muffins de palmito

muffin-palmito_1S.jpg

Outra noite de atrapalhamento mental e ausência total de inspiração, acabou produzindo esses muffins salgados. Juro que ziguizaguiei pela cozinha por muito tempo, abri e fechei porta de geladeira e armários não sei quantas mil vezes, folheei revistas, livros, quase chorei! A única imagem de comida que pipocava insistentemente na minha cabeça era uma sopa robusta de tomates. Mas tomates não haviam. Pensei então numa torta de palmito e até cogitei me aventurar a fazer esta receita que fica excelente. Me imaginei gastando preciosas horas preparando a tal torta e desisti. A idéia do palmito persistiu, mas eu queria uma receita mais rápida. Apelei então para o rei das idéias, o senhor Mark Bittman. No seu livro How to Cook Everything Vegetarian, achei uma receita chamada Muffins, infinite ways. Era uma receita doce, com zil adaptações, uma delas salgadas. Fiz então e o jantar ficou pronto num pisque. Os muffins ficam muito fofinhos. Use o recheio que quiser, mas não coloque muito. O equivalente à uma xícara é a medida.

faz 12 muffins
3 colheres de sopa de manteiga derretida ou óleo neutro, como de sementes de uva ou milho [*usei o óleo de sementes de uva]
2 xícaras de farinha de trigo
1/2 colher de sopa de açúcar
1 colher de chá de sao marinho
3 colheres de chá de fermento em pó
1 ovo
1 xícara de leite
Para o recheio usei 1 xícara com:
Palmito picado
Azeitona preta picada
Salsinha picada

Pré-aqueça o forno em 400ºF/ 205ºC. Unte doze formas de muffin com óleo, ou forre com forminhas de papel.

Misture os ingredientes secos numa vasilha. Numa outra vasilha bata os ovos, o óleo ou manteiga e o leite. Faça um buraco no meio dos ingredientes secos e despeje lá a mistura de leite, óleo e ovo. Mexa com uma espátula ou colher de pau para misturar. Vá remexendo com cuidado até os ingredientes se incorporarem. A massa vai ficar meio empelotada.

Adicione 1 xícara de recheio. O meu foi palmito picado, azeitona preta picada e salsinha picada. Mexa rapidamente e coloque a massa nas forminhas usando uma colher. Asse por mais ou menos de 20 a 30 minutos. Remova do forno e deixe descansar por 5 minutos antes de remover das forminhas.

um prato de lentilhas
[com cebola caramelizada]

lentilha-cebola_1S.jpg

Tenho andado sem inspiração, admito. Me propus fazer um menu da semana no domingo, para não ficar zanzando feito barata tonta pela cozinha nos dias em que tenho que preparar o jantar. Não sei se essa idéia irá pra frente, mas não custa tentar. Numa dessas noites sem inspiração, preparei um prato de lentilha bem simples, que não era sopa, nem salada. Um rango quente, pra comer com garfo ou colher. Usei uma idéia da Anna Thomas que gostei, de temperar os pratos com cebolas caramelizadas. Como tinha um alho-poró na geladeira, usei ele também. Então simplesmente cozinhei um alho-poró e uma cebola grande cortados bem fininho no azeite e em fogo baixo, até eles ficarem bem dourados. Enquanto isso cozinhei uma xícara de lentilha comum em bastante caldo de legumes até os grãos ficarem macios e o liquido quase todo absorvido. Depois foi só juntar o refogado de cebola e alho-poró, temperar com sal marinho e pimenta do reino e servir. Embora não seja uma receita inovadora ou brilhante, ficou muito reconfortante.

[tomando um fôlego]

Aterrisamos em Sacramento às dez da noite do domingo, depois de cinco horas confinados num avião e um final de semana realmente emotivo, visitando família, pessoas queridas que não víamos há anos. Avançamos e depois retrocedemos três horas de fuso, além da coincidência de sair do nosso horário de verão justamente neste final de semana, o que só contribuiu para nos deixar ainda mais cansados e atrapalhados. Na segunda-feira regressamos à vida normal, acordando às seis da manhã, enfrentando muito trabalho acumulado, alguns pepinos espinhudos e todos os quetals. Em casa o cenário desolador mostrava uma geladeira vazia e dois os gatos confusos com a mudança súbita de rotina.
Antes da viagem eu já não tinha cozinhado muito, pois passei o final de semana fazendo compras e me dividindo entre a maratona normal da semana e a arrumação de malas. Só fiz rangos rápidos e brejeiros, nada digno de menção. Depois da viagem não tive tempo de pensar no que fazer e pra completar nem tenho muito com o que improvisar. Faz-se urgente uma visita ao supermercado. Estou me sentindo como se estivesse há meses sem fazer nada legal, sem testar receitas bacanas, sem sentir aquele entusiasmo tão bom de preparar algo diferente na cozinha.
Fui enrolando como podia, colocando umas flores bonitas na janela, contando um daqueles meus causos engraçadinhos, desencalhando receitas que estavam empoeiradas e esquecidas lá no fundo da gaveta—só faltou colocar uma foto do gato, que é sempre um ótimo recurso para encheção de linguiça. Ainda teve a singela festinha de aniversário, que confesso já estava engatilhada, tudo devidamente preparado com antecedência. Nessa altura a melhor e mais rápida explicação pra falta de assunto e, principalmente, de receitas, é que me distraí. Daqui a pouco tudo voltará ao normal. Assim espero.

atum a siciliana

atum-siciliana1S.jpg

Eu e o Uriel não curtimos peixe cru nem semi-cru, então receitas para fazer o atum fresco selado não rola aqui em casa. Mas o atum fresco cozido nós adoramos e quando comprei dois filés lindos, fui procurar por uma receita legal e dei de cara com essa da edição de outubro de 2009 da revista Gourmet. O peixe fica marinando por trinta minutos e depois é totalmente grelhado—fiz na churrasqueira. Nós achamos que ficou delicioso. E não sobrou nem lasca, pois o Gabriel nos acompanhou no almoço desse dia e levou os restinhos pra casa dele.

