The real McCoy

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Todos os dias eu passo de bicicleta em frente à uma das pequenas casinhas nas laterais da minha vila, onde tem um pé de limão meyer lotado, e fico na tentação de parar e pegar uns pra mim. No inicio do ano peguei uns dois de um outro pé de limão meyer que fica bem na frente de uma outra casa, já espichado na calçada. E também peguei uns limões nesta mesma casa, uns daqueles que dava pra alcançar do outro lado da cerquinha. Fora isso, nunca arrisquei encarnar uma meliante e me apossar dos limões que estão pendurados numa árvore plantada e enraizada num quintal alheio. Eu iria ficar muito enraivecida e descabelada se alguma maluquete pedalando uma bicicleta velha passasse roubando os meus limões! Por isso me comporto. Mas olhar e cobiçar não tira pedaço, né? Então eu olho e cobiço, todo santo dia. Limões meyer, lindos, amarelos, aromáticos e suculentos.

Dai meu colega no trabalho veio avisar que tinha trazido uma caixa com limões do quintal dele, para que todos se servissem à vontade. Ele já tinha feito outras desovas dessas no passado. Você trouxe o limão meyer, perguntei. Sim são os meyer, ele respondeu. Me segurei por alguns minutos, tentando controlar minha super animação. Quando percebi que chegara o momento adequado, me dirigi sorrateiramente até a caixa onde estavam os limões e numa manobra totalmente infame e censurável—PEGUEI METADE DOS LIMÕES PRA MIM!

Levei tudo pra casa na hora do almoço, feliz da vida com o meu farto estoque de limões, do meyer ainda por cima, o meu favorito. Quando voltei para o trabalho, um novo aviso circulava por e-mail—TEM MAIS LIMÕES LÁ NA CAIXA PARA QUEM QUISER! Sem nenhum pingo de vergonha na cara, fui novamente me servir dos limões, mas peguei somente alguns, uns poucos, uns dez.

Com um belo estoque de limões meyer na bancada da cozinha esperando para serem usados, comecei a selecionar receitas. A primeira foi o lemon curd e o bolo de crepe. Depois quis fazer uma gelatina de limão, mas a autêntica, com gelatina em pó sem sabor e sem misturar com nada cremoso. Apenas suco e casca ralada de limão meyer, açúcar, água e gelatina. Podem dizer o que quiserem, mas na minha opinião, nenhuma gelatina de caixinha, de cor amarela ou verde fosforescente, bate essa, legitima—the real McCoy, feita apenas com o puro suco do limão. E a receita não tem nenhum segredo.

5 limões meyer, suco espremido, cascas raladas
4 envelopinhos de 7g* cada de gelatina em pó sem sabor
[*cada envelope de 7 g corresponde à 1 colher de sopa]
Açúcar a gosto

Misture o suco de limão com água até completar 4 xícaras de liquido. Coloque 1 xícara numa vasilha e salpique os quatro pacotinhos ou 4 colheres de sopa de gelatina em pó sem sabor por cima. Deixe descansar por 5 minutos. Enquanto isso, leve ao fogo as outras 3 xícaras do suco e as raspas da casca dos limões misturadas com o açúcar numa panela. Deixe esquentar até derreter todo o açúcar. Despeje o liquido quente sobre o liquido frio com a gelatina, mexa bem até ficar tudo dissolvido e coloque numa forma molhada com água. Leve à geladeira até firmar, daí desenforme numa travessa e sirva.

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Passamos uma tarde deliciosa de sábado passeando pelas vinícolas do Shenandoah Valley, no condado de Amador. São muitas vinícolas pequenas onde às vezes o próprio dono te recebe na porta e te serve o vinho acompanhado de muitos dedos de prosa. Gostamos de sair do circuitão turístico do Napa/Sonoma e descobrir verdadeiras preciosidades encravadas em propriedades praticamente escondidas, com acesso por estradinhas de terra, curvas, curvas e mais curvas. Bebi muito vinho bom e saí um pouco da minha rotina de zinfandel, pinot noir, cabernet, merlot. Algumas das vinícolas produzem variedades de uvas italianas, que eu não conhecia. Outras tem as famosas barbera e tempranillo. Também gostei imensamente da adocicada orange muscat. Acho que aprendi um pouquinho mais sobre vinhos. Ou ao menos espero ter aprendido. Queremos agora explorar outras áreas menos afamadas, mas tão ricas e interessantes, como a região do condado de Calaveras, El Dorado, Lodi e a cidade de Clarksburg, que produz vinhos excelentes. E isso só por aqui no Central Valley, que é a região onde eu vivo. A Califórnia é muito mais que Napa e Sonoma. Só precisa pegar a estrada e sair com animação para explorar.

