salada de feijão branco com tomate cereja

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Eu adoro as receitas da Elise, assim, como as suas dicas de compras, das quais já segui algumas. Ela bloga de Sacramento e tem sempre receitas facílimas. Quando eu vi essa salada de feijão branco com tomate cereja, não fiquei muito entusiasmada, pois não vi ali nada de especial. Mas quando li a maneira de preparar o molho, fui fisgada. Fiz tudo “from scratch”, cozinhando os feijões secos especialmente para a receita.

Eu não usei o aliche, e fiz sem medida. Ficou simplesmente uma delícia. O azeite infuso com alho frito o e alecrim deu um troque especialíssimo, e a mistura do feijão com o tomate foi bem surpreendente.

Para a salada:
1 xícara de feijão branco de grão pequeno, canelli ou similar, já cozidos
1 xícara de tomates cerejas cortados ao meio
Bastante salsinha picada
Para o molho:
Azeite extra-virgem
1 dente de alho descascado e amassado com a lâmina da faca
1 galhinho de alecrim fresco
3 filés de aliche [eu não usei]
1/4 xícara de queijo parmesão ralado na hora
Sal kosher
Pimenta do reino moída na hora
Raspas de 1 limão amarelo
Suco de 1 limão amarelo

Coloque o alho e o alecrim numa panelinha com o azeite e leve ao fogo até começar a fritar. Tire a panela do fogo e deixe esfriar e pegar gosto por 20 minutos.

Remova o alho e o alecrim do azeite. Jogue fora o alecrim. Coloque o alho num processador ou pilão, adicione o aliche, o queijo, sal, pimenta, raspas e suco de limão e misture bem.

Numa saladeira coloque os feijões cozidos e tempere com o molho. Deixe absorver por alguns minutos, então acrescente os tomates, a salsinha e o azeite.

a looooooooot of tomatoes

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Essa pequena refeição está bem redundante, eu sei. Mas tenho que usar a tomatada que abunda, vermelhinha, nos meus tomateiros.
Então vamos lá, uma salada básica com tomates, folhas de basilicão e mussarela fresca, temperada com um vinagre balsâmico branco, pelo qual estou apaixonada!
Uma fatia de pão tostado na frigideira de ferro, regado com um fio de azeite. Eu comeria isso todo santo dia!
Gaspacho. Nunca tinha feito essa sopa. E fiz às cegas, sem receita. Fiz assim: joguei no liquidificador um monte de tomate, um pepino branco pequeno descascado [coloquei com as sementes mesmo, pois essa variedade de pepino quase não tem semente], uma fatia de pão tostado cortado em cubos, um cubinho de gengibre fresco – para substituir o alho, já que todos sabem que eu não suporto comer nada com alho cru – água o quanto baste, sal, pimenta do reino, um fio de azeite. Bati tudo, gelei, comi às colheradas.

nunca mais irei com ele naquele café

Aconteceu comigo, não com ele. Mas ele não quer saber nem de passar em frente do Café Bernardo. Eu gosto do lugar, que pratica a California cuisine, com pratos leves, bastante legumes, tudo fresco. Mas por causa dessa história, ele não quer mais ir lá. Notem bem, ele nem estava lá, nem viu nada, mas porque eu contei pra ele, agora acabou-se o que era doce. Eu sempre argumento que o cara nem deve mais trabalhar lá, mas ele contra-argumenta dizendo – naquele lugar eu não como, nem morto! Então nunca mais irei com ele naquele café…

a cena do crime

Em algum dia no verão do ano dois mil eu escrevi:

Tô cansada de lavar e cozinhar tomates. Tinha uns 30 quilos do “fruto vermelho” na minha pia. Em etapas, espaçadas num período de 24 horas, eu lavei, cozinhei, penerei, engrossei e congelei tanto tomate que minha cozinha ficou com cara de cena de assassinato e esquartejamento. O purê escorrendo na beira da panela de pressão Panex de 4,5 litros secou e ficou com cara de sangue coagulado. Quando eu pensei que estava acabada com a função, hoje vejo mais dois sacões de tomates vermelhos, brilhantes, com cheiro de plasma, no chão da minha cozinha.

Isso aconteceu por três anos, enquanto meu marido trabalhou num projecto de tomates, que não sei, nem lembro com detalhes o que era, mas com certeza era uma máquina. Durante esse período ele fazia testes nos campos do maior produtor de tomates da Califórnia. E o pessoal empurrava os tomates pra ele. Acho que todo mundo que trabalhava nesses campos levava pra casa os tomates que não tinham passado na peneira da perfeição. Era um mundaréu de tomate, uma coisa impressionante. Hoje ele tem outros projectos, que vez ou outra me rendem outros frutos – mas eu não gosto mais dessas histórias, porque não tenho mais tempo para transformar a minha cozinha numa processadora de alimentos. E me contento enormemente com a modesta produção de tomates da minha pequena horta, que só hoje me deu frutos suficientes para fazer um grosso molho de macarronada.

Minhas madeleines

Porque minha mãe tinha uma carreira e trabalhava fora oito horas por dia, na casa dos meus pais sempre teve duas empregadas—uma pra cozinhar e outra pra fazer todo o resto, inclusive cuidar das quatro crianças endiabradas. Agora eu entendo por que minha mãe tinha uma pessoa só para cozinhar. Pra ela, a alimentação era uma coisa importantíssima e nós sempre tivemos quatro refeições por dia, todas preparadas do zero, sem congelar, descongelar, requentar, pois naquele tempo nem era comum as famílias terem freezer, muito menos microondas.

