amor de cerejas

amordecerejas_1S.jpg
Nem vou tentar descrever a reação de alegria e excitamento que tive ao chegar no Farmers Market e encontrar várias bancas vendendo cerejas. Comprei um montão e elas estão deliciosas, docinhas, perfeitas. Depois daquele intervalo tedioso entre mudança de estações, quando tudo fica meio parado, sem grandes novidades, o ar carregado de expectativas do que estará por vir, é muito bom ter surpresas como esta!

batata frita [de forno]

batatafrita-forno_1S.jpg
Batata frita, pra mim, é uma das melhores coisas do mundo. Batata cortada e frita na hora, não tem concorrência, sempre que posso, peço e como. Mas raramente faço em casa. Porque tem que ter muito óleo bem quente na panela e eu tenho mil preconceitos com panelas cheias de óleo fumegante. Então em casa eu faço batata frita falsa, às vezes refogando rápidamente no azeite e noutras vezes assando, como fiz com essas.
É só colocar as batatas cortadas do jeito que quiser, descascadas ou não—como só uso batata orgânica, não descasco, numa vasilha. Temperar com sal marinho grosso, alguma ervinha seca e bastante azeite. Mexer bem para os temperos envolverem todos os pedacinhos de batata, colocar tudo numa assadeira forrada com papel alumínio e assar em forno alto [410ºF/ 210ºC] até as batatas começarem a ficar douradas. Remover do forno e servir imediatamente.
Temperei essas batatas com um sal que fiz em casa usando sal marinho grosso, raspinhas de casca de limão e alecrim seco, no mesmo estilo deste de laranja.

gelado de melissa & hortelã

lemonbalm-icecream_1S.jpg
Depois das chuvaradas do final de inverno e inicio de primavera, fui inspecionar a minha horta pra ver como estava a situação e encontrei o lemon balm [melissa] e o chocolate mint [hortelã chocolate] num estado de absoluta abundância. Comecei a usar a mistura das duas ervas para fazer o chá que bebo no final do dia, mas me animei bastante para empregá-las em algumas receitas. O lemon balm tem um aroma de limão realmente delicioso. E a chocolate mint não fica atrás em personalidade. A primeira coisa que pensei em fazer foi um sorvete. Fiz este nos moldes do sorvete de estragão e do sorvete de lavanda que são muito bons para acompanhar frutas frescas, pois ficam bem leves, apenas com um delicado sabor das ervas.
1 xícara de creme de leite fresco
1 xícara de leite integral
Um punhado de folhas de lemon balm e de chocolate mint lavadas
Mel a gosto
1 colher de chá de vodka [*opcional]
Misture o leite e o creme de leite numa panela. Leve ao fogo e deixe esquentar bem, mas não deixe ferver. Deixe esfriar e coloque na geladeira. Quando o liquido estiver bem gelado, coe as folhas, junte mel ou outro adoçante da sua preferência, 1 colher de chá de vodka e leve à sorveteira. Guarde num recipiente de vidro com tampa no congelador. Sirva com frutas frescas, neste caso eu servi com morangos salpicados com um pouquinho de açúcar baunilhado [feito em casa].
»com o hortelã chocolate também já fiz um sorvete fino da bossa.

coleslaw de aspargos

coleslaw-aspargos_1S.jpg

Com meio repolho e quatro aspargos magrinhos, fiz um coleslaw que ficou deveras interessante. Usei um punhado de dried currants—aquelas passas super micro, e um vinagrete de limão.

Rale meio repolho e fatie os aspargos usando um mandoline. Junte um punhado de currants, ou passas, ou outra fruta seca da sua preferência. Faça um vinagrete com o suco e a casca ralada de 1 limão, 1 colher de chá de mostarda doce, sal [usei o maldon], pimenta do reino moída a gosto e bastante azeite. Bata bem com um batedor de arame para emulsionar, misture à salada e sirva.

Theo chocolate — factory

Theo chocolate factory Theo chocolate factory
Theo chocolate factory
Theo chocolate factory
Theo chocolate factory
Theo chocolate factory Theo chocolate factory
Theo chocolate factory
Theo chocolate factory
Theo chocolate factory Theo chocolate factory
Theo chocolate factory Theo chocolate factory
Theo chocolate factory
Theo chocolate factory Theo chocolate factory
Theo chocolate factory

A primeira surpresa aconteceu dentro do avião, quando abri um tablete daquele chocolate com erva-doce, figo e amêndoa que levei para comer durante a viagem. Já tinha visto o endereço da fábrica dos chocolates Theo, que eles imprimem em letras grandes na frente da embalagem—3400 Phinney, mas foi somente quando fui ler a lista de ingredientes na parte de trás que vi o endereço completo, que incluia a cidade—Seattle, WA.

—good lord, a fábrica dos chocolates Theo fica em Seattle!!!

