nós ♥ paçoca

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A paçoca da nossa infância, da minha, da sua, de todo mundo. Pode-se até não gostar, pois não é todo mundo que curte amendoim, mas quem não provou paçoca, quem não abriu o embrulhozinho quadradinho, com cuidado pra não quebrar, colocando ele inteiro na boca e quase engasgando com a farofa derretendo, espalhando e colando nos dentes? Sempre achei que fazer paçoca em casa fosse coisa dificultérrima. Nunca cogitei, nem pensar fazer, imagina!

Mas daí vem a Neide, que ensina, esclarece e desmistifica tudo sobre absolutamente qualquer ingrediente, qualquer receita, e ainda oferece a facilidade e simplicidade de preparar coisas preciosas, como essa paçoca caseira.

Quis fazer em quadradinhos, como eu comia na infância. Acabei usando um molde para gelo de silicone. Deu certinho.

Coloquei no processador de alimentos 100gr de amendoim orgânico torrado [dried roasted], 100 gr de açúcar e 100 gr de farinha de mandioca torrada [não tinha a de milho, mas quando arranjar vou refazer com ela, como a Neide recomenda].

O segredo, acredito, é moer por bastante tempo no processador, até formar uma massa que dê mais ou menos para ser pressionada entre os dedos e ficar inteira. Eu processei por mais de 5 minutos, ia checando, a massa vai encorpando. Dai recheei as forminhas, apertando bem a massa com o dedo e alisando o topo com as costas de uma colher. Daí é só desenformar numa travessa e se deliciar.

Cheguei com a travessa com as paçoquinhas e servi uma pro Uriel. Não falei nada. Disse apenas—experimenta um. Ele colocou o coraçãozinho na boca e exclamou—PAÇOCA!

Forrei uma latinha de caramelos vazia com papel vegetal, ajeitei os coraçõezinhos de paçoca dentro, fechei a tampa e avisei o Gabriel que tinha uma surpresa pra ele. Ele veio, abriu a latinha, colocou um coraçãozinho na boca e exclamou—PAÇOCA!

Nós ♥ paçoca!!

from the ground up

Whole Earth Festival 2010 Whole Earth Festival 2010
Whole Earth Festival 2010
Whole Earth Festival 2010
Whole Earth Festival 2010 Whole Earth Festival 2010
Whole Earth Festival 2010 Whole Earth Festival 2010
Whole Earth Festival 2010
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Whole Earth Festival 2010
Whole Earth Festival 2010

Três dias de música, paz e amor. Não estou falando de Woodstock, mas do Whole Earth Festival, que acontece todo ano no campus da UC Davis desde 1969. É um festival hippie, celebrando a diversidade e a vida alternativa. Todo ano é a mesma coisa, mas eu vou com o mesmo entusiasmo e como as delicias vegetarianas que eles vendem, ouço música ou discursos políticos e ambientais nos diversos palcos instalados pelo campus, olho as barracas de artesanato e o povo colorido. É um dos festivais mais populares e frequentados da universidade. Detalhes interessantes: toda a eletricidade, até a do palco principal onde as bandas grandes se apresentam, é gerada por energia solar. O festival produz ZERO de lixo, com seu programa eficientíssimo de reciclagem. Eles usam uma técnica muito legal de utensílios rentáveis. Você paga um dólar extra pelo copo, garfo ou prato, e recebe o dinheiro de volta quando retorna. A segurança e organização do festival é feita por um grupo de voluntários denominado Karma Patrol. Todos são bem-vindos, hippies, geeks, caretas, etc. Todos se vestem como querem, e dançam como querem pelo gramado do Quad. Toda a comida vendida nas barraquinhas do festival é vegetariana, vegana ou étnica. No Whole Earth Festival você vai ver de tudo, coisas que normalmente não vê no campus da Universidade da Califórnia em Davis, que é um campus muito mais sisudo e careta do que o de Berkeley, por exemplo. Nestes três dias de festa, a cidade se enche de Kombis psicodélicas e pessoas com roupas e cabelos coloridos. Eu vou sempre, pois adoro essa festa. Neste ano comi comida raw e vegana, como no ano passado. Era um curry de legumes crus, o arroz era repolho bem triturado, a salada tinha um molho delicioso e os crackers estavam incríveis. O Uriel comeu um sanduba de berinjela grelhada, nada excepcional. Bebemos limonada de gengibre adoçada com néctar de agave e de sobremesa dividimos um crepe integral recheado com morangos frescos e decorado com açúcar e nutella.
»veja todas as fotos do WEF 2010 no Flickr.
»WEF 2009—sustainalovability.
»WEF 2008—mending our web.
»WEF 2007—the zero waste festival.

