risoto com radichio

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Agora que meu marido finalmente se tornou um apreciador de risotos, posso me soltar e fazer esse prato sempre que tiver vontade, inventar, arriscar. Pra completar a minha alegria, descobri no Co-op um arroz arbóreo produzido aqui pertinho, um pouquinho mais pro norte de Davis. Fiquei muito besta quando descobri um tempo atrás que a Califórnia não é somente uma grande produtora de arroz, mas que também exporta o dito para a Ásia. Todo o arroz que eu consumo—basmati comum, basmati integral, jasmine, grão curto ou grão longo, integral ou comum, para sushi, vermelho, selvagem e o arbório, é produzido por aqui. A animação para testar o arbório californiano juntou-se aos lindos radichios alface que comprei na banca de uma família de fazendeiros onde compro também os melhores ovos, morangos e tomates. E sendo o radichio uma das folhas favoritas do Uriel, logo previ que este risoto iria acabar no nosso hall of fame.

Fiz risoto novamente sem usar caldo e não me arrependi. Quem quiser fazer com caldo faça, mas não me recrimine. Gosto de seguir meus instintos e muitas vezes acho que o caldo acaba dominando e oprimindo o sabor do ingrediente principal. Fiz a receita super básica, com 1 xícara de arroz, 1 xícara de vinho branco e 4 xícaras de água quente.

1 radichio lavado e picado em fatias
1 xícara de arroz arbóreo [sem lavar]
1 xícara de vinho branco seco
4 xícaras de água quente [ou caldo, se quiser]
2 colheres de sopa de manteiga
1 echalota picadinha
3 rodelas grossas de queijo de cabra cremoso
Sal a pimenta do reino a gosto
Vinagre balsâmico envelhecido para servir

Numa panela robusta derreta a manteiga e refogue a echalota picadinha até ela ficar bem macia. Junte o radichio picado, refogue até as folhas murcharem bem. Junte o arroz e refogue, mexendo sempre, por alguns minutos. Coloque o vinho e mexa até o liquido absorver completamente. Dai vá adicionando a água, uma xícara de cada vez e mexendo ocasionalmente, até o arroz absorver as 4 xícaras de água e ficar bem cozido e cremoso. Nos últimos minutos adicione o queijo de cabra [ou queijo parmesão ralado na hora], misture bem para incorporar. Salgue a gosto e tempere com pimenta do reino. Desligue o fogo, deixe descansar uns minutos e sirva com uns pingos de um bom vinagre balsâmico envelhecido por cima do arroz.

as minhas lavandas

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Até eu me espantei em perceber que nunca tinha apanhado nenhum raminho das lavandas do meu quintal para por num vaso. Já tinha usado pra cozinhar, mas nunca para enfeitar. Quando nos mudamos pra esta casa, há oito anos, plantei lavanda por todos os lados, diferentes variedades, algumas foram pra frente e outras não. As que prosperaram estão no canteiro onde ficam também o limoeiro e o pé de nectarina. Tenho o maior amor por essas lavandas, pois elas perfumam o meu quintal. Num outro dia acabamos de jantar na mesa do quintal e de repente eu olhei pras florezinhas, catei a tesoura de jardim e plicplicplicplic. Enchi dois vasinhos. Posudo, aqui está um deles.

cornbread
[com estragão & cheddar]

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Sem dúvida nenhuma este foi o melhor cornbread que já comi. A receita saiu da ediçào de março de 2010 da revista Country Living, cujo forte nem são receitas. O segredo das beiradas super crocantes e douradas é pre-aquecer a manteiga no forno, como eles ensinam. Fica bom demais, é super fácil e rápido de fazer e pra nós foi o prato principal do dia, acompanhado de uma salada simples de tomate com manjericão.

1 xícara de farinha de trigo
1 xícara de cormmeal amarela
2 1/2 colheres de chá de fermento em pó
1/2 colher de chá de sal
3 colheres de sopa de açúcar
1 tablete [113 gr] de manteiga sem sal
1 xícara de buttermilk
2 ovos grandes
120 gr de queijo cheddar ralado
1 colher de sopa de folhas de estragão fresco picadas

Pré-aqueça o forno em 425ºF/ 220ºC. Numa frigideira robusta de uns 22 cm que possa ir ao forno coloque a manteiga em pedaços e leve ao forno até a manteiga derreter e começar a ficar dourada. Enquanto isso misture a farinha, cornmeal, fermento, sal e açúcar numa vasilha. Separadamente bata os ovos com o buttermilk. Remova a frigideira do forno [*com muito CUIDADO!] e despeje a manteiga derretida na mistura dos ovos. Bata bem, junte o queijo e as folhas de estragão. Junte a mistura liquida à de farinha e misture para incorporar. Coloque tudo na frigideira ainda quente e volte ao forno. Asse por uns 20 minutos, até o centro ficar firme e o bolo ter uma superfície dourada. Sirva morno ou frio.

