
Essa receita saiu do belíssimo The Food of Italy: A Journey for Food Lovers, que faz parte de uma série de livros sobre a culinária de diversos países. Tenho o do Marrocos e o da Espanha, que ainda não testei com nenhuma receita. A Itália foi a estréia, com esse bolo de batata muito simples. Dei uma adaptada, pois não tinha cebola, nem queijo mussarela.
1 cebola pequena cortada em rodelas *omiti
75 gr de manteiga
2 dentes de alho em fatias
1 quilo de batata cortadas em fatias finíssimas
100gr [2/3 xícara] de queijo mussarela ralado *usei o Jarlsberg
50 gr [1/2 xícara] de queijo parmesão ralado
2 colheres de sopa de leite
Se for usar a cebola, coloque as rodelas de molho nbuma vasilha com água fria e deixe lá por uma hora. Se não for usar a cebola, como eu fiz, apenas prossiga ligando o forno que deverá estar pré-aquecido em 415ºF/ 210ºC. Derreta a manteiga numa panela e refogue rapidamente as fatias de alho. Reserve. Rale a batata com o mandoline e prossiga montando o bolo num refratário. Espalhe um pouco da manteiga com o alho na base de um refratário fundo. Coloque uma camada de cebola [se for usar], outra de batata, outra de queijo mussarela, outra de parmesão, outro pouco da manteiga com alho, assim sucessivamente até acabar as batatas. Regue com o leite, cubra com mais um pouquinho de parmesão ralado—se precisar rale extra, cubra com papel alumínio e leve ao forno por mais ou menos 1 hora. Remova o papel alumínio uns 15 minutos antes. Deixe esfriar um pouco antes de servir.
estou onde não deveria estar


[mas continuo fingindo que não sei de nada…]
[lc vintage]



Saiu do fundo do armário, para ser usada mais vezes.
Crank’s Restaurant
[vegetarian cooking]
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Esse é outro livro que eu carrego comigo há muitos anos e que me inspira sempre. São receitas do original e inovador restaurante vegetariano Crank’s, que foi muito famoso na Londres dos anos 60. Comprei o livro nos meus primeiros anos no Canadá e ele não foi só fonte de inspiração para receitas.
Por causa das lindas fotos dos pratos e vasilhas artesanais que o restaurante usava, me animei para fazer um curso de cerâmica e achei que seria capaz de fazer meu próprio conjunto de pratos e utilitários de mesa. Que frustração! Depois de lutar por meses com a argila e a mesa rotatória, percebi que não conseguiria fazer nem um porta-lápis usável e decente. Consegui terminar três potinhos tortos, que abandonei nas premissas do atelier. Uma amiga pintora os resgatou, pediu para outra amiga ceramista esmaltar e queimar e me deu as obras de arte de presente. E assim encerrou-se minha aventura artistica com as mãos no barro.
Mas o livro do restaurante Crank’s continuou me abastecendo durante todos esses anos com receitas simples e maravilhosas, como esta:
mushroom stroganoff
1 cebola grande
4 talos de salsão
3 xícaras de cogumelos
4 colheres de sopa de manteiga
1 colher de sopa de farinha de trigo integral
1/2 xícara de caldo de legumes
1/2 colher de chá de tomilho
1 pitada de louro em pó
1/2 xícara de sour cream
Sal e pimenta do reino moída a gosto
Salsinha picada para enfeitar
Pique a cebola, o salsão e o cogumelo. Derreta metade da manteiga numa panela e refogue a cebola e o salsão. Adicione o resto da manteiga e o cogumelo, mexendo de vez em quando por 3 minutos. Adicione a farinha e depois o caldo e as ervas. Deixe ferver, reduza o fogo e cozinhe destampado por 3 minutos. Desligue o fogo, acrescente o sour cream, o sal e a pimenta. Sirva com arroz branco. Polvilhe com a salsinha picada.
enoki

era uma vez um bom japa
Era nosso restaurante japonês favorito aqui em Davis. E como tem restaurante japonês aqui em Davis! Mas esse era caprichado, um lugarzinho pequeno, dois sushi men, um cozinheiro mal humorado, a gerente e as mocinhas garçonetes, todas asiáticas, todas vestidas de cor-de-rosa, todas chamando a gente de ‘guys‘ e fazendo os salamaleques na entrada e na saída. O serviço era meio desorganizado, talvez devido ao mau humor do cozinheiro e à imaturidade das meninas garçonetes, então às vezes a entrada chegava depois do prato principal, mas tudo bem, a gente nem ligava e pedia sempre a mesma coisa—o Uriel um prato com peixe e eu um sushi de camarão com lagosta, mais a sopa de missô, a salada de pepino e o tofu frito, que dividíamos.
Mas num fatídico dia o Uriel resolveu pedir sushi. E vocês não sabem dessa praga carmica, mas coisas estranhas se materializam no prato dele, sempre no dele—pelo de animal, cabelão afro ou loiro, cascas, insetos, objetos alienígenas de todos os tamanhos, cores e aspectos. Dá até raiva. Ele faz aquela cara e você já sabe, ele achou algo. E nesse dia ele fez uma cara torta de quem mastigou algo estranho, daí cuspiu discretamente os mastigados do sushi no cantinho do prato e eu já revirei os olhos pensando lá vem coisa, e era uma pedra. Uma pedra dentro do sushi.
Chamamos a gerente e mostramos a pedra. A reação dela foi o que mais nos surpreendeu, muito mais do que achar a pedra dentro do sushi. Ela disse—ah, desculpa, é uma pedra, é do arroz, desculpa às vezes acontece. se tivessemos visto, teríamos tirado, desculpa mas acontece, às vezes acontece de ter uma pedra no arroz.
ACONTECE? Às vezes ACONTECE?
O nosso japa favorito virou história. Depois de tantos anos frequentando o lugar assíduamente não poderemos voltar mais lá, infelizmente, porque se acontece de ter pedra no arroz, não dá mais pra confiar, né?
salada de romanesco, tomate seco & pinoles