bolo de iogurte & limão

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O bolo que levei no picnic musical foi essa preciosidade encontrada no novo blog da Luciana Betenson. Um bolo feito no liquidificador e quase sem sujar nenhum utensílio. Não sabia quando media o potinho de iogurte que ela usou, então instituí a medida de 1 xícara [250 ml] como base. Usei todas as outras medidas a partir daí.
Para a apresentação de Hair fiz uma versão com uma farinha de castanhas que achei dando sopa [ou bolo?] no Co-op outro dia e o açúcar demerara baunilhado, que eu faço em casa colocando as favas de baulinha usadas no pote do açúcar. Ficou um bolo bem denso, super aromático, adoramos e devoramos metade assim numa piscada. Como não deu pra tirar foto—também porque tive que cortar em pedaços pra caber na cesta, decidi refazer usando a mesma receita, mas mudando alguns ingredientes. Fiz com limão. Essa segunda versão também ficou bem densa, não ficou aquele bolo fofo, mas ficou delicioso. Além da praticidade e facilidade essa receita é realmente super adaptável. Faça como quiser, mas faça!
4 ovos inteiros
1 xícara de iogurte natural
2 xícaras de açúcar de limão
2 xícaras de farinha de trigo
½ xícara de óleo vegetal
1 colher de sopa cheia de fermento em pó
Raspas da casca de 1 limão
2 colheres de chá do suco do limão
Bater todos os ingredientes no liquidificador. Levar ao forno pré-aquecido em 355ºF/ 180ºC em forma untada e enfarinhada. Assar por mais ou menos uns 30 minutos. Deixar esfriar, desenformar e servir.

hair [musical & picnic]

Hair & picnic
Hair & picnic
Hair & picnic Hair & picnic
Hair & picnic

Quando eu e a minha prima-amiga-irmã Heloisa assistimos ao filme Hair num cinema em Campinas no inicio da década de 80, ficamos boladas. Choramos muito no final quando o personagem herói Berger, é enviado por engano no lugar do panacão Bukowski para morrer no Vietnã e todos os amigos cantam juntos Let The Sun Shine. Na época ganhei uma gatinha, que batizei de Sheila, a ricaça que vira hiponga no final da história. Comprei a trilha sonora em bolacha de vinil. Hair foi um filme que me marcou, no auge da minha adolescência, hormônios borbulhantes, cheia de idealismos, alma hiponga despontando no horizonte.

Mas apesar de ter adorado o filme, nunca tinha tido a oportunidade de ver o musical, que deu origem a tudo. Trinta anos depois […] Vejo o cartaz da produção de Hair no campus da universidade, feita pelo mesmo grupo que apresentou MacBeth em novembro passado. A peça seria encenada ao ar livre, numa área enorme de gramados e árvores no arboretum da UC Davis.

Choveu até dizer chega no domingo, que seria o último dia de apresentação de Hair e ficamos numa sinuca, não sabendo o que fazer. Eu queria muito ir e teria que ser naquele dia ou no more. O Gabriel mandou mensagens pro diretor do grupo, que é amigo dele e o cara confirmou: vai ter apresentação, com chuva ou sem chuva.