sopa de abobrinha grelhada

sopa-abob-grelhadasO tempo continua estranho por aqui. Parou de chover, mas as temperaturas sobem e descem, abre o sol, depois nubla, venta, uma situação bem incomum. Mas já tivemos uns dias razoavelmente quentes e daí já me dá os cinco minutos das sopas frias. Elas não foram apenas uma febre do verão passado. Como os sorvetes e as variações de gelatinas, as sopas geladas já foram incorporadas no meu cardápio sazonal. Essa, totalmente invencionice, ficou interessante. Não provocou epifanias gastronômicas, mas inaugurou a temporada das sopas frias. As abobrinhas já estão chegando com frequência na cesta orgânica, como também o manjericão—a cada semana um maço maiorzinho. Também usei novamente os pinoles, pois tenho um saco que quero gastar. E o buttermilk, que pode muito bem ser substituído por iogurte.

2 abobrinhas de casca verde
1 1/2 xícara de buttermilk
1/2 xícara de água
1 xícara de folhas de manjericão fresco
1/3 xícara de pinoles
2 colheres de sopa de suco de limão
Sal e azeite

Corte as abobrinhas em pedaços, tempere com sal e azeite e grelhe ou asse até elas ficarem bem douradas dos dois lados. Remova da grelha ou forno [fiz na churrasqueira] e deixe esfriar um pouco. Coloque as abobrinhas grelhadas e os outros ingredientes no liquidificador e bata bem até formar um purê. Acerte o sal se precisa. Coloque numa sopeira ou jarra e leve à geladeira. Sirva a sopa bem fria.

pudim com morango & água de rosas

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Acho que nunca fiz uma sobremesa que tenha causado tanto entusiasmo no meu marido. Quando ele elogia, é sempre com intensa sinceridade. Ele chamou de panna cotta. Eu resolvi chamar de pudim. Fiquei um pouco receosa que o perfume da água de rosas fosse ser um problema, porque não é todo mundo que gosta desse tipo de aroma na comida. Mas neste caso, foi a água de rosas que fez toda a diferença. Adoramos. Ao invés de colocar em moldes para desenformar, resolvi usar potinhos pequenos, alguns deles são porta velas de vidro. Ficaram fofíssimos. A receita fez 8 potinhos pequenos.

1 xícara de morangos orgânicos picadinhos
1 colher de sopa de açúcar
1 colher de sopa de água de rosas
Pique o morango, misture com o açúcar e a água de rosas e distribua pelos potinhos, uma colher de sopa em cada um. Reserve.
1 xícara de creme de leite fresco
1 xícara de leite integral
3 colheres de sopa de açúcar
1 pacotinho de 4gr [1 colher sopa] de agar-agar
2 colheres de sopa de água de rosas

Numa panela, coloque o creme de leite e o açúcar e mexa bem com um batedor de arame até o açúcar dissolver bem. Adicione o agar-agar e leve ao fogo médio, até o creme ferver. Remova do fogo. Adicione o leite e a água de rosas, mexa bem para incorporar e distribua o creme pelos potinhos com os morangos picados no fundo. Leve à geladeira até firmar. Com o agar-agar o processo é rapidíssimo, então dá pra fazer enquanto prepara a refeição e já servir logo em seguida como sobremesa.

galinhetes galore

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Minha cozinha é dominada por elas. Algumas já se mostraram por aqui durante os últimos anos. Outras nunca tiveram a chance e nem eu mesma sei explicar o por que dessa falha. Mas estou me redimindo e mostrando mais um par delas. As primeiras galinhas ganhei da querida Sonia Novaes quando estive em Campinas. As segundas também comprei em Campinas, na Tok&Stok. E a terceira é uma fofucha que fica lá em cima do armário, me olhando enquanto eu faço coisas na pia da cozinha. Adoro todas essas minhas lindas galinhas igualmente!

creme de couve-flor & pinoles

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Eu poderia ter feito uma salada. Também poderia ter feito um risoto. Uma couve-flor, mil possibilidades. Mas neste dia decidi que queria uma sopa. E queria que fosse essa sopa, com couve-flor e pinoles. Até abri alguns livros, procurando por uma receita, mas acabei decidindo fazer sem receita mesmo, do jeito que eu imaginei. Não foi caldo, não foi leite ou creme, não engrossei com nada. Ficou uma sopa sedosa e densa, por causa da adição dos pinoles. Mas acho que essa sopa também funcionaria muito bem com castanha de caju. Tentarei essa mistura numa próxima vez.

