Um detalhe interessante que notei sobre o Pike Place Market, é que algumas coisas lá são mantidas no seu estilo original. Muitas modernidades contrastanto com o tradicional, como essa vendinha de mini donuts que parece ter saído de uma quermesse. O contraste está nos vendedores bem jovens e com um visual super grunge vendendo essas gostosuras. Adoramos a maquineta, que pinga as rodelinhas na esteira de óleo, depois frita pelos minutos exatos e joga os donuts já prontinhos para serem besuntados com chocolate ou polvilhados com açúcar numa bandeja. Esse acabamento é feito a mão. Você compra os mini donuts por dúzia, pois eles são bem pequenos e um só não faz nem cosquinhas.
Autor: Fer GuimaraesRosa
Pike Place Market – Seattle
Só porque o Uriel teve uma viagem de trabalho para dois lugares em Washington State, decidimos que eu iria encontrá-lo em Seattle e passaríamos a o final de semana por lá. Nossas viagem de passeio são normalmente determinadas pelos destinos das viagens de trabalho do meu marido. Essa cidade estava na minha lista de prioridades aqui nos EUA. Tão pertinho, mas nunca tivemos a oportunidade, ou criamos uma, para poder passear por lá. Demorou, mas finalmente consegui conhecer Seattle.
Recebemos muitas dicas legais da Victoria, namorada do Gabriel, que é de lá. Mas mesmo antes de ler a lista de recomendações dela, eu já sabia que teria que visitar o Pike Place Market, que é um dos pontos de maior interesse em Seattle. O mercado é mundialmente famoso e um dos maiores e melhores dos EUA. Foi criado 1909, o que para este far west americano, é realmente uma existência ancestral. E é absurdamente enorme, comporta muitos prédios, muitas ruas e vielas. Não conseguimos ver tudo, porque queríamos fazer outras mil coisas e o Uriel queria pegar a balsa para a ilha de Bainbridge, outro passeio recomendado por causa da paisagem.
O mercado é de tirar o fôlego. Estava abarrotado de tulipas, uma flor que tem produção massiva no estado de Washington. Muitas bancas de peixes e frutos do mar, obviamente. Tudo fresquinho, muitos vindos do Alaska, como o salmão selvagem—que era abundante, do fresco ao defumado. As bancas de pescadores e fazendeiros com muita gente jovem e energetica, artistas tocando música em todos os cantos, e muita, muita gente fazendo compras. Tomamos o café da manhã lá, numa lojinha gourmet de enlouquecer. Achei Seattle linda e uma cidade referência para visitantes foodies. Tive ótimas experiências lá, que vou ter que ir contando aos pouquinhos. A loja de ervas no mercado, a primeira loja da Starbucks, o restaurante orgânico, a tour na fábrica de chocolate, eteceterá, eteceterá!
salada de aspargos
Acho que eu nunca iria arriscar fazer algo com os aspargos crus, se não tivesse visto a idéia na revista da Dona Martha Stewart—a rainha das idéias originais surrupiadas e adaptadas, segundo as bocas de Matildes. Permaneci cética até o momento iluminado em que dei a primeira garfada nessa salada. Benditos aspargos, ficam bom de qualquer jeito!
Pra fazer essa salada só precisa aspargos e paciência. Não sou a pessoa mais jeitosa do mundo com itens que requeiram destreza manual. Então não foi muito tranquilo fazer as tiras dos aspargos, que são fininhos e me deixaram com a cara torcida, tentando não quebrar as fitas, nem ralar o dedo. Usei um descascador de legumes.
Depois é só temperar as tiras de aspargos com suco e raspas da casca de um limão, sal maldon ou flor de sal, bastante azeite extra-virgem e uma pitadinha de pimenta do reino branca moída na hora. Adicione no final um punhado de raspas de queijo parmesão e sirva.
rosquinhas de erva-doce
Daí que eu cheguei em casa depois do trabalho e ao invés de ir fazer o jantar fui fazer rosquinhas. Tudo porque a Gabriella Galvão, que é jornalista na revista Cláudia, tinha enviado o link com a receita das ditas cujas e me desconcentrou de todo o resto. Rosquinhas são figuras mitológicas da nossa infância, não são? Pra mim elas sempre foram a epítome da gostosura. E essas se materializaram rapidamente e não decepcionaram. A massa é fácil de fazer e de trabalhar. A falta de formosura pode ser creditada à minha inabilidade com coisas manuais. Acho que não brinquei com massinha o suficiente na pré-escola, fiquei só comendo rosquinhas.
rosquinhas com erva-doce
faz 20 unidades
1/2 xícara [ou 8 colheres de sopa] de manteiga
1/3 xícara de açúcar
1 colher de chá de fermento em pó
2 ovos
1/2 colher de chá de sementes de erva-doce
1/4 de xícara de leite
2 1/2 xícaras de farinha de trigo
para banhar
1/3 xícara de leite
1/3 xícara de açúcar cristal
No processador, coloque todos os ingredientes e pulse até formar uma massa homogênea. Transfira para uma superfície enfarinhada e amasse até obter uma bola. Divida em 20 porções e, com cada uma delas, faça um rolinho fino de 30 cm de comprimento. Dobre ao meio, trance as duas metades e junte as extremidades, formando uma rosquinha. Passe no leite e, depois, no açúcar cristal. Repita a operação com o restante da massa e coloque em uma assadeira forrada com papel alumínio. Leve ao forno pré-aquecido em 400ºF/ 200ºC por 25 minutos ou até dourar ligeiramente a parte de baixo da rosquinha—verifique levantando uma delas com um garfo. Retire do forno e deixe esfriar sobre uma grade. Sirva acompanhada de café, chá ou licor.