bolo crepe de limão

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Depois de fazer esta receita, fiquei com a sensação insistente e pulsante de que a Martha Stewart é uma grande enganadora. Ela faz absolutamente tudo parecer super fácil de fazer nas páginas da revista dela. Mas a realidade é outra. Felizmente não sou crafter, então não me meto a fazer aqueles artesanatos perfeitos que ela ensina. Iria ser uma frustração imensa, pra quem mal consegue cortar uma folha de papel em linha reta. As receitas de culinária também não estão isentas. Tá lá a fotona linda daquele bolo de três camadas absolutamente perfeito. Que pessoa comum, que não seja profissional dos bolos, nem tenha feito um super curso, ou tenha aquele dom natural que nem todo mundo tem, consegue reproduzir aquelas belezas. Eu é que não sou!
Na edicão de abril da MSL, aquela que veio com três capas lindas e receitas para a comemoração da páscoa, estava lá o tal bolo de crepes. A foto maravilhosa, dando a impressão firme de que fazer aquilo seria a coisa mais fácil do mundo, pra fazer lendo um livro, varrendo a casa, assobiando e chupando cana. Um monte de crepes um em cima do outro entre camadas de lemon curd. Alguém viu alguma dificuldade ai? Eu não vi.

Mas na hora de colocar a coisa na prática, bufei e pragueijei como uma desgramenta. Dona Martha enganadora de pessoas ingênuas! A receita pedia ovos e leite em temperatura ambiente. Breca tudo! Deixa os ovos e o leite por hooooras esperando. Depois a massa exigia descanso de pelo menos duas horas na geladeira, de preferência durante a noite. Breca tudo! Põe a massa de repouso. E quando finalmente consegui fazer os crepes, achei que eles ficaram exageradamente finos. Folhas de papel de seda, difíceis de virar na frigideira. A foto da revista dava a impressão de uma massa um pouco mais grossa. E depois de todo esse rififi, o bolo pronto, podemos comer? Não senhores! Depois de pronto o bolo ainda precisa ficar descansando na geladeira para firmar. Aaaaah!

Concluindo, do inicio ao fim, esse bendito bolo de crepes levou praticamente três dias pra chegar em fatias aos nossos pratos e em garfadas às nossas bocas. Tá certo que eu não sou a rainha da organização, mas achei todo o desenvolver da receita uma coisa absolutamente irritante. Sem falar que na minha opinião, o bolo não ficou assim o fino da bossa. Deu apenas um mero sambinha. Segue a receita, para os corajosos que quiserem arriscar.

Primeiramente fiz o lemon curd, usando limões meyer e esta receita da Alice Waters que é super simples e deliciosa.

meyer lemon crêpe cake
serve 12 porções
3/4 xícara de farinha de trigo
1/2 xícara de açúcar
1/4 colher de chá de sal
1 1/4 de xícara de leite integral em temperatura ambiente
3 ovos grandes em temperatura ambiente
1/2 colher de sopa de extrato puro de baunilha
6 colheres de sopa de manteiga sem sal derretida
Meyer lemon curd

1/4 de creme de leite fresco batido em chantilly
Misture a farinha, açúcar e o sal numa vasilha com o batedor de arame. Numa outra vasilha bata o leite, os ovos e a baunilha. Gradualmente jogue a mistura de leite na mistura de farinha. Bata bem com o batedor de arame até ficar uma massa bem lisa. Junte a manteiga e continue batendo. Passe a massa por uma peneira para remover qualquer pelota. Coloque num recipiente com tampa e leve a geladeira por no mínimo duas horas ou durante a noite.