1 maço grande de couve-flor
1/2 xícara de pinoles torradas [extra para servir]
1/2 cebola pequena picadinha
Azeite para refogar
Água
Sal e pimenta do reino a gosto
Um punhadinho de salsinha [*opcional]

Coloque a couve flor cortada numa panela e cubra com água. Leve ao fogo e cozinhe até as flores ficarem bem macias. Torre os pinoles rapidamente numa frigideira. Numa outra panela refogue a cebola no azeite. Junte a couve flor cozida, a água do cozimento e os pinoles. Deixe refogar por uns 10 minutos. Desligue o fogo, espere esfriar um pouquinho e bata tudo no liquidificador. Junte um punhado de salsinha fresca se quiser. Volte o creme batido para a panela, tempere com sal e piquenta, deixe cozinhar mais uns minutos, desligue o fogo, coloque numa sopeira ou travessa e sirva, adicionando um pouquinho de pinoles torradas em cada prato. Eu servi a sopa morna e achamos deliciosa.

chá para um

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Adoro misturar as peças que tenho—muitas órfãs ou incompletas, que compro na thrift store. Num pisque, juntei essas três para poder tomar meu chazinho de gengibre enquanto trabalhava no computador. O bule custou três mangos na ponta de estoque, o copinho e o prato que virou bandeja foram adquiridos por centavos na loja de segunda mão. E combinaram tão bem!

Calaveras Big Trees State Park

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Passear por este parque foi uma experiência fenomenal. O lugar é lindo, populado por pinheiros, sequoias, cedars, as famosas árvores vermelhas do norte. Muitas são imensas, largas e altíssimas. Muitas são antiquissimas. Algumas cairam sozinhas—uma delas provocou tamanho estrondo que muitos pensaram ser um terremoto acontecendo. Caminhar por essas árvores é uma experiência sensorial. As cores, as texturas, os cheiros. Me senti um pouco estranha por lá, pois de repente comecei a ter um bocado de raiva do ser humano que se mete em tudo e me vi como uma intrusa ali. Aquele não era o meu lugar, nem o de muitos outros campistas ou picniqueiros do feriado. Apesar do lugar estar muito bem cuidado, não se ver um lixo em nenhum canto, aquela floresta não era nossa, mas sim dos esquilos, das raposas, dos ursos, dos pica-paus, dos coiotes, dos veados, dos porco-espinhos.

Murphys – Calaveras county

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Fazia um tempão que estávamos querendo visitar uma cidadezinha do tempo da corrida do ouro no pé da serra chamada Murphys. Esperamos o inverno terminar, pois tempo de chuva aqui, significa neve por lá e queríamos aproveitar a visita, caminhar, visitar as vinícolas. A primavera foi uma ótima escolha. Aproveitamos o feriado do Memorial Day e zarpamos. O lugar é muito charmoso, como todas as cidades da corrida do ouro, com a rua histórica, os bares, restaurantes, hotel antigo, lojinhas de antiguidades e modernidades e as vinícolas. Comemos em três restaurantes diferentes e achei tudo normal, nada excepcional. Já os vinhos que bebi, da região de Calaveras, foram todos ótimos. Posso dizer que gostei muito de tudo o que bebi e até trouxe uma garrafa de uma variedade que não conhecia—pinotage, uma mistura das uvas pinot noir e cinsaut. Murphys está localizada na parte central da Sierra Nevada, entre Lake Tahoe e o Yosemite National Park. Uma região linda com florestas, muitos rios e lagos. Subimos até o topo da montanha para ver o lago Alpine, que ainda estava congelado. Valeu a pena a viagem na estradinha cheia de curvas ladeada por pinheiros. E no dia seguinte fomos conhecer as Big Trees no Vale dos Ursos, que foi uma experiência fascinante. No caminho entre o parque das árvores e Murphys paramos numa casinha que vendia produtos feitos com maçã. Adoramos tanto, que paramos de novo na volta. Compramos cidra, geléias, tortinhas e donuts, tudo feito ali na hora pela família. Adoro fazer esses passeios bucólicos por essas cidadezinhas californianas, olhar lojinhas de antiguidades, beber vinho, descobrir lindezas da natureza, ziguezaguear por estradinhas e passar horas olhando para paisagens singelas. Mas o mais gostoso é poder fazer tudo isso com a melhor, a mais querida e a mais divertida das companhias—vocês sabem quem!