Preparei correndo os apetrechos—cadeira dobrável daquelas que se carrega convenientemente com uma alça no ombro, roupa quentinha, manta, guarda-chuva e uma cesta de picnic. Tenho um monte de cestas para esses eventos e garrafas térmicas, pratos, utensílios, toalhas macias pra estender no chão. Picnics são um dos meus eventos favoritos, embora não tenha feito um em algum tempo. Picnic noturno, numa área verde linda, vendo um musical como Hair, não tinha como me deixar mais entusiasmada. Preparei uma garrafa térmica gigante cheia com chá de gengibre e limão*, um queijo gruyere pra cortar, um pão, umas bolachas salgadas, um queijo de cabra temperado com ceboulettes, chocolate em barra, morangos frescos e um bolo ultra rápido de liquidificador.

Chegamos com o guarda-chuvão aberto, nos ajeitamos na seção para cadeiras da platéia e logo parou de chover. Fizemos nosso picnic e quando a peça começou já estávamos alimentados e confortavelmente aquecidos pelo delicioso chá. Não choveu mais pelo resto da noite.

A apresentação de Hair durou mais de duas horas, com um pequeno intervalo, quando todos correram para usar o banheiro. Eu adorei e curti cada minuto, cada música, lembrei das letras, cantei baixinho junto, dei risada e fiquei com lágrimas nos olhos durante muitos dos números e, como na primeira vez que vi o filme, chorei quando o rapaz morre no Vietnã. Quando a apresentação terminou, meus dentes batiam de tanto frio. Mesmo super agasalhados e bebendo chá, não é bolinho ficar sentado por mais de duas horas no relento numa noite fria de primavera californiana. Fomos pra casa descongelando com o aquecedor no carro e desde então estou com uma das músicas da peça dando loop na minha jukebox mental—manchester england england across the atlantic sea and i’m a genius genius i believe in god and i believe that god believes in claude that’s me that’s me!

*chá de limão e gengibre
Corte um limão em cubinhos e coloque num bule ou garrafa térmica. Rale um pedaço de gengibre—como eu compro gengibre orgânico, não descasco—e coloque junto com o limão. Jogue bastante água fervendo sobre os pedaços de limão e gengibre. Deixe descansar por uns 5 minutos. Sirva. Nós bebemos sem açúcar. Mas quem quiser, fique à vontade para adoçar.

»no final da peça encontramos com o Gabriel, que estava indo na festa de encerramento daquela curta temporada de Hair. e guess what? ele faturou a kombi cor de rosa decorada com flores que fez parte do cenário da peça. a kombi está na garagem dele e logo aparecerá em edição especial por aqui.

»não levei minha câmera, por causa da chuva e também porque sei que às vezes não se pode fotografar em espetáculos. tirei essas fotos com o celular e levei uma carcada logo depois que fiz a última foto. eu não sabia, mas os atores estavam tirando a roupa atrás da bandeira americana. perdi, por alguns segundos, de fazer uma foto mais explícita.

