dê certo. Mas hoje, já tinha engatilhada uma receita pra fazer com limão. Então fiz.
Pescada com limão
da revista Real Simple de maio/2006
1/4 xícara de farinha de trigo [usei integral]
4 filés de peixe [Pescada/Sole]
1/2 colher de chá de sal kosher
4 1/2 colheres de sopa de manteiga sem sal
2 limões amarelos
2 colheres de sopa de alcaparras
Tempere os filés de peixe com o sal. Num prato coloque a farinha e passe os filés por el,a cobrindo os dois lados. Reserve. Numa frigideira grande derreta 1 colher da manteiga e frite o limão cortado em rodelas. Separe. Frite o peixe, vá acrescentando mais manteiga. Retire. No final coloque o que sobrou de manteiga na frigideira, mais os limões e a alcaparra. Retorne os peixes e sirva quente.
risoto de couve-flor com pangrattato picante
Quando eu vi esta receita de cauliflower risotto with spicy pangrattato no blog da Melissa e Manuel, pirei na little potato. Tudo nessa receita me fascinou: a farofa de aliche, o uso da couve flor, a história, as cores, a mistura de texturas. Comprei duas pequenas couve-flores no Farmers Market no sábado e hoje got my mojo working!
A receita completa pode e deve ser lida no original, mas vou colocar aqui a minha versão ligeiramente adaptada.
Para o pangrattato:
Ponha no food processor 2 fatias de pão amanhecido, uma lata de aliche com o óleo e uma pitada de pimenta – usei a chipotle em pó. Moa tudo numa farofa. Numa frigideira coloque um fio de azeite e toste essa farofa em fogo médio até ela ficar bem seca e crocante.
Para o risoto:
Coloque um litro de caldo de legumes numa panela e deixe ferver, acrescente os floretes de uma couve-flor picadinhos, abaixe o fogo. Numa outra panela robusta refogue meia cebola e dois dentes de alho numa mistura de 1 colher de manteiga e uma de azeite. Acrescente 1 xícara de arroz carnaroli [or arborio] e refogue até ele ficar translúcido. Acrescente 1/2 xícara de dry vermouth e refogue até a bebida secar. Daí vá acrescentando o caldo de legumes com a couve-flor, até o arroz cozinhar e o caldo acabar. Vá amassando a couve-flor durante o processo, mexendo sempre com uma colher de pau. Retire o arroz do fogo, acrescente 1/2 xícara de queijo parmesão ralado, sal e pimenta do reino a gosto e sirva quentíssimo com a farofinha de aliche por cima.
Fogem agora me os adjetivos apropriados e necessários para descrever o quanto esse risotto ficou delicioso!
o prato ambulante
Eu não conheço muitos países e os que eu conheço só fui visitar, então não posso afirmar nada com relação aos outros, mas aqui no norte da América – EUA e Canadá, essa visão dos pratos ambulantes é muito comum. Digo pratos ambulantes para o pessoal que caminha em público carregando um prato e comendo com um garfo, como se estivesse numa festa, mas em movimento. Todo santo dia eu vejo muitos pratos ambulantes caminhando pelo campus da Universidade da Califórnia, onde eu trabalho. Vou ao banheiro, lá vem um prato. Vou ao correio, lá vejo outro prato. Vou esticar as pernas, mais outro prato no horizonte. Claro que esse fenômeno acontece mais próximo da hora do almoço, quando os enlouquecidos estudantes e professores mal têm tempo para bater um rango decente. Muitas vezes se alimentam andando e discutindo assuntos acadêmicos, ou sentados em qualquer cantinho ou janela, outras vezes comem na sala de aula. Pratos ambulantes competem com os estudantes munidos de laptops, livros e cadernos que infestam os cafés das cidades universitárias. Bom, pelo menos nos cafés eles sentam.
pudim de arroz
com chocolate & avelã
Eu tenho um problema com sobremesas, mas tenho como objetivo melhorar nesse quesito, então eu insisto. Vi essa receita na mesma revista MSL da massa de pizza, que achei no meio de uma das pilhas que ficam nos banheiros e achei interessante. Gosto de tudo que leva álcool e eu tenho um frasco cheio de avelãs que não consigo gastar – então essa receita veio a calhar. Fiz, com apenas um errinho – esqueci de adicionar um ingrediente, que inicialmente achei que não iria fazer falta, mas talvez fizesse. Não sei. Achamos o pudim um pouco pesado e muito chocolatudo pro nosso gosto. Não conseguimos comer um potinho inteiro. Bom, servi a sobremesa depois da pizza, talvez tenha sido isso o problema. Achei que a textura fosse ficar mais cremosa. Portanto façam com todos os ingredientes e me digam o que acharam. Eu esqueci de misturar o iogurte. Essa receita é para ser light.
Chocolate-Hazelnut Rice Pudding
serve 6
2 colheres de sopa de cacau em pó sem açúcar
1/2 xícara, mais 2 colheres de sopa de açúcar
Uma pitada de sal
5 xícaras de leite desnatado [eu não tinha, useo o integral – bye-bye lightness!]
