




pudim de earl grey & lavanda

Meses atrás eu e a Leila fomos à uma loja de chás muito bacana e moderna em Sacramento. Tirei umas fotos bem legais usando o iPhone, mas acabei não publicando nada, sei lá por que. Naquele dia comprei pacotes de chá com folhas de ervas misturados com frutas e um de earl grey com lavanda. Os chás de fruta bebemos quase tudo como chá quente ou gelado misturado com suco de limão, mas o earl grey com lavanda me deixou divagando com muitas idéias na cabeça. O earl gray já é um chá ultra aromático, com a adição da lavanda ele ficou incrivel. Eu tinha que usar pra fazer alguma receita. Primeiro pensei num sorvete [e ainda não descartei a idéia], mas no meio do caminho mudei de rumo e decidi fazer um pudim. Usando o agar-agar, of course. Como tudo que é feito com essa gelatina de algas, esses pudins ficaram prontos numa piscada. Usei umas forminhas de cobre vintage que estava animada para estrear. Os pudins ficaram deliciosos. Se você não achar o earl grey com lavanda, tenta fazer a sua mistura, comprando os ingredientes separados. Por aqui, esse chá é bem fácil de achar. Prefira o de folhas soltas.
1 xícara de creme de leite fresco
2 colheres de sopa de chá earl grey com lavanda
1 pacote de 4 gr ou 1 colher de sopa de agar-agar
1 xícara de leite integral
Mel [ou outro adoçante da sua preferência] a gosto
Numa panela coloque o creme de leite e as folhas de chá. Leve ao fogo médio e deixe ferver. Desligue o fogo e deixe a mistura descansar por uns 10 minutos. Passe tudo por uma peneira fina, para remover as folhas de chá. Volte o creme para a panela, junte o mel e o agar-agar. Leve novamente ao fogo somente até ferver. Remova a panela do fogo, adicione o leite, bata bem com um batedor de arame e distribua pelas forminhas molhadas com água—deu quatro formas pequenas. Leve à geladeira e quando firmar solte as beiradas cuidadosamente com uma faca e vire os pudins em pratos ou travessas.
Quivira [zinfandel]

Pra mim escolher vinho nesta terra ultra produtiva é praticamente uma sessão de tortura. Fico desesperada, atrapalhada, cheia de dúvidas. Vou separando as variedades de uvas que gosto e em primeiro lugar está a zinfandel. Já é o primeiro passo. Mas tenho tentado experimentar outras uvas, alargar os horizontes. Também escolho pelo preço—nem muito barato, nem muito caro. Um vinho de $20 vai te garantir uma boa experiência, talvez até uma mais do que boa. Também me seduzo pelo rótulo, pelo design e criatividade. Meu entendimento de vinhos para ai, com o detalhe que minha opinião geralmente oscila entre GOSTEI e NÃO GOSTEI. Mais que isso é pedir muito, para alguém que não entende nada do assunto. Gosto de beber um bom vinho e aprecio muito as novidades. Quando a loja oferece ajuda, dando dicas sobre o que você está comprando, me sinto muito mais segura para escolher. No dia que comprei esse vinho, fiquei muito tempo lendo a ficha de cada um. Esse, produzido pela vinícola Quivira localizada na belissima região de Healdsburg no condado de Sonoma, me conquistou pelo uso das técnicas biodinâmicas nos vinhedos. E o vinho delicioso passou pelo meu rigoroso critério de avaliação e ganhou o selo de aprovação com a nota GOSTEI. Acho que para este vinho eu deveria acrescentar uma subcategoria, para uma nota GOSTEI MUITO. Bebi sozinha, um pouquinho por dia, até a última gota.
coleslaw de favas verdes

As favas verdes são uma preciosidade que só aparecem durante um período bem breve da nossa primavera. Temos que aproveitar. Gosto de assá-las inteiras no forno, com um fio de azeite e uma pitada de sal marinho e depois comer abrindo uma por uma com as mãos. Isso com certeza revela a preguiça imensa que tenho de debulhar as vagens, mesmo sabendo que vou me deliciar com as favas tão saborosas. Mas neste dia eu estava disposta. Não só debulhei um pacotão de vagens, como também despelei fava por fava. Cozinhei brevemente em água com sal e usei para fazer uma salada.
A principio queria nomear esse prato como salada com o que tinha na geladeira, mas como as favas verdes são deveras especiais e não apenas ficam na geladeira, mas são guardadas com carinho e antecipação, decidi descartar a idéia. O que realmente estava encalhado na geladeira era metade de um repolho e um rabanete psicodélico. Acho que qualquer prato frio que involva repolho cru e ralado pode ser classificado como coleslaw, então me resignei a nomear essa salada uma coleslaw de favas ou uma fava slaw, como bem quiserem.
Usei:
Meio repolho cortado fininho [com um mandoline]
Um rabanete psicodélico ralado
Duas xícaras de favas verdes descascadas e cozidas
Temperei com:
Suco e casca ralada de um limão
Uma colher de chá de mostarda doce
Sal a gosto [usei o Maldon]
Pimenta do reino moída na hora
Bastante azeite de oliva extra-virgem
Misturar tudo muito bem e servir.
um bouquet de godetias

