Acordar com o cheiro da sopa e pensar, ufa, hoje não preciso me preocupar, pois o jantar já está pronto. Esse é o milagre – e a vantagem, do crock pot ou slow cooker. A maravilhosa panela elétrica que cozinha bem devagar e pode ficar ligada uma noite ou um dia inteiro. Joga-se nela um punhado de feijão de qualquer tipo, pica todos os legumes e verduras, cobre com água filtrada, põe no mínimo e tchau. A sopa ficou a noite toda cozinhando. Mas também pode ser colocada pela manhã e ficar coznhando durante o dia. Depois é só temperar com sal, pimenta e azeite e servir com bastante queijo ralado.
Na sopa de hoje coloquei feijão branco pequenininho, cebola, bok choy, tomate, cenoura, coentro, salsão.
Mês: abril 2006
um passinho pra frente, por favor
A biblioteca da cozinha ganha uma estante nova, com mais prateleiras, algumas portas e gavetas, e também mais alguns livros. Você deve estar pensando, por que essa louca sem tempo e que mal sabe cozinhar fica investindo em mais livros de culinária, que ela nunca vai usar pra fazer receitas? Bom, a resposta está na minha bio ali do lado. Cada um tem o seu hobby, sua mania. A minha é livro de culinária. Se eu conseguisse juntar novamente os livros que deixei pra trás, dos meus anos no Brasil e no Canadá, teria que comprar mais uma estante. Mas deixa pra lá, o que importa é que mais vale um gosto do que…
Já percebi que ler o livro póstumo da Julia Child, escrito pelo seu sobrinho-neto, sobre os anos em que ela e o marido Paul Child viveram na França, vai ser ser pura diversão. E My Life in France vem cheio de fotos em P&B da americana desengonçada fazendo aulas no Le Cordon Blue na década de 50. Puro prazer!
O The Amish Cook era um livro necessário. Como eu poderia viver sem saber como os Amishs que vivem hoje nos EUA cozinham? E suas receitas frugais? E suas histórias? Agora que já sei, me sinto muito mais realizada. Ufa!
O outro livro foi porque o verão está alí na esquina [uma esquina a trinta quarteirões daqui, pelo jeito], e eu tenho que estar super preparada. Então comprei Good Day for a Picnic, cheio de receitas bacanas, práticas e de idéias para picnics divertidos e inusitados. Já contei que eu amo preparar e participar de picnics, e que tenho um montão de cestas? Ih…. foge, rápido, senão você vai ter que ler outra história obsessiva.
how to survive a French dinner party
“Just speak very loudly and quickly, and state your position with utter conviction, as the French do, and you’ll have a marvelous time!” Julia Child in My Life in France.
a batata do Paul Newman já está assando…
quem quer bacalhau?
A Páscoa é um feriado muito mal comemorado aqui, onde não se destacam as celebrações religiosas. Falei de bacalhau no meu trabalho tantas vezes—hoje é dia de bacalhau, hoje é dia de bacalhau, que até me dei um beliscão. Até parece… Eu não como bacalhau na Sexta-feira Santa há quase duas décadas. Mas por que ainda falo nisso? Porque passei uma boa parte da minha vida ouvindo—bacalhau, bacalhau, bacalhau, e comendo o peixe, é claro. Aqui tem bacalhau pra vender, mas eu raramente me animo a comprar. No Co-op ou no Nugget se encontra uma pequeníssima caixinha de madeira, com bacalhau canadense suficiente para duas pessoas. Mas como a Sexta-feira Santa nem é feriado nem nada, quem se importa.
O diretor do programa para o qual eu trabalho falou, quase como que me dando uma rasteira, que os portugueses simplesmente dizimaram com os bacalhaus da costa de New Foundland séculos atrás, por isso agora a opção virou a Noruega. Eu não sei de nada, só sei que comer bacalhau na Sexta-feira Santa é parte da minha cultura, como a daqueles índios lá de Washington é de comer baleia.
Como o dia do bacalhau foi um dia normal de trabalho por aqui, almoçei um “já-te-vi” de espagueti que preparei na noite anterior, com essas lingüiças finas recheadas que estão na moda. À noite fomos à um restaurante tailandês, onde pedimos o trivial—sopa vegetariana com leite de coco, won-ton fritos recheados de camarão e porco, salada e pepino, arroz e camarões com cogumelos exóticos ao molho de gengibre.
Macarrão com lingüiça
Cozinhe uma porção de espagueti em bastante água com sal. Cozinhe a lingüiça na água – eu usei uma recheada de queijo asiago e cogumelos. Corte em rodelas e refogue no azeite e alho. Acrescente bastante tomate seco picado e aspargos cortados ao meio. Refogue tudo por um minutinho, coloque sal e pimenta do reino à gosto. Misture o macarrão cozido e sirva com bastante queijo parmesão fresco, ralado na hora.
apple & carrot slaw
Na minha atual situação de falta de tempo e cansaço, se eu consigo fazer uma salada criativa já está bom. Nesta semana inovei com uma receita que tirei de uma dessas revistas naturebas que pegamos de graça na porta dos supermercados.
Apple & Carrot slaw
uma maçã pequena cortada em fios
uma cenoura cortada em fios
meio repolho pequeno ralado fino
[este item não fazia parte da receita, mas tenho que usar a repolhada]
uma cebola roxa em fatias finésimas [não coloquei porque não tinha]
um punhadinho de coentro fresco picado
um punhado de cranberries secas
meio copo de suco de laranja
meia xícara de sementes de abóbora torradas
Deixe as cranberries de molho no suco de laranja.
Corte a maçã, cenoura, cebola [e repolho, se quiser me imitar]
Misture tudo. Coe as cranberries. Misture na salada. Adicione o coentro e as sementes de abóbora. Use o suco de laranja pra fazer o molho: bata bem com azeite, sal e pimenta do reino. Tempere a salada e sirva.
or-ga-ni-za-çã-o
You can get anything you want at Alice’s Restaurant
O vinho é francês, o queijo é irlandês, o chá é inglês, os biscoitos holandeses, o azeite espanhol, as azeitonas são gregas, o arroz é indiano, o macarrão italiano, o peixe norueguês, as castanhas portuguesas, o chocolate é belga, a cerveja é mexicana, o molho de salada é libanês, os snacks japoneses, o palmito costa riquenho, leite de coco tailandês. Estou na América.
BBQ
Full of baloney
Baloney poderia ser comparado com uma mortadela muito da vagaba. É cortado em fatias grossas, tem uma cor estranha, uma textura estranha, um cheiro e um gosto, hmm, estranhos. Mas é um frio muito popular, especialmente entre os membros da classe trabalhadora. E as crianças também gostam. Eu comi uma vez de curiosa que sou. Eca, bleargh! Deve ter tanto corante, anabolizante, preservativos… nem quero saber!
Mas a palavra Baloney é também parte de uma expressão que eu ouvia muito mais no Canadá, do que ouço aqui. “Full of Baloney”, quer dizer cheio de porcaria, cheio de coisa que não presta, ou não vale nada, não acrescenta nada, que não diz nada, como deve ser o valor nutritivo desse frio usado como recheio de sanduíche.