1 colher de sopa de manteiga sem sal
1 xícara de arroz Arborio ou outro tipo de arroz de grão curto
1/4 xícara de licor Frangelico
2 oz/ 60 gr de chocolate meio amargo cortado em pedaços
1/4 xícara, mais 2 colheres de sopa de iogurte natural desnatado, de preferência o grego
Avelãs torradas e moídas para decorar
Misture o leite, cacau, açúcar e sal numa panela e leve ao fogo médio, mexendo com o batedor de arame até levantar fervura. Numa outra panela derreta a manteiga em fogo médio, adicione o arroz mexendo constantemente até ele ficar translucido. Junte a mistura de leite e chocolate e deixe cozinhar, mexendo de vez em quando, por uns 30 minutos ou até o arroz absorver todo o liquido. Retire do fogo, adicione o licor Frangelico e os pedaços de chocolate, mexendo sempre até o chocolate derreter completamente. Deixe esfriar e refrigere. Na hora de servir misture 1/4 xícara de iogurte, coloque o pudim nas cumbucas pequenas, decore com o restante do iogurte e as avelãs torradas.
massa para pizza
Não iria ser uma simples massinha de pizza a me passar a perna, não senhoures! Sábado passado deu tudo errado, mas neste sábado eu retomei a receita e jurei pra mim mesma—desta vez VAI dar certo. E deu!
A receita deu para duas pizzas, a massa bem fininha e crocante. Fiz na batedeira elétrica, que é como a receita ensina. Mas pra quem não tem uma batedeira robusta com acessório para sovar massa, a única solução é arregaçar as mangas e botar as mãos na massa pra sovar—e muito!
Receita tirada da edição de Junho de 2006, da revista Martha Stewart Living
Massa para Pizza
1 xícara de água morna
1/2 colher de chá de açúcar
1 envelope de fermento biológico seco – 2 1/2 colheres de chá]
1 colher de sopa de azeite
1 1/2 xícara de farinha de trigo
1 xícara de semolina
2 colheres de chá de sal grosso
Coloque a água na vasilha da batedeira. Adicione o açúcar e o fermento, mexa bem com uma espátula até o fermento e o açúcar dissolverem. Deixe descansar por 5 minutos, até formar uma espuminha. Adicione então o azeite, o sal e as farinhas. Coloque a pá na batedeira e misture bem os ingredientes. Troque a pá pelo acessório de bater massa e deixe a massa batendo por 5 minutos. A receita pede que se sove na mão depois disso, então eu deixei sovando na batedeira por mais tempo, só pra não precisar suar a camisa. Quando a massa estiver bem elástica e e macia, coloque numa vasilha untada com azeite, cubra com filme plástico e deixe crescer num lugar quentinho por 3 horas. A minha massa não precisou de três horas pra crescer, em 1 e meia ela já estava o dobro. Fico macia, bem fácil de abrir com o rolo. Deu duas pizzas.
o objeto da reportagem
Eu estava um pouco nervosa. Por duas razões: primeiro por não entender por que o meu – um blog escrito em outra língua, indecifrável para a maioria da população de Davis, foi convidado para ser objeto de uma reportagem; segundo porque tenho esse constrangimento que toma conta de mim, quando viro o centro das atenções, por qualquer motivo que seja. Quando Claire, a reporter do jornal local, The Davis Enterprise, me contactou para uma entrevista, eu disse sim, claro. Mas quando ela marcou o nosso encontro e disse que o fotógrafo iria também, eu desmontei. Tudo bem, catei os pedaços com o orgulho que me mantém em pé e disse – vamos lá! Que mal pode haver em ser fotografada para uma matéria sobre food blogs para o único jornal da sua cidade. Nenhum….. ahn.
Marcamos de nos encontrar no Farmers Market às onze da manhã. Logo na entrada do mercado encontrei o Brendon, que me contou do encontro com a repórter e de como ele cozinhou simples e falou pelos cotovelos. Nossa, me senti aliviada, pois li toda aquela descrição da comida do jantar que ele fez e fiquei nervosa pensando o que eu iria cozinhar. Também tem o problema de eu ser uma matraca incorrigível e falar mais que a boca mesmo e apesar do meu maravilhoso sotaque. Eu e Brendon encontramos o fotógrafo, um cara muito simpático e depois chegou a Claire, super charmosa, também extremamente simpática e fui ficando mais à vontade.
Já comecei a falação – com a repórter e com o coitado do fotógrafo, que foi me seguindo pelo mercado, tirando fotos enquanto eu comprava verduras, legumes e frutas. Tentei muito ficar o mais natural possível, mas o contrangimento de saber que tinha um fotógrafo tirando fotos minhas enquanto eu pagava pela rúcula foi um estresse terrível.
Depois da sessão pública de fotos – vergonha, vergonha – seguimos eu e a Claire para a minha casa, onde conversaríamos e eu faria a minha comfort food predileta para ela provar – macarrão alho & óleo! Falei o tempo todo, enquanto cozinhei o macarrão e descasquei os alhos. Ela anotava tudo num caderninho. Confio que ela faça bom uso de toda essa informação top secret.
O macarrão ficou pronto, um pouco oleoso demais pro meu gosto – foi a distração do convercê. E eu não tinha queijo parmesão pra ralar fresquinho, então usei uma mistura de parmesão, pecorino pré-ralado, que eu tinha na geladeira. Mas o vinho estava simplesmente delicioso – um vinho verde português que estava guardado desde o final do ano, esperando uma ocasião especial pra ser aberto.
A conversa rolou fácil. Eu só preciso de um ouvinte dedicado para falar até a língua secar e a Claire estava ali pra isso. Gostei muito dela, do nosso papo, encontro, entrevista, e agora vou esperar na maior ansiedade pela matéria, que vai sair na próxima edição de domingo do jornal sobre os Food Bloggers da Davis – Brendon, Garrett e Sher e eu, a gringa entrona.