Serve 4 pessoas
4 filés de atum fresco com 3 cm de espessura
2 colheres de sopa de azeite
2 colheres de sopa de suco de limão
3 afilés de aliche /anchovas picadinhos
1 dente de alho picadinho
2 colheres de chá de orégano fresco picadinho

Misture todos os ingredientes e coloque num saco plástico ou numa vasilha tampada, junte os filés de atum, misture bem no tempero e deixe marinando por 30 minutos.

Molho:
2 colheres de sopa de azeite
2 talos de salsão cortados em cubinhos
3 colheres de sopa das folhas do salsão picadinhas
[*opcional, para decorar]
2 tomates bem maduros cortados em fatias
1/4 de xícara de azeitona preta kalamata descaroçadas e picadas
2 colheres de sopa de alcaparras pequenas, escorridas e picadas
3 colheres de sopa de manjericão ou orégano fresco picado
1 colher de sopa de suco de limão

Aqueça o azeite numa panela e junte o salsão, refogando e mexendo por 5 minutos. Junte os tomates, as azeitonas e as alcaparras e cozinhe até dar uma engrossada, mais ou menos uns 5 minutos. Junte o manjericão ou orégano e o suco de limão. Adicione sal e pimenta do reino moída a gosto.

Na grelha ou na churrasqueira, coloque os filés de atum e cozinhe virando uma vez, por uns 7 minutos. Remova o peixe da grelha, coloque numa travessa, cubra com o molho já preparado, decore com as folhas do salsão picadas se quiser e sirva imediatamente.

Gourmet — primeira e última

Gourmet Gourmet
Gourmet
Gourmet
Gourmet Gourmet
Gourmet
Gourmet
Gourmet Gourmet
Gourmet
Gourmet
Gourmet Gourmet
Gourmet
Gourmet
Gourmet

Quem não lamentou o fechamento da Revista Gourmet? A notícia foi uma grande surpresa e deixou muita gente triste e atônita, pois a revista tinha história. Ela não era apenas uma revista lançada ontem, mas uma publicação com sessenta e oito anos de currículo. Pelas páginas da Gourmet passaram muitos nomes famosos, entre eles o de M.F.K. Fisher. A Gourmet era única e vai deixar um imenso vazio. Quando recebi meu último exemplar, levei uns dias para abrí-lo, pois me senti um pouco melancólica. Deu pra perceber que a decisão da editora foi súbita, pois nada nessa edição tem cara de despedida ou de fim. Confirmei essa sensação quando ouvi a entrevista com a Ruth Reichl na NPR onde ela relata a surpresa e a tristeza do encerramento inesperado da revista.

Anos atrás eu tinha corrido os olhos pela coleção da Revista Gourmet da biblioteca da UC Davis. Eles têm lá TODOS os exemplares, desde o número um, publicado em janeiro de 1941 até este último, datado de novembro de 2009. Pra mim resta o consolo de poder rever qualquer número da revista a qualquer hora. Publiquei minhas impressões dos primeiros números da Gourmet de 1941 e as da Gourmet de 1971, que já tinham uma cara bem diferente.

Hoje escolhi publicar, junto com a capa e umas páginas do último número, a capa e o conteúdo do primeiro número, para dar uma idéia do quanto a revista evoluiu nos últimos sessenta e oito anos. O número um trazia um desenho de uma cabeça de javali assada na capa e as páginas internas eram na maioria em preto & branco. Percebe-se no conteúdo a clara e onipresente influência francesa, que naquela época parecia ser a única referência para a alta gastronomia mundial. Hoje não é preciso mais colocar menu em francês para parecer chique e sério. Os EUA já fixaram terrítorio no mundo gatronômico e mesmo sem a preciosa contribuição da revista Gourmet, acredito que vamos continuar evoluindo, sempre para melhor.

sopa de ervilha com bacon, maçã e sementes de anis

sopa-erv-bacon_1S.jpg

Uma sopa feita numa noite de cansaço e fome extremos, com pressa, sem muitas idéias, depois de chegar do supermercado com um pacote de.. bacon! Eu compro bacon do Niman Ranch que considero um produtor confiável.
Para fazer essa sopa usei 1 xícara de ervilhas secas lavadas, 5 fatias de bacon, 2 maças granny smith [verdes], uma colher de chá de sementes de anis [erva-doce], 3 xícaras de caldo de legumes. Numa panela robusta refogue o bacon picado em pedacinhos, até ficar bem fritinho e quase crocante. Acrescente a ervilha, as maças raladas e as sementes de anis e refogue por uns minutos. Junte o caldo de legumes e cozinhe até a ervilha ficar bem molinha. Se quiser bata a sopa no liquidificador ou use o mixer de mão, que foi o que eu fiz, mas não bati muito para a sopa ficar pedaçuda. Tempere com sal e pimenta do reino a gosto e sirva, bem quente.