posset de limão [meyer]

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Procurei muito por uma receita com limão que fosse apenas um creminho e que não levasse 76568 ovos. Há uma relação um pouco disfuncional entre limões e gemas nas receitas que circulam por aí. Sinceramente, vamos dar um tempo nisso? No final achei muitas receitas similares desse creminho simples, que pode ser feito com qualquer cítrico. O importante é o creme de leite ser bem fresco e bem pesado. E deixar esfriar bem antes de colocar o suco do limão, pois o momento é tenso—dá um pequeno pânico, pois parece que o creme vai talhar. Mas ele apenas dá uma engrossadinha.
meyer lemon posset
faz duas porções
1 xícara de creme de leite fresco
1/3 xícara de açúcar [*pode por menos]
Suco e casca ralada de 1 limão meyer
Misture o creme de leite e o açúcar numa panela pequena. Leve ao fogo e deixe aferventar. Retire do fogo e deixe esfriar, mexendo ocasionalmente por cerca de 20 minutos. Junte o suco e as raspas de limão, misturando bem com um batedor de arame. Divida entre duas taças e leve à geladeira por algumas horas até ficar firme. Decore com um raminho de hortelã se quiser. Eu quis.

sopa de raizes medievais
[e laranja]

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Minhas buscas neste momento estão concentradas nas receitas com cítricos, pela razão de que estamos na temporada. O bom é que a maioria das revistas e websites por onde eu procuro ideias publicam receitas com ingredientes sazonais. É o caso da Martha Stewart Living, de onde eu tirei essa receita. O rutabaga veio na cesta orgânica, mas os parsnips e o celery root eu comprei no supermercado. A combinação dessas raizes faz uma sopa bem delicada, um pouco adocicada também pela adição da laranja. Acho que a receita daria certo com uma mistura de outras raizes, para quem não tiver acesso à essas que usei.

1 colher de sopa de manteiga sem sal
1 cebola média picada
1 parsnip descascado e cortadas em pedaços
1 rutabaga descascada e cortada em pedaços
1 celery root descascado e picado
2 ramos de tomilho
4 xícaras de caldo de galinha
2 laranjas, casca ralada e suco espremido
1 laranja extra, cortada em gomos para decorar
3/4 colher de chá de gengibre fresco ralado
1/2 xícara de água ou mais se necessário
Sal grosso e pimenta moída na hora a gosto

Derreta a manteiga em uma panela grande em fogo médio. Adicione a cebola e 3/4 colher de chá de sal e deixe cozinhar até a cebola ficar macia, por cerca de 6 minutos [não deixe dourar]. Adicione as raizes cortadas em pedaços, o tomilho e caldo. Deixe ferver e abaixe o fogo. Tampe a panela e cozinhe até que as raizes estejam bem macias, de 15 a 20 minutos.

Remova o tomilho e bata a sopa em partes no liquidificador [com cuidado!] até ficar um creme. Coloque tudo de volta na panela. Antes de servir reaqueça a sopa. Misture as raspas de laranja, o suco, o gengibre ralado e água, se precisar, Tempere com sal e pimenta do reino moída na hora, decore com gomos de laranja e sirva.

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cups & saucers

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cups cups
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Uma das coisas que mais gostamos de fazer é encaroçar em lojinhas de antiguidades. Vamos regularmente nas de Woodland, que são muito boas e têm preços acessíveis. E quando estamos viajando tamnbém paramos nas lojinhas que encontramos pelo caminho. No sábado demos um pulinho na lojona da Main Street e fiquei olhando xícaras. Cliquei as que mais gostei para assim poder olhar, olhar, pensar, pensar. Acho que voltarei lá para comprar uma delas. Qual será?

foraged citrus

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Não sei se há uma palavra apropriada no português para o ato de fazer forage—que é basicamente buscar por alimentos pelos arredores onde vivemos. Isso é uma coisa que existe desde os primórdios da humanidade, como sempre tinha alguém para pegar frutos daquela árvore na beira da estrada ou colher cogumelos e frutas silvestres na floresta. Felizmente essa prática vem se espandindo e se popularizando, tanto que começou a ser adotada também para as áreas urbanas. Em muitas cidades já existem redes de pessoas que praticam o foraging e que se conectam para trocar produtos, listar os melhores lugares, as áreas com plantas comestíveis e árvores frutíferas. Eu tive o privilégio de conheçer dois famosos urban foragers—a brasileira Neide Rigo que pega plantas e frutas pelas ruas de São Paulo; e o americano Hank Shaw que colhe todo o tipo de ingrediente comestível na nossa prolífica região do norte da Califórnia. Eles são pra mim o melhor exemplo de como podemos tirar proveito da abundância de produtos que proliferam espontaneamente ao nosso redor. Eu infelizmente ainda não pratico o foraging com muito afinco, apesar de viver num ambiente mais do que propício. Mas quando algo simplesmente aparece na minha frente, eu não perco a oportunidade e depois guardo a informação para repetir a dose. Como por exemplo, os limoeiros de ninguém que ficam na minha ex-vizinhança e onde todo inverno desde sei lá quando eu colho os deliciosos limões rosa. E no campus da universidade já marquei as árvores de kinkãs que neste momento estão carregadas de frutinhas. No ano passado fiz geléia com elas. Neste ano ainda nem sei o que vou fazer com elas, mas já fui colher uma sacola cheia.