Unte uma frigideira de 16 cm com manteiga. Deixe esquentar em fogo médio. Adicione duas colheres de sopa de massa para fazer cada crepe. Frite dos dois lados e remova cada crepe para uma travessa. Em cima de cada uma coloque uma camada fina de lemon curd. Vá fazendo os crepes, empilhando e recheando. Dá uns 15 crepes. Termine com um crepe. Cubra e leve a geladeira até o bolo de crepes ficar bem firme. Sirva com uma bolota de chantilly e decore com fatias finas de limão ou com limão cristalizado.

limão cristalizado
faz 2 xícaras
1 xícara de açúcar
1 xícara de água
2 limões meyer orgânicos, lavados e cortados em fatias finas com a casca

Numa panela misture a água e o açúcar e leve ao fogo até o açúcar dissolver. Adicione as fatias de limão e tampe a panela. Deixe cozinhar em fogo médio-baixo por uns 30 minutos. Deixe o limão esfriar junto com o xarope que vai formar. Usando uma escumadeira, remova os limões e espalhe numa grade sobre uma assadeira. Deixe descansar e escorrer o resto do xarope. Esses limões podem ser refrigerados no xarope, cobertos, por até 3 semanas.

farofa de amêndoa e pimenton

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Não tive a oportunidade de fotografar, nem de comer este prato de aspargos com ovos preparado pelo pessoal do restaurante Contigo para ser um dos modelos para o workshop de fotografia. Foi somente a primeira turma que fotografou e comeu esse prato. Eu fiquei com a torta de maça, a salada de laranja, o arroz negro com calamares e o chocolate com churros. Não senti falta porque não curto muito os ovos com gema mole, como eles são normalmente preparados para acompanhar os aspargos. Mas no final do workshop, estávamos naquele convercê final de despedida, quando alguém comentou com o chef Brett Emerson alguma coisa sobre o prato de aspargos e indagou sobre aquela “farofinha” salpicada sobre os ovos. O super tranquilão chef respondeu já dando a receita—ah, é apenas uma mistura de amêndoas trituradas com pimenton de la vera. Ouvir aquilo foi o que me bastou para entrar numa vibração obsessiva. Não sosseguei enquanto não testei a ideia em casa. Com a chegada da primavera, os aspargos têm aparecido abundantemente na minha cesta orgânica e no Farmers Market. Modifiquei a receita a beça, porque não gosto de gema mole e não tinha o jamon que o chef usou no seu prato. Também não grelhei os aspargos, apenas cozinhei no vapor e temperei com sal e azeite só na hora de comer, já no prato. Troquei o jamon por bacon [usei o uncured applewood do Niman Ranch] e ovo frito por ovos caipiras cozidos. Pra fazer a farofinha, coloquei no processador um punhadinho de amêndoas torradas, um pouquinho de pimenton de la vera doce e outro pouquinho [bem pouquinho] do apimentado. Ficou super interessante.

sorvete de banana

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Recebi essa dica excepcional da Alexandra Guerson que viu e fez a incrível receita de sorvete feito com apenas um ingrediente. Minutos antes de ler a dica da Alex no twitter, eu tinha separado 4 bananas super maduras e estava naquele dilema do que fazer com elas. Depois disso, tudo ficou resolvido! Fiz o sorvete de banana, que é a coisa mais simples do mundo e ainda por cima não precisa de sorveteira!

Corte as bananas em rodelas e espalhe numa travessa. Leve ao freezer e espere congelar. Quando as rodelas de banana estiverem congeladas, vá colocando aos poucos no processador de alimentos e pulsando até virar um creme. Eu adicionei um pouquinho de maple syrup, como a Alex sugeriu. Mas não precisa, já que a banana é uma fruta bem doce. Fica realmente super cremoso. É um sorvete para se fazer e comer no mesmo dia, mas que resiste muito bem ao tempo no congelador.

erva doce assada com queijo parmesão & tomilho

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Este prato está na edição de março de 2010 da revista Everyday Food e listado na seção dos acompanhamentos. Mas para nós, ele serviu como prato principal, acompanhado de um arroz com lentilhas e cebolas caramelizadas. Me surpreendi agradavelmente com o resultado. Simplesmente delicioso e nem preciso dizer que não sobrou migalha, né?

