Autor: Fer GuimaraesRosa
jalapeño poppers
Nós somos uns frangotes quando se trata de pimenta. Provamos uma micro dose e já saímos despirocados correndo em círculos com cara de desespero—água, água, leite, leite, iogurteeeeee! Todo verão recebo pimentas na cesta orgânica, que mofam, apodrecem, secam, fossilizam e eu não arrumo coragem pra usá-las. Tenho medo delas, assumo! Mas ao mesmo tempo que tenho medo, as pimentas me seduzem. Caso psicótico clássico, né? Vai dai que comecei a ter umas visões perturbadoras. De repente todos os websites norte-americanos de culinária começaram a publicar receitinhas com as maRditas e eu fui ficando com os beiços moles de tanta vontade de provar uma dessas tais de jalapeño poppers.
Cuidadosamente comprei 14 jalapeños e investiguei profundamente todas as receitas disponíveis. Todas eram feitas no forno, mas eu queria fazer na churrasqueira. Quando achei um vídeo de um cara fazendo o que eu queria fazer, com sucesso, fui em frente. Decidi fazer do meu jeito também com o recheio. A maioria das receitas usavam cream cheese, mas eu não tinha. Substituí por mascarpone. Também quis fazer com bacon. Pra quem está acostumado com pimenta, essas poppers serão devoradas como amendoins. Pra nós, foi assim como se pinchar numa grande aventura. A boca ardeu, o olho chorou, o coração disparou, mas foi muito legal!
As poppers feitas na churrasqueira precisam de vigilância. Tem que ficar ali, checando. Molhe os palitos na água antes, pra eles não incendiarem. Se for fazer no forno, não se preocupe.
14 pimentas jalapeños abertas e sem sementes
1/4 xícara de mascarpone
1/4 xícara de queijo de cabra
Um punhadinho de salsinha fresca
7 tiras de bacon [*eu uso os do Niman Ranch]
Com luvas ou com as mãos untadas com óleo vegetal, corte as pimentas e remova as sementes. Misture os dois queijos e a salsinha. Pode fazer no mini processador. Recheie cada jalapeño com a mistura de queijo, enrole metade de uma tira de bacon em cada e prenda com um palito. Coloque numa forma forrada com papel alumínio e leve ao forno pré-aquecido em 400ºF/ 205ºC. Asse até o bacon ficar crocante. Eu fiz na churrasqueira, mas se fizer sem o bacon dá pra cozinhar rapidamente usando o broiler do fogão.
figo assado com pastis e mel
A visão dos primeiros figos da estação no Farmers Market me fez perder o prumo. Não tenho pudores com relação à essa fruta e compro sempre mais do que consigo carregar ou comer. É vergonhoso! Comprei um montão de figos super roxos e super maduros, fiquei ocupada e distraída com um almoço para umas visitantes e no dia seguinte eles estavam no limite—ou cozinhava ou perdia. Procurei receitas de torta de figo, bolo de figo, sorvete de figo, entrei em parafuso, Descartei qualquer coisa que precisasse de muito tempo no forno por causa do bafão. Quando abri o The Perfect Scoop do David Lebovitz e procurei no index por figo, ficou tudo resolvido e decidido. A palavra Pernod, somada à palavra figo formou a frase perfeita. Fiz os figos assados numa piscada. Usei Pastis no lugar do Pernod. Fiz no forno, mas poderia ter feito na churrasqueira embrulhando as frutas em papel alumínio.