Então a cozinheira cozinhava o dia inteiro. Tomávamos o café da manhã a família toda junta, com a mesa arrumada, xícara com pires, colherzinha, guardanapo. Meu pai e minha mãe iam almoçar em casa e então sentávamos todos juntos à mesa de novo. À tarde tinha o café da tarde, que ora era café com leite, ora chocolate, ora mingau, sempre uma fruta, bolacha salgada ou doce. Meu pai às vezes aparecia para tomar o café da tarde em casa—e muitas vezes nos pegou no flagra fazendo arte durante as férias. No jantar a coisa incrementava, pois minha mãe fazia questão de servir sempre uma sopa antes do prato principal, mais salada e sobremesa. Durante a semana as sobremesas eram simples, frutas, ou salada de frutas, gelatina, sorvete. Para o sábado e domingo tinha sempre algo mais sofisticado, um pavê, uma torta. Todo sábado à noite tinha pizza, todo domingo macarronada com frango—se não houvesse um churrasco muito raro. Todas as refeições tinham horário fixo. Meu pai às vezes ganhava dos fazendeiros da região um porco vivo, ou galinhas, ou um sacão de batatas, ou outro artigo comestível. A empregada que cozinhava era incumbida de matar a galinha—tarefa repugnante que eu testemunhei uma vez e que marcou a minha memória para sempre. E minha mãe sempre inventando receitas novas, pegando idéias nos livros, que a cozinheira concretizava. Uma vez por mês ela encomendava peixes, que chegavam num caminhão refrigerado. E o leite vinha todo dia numa carroça puxada por um cavalo.

Minha casa tinha dois andares, em cima tinha uma cozinha que nunca foi usada, com um fogão, pia comprida, armários e um aparelho americano de assar frango. Ao lado tinha uma sala de jantar. Mas o buxixo ficava no andar de baixo da casa, onde tinha a cozinha pequena toda branca, onde a cozinheira com quem eu passei mais tempo—a Cida—ficava. Ao lado tinha uma copa grande, onde fazíamos praticamente todas as refeicões. Eu estava sempre pela cozinha, atrás das empregadas, xeretando a geladeira, abrindo armários, lendo os livros de receita. Essa Cida era uma mulher grande e muito mal humorada, que ficava muito irritada comigo sempre atrapalhando o serviço dela. Mas eu nunca me intimidei e um dia comecei a mexer nas panelas. Eu devia ter uns oito ou nove anos, não lembro exatamente qual foi a minha primeira invenção na cozinha, mas me lembro de uma idéia de girico que fracassou, fez uma sujeirada e me deu uma dor de barriga danada – eu misturei manteiga com ovos e açúcar e fritei à colheiradas no óleo quente. A Cida só revirava os olhos, grunia—devia estar me rogando pragas de caganeiras—e ia de cara fechada limpar a minha arte antes que meus pais chegassem, minha mãe tivesse um xilique e me desse uma surra.

Mais tarde lembro de ficar bem arrojada e abrir o livro de receitas A Alegria de Cozinhar da Helena Sangirardi e fazer uns sanduichinhos com pão pullman, maionese e pepino. Ninguém quis comer aquilo. Hoje entendo o que aquele sanduíchinho tão nada a ver com a nossa cultura culinária estava fazendo naquele livro. Dona Helena Sangirardi traduziu o The Joy of Cooking, então a herança inglesa da cozinha dos americanos foi parar nas nossas cozinhas brasileiras. Usei muito aquele livro nas minhas investidas na cozinha da Cida. Fui melhorando aos pouquinhos, claro, até chegar num ponto, durante a minha pré-adolescência, em que consegui fazer coisas completamente comíveis.

uma simples omelete

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Como não sou uma cozinheira muito elaborada – todos já sabem disso – me inclino sempre em direção da simplicidade, onde corro menos riscos de enfrentar fracassos. Tudo simples, esse é o meu lema, o meu motto.

Finalmente estou lendo bem devagar um livro que tenho, escrito pela mulher que revolucionou a cozinha inglesa no século vinte, e descubro que ela é um pouquinho como eu em alguns aspectos. Ela tem um certo cinismo com relação à comida industrializada, e no artigo que dá nome ao livro – An Omelette and A Glass of Wine, publicado em 1959, ela conta a história da famosa omelete da Madame Poulard que gerenciava um hotel na costa da Normandia. Quando Madame aposentou-se, foi um forfé delirante entre os gourmets, todos tentando descobrir ou afirmando ter descoberto o “segredo” de tal sofisticado prato. Uns diziam que ia leite na mistura, outros que eram trufas. Até que num belo dia, alguém cansado de ler e ouvir conjecturas resolveu perguntar diretamente para Madame Poulard – como ela fazia a tal omelete. A resposta foi bem simples e direta:

“Monsieur,
Aqui está a receita da omelete. Eu quebro uns bons ovos numa vasilha. Eu bato esses ovos bem batido. Eu coloco um bom pedaço de manteiga numa frigideira. Eu jogo os ovos nela e chacoalho constantemente. Eu fico feliz, monsieur, se essa receita lhe agradar.
Annette Poulard.”

Ler isso me redimiu de todas as minhas frustrações!

cestinhas para arroz

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Parecem bolsinhas – e acho que até daria para usá-las como bolsinhas [idéia!!], mas são na verdade cestinhas para cozinhar arroz no vapor, que eu usei para fazer a receita de quinoa com milho, cebolinha e hortelã da Valentina. São feitas de palha de bambu e como vêm em três tamanhos diferentes, se adaptam à qualquer receita. O trio custou oito patacas na lojinha chinesa de downtown.