3 bulbos pequenos de erva-doce [*usei 2 grandes]
Manteiga para untar
1/3 xícara de queijo parmesão ralado
Sal marinho grosso e pimenta do reino moída a gosto
3 raminhos de tomilho fresco

Corte os bulbos de erva doce ao meio e coloque numa panela com água. Leve ao fogo e deixe cozinhar por uns 15 minutos ou até os bulbos ficarem macios. Remova os bulbos da panela com água [guarde a água para usar como caldo] e coloque para escorrer, com a parte cortada para baixo, sobre folhas de papel ou um pano de prato. Coloque os bulbos cozidos num refratário, com a parte cortada virada para cima. Unte cada bulbo com um pouco de manteiga, salpique sal e pimenta do reino moída a gosto, polvilhe com o queijo parmesão ralado e com as folhinhas de tomilho fesco. Leve ao forno pré-aquecido em 450ºF/ 232ºC por 20 minutos, até o queijo ficar grantinado. Sirva imediatamente.

salada para um

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Quando o Uriel viaja acabo sempre batendo o meu próprio record de comer sanduiche de pão com queijo e saladas. Tenho a maior pregui de cozinhar só pra mim. Quando ele volta, já estou seca para comer comida. Nem que seja um simples arroz com feijão. Mas enquanto ele não está, bebo vinho e improviso ranguinhos frescos e fáceis, como esta salada, que comi sozinha acompanhada de fatias de baguette torradas na frigideira.
para a salada:
Folhas de alface
Um pepino libanês cortado em fatias finíssimas
Pimentão piquillo cortado em pedaços
Queijo feta esmigalhado
para o molho:
Suco e raspas da casca de um limão cravo pequeno
2 colheres de sopa de iogurte natural integral
1 colher de chá de mostarda Dijon
Sal [flor de sal ou maldon] e pimenta do reino moída a gosto
3 ou 4 colheres de sopa de azeite
Misturar bem os ingredientes com um batedor de arame até virar um creme bem incorporado, e temperar a salada.

fotografando com Penny De Los Santos

Passar um dia na companhia da fotógrafa Penny De Los Santos em San Francisco, fotografando e aprendendo, foi uma oportunidade de ouro que eu agarrei rapidinho, dando um salto triplo de ninja. Nunca fui tão rápida tomando uma decisão e me registrando para um evento. Dez minutos depois da Elise Bauer anunciar que a Penny estaria dando um workshop em SF , eu já estava com o meu espaço garantido. E minha rapidez e destreza valeram a pena! Eu já conhecia a Penny, dos seus trabalhos pra revista Saveur, de outros workshops que eu invejei e já era leitora do seu blog Appetite. No dia do evento, sai de Davis super adiantada, porque não queria pagar mico de chegar atrasada e acabei chegando na cidade uma hora e vinte antes do inicio do workshop. Andei pela Castro Street, comi outro breakfast, enrolei ouvindo gospel no rádio do carro , quando vi a Penny chegando com a Tara do blog Tea & Cookies, que a ajudou a organizar o evento. Fui a primeirona a entrar no restaurante Contigo, onde parte do workshop iria acontecer.

Penny é uma simpatia e uma simplicidade. Veio me receber, o que já me fez inaugurar o primeiro mico do dia. Pra quem ainda não sabe, sou a maior produtora de gafes do oeste norte-americano. Aos pouquinhos os outros participantes foram chegando e infelizmente eu não conhecia ninguém, com exceção da Elise. Na primeira fase do evento, Penny contou um pouco da trajetória dela, mostrou muitas fotos, cada uma com uma história bacana, numa aula de fotografia e de vida. Depois tivemos a oportunidade de fotografar a comida preparada pelo time fabuloso do restaurante Contigo. Também ganhamos permissão para comer todos os “modelos”. Durante o workshop Penny circulou pelo restaurante, conversando e dando dicas, dando até pra esquecer por micro segundos que ela era aquela fotografa super fantástica que ilustrava com imagens magnificas as páginas das revistas Saveur e National Geographic.