Figos maduros lavados e cortados ao meio
Pernod, Pastis ou qualquer outra bebida à base de anis
Mel
Coloque os figos num refratário, regue com a bebida e com um fio de mel. Cubra com papel alumínio e leve ao forno pré-aquecido em 375ºF/ 190ºC por 20 minutos. Remova e sirva, morno acompanhado de sorvete ou bolo. Guarde numa vasilha de vidro com tampa e coloque na geladeira. Sirva frio com um pingo de creme de leite fresco, que foi o que nós fizemos.
a zilhonésima sopa de tomate
Foi uma segunda-feira extremamente desgastante. Daquelas que parecem não ter fim. Sem mencionar o fato de que tivemos um dia tórrido, com quarenta graus. Daí chega em casa, pega a cesta orgânica, divide a cesta orgânica, reclama da quantidade de verduras [ainda!] que chegaram, reclama que não veio nenhum tomate, lava, lava, lava. Na hora de preparar o jantar, o desânimo me abateu. Não só pelo cansaço, mas pelo calor que faz mesmo a gente perder um bocado de energia e de apetite. O jantar que ficou decidido na minha cabeça—sopa fria, alright! Usei tomates em lata, os orgânicos e fire roasted da Muir Glen, que eu uso, adoro e recomendo. Usei uma lata de 800gr de tomates inteiros, sem pele.
1 lata de 800gr de tomates fire roasted
[faça os tomates assados ou grelhados para substituir]
1 xícara de água gelada
Um punhado de folhas de manjericão fresco
Suco e raspas da casca de meio limão grande
Sal a gosto
Tabasco para temperar
Bata os tomates, a água e o manjericão no liquidificador. Passe tudo pela peneira e coloque numa sopeira. Tempere com o suco e raspas do limão, sal a gosto e gotas de tabasco [*usei o tabasco verde de jalapeño]. Leve à geladeira para gelaer. Sirva. Essa receita proporciona 4 porções bem generosas. *servi com essas tortillas chips da marca Food Should Taste Good.
picolé de limão
O verão já estacionou todo malandro por aqui, o que significa que já estamos sendo engolfados pelos temidos “triple digits”—as temperaturas acima dos 100ºF [38ºC]. Não sofremos com esse calorão constantemente, ele vem e vai em ondas. Mas quando uma das ondas chega, nossa rotina muda um pouquinho. É recomendável que se beba muito liquido, de preferência água, que se alimente de maneira leve, se feche as janelas e persianas da casa pela manhã, e que todos mantenham-se em ambientes climatizados. Nos dias do calorão é melhor não planejar picnics, não ligar o forno dentro da cozinha pois a vontade é mesmo só de comer coisas frias. Neste final de semana tivemos nosso primeiro 100ºF e as refeições foram leves, feitas na churrasqueira que fica no quintal. E é claro que as sobremesas foram frutas frescas e sorvete. Fiz mais uma leva de picolés e como sou uma pessoa absolutamente fiel aos sabores cítricos, o sabor escolhido foi o limão.
Ainda tenho limões gigantes pendurados por um fio no meu limoeiro. Vira e mexe um despenca, de tão pesado. Eles são cheios de sumo. E eu aproveito tudo—ralo a casca e seco, espremo o suco até a última gota. Para esse sorvete, usei apenas um limão. Deu 8 picolés.
1 xícara de creme de leite fresco
1 xícara de iogurte integral
Suco e raspas da casca de 1 limão
Mel a gosto
1 colher de chá de licor limoncello
Misture muito bem todos os ingredientes numa jarra comum ou medidora. Assim fica mais fácil colocar o liquido nas formas. Coloque os palitos, cubra, leve ao congelador. Se não tiver o molde e for fazer os picolés com copinhos de papel, plástico ou vidro, cubra cada um com um pedaço de plástico filme bem esticado, daí insira o palito, pra ele congelar retinho e no lugar certo.
larkspur
mini abobrinhas [e flores]
Eles são um casalzinho provavelmente nos seus setenta anos. Às vezes percebo que eles são meio espaçados—dão troco de mais ou de menos, esquecem de te dar o produto ou te dão em dobro. Mas o que me atraí na banca deles no Farmers Market é que tudo parece ter vindo de um quintalzinho ou talvez um pequeno sítio. Os produtos não são bonitos, muito menos abundantes. É um pouquinho disso, outro pouquinho daquilo, gosto sempre de parar lá e comprar coisinhas. No ano passado virei freguesa das mini abobrinhas que eles tinham sempre numa cestinha. Neste ano elas já chegaram e como resistir à essas pequenuchas com flores? Comprei todas, infelizmente não eram muitas.