Não foi um momento absolutamente auspicioso descobrir esse detalhe de localização, justamente quando eu estava voando de Sacramento para Seattle? Então coloquei uma visita à Theo imediatamente na minha lista de coisas para fazer e lugares para visitar na cidade. Ainda no light rail que nos levou do aeroporto para o hotel, já coloquei o endereço no google maps, pra ver a distância do hotel até a fábrica. Teríamos que pegar taxi ou ônibus. Ficou registrado.

A segunda surpresa aconteceu no domingo, quando combinamos de nos encontrar com a Bridget, irmã da Victoria. Ela nos levou primeiramente ao Fremont market, que ficava bem distante do nosso hotel. Andamos pelo mercado e ela perguntou o que gostaríamos de fazer a seguir. Eu disse, bem, você que mora aqui que decide, mas eu tinha na minha lista visitar uma fábrica de chocolate, você conhece o chocolate Theo? Ela respondeu, claro que conheço, vamos lá então! E atravessou a rua. Eu achei que estávamos voltando para o carro, mas a fábrica da Theo ficava exatamente do outro lado da rua onde estávamos!

—good lord, a fábrica dos chocolates Theo é aqui!!!

Num pequeno prédio de tijolinho, quase não dava pra identificar que aquilo era uma fábrica de chocolate. Entramos e colocamos nossos nomes numa lista de espera para o próximo tour, onde milagrosamente conseguimos entrar. Esses tours são muito populares e lotam rapidinho, por isso é recomendado que se faça reserva. Tivemos muita sorte. Enquanto aguardávamos nossa vez na sala de espera e loja, ficamos experimentando pedacinhos de chocolate, de todos os tipos, sabores, misturas, até que chegou a hora do tour.

A fábrica é bem pequena e emprega apenas setenta funcionários. Tudo é feito manualmente, desde a torrefação do cacau, a confecção dos bombons e caramelos, até a finalização com empacotamento e embalagens. Tivemos uma guia super simpática, cheia de energia, paixão e entusiasmo. Ela nos deu uma extensa aula de biologia, botânica, história, geografia e política. Eu já tinha tido uma aula parecida quando fiz o chocolate tasting na Ginger Elizabeth em Sacramento. Mas na Theo a aula é bem mais complexa, porque eles precisam esmiuçar e enfatizar a importância de se comprar o cacau orgânico e fair trade. A guia explicou que há muito trabalho escravo na produção do cacau, principalmente nos países da costa oeste da África. O chocolate da Theo não é mais gostoso por causa disso. Eles são deliciosos porque são muito bem feitos, com ingredientes de altíssima qualidade. Mas saber que ninguém foi explorado no processo até você poder se deliciar com uma barra de chocolate faz a diferença para mim e para muitos outros como eu.

A fábrica estava parada no domingo, mesmo assim fomos envolvidos por uma nuvem calorosa e cheirosa de chocolate quando entramos nas instalações. Os visitantes durante a semana podem ver a fábrica em pleno funcionamento. Adorei visitar a cozinha, onde os deliciosos bombons e caramelos são preparados. É incrível que todo aquele chocolate é feito artesanalmente, até as embalagens decoradas por uma artista local.

Theo é a única empresa que faz chocolate com cacau orgânico e fair trade aqui nos EUA. A fábrica tem apenas 4 anos de existência e já coletou muitos prêmios. Chocolate puro, de alta qualidade, com um sério compromisso com a sustentabilidade ambiental e políticas sociais. Não tem como não ficar fã!

* A Megan Gordon do blog Bay Area Bites também fez a tour na Theo e escreveu um relato muito legal.

Tilth — Seattle

tilth_1S.jpg

Quando entramos no taxi e demos o endereço do restaurante para o motorista, ele imediatamente exclamou—ah, o lugar orgânico? Não tinha como errar depois dessa. Jantamos no sábado à noite no restaurante Tilth, que foi uma das excelentes dicas da minha nora Victoria. Ela disse que esse era o restaurante favorito dela em Seattle e por gostar de lá e ter me indicado o lugar, cheguei a duas conclusões: essa guria é da minha tribo e com menos de um ano de convivência ela já me conhece muitíssimo bem.

O Tilth tem uma proposta muito simples, que é bem comum aqui na Califórnia e portanto familiar para mim—cozinha orgânica com ingredientes sazonais e locais. Está instalado numa casinha bem pequena e antiga na região de Wallingford, uma área bem para o norte de downtown, onde estávamos hospedados. A Victoria nos aconselhou a fazer reserva, pois o lugar é pequeno, popular e está sempre lotado. Segui à risca os conselhos dela e não me arrependi. Chegamos uns minutos adiantados e ficamos esperando um pouco. Nesse meio tempo deu pra observar bem o lugar, uma casinha toda de madeira construída talvez dos anos 20 ou 30 e mantida na estrutura original.