O intergalactico brócolis romanesco chegou realmente para ficar. A Marianne levou outra metade na segunda-feira, mas o restante eu tive que encarar. Na cartinha que a fazenda orgânica nos envia toda semana por e-mail, veio uma sugestão de receita para usar esse legume estrupício. Fiz então.
Corte o romanesco em raminhos e fatie o caule. Cozinhe rapidamente no vapor—mas bem rapidamente, não deixe ele perder a crocância. Separe. Numa saladeira faça uma mistura de vinagre balsâmico, azeite e sal [usei flor de sal]. Pique pedacinhos de tomate seco e coloque no molho. Numa frigideira esquente um pouquinho de azeite e toste um punhadinho de pinoles. Eles ficam com um aroma delicioso. Junte o romanesco e os pinoles ao molho e misture bem. Sirva.
Se não achar o brócolis romanesco por ai—que eu assevero não ser nenhum infortúnio—faça essa salada com brócolis comum.
sun-dried tomatoes

Parece um monstro subaquático, mas é apenas um tomate seco—sun-dried. O tomate recebe cortes em oito partes e fica aberto como uma flor assombrosa, depois que é seco sob o sol. Veio como treat na cesta orgânica, é claro!
Aprende-se, sempre
O que eu realmente gosto no meu cotidiano culinário é saber que há sempre algo novo para se conhecer. Sabores, texturas, ingredientes, maneiras de preparar, misturas, técnicas. Os horizontes estão abertos à novas tendências, experimentos e criatividade. Posso confirmar que estou sempre aprendendo e acho isso tri-bacana, pois a culinária não é nem nunca vai ser uma caixa fechada, com tradicionalismos inalteráveis, idéias impassíveis, verdades fixas e absolutas.
Por isso ainda não perdi totalmente o entusiasmo com as minhas desventuras na cozinha e adoro quando tenho algo novo para colocar em prática. E a novidade desta semana foi o caldo com a fibra e sementes da abóbora, que aprendi com a mestra Deborah Madison. Ela ensina a usar o interior da abóbora, aquela parte fibrosa, e as sementes—que eu sinceramente não tenho a menor paciência de torrar e aproveitar.
Abri uma abóbora red kuri ao meio, as fibras e sementes foram para uma panela, junto com algumas folhas de verdura verde, uns dentes de allho, pimenta preta e juniper e bastante água. Virou um caldo, que depois de ferver, ferver, foi coado e usado numa sopinha singela com macarrãozinho orzo.
E a abóbora foi pro forno cortada em cubinhos e depois de assada foi temperada com suco de limão, sal rosa do Himalaia, bastante azeite prensado com limão e salpicada com folhinhas frescas e aromáticas de manjericão, que estão crescendo na estufa da fazenda e foi nosso treat na cesta orgânica da semana. Essa foi a melhor salada de abóbora que já comi em muitos ano. Foi servida morna no jantar e o restinho que sobrou foi o meu almoço frio no dia seguinte.
pasta com limão & pistachio

A minha tarde foi completamente desgostosa, fazendo coisas desgostosas. Quando cheguei em casa, ainda amarfanhada, atordoada, com vontade de subir correndo, direto pro chuveiro e depois pra cama, decretei—hoje não haverá jantar!
Mas os gatos me fizeram rir com suas poses pidonchas e logo vi que tinha um monte de roupa suja que precisava ir para a máquina, aproveitei e guardei a louça limpa e e já coloquei outras sujas no lugar, enquanto pensava—não vai ter jantar? mas como?
Dali foi uma olhada na geladeira, outra na despensa e quando vi já estava enchendo o panelão de água e separando os ingredientes necessários, me animando com a possibilidade de um pratão de macarrão quentinho e saboroso.
Fiz uma versão simplificada dessa receita antigona, que preparei usando aquele espaguete feito com farinha de jerusalem artichoke*.
Foi só cozinhar o macarrão al dente, escorrer rapidamente e juntar um punhado de rúcula picadinha, casca e suco de um limão, outro punhado de pistachio picado, flor de sal e bastante azeite. Usei o azeite prensado com limão, que dá um toque extra-super especial. Misturar bem e servir com queijo ralado na hora. Comi, comi, comi e me senti muito melhor, esqueci as desgosturas, que foram substituídas pelo gostinho cítrico de limão, a ardidura simpática da rúcula e pela crocância adocicada do pistachio.
*para quem não sabe o que são as jerusalem artichokes, tem uma foto delas AQUI.