Passei cinco dias sozinha, então para o almoço de um deles fiz as abobrinhas na churrasqueira, só pra mim. Cortei todas ao meio, temperei com um pouquinho de sal de limão e alecrim caseiro [na mesma receita deste de laranja] e azeite. Grelhei dentro de um envelope de papel alumínio grosso e servi com umas bolinhas de queijo de cabra misturado com folhas de salsinha fresca e pingos de suco de limão.
Como não consegui comer todas as abobrinhas sozinhas, porque para aquele almoço solitário também grelhei um maço de brócolis fininhos, comprados na banquinha do casalzinho, e fiz uma quinoa com cogumelos. Mas guardei as sobras, que viraram uma deliciosa sopa fria no dia seguinte. Apenas bati as abobrinhas no liquidificador com um pouco de água, um pouco de kefir, um fio de azeite e um pouquinho de salsinha fresca. Ficou super saboroso e refrescante.
[la ciboulette]
gelatina de vinho com frutas
Nesta época não tem jeito, tudo gira em torno das frutas por aqui. E eu adoro! Por isso estou com o novo livro da Deborah Madison, Seasonal Fruit Desserts pra lá e pra cá, abrindo e fechando, marcando páginas e sofrendo com ansiedade por não poder por todas as receitas em prática de uma só vez. Aos pouquinhos, vou testando. E essa com gelatina já brilhou no palco iluminado, exatamente como deveria. Ela recomenda um vinho doce ou espumante. Eu usei um Sauvignon Blanc e achei que ficou perfeito. As frutas ficam a critério de cada um. Eu usei cerejas rainier, pêssegos e blueberries. A autora avisa que por causa do álcool essa gelatina demora mais para solidificar e é isso mesmo. Planeje fazer de um dia para o outro. E lembre-se que essa sobremesa é só para maiores de 18 anos—ou de 21, dependendo do país onde você estiver! [Pisc!]
1 pacotinho [8 gr ou 1 e 1/8 de colher de sopa] de gelatina em pó sem sabor
1/3 xícara de açúcar orgânico
1/2 xícara de vinho [ou água, eu usei vinho]
1 1/2 xícara de vinho
2 colheres de sopa de suco de limão
1 1/2 xícara de frutas frescas cortadas em pedaços pequenos [ se quiser salpique com um pouquinho de açúcar e pingue suco de limão]
Numa vasilha pequena coloque 1/4 xícara de água ou vinho [usei vinho] e polvilhe a gelatina por cima. Reserve.
Numa panela misture 1/2 xícara de vinho com o açúcar e leve ao fogo, mexendo bem com um batedor de arame até o açúcar dissolver completamente. Remova do fogo e junte a mistura de gelatina. Mexa bem e adicione o resto do vinho e o suco de limão. Coloque num refratário molhado e leve à geladeira até a gelatina ficar firme—pelo menos umas 6 horas. Corte a gelatina em cubos com uma faca, coloque em copos ou taças alternando com a fruta picada. Sirva imediatamente.
compras verdes
Uma tábua de pia feita com embalagens de alimentos reciclados, produto dos EUA [nada de made in China] e muito anatômica. Da mesma marca que faz minha escova de dentes. Eu fujo dos plásticos, mas abracei essa idéia!
Na mesma loja onde comprei as forminhas para picolé, também encontrei a solução que buscava para guardar legumes e verduras na geladeira. Ficava incomodada com o tanto de ziploc que gastava, mesmo tentando ao máximo reusá-los. Esses, laváveis, não só guardam os produtos na geladeira, mas podem ser levados ao supermercado e feira, para colocar as compras neles. Ao invés de pegar outro saquinho, leva o seu, reusa, lava, reusa. Adorei a idéia e aprovei a qualidade, pois meus legumes e verduras ficaram muito bem conservados na geladeira. Comprei quatro pacotinhos, cada um contendo dois sacos grandes e um pequeno e custando dez patacas.