Na segunda parte do workshop saímos para as ruas da cidade, primeiro para almoçar, o que eu acabei não fazendo. Encontramos com a Penny na esquina da Mission Street, onde faríamos a segunda parte da nossa tarefa fotográfica. Ali mesmo comi o um saquinho de manga fresca, vendida por um mocinho num carrinho que também oferecia abacaxi e papaya. Dali partimos em dois grupos para fotografar perspectivas, pessoas e comida. A parte mais difícil para mim é fotografar pessoas. Pedi, muito sem graça, para fotografar o cachorrinho de uma moça e ela avisou—só o cachorro, pois eu não estou vestida apropriadamente. Tive que obedecer. O Mission District é um gueto latino em San Francisco, cheio de cores e figuras interessantes. Era domingo, então as famílias estavam passeando e almoçando nos inúmeros restaurantes da região. Eu e a Elise entramos num que vendia pupusas e eu pedi licença para fotografar, o dono consentiu, mas a senhora que moldava as pupusas não gostou. Fez cara feia, virou as costas pra mim e ainda reclamou. Tivemos que pedir desculpas e cascar fora.

Depois das duas horas pra cima e pra baixo na Mission, nos encontramos no 18 Reasons, um espaço para eventos relacionados à gastronomia, onde conectamos nossos laptops, escolhemos 12 fotos e fizemos um slide show com fotos de todos os participantes. Me senti invariavelmente frustrada, pois sempre acho que não dei o melhor de mim, que minha timidez é uma pedra no sapato, me atrapalhando muito, eteceterá. Mas minhas fotos não foram vaiadas! Terminando o dia na companhia de uma fotografa tão talentosa e outros vinte e quatro blogueiros, escritores e fotógrafos, me senti flutuando no ar. Como se milhares de portas tivessem sido abertas na minha consciência. A identificação que senti com o trabalho lindo e orgânico da fotografa Penny De Los Santos me deu certeza de que estou no caminho certo. Só falta um pouquinho mais de tempo para fotografar e uma boa dose de coragem e firmeza.

[**fotos dos outros participantes do evento no album do Flickr — Penny in SF]

gelatina de pistacho

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Minhas experimentações com agar-agar continuam acontecendo pelos bastidores, embora nem tudo acabe aparecendo por aqui. Um dos experimentos virou uma gelatina bem gostosa, que eu até fotografei e tals. No final acabou não rolando fotoblogabilidade e ela desvaneceu silenciosamente para o arquivo morto da obscuridade. Era uma interessante mistura de leite de amêndoas e castanhas portuguesas, mais o agar-agar. A protagonista de hoje, feita com leite, iogurte e pistachos, ficou por um bom tempo pendurada por um fio naquele limite entre a decisão de publicar ou abortar. Decidi publicar.
Tenho o privilégio de viver numa região produtora de muitas coisas gostosas e nutritivas, entre elas o pistacho. Um dos projetos do meu marido é uma colheitadeira de pistachos, que ele testa durante a colheita todo final de verão numa das maiores fazendas do estado. Na nossa festa de trabalho de final do ano, um dos advisers do programa não pode comparecer, mas mandou uma caixa enorme cheia de pistachos fresquinhos com um aviso para que todos se servissem a vontade. Eu obedeci e trouxe um saco para casa, apesar deles não terem passado pelo controle de qualidade, por não estarem perfeitos, salgados, eteceterá.
Depois de alguns meses alojados na categoria de encalhados, finalmente salvei os pistachos de uma existência de inutilidade. Descasquei um por um e medi 1 xícara de pistachos inteiros. Bati essa xícara de pistachos com 1 xícara de leite e três colheres de sopa de mel. Coloquei a mistura numa panela, juntei 1 envelope de 4g de agar-agar [mais ou menos 1 2/3 colheres de chá] e levei ao fogo. Deixei ferver, removi do fogo e juntei 1 xícara de iogurte integral natural. Misturei bem, coloquei numa vasilha molhada e levei à geladeira até firmar.
Essa gelatina ficou deveras interessante. O iogurte proporcionou uma acidez muito legal, que me agradou imensamente. Mas dá pra fazer somente com leite. Faz uma gelatina cremosa e crocante, se você acredita que isso seja possível.