No cardápio, só produtos de Washington com certificação orgânica do Oregon Tilth, uma organização que promove sustentabilidade e que segundo a Victoria é muito rigorosa, muito mais que a certificação fornecida pelo USDA [o departamento de agricultura dos EUA]. O restaurante estava lotado e tinha uma atmosfera muito aconchegante. O rapaz que nos serviu foi muito paciente e gentil, porque eu fiquei fazendo mil perguntinhas. Primeiro quis saber o que era um poussin, que se revelou ser apenas o nome francês do galeto. Perguntamos sobre outros ingredientes e sobre os vinhos. Para iniciar o jantar, recebemos uma entrada feita com um tipo de aspargo selvagem que cresce nas florestas de Washington. Eu pedi uma sopa especial feita com um matinho chamado nettle e decorada com alho verde, creme fraiche e pimenta cayenne. A cor da sopa era de um verde musgo indescritível. O Uriel pediu uma salada de alface, avelã, erva-doce e um deviled egg. Nós pedimos o mesmo prato principal, de carne [sirloin] grelhada com salada frisée, vinagrete com lardon [um tipo de bacon] e um ovo cozido em sous vide [que eu não comi, vocês sabem por que, né?]. Bebi uma taça de vinho Va Piano Vineyards, ‘Bruno’s Blend V’, Columbia Valley, Washington 2006, feito com uvas orgânicas numa fazenda sustentável. A sobremesa demorou um pouco pra chegar, mas foi o encerramento triunfal, simplesmente perfeito. Eu pedi um bolo de semolina com citrus acompanhado de um streusel de figo, grapefruit cristalizado e gremolata. E a do Uriel foi a campeã, um mousse de abacate com xarope de coentro e limão e um tipo de tuile de gengibre.

Uma coisa muito comum nesses restaurantes que servem produtos locais é colocar o nome do produtor ou da fazenda na descrição do prato no cardápio. Eu adoro saber que a avelã veio do produtor Holmquist e que a carne veio da fazenda Eel River, mas às vezes tudo isso causa um pouco de confusão e poluí o menu. Mas é tudo por uma boa causa, né?

Não há fotos, porque percebi que perdi o ânimo de carregar minha câmera comigo nos restaurantes e pagar mico tirando o trambolho de dentro da bolsa durante o jantar. Tentei tirar fotos com o iPhone, mas a luz era péssima, não deu. Decidi que vou comprar uma câmera point-and-shoot nova, discreta e compacta para levar comigo nessas ocasiões. A comida merece ser fotografada, mas eu também mereço jantar tranquila e aproveitar minha noite com o meu marido, sem ficar somente pensando em registrar tudo. Foi um jantar delicado e memorável, onde eu conheci ingredientes especiais de um outro estado norte-americano e por isso agradeci muito à Victoria pela recomendação desse restaurante tri-bacana.

salmão selvagem do Alasca

salmaodefumadoalaska_1S.jpg

Temos abundância desse tipo de salmão em qualquer supermercado aqui em Davis. Mas esse mereceu atenção especial, pois comprei direto na fonte. Não é salmão de Washington [que tem a pesca ultra-super regulada, como na Califórnia], mas sim do Alasca. A moça que me vendeu o peixe no Ballard Farmers Market em Seattle, me disse que ele é apenas curado com sal, como o lox e o gravalax. Tão saboroso que eu não quis adicionar nenhum ingrediente extra. Comemos assim puro, as fatias bem finas temperadas apenas com algumas gotas de sumo de limão.

the pig truck

maximus or minimum
maximus or minimum maximus or minimum
maximus or minimum
maximus or minimum

Estávamos rumando em direção à área do mercado para tomar nosso brunch de domingo e esperando o semáforo abrir para atravessar a rua, quando um porco metálico gigante passou por nós. Ficamos com aquelas caras de patzos, um olhando pro outro—você viu o que eu vi? era isso mesmo? um caminhão porco metálico? Rimos bastante, atravessamos a rua, fomos comer e esquecemos da lúdica visão.
Depois do brunch nos encontramos com a Bridget, irmã da Victoria, que mora em Seattle e que se ofereceu para nos levar para passear pela cidade. Ela nos levou ao Fremont market, uma feira de rua bem divertida e interessante, com muitas antiguidades, alguns artesanatos e alguma comida. Quando chegamos no final do mercado—SURPRISE! Reconhecemos o porcão de armadura estacionado e já servindo ao seu propósito. Ali vendia-se sanduiches de carne de porco e vegetarianos [irônico?] com um molho especial, que poderia vir nas opções maximus ou minimus. Não tive a idéia de perguntar se essa designação era para quantidade ou para apimentamento do molho. Não provamos os sandubas, pois tínhamos acabado de comer. Mas achamos a idéia toda muitíssimo divertida.