quiche de milho & presunto

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Na segunda-feira fui soterrada por mais uma tonelada de folhas verdes. Fico com a cara explícita do mais autêntico desânimo quando vejo que vou ter que enfrentar outra semana clorofilada. For Pete’s sake, já estou pronta para comer alimentos mais coloridos—milho, tomates, abobrinhas, berinjelas. Mas as chuvas e o frio não estavam dando uma trégua. Repolhos e pés de alface recheados com lesmas, folhas, folhas, folhas e mais folhas. Este era o panorama.
Na segunda-feira fiz uma sopa de lambsquarters, um matinho verde conhecido como o primo selvagem do espinafre. Ficou bem gostosa, mas depois de ingerir o liquido verdíssimo, o Uriel me perguntou com uma cara meio macambúzia se não dava pra sair um pouco daquele indefetível espectro verdolento. Na terça-feira fiz pescada frita na manteiga [sole meunière] e cogumelos shiitake refogados com folhas de manjericão. E na quarta-feira tentei replicar a receita desse quiche, que achei deveras interessante.
Fui atraída pela massa, com polenta e curry, apesar de não ser muito fã desse condimento. Não é uma receita dificil de fazer, apesar de levar muito tempo no forno. No final achei que ficou uma mistura de muitos sabores. Fiquei com a impressão de que quem criou essa receita tinha um monte de ingredientes na beirinha de vencer a validade dentro da geladeira e foi colocando tudo no mesmo recheio. A massa fica bem interessante e saborosa, dado a quantidade de manteiga. Mas pra mim não rola repeteco, porque curry é curry, não tem como fugir da onipresença dessa especiaria em qualquer receita. O recheio também ficou interessante e gostoso, mas ficou também muito carnavalesco—cebola, paprica, queijo cheddar, presunto, cream cheese, sour cream—sambadocrioulodoido. Gostamos, comemos, mas não vai para o caderninho de receitas das heranças para a posteridade.
quiche de milho e presunto
faz um quiche grande ou 6 individuais
para a massa
250 ml [1 xícara] de farinha de trigo para bolo*
125 ml [1/2 xícara] de farinha de polenta
200 gr de manteiga gelada e cortada em cubos
1 colher de chá de curry em pó
1 xícara de queijo cheddar ralado
*improvise a farinha de bolo misturando 3/4 xícara de farinha de trigo e 2 colheres de sopa de amido de milho [maizena]
Coloque todos os ingredientes no processador de alimentos e com a máquina funcionando vá colocando os cubos de manteiga pelo tubo, um por um, até que formar uma massa rústica. Remova do processador, forme um disco, emprulhe em filme plástico e deixe descnsar na geladeira por no mínimo 1 hora.
Na hora de montar a torta, abra a massa com o rolo e forre uma forma de quiche de 29cm ou use forminhas individuais. Se montar a massa antes do recheio ficar pronto, deixe a forma dentro da geladeira.
para o recheio:
2 xícaras de milho verde, pode usar o congelado
1 cebola grande cortada em fatias
óleo vegetal para refogar
250ml de sour cream ou cream cheese
5 ovos
1 xícara de queijo cheddar ralado
Sal e pimenta do reino a gosto
1/2 colher de chá de paprica defumada
1 pequeno tubo de cream cheese – sabor Chakalaka se encontrar, eu usei o cream cheese comum, sem sabor
6 fatias finas de presunto
tomilho fresco
Aqueça o óleo numa panela e cozinhe as fatias de cebola até elas ficarem macias, mas não deixe escurecer. Numa vasilha bata os ovos, adicione o sour cream, o milho, o queijo cheddar, a paprica, tomilho fresco, sal e pimenta. Junte às cebolas refogadas. Coloque essa mistura na forma de quiche forrada com a massa. Coloque pedacinhos de cream cheese por cima do recheio [usei o simples, sem sabor]. Enrole as fatias de presunto num formato de flor e coloque sobre o recheio. Asse em forno pré-aquecido em 355ºF/ 180ºC até a massa ficar dourada e o recheio firme, mais ou menos por 1 hora. Sirva morno ou frio acompanhado de uma salada de folhas verdes.

Piri Piri Starfish
[Sabores e Cozinha]

Piri Piri Starfish
Piri Piri Starfish
Piri Piri Starfish Piri Piri Starfish
Piri Piri Starfish Piri Piri Starfish
Piri Piri Starfish Piri Piri Starfish
Piri Piri Starfish Piri Piri Starfish
Piri Piri Starfish Piri Piri Starfish
Piri Piri Starfish
Piri Piri Starfish

Os livros da Tessa Kiros demoraram muito pra chegar por aqui. E quando chegaram desembestei a comprar todos. Apenas um deles ainda não tinha dado as caras quando fui passar o Natal com minha família em Londres. Coloquei então o Piri Piri Starfish: Portugal Found no topo da minha lista de livros para comprar por lá, porque believe me my friends, muita coisa que é popular na Inglaterra, não chega por essas terras americanas [com exceção do onipresente festivo revolucionário Jamiezinho Oliver].

Em Londres esse foi o único dos livros que eu queria comprar, que não consegui encontrar pelos poucos lugares por onde passei. Deixei pra dar uma geral depois das festividades, pois ainda teria alguns dias por lá.