sorbet de morango
com vinho & estragão

Os morangos já estão por todos os cantos e depois de comer toneladas deles frescos, chega a hora de inventar moda. Compro morangos no Farmers Market, na banca de uma família de quem compro também ovos [os melhores!]. Os morangos não são muito grandes, mas são deliciosos e precisam ser consumidos rapidamente, pois não duram muito. Neste dia juntei os morangos bem maduros com as sobras do vinho frizzante que tinha bebido na noite anterior [eu bebo sózinha, o Uriel não bebe mais nada de alcool há alguns anos] e um punhado de estragão fresco. Fiz um sorbet. A mistura do morango com o estragão ficou bem interessante. Essa erva tem um sabor acentuado de anis, e portanto é bem apropriada para dar um toque especial em sobremesas. Mas por causa do alcool do frizzante, esse sorbet demorou para ficar firme. Deixe um bom tempo no congelador depois que remover da sorveteira. Ele fica mais firme no dia seguinte.
350 gr de morangos orgânicos frescos e bem maduros
2 xícaras de vinho prosecco
1 colher de sopa de folhinhas de estragão picadas
Mel ou outro adoçante da sua preferência a gosto
Bata tudo no liquidificador, coloque na sorveteira e quando estiver pronto coloque num recipiente de vidro e deixe por umas horas no congelador.
para o chá da noite


Essa é nossa última mania. Um chazinho antes de dormir. O chá varia—pode ser de melissa com hortelã, ou só de hortelã, ou de gengibre com limão, ou só de gengibre. Mas agora com canequinhas personalizadas. Pisc!
A bandeja e o bule são da thrift store da sociedade protetora dos animais e as canecas da loja anthropologie.
radichio com aliche


Para usar esses lindos radicchios di Verona, tirei a receita de um outro livro belíssimo da Tessa Kiros, o Venezia — food & dreams. Pra quem gosta do amarguinho dessa verdura, a adição da docura intrigante do molho de aliche faz dessa salada um prato completo e perfeito.
Usei:
2 radicchios pequenos bem lavados e cortados em quatro
2 colheres de sopa de azeite de oliva
1 dente de alho grande amassado
4 filés de aliche [anchova] em azeite [coe o azeite]
1 colher de sopa de alcaparras [coadas]
1 colher de sopa de vinagre de vinho
Coloque os radicchios cortados em quatro numa travessa. Numa panela, coloque o azeite, o dente de alho e os filés de aliche e aqueça em fogo baixo, esmagando o aliche com um garfo, até ele dissolver e formar uma pasta. Remova do fogo, adicione as alcaparras. Deixe esfriar um pouquinho, remova o alho esmagado. Jogue esse azeite sobre as folhas de radicchio. Na panela, adicione o vinagre e com a ajuda de uma colher de pau ou espátula, limpe bem todos os resíduos do azeite com aliche. Jogue esse vinagre sobre os radicchios e sirva, como acompanhamentou ou entrada, junto com pedaços de pão rústico.
nossa rotina da primavera
Abre as janelas, liga o ventilador de teto, põe um vestido, calça sapatilha sem meia, pega o guarda-chuva, veste um casaco leve, bebe cinco xícaras de chá quente, compra morangos, veste meias, desliga o ventilador de teto, coloca um casaco mais quente, enrola uma echarpe no pescoço, tira a meia, fecha a janela, guarda o guarda-chuva, liga o aquecedor, bebe quatro xícaras de chá quente, coloca a bota, tira a echarpe, pega o guarda-chuva, compra cerejas, abre as janelas, veste um vestido, coloca uma jaqueta leve, liga o ventilador de teto, põe gelo na bebida, faz o almoço na churrasqueira, guarda o casaco e a bota, tira a meia, veste a meia, desliga o ventilador do teto, fecha a janela, troca de casaco, carrega o guarda-chuva, se enrola na echarpe, come damascos, cerejas e morangos, espera pelos tomates, espera pelos tomates, espera pelos tomates, veste o sapatinho sem meia, veste saia esvoaçante, bebe várias xícaras de chá quente, assa um bolo, veste o casaco, veste a bota, pega o guarda-chuva, abre a janela, desliga o ventilador de teto, tira a meia, veste o casaco leve, se enrola na echarpe, bebe mais chá, assa mais um bolo, faz sorvete de morangos, fecha a janela, abre a janela, espera pelo verão.
Ca’ Secco
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Os italianos da vinícola Ca’ Momi não estão mais em Veneza, na Itália, mas têm a técnica, têm os recursos, têm a qualidade, por que não fazer um frizzante local? O primeiro vinho espumante estilo prosecco produzido na California—Ca’Secco.
Delicioso, refrescante, feito no Napa Valley com uma mistura das uvas Chardonnay, Sauvignon Blanc, Riesling, Gewürztraminer e Muscat. E tem o preço dos vinhos daqui, em torno de 15 patacas americanas por uma garrafa.
E o Ca’Secco frizzante ainda vem numa garrafa linda, com um rótulo colorido e alegre, que convida para um brinde.