Theo
Os chocolates da Theo são feitos com cacau orgânico e fair trade e esse amargo, com figos, erva-doce e amêndoas, ainda é vegano. Não resisti à essa mistura diferente, especialmente por causa da erva-doce. E de quebra eles ainda vêm com essa embalagem super fofa. Já fiquei freguesa, pois o chocolate é delicioso!
erva doce romana
A erva doce é um legume incrivelmente interessante do qual eu gosto muito. Depois de experimentar uma de suas variações gratinadas, encontrei a receita possivelmente original e muito mais incrementada. Na última edição [abril] da revista Saveur, cheia de pratos típicos romanos, tirei essa receita da erva doce assada no leite que é difícil de acreditar o tanto que esse negócio fica delicioso. Sem fazer comentários, só abri a boca para comer, garfadas atrás de garfadas, depois de ainda muitas outras e mais garfadas.
fennel baked in milk [finocchio con latte al forno]
serve de 4 a 6 pessoas
3 bulbos de erva doce
4 xícaras de leite integral
4 colheres de sopa de manteiga sem sal
1colher de chá de sementes de erva doce esmigalhadas no pilão
Sal kosher ou marinho grosso e pimenta do reino a gosto
1 xícara de queijo parmesão ralado na hora
Pré-aqueça o forno em 475°F/ 250ºC. Lave e corte os bulbos de erva doce ao meio, depois em quartos. Numa panela coloque o leite, os bulbos e 2 colheres de sopa de manteiga. Cozinhe em fogo médio por 30-40 minutos, até a erva doce ficar bem macia. Adicione as sementes de erva doce e tempere com sal e pimenta do reino a gosto.
Transfira as ervas doces para um refratário. Jogue o leite reduzido da panela sobre as ervas doces, polvilhe com o queijo parmesão e espalhe as outras 2 colheres de sopa de manteiga em pedacinhos por cima. Leve ao forno for uns 20 minutos, ou até a mistura começar a borbulhar e gratinar. Sirva decorado com os galhinhos da erva doce se quiser.
colhi alguns limões
quinoa negra com legumes verdes
Para um ranguinho corrido no meio da semana, uma mistura de ingredientes bem auspiciosa. Quinoa negra com legumes verdes. Uma refeição nutritiva e saborosa, que fiz usando a quinoa negra [orgânica e fair trade da Bolivia] misturada com uma cornucópia de legumes verdes—kohlrabi, aspargos, alho-poró, alho verde, favas verdes e ervilhas tortas— tudo orgânico, da minha cesta.
Lave bem em água corrente 1 xícara de quinoa e deixe escorrer bem. Numa panela coloque a quinoa e 1 1/2 xícara de água, um fio de óleo vegetal e uma pitada de sal. Deixe ferver, abaixe o fogo e cozinhe até a água ser absorvida e a quinoa ficar cozida.
Numa outra panela, coloque um pouco de azeite e refogue o alho-poró e o alho verde picadinhos por uns minutos. Junte os outros legumes picados, deixe refogar até tudo ficar cozido. Tempere com sal, uma pitada de pimenta cayenne se quiser. Junte a quinoa, misture bem e sirva.
sem título [enquanto espero]
Acontece sempre comigo nas mudanças de estação. Vou ficando exausta do ritmo, das horas, do movimento, da luz ou falta de luz, das roupas, das comidas. Me encho de expectativas para as novidades que virão, pode ser apenas um ventinho mais gelado ou um raiozinho de sol mais potente. E este ano fiquei assim, bem cansada, do nosso inverno molhado. Enchi os piquás prá lá de metro das verduras, tantas folhas, overdose de clorofila. Estava esperando os dias mais secos, mais amenos, sem vendaval, ventania, chuva de granizo, como mais legumes do que verduras e poder usar um vestido com casaquinho, uma echarpe esvoaçante, sapatilhas sem meia. Nem estou pedindo para já começar a receber tomates, muito menos morangos. Mas que pelo menos pare de chover e abra o sol nos finais de semana, quando eu dou minhas braçadas e pernadas na piscina. E que o tempo fique firme pra gente poder almoçar na mesa do quintal.
Esta primavera está sendo uma das mais incomuns. Irritantemente fria e chuvosa, cansativa. Guardei toda roupa de inverno e tive que resgatar algumas peças na emergência. Cansei de vestir meias, de sair de botas. Me visto obrigatóriamente em camadas, mas muitas vezes preciso me agasalhar mais no meio do dia. Numa dessas tardes caiu um temporal com trovoadas. Muito peculiar, já que por aqui raramente troveja. Não plantei tomates na horta ainda, porque eles detestam frio. E eu também estou começando a detestar, porque tudo o que é demais dá nos nervos, exacerba.
Pelo menos já começamos a devorar toneladas de aspargos, alcachofras, ervilhas—as novidades que chegam no inicio da primavera. Apesar que nenhuma fruta nova apareceu no horizonte, ainda. Mas todo dia, quando passo pedalando pela árvore de damascos que fica no meio da minha vila e que não pertence à ninguém, observo o progresso da natureza e já vi que a árvore tem frutinhos bem grandinhos. É isso mesmo, os damascos chegam primeiro que as outras frutas de caroço e me deixam enlouquecida pois a temporada é curtíssima. Mas por enquanto o jeito é ter paciência. Olho a previsão meteorológica todo santo dia, na verdade várias vezes por dia e apesar da manhã ter sido escura e ter chovido canivetes, o sol apareceu discreto no meio da tarde e promete ficar num esconde esconde ente nós e as nuvens por alguns dias. Como as temperaturas máximas ficarão em torno de 20ºC, já renovei meus ânimos, pois muitas mudanças boas irão chegar.
um detalhe