Na noite de Natal minha mãe estava distribuindo e abrindo os presentes que a minha irmã, que estava em Portugal, tinha deixado lá na casa do meu irmão quando eu vejo o livro da Tessa Kiros saindo de um dos embrulhos. E não era apenas o livro da Tessa Kiros sobre Portugal, mas o livro da Tessa Kiros sobre Portugal traduzido para o português! Fiquei tão entusiasmada que minha mãe decidiu dar o livro pra mim, apesar do presente ter vindo pra ela. Minha irmã comprou depois um outro volume e levou pra minha mãe, quando todos voltaram pro Brasil.

Voltei pra Califórnia toda feliz e serelepe com o único livro da Tessa que não acho por aqui. E com a vantagem dele estar em português. Só não gostei muito da a tradução do título. Achava Piri Piri Starfish: Portugal Found uma coisa tão fofinha. Mas Sabores e Cozinha – ao Encontro de Portugal está bem, pois o que interessa mesmo é o conteúdo—as receitas, o texto, os ingredientes, as fotos.

Não tem um livro da Tessa que não seja lindo e esse é particularmente especial. Todo em tons azulados, como os maravilhosos azulejos que vemos por todos os cantos em Portugal. Ainda não fiz nenhuma receita dele, mas já marquei várias. Desde dezembro do ano passado que estou apenas folheando, folheando, olhando, olhando, totalmente inebriada com tanta boniteza.

a ervilha inglesa

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No inicio da primavera andei comprando muita ervilha torta [snap pea]. Elas não são apenas deliciosas, macias e delicadas, mas são práticas, pois você pode comê-las inteiras, com casca e tudo. Fiz um montão refogadas na manteiga no nosso almoço de Páscoa, depois fiz com elas um risoto, que até o meu marido crítico ferrenho dos risotos comeu, elogiou e repetiu. Fiz sem caldo, porque não tinha. Usei apenas 1 xícara de vinho branco e 3 xícaras de água fervendo. Refoguei as ervilhas tortas cortadas em fatias ligeiramente na manteiga escura [derreta a manteiga e cozinhe no fogo médio até ela mudar de cor e ficar dourada], depois refoguei junto o arroz arborio e procedi com a receita, juntando o vinho e depois as 3 xícaras de água, uma por vez, mexendo ocasionalmente, até o arroz absorver todo o líquido. No final acrescentei um pedaço pequeno de queijo de cabra, sal e pimenta do reino moída a gosto e folhinhas de hortelã fresco picadas.

Num outro sábado, numa banca do Farmers Market, ao lado das ervilhas tortas estavam as ervilhas inglesas. Elas são as ervilhas que compramos congeladas ou em lata, só que essas vêm na casquinha, você tem o trabalho de abrir uma por uma e ganha como prêmio uma meditação zen e o melhor sabor que um produto fresco pode oferecer. Enquanto enchia meu saquinho com as ervilhas, perguntei para o produtor, um japonêsinho super tímido que faz sempre uma reverência quando recebe seu pagamento, se dava pra comer as ervilhas inteiras, com casca e tudo, como fazemos com a ervilha torta. Ele me olhou com uma cara de ué—何か。. Balançou a cabeça na negativa e disse que eu teria que descascar. Eu decidi levar uma quantidade maior, pra poder render. Uma mulher que estava ao meu lado ouvindo a conversa não acreditou na informação que o senhor tinha acabado de me fornecer, virou pra mim e enquanto enfiava uma vagem inteira na boca, disse—vamos ver se dá ou não dá pra comer com casca. Paguei pela minha compra, agradeci e quando me virei a mulher estava com a cara toda torcida e já tinha um veredito—é, ele tem razão, não dá mesmo pra comer com a casca!

Chegando em casa, meditei por bastante tempo em frente da pia descascando as ervilhas inglesas uma por uma, lavei rapidamente em água corrente, mas acho que nem precisava pois as ervilhinhas estavam muito bem protegidas na casquinha, e cozinhei brevemente numa panela com água e sal. Coei, deixei esfriar, temperei com sal marinho, raspinhas da casca e suco de um limão, reguei com bastante azeite extra virgem e salpiquei com folhinhas de hortelã fresco picadas. Servi como salada.

»este post comenta dois tipos diferentes de ervilhas.
»este post não contém fotos dos pratos finalizados.
»este post contém duas receitas.