pickles de cenoura

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Fiz esse pickles já faz um tempo e comi praticamente o vidro todo sozinha. Não sei por que não faço mais conservas como essa, porque é tão fácil e fica muito bom. Teve uma época no século passado, quando o Gabriel ainda era guri e morávamos na bela city of Pira, que me deu o faniquito de fazer pickles de legumes e fiz muitos vidros com diferentes variedades, que eu mesma devorava entusiasmadamente. Realmente não me lembro se o Gabriel e o Uriel gostavam, mas eu adorava. Essa receita eu tirei de um recorte que guardei da revista Delicious Living, que aqui a gente ganha de graça no supermercado. Lá é sugerido fazer esse pickles também com couve-flor e rabanete e levá-los como adição especial em picnics—ideias que gostei muito.

6 ou 7 cenouras médias lavadas, descascadas, cortadas em palitos
Um pequeno maço de endro [dill]
1 e 1/4 xícaras de vinagre de maçã
1 e 1/2 xícaras de água
2 colheres de açúcar
4 dentes de alho descascados e amassados
4 colheres de chá de sal marinho
1/2 colher de chá de pimenta do reino em grãos inteiros

Em uma panela média misture o vinagre de maçã, a água, o açúcar, os dentes de alho, o sal e os grãos de pimenta do reino; usando um batedor dissolva o açúcar e sal. Leve ao fogo até ferver, adicione as cenouras e o dill fresco. Tampe a panela e cozinhe por 1 minuto; em seguida, retire do fogo, deixe esfriar, coloque num vidro e deixe descansar tampado por pelo menos 24 horas para permitir que os sabores penetrem na cenoura. Guardar na geladeira e servir como quiser.

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bolo de limão [meyer]

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Estou muito cansada neste momento para contar com detalhes a saga que foi, durante o final de semana que fiz esse bolo, para encontrar receitas para gastar as dúzias de limão meyer e rosa que tenho na gaveta da minha geladeira. Eu queria algo cremoso, mas que não levasse ovos. Tudo deu errado, nem queiram saber. Vou cochichar bem baixinho que joguei fora dois vidros do melhor creme de leite fresco orgânico e quatro preciosos limões meyer na infrutifera tentativa de fazer uma receita inventada. pff. Depois de quase chorar e chutar algumas latas de raiva, me resignei e fiz este bolo. Ele ficou muito bom apesar de ter ficado um pouquinho escuro dos lados porque [deixa eu falar baixo outra vez] fiquei conversando com meus pais no skype e deixei o bolo por tempo demais no forno. Abafa, abafa!

para o bolo:
1/2 xícara de azeite de oliva
1 xícara de farinha de trigo
1/2 xícara de farinha de amêndoa
2 colheres de chá de fermento em pó
1/4 colher de chá de sal marinho
1 xícara de açúcar
3 ovos caipiras grandes
1/2 xícara de iogurte grego
2 colheres de chá de raspas de limão meyer
1 fava de baunilha, as sementes raspadas
para a cobertura:
1/4 xícara de açúcar
1 limão meyer, sementes removidas, cortado em fatias finas
1 xícara de açúcar de confeiteiro peneirado
1 colher de sopa de azeite extra-virgem
1 colher de sopa de iogurte grego

faça o bolo:
Pré-aqueça o forno a 350ºF/ 176ºC. Unte uma forma de furo no meio [bundt] de 20 cm com manteiga e polvilhe com farinha. Reserve.

Numa tigela média misture as farinhas, o fermento e sal. Numa tigela grande misture o açúcar e os ovos batendo bem. Adicione o óleo, o iogurte, as raspas de limão e sementes da baunilha. Adicione os ingredientes secos aos úmidos e misture bem até ficar tudo incorporado. Despeje a massa na forma untada. E leve ao forno. Asse até a superfície ficar dourada e o centro do bolo bem cozido, por cerca de 45 minutos. Deixe esfriar completamente antes de desenformar num prato.

faça a cobertura:
Numa panela pequena coloque o açúcar e 1/2 xícara de água para ferver. Adicione as fatias de limão e deixe cozinhar por 5 a 7 minutos. Retire do fogo, escorra e deixe esfriar. Numa tigela pequena misture o açúcar de confeiteiro, um pouco de água [usei suco de limão], o óleo, o iogurte. Se ficar muito espesso, ajuste com mais água. Colocar essa cobertura sobre o bolo e cobrir com fatias de limão.

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um pomelo, dois pomelos

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Os pomelos nem estavam muito atrativos, mas resolvi levar um. Era gigante e para servi-lo parti no meio—uma metade pra cada um. Foi só enfiar a colherinha cerrada na polpa que recebi uma esguichada de doçura no rosto. Devoramos nossas metades e na outra semana eu voltei pra comprar mais, desta vez um inteiro pra cada um. São pomelos praticamente do quintal da família que tem a banquinha de frutas na road 16, na saída da cidade. O mocinho que me atendeu se disse surpreso, até ele, com a doçura destes cítricos neste ano. Deve ter sido a abundância de chuva e o frio constante na medida certa. Não saberei exatamente a razão, mas aproveitarei para devorar esses pomelos enquanto eles durarem.

The Scarecrow

parte I

parte II

Buster Keaton é um dos meus heróis do cinema. Adoro tudo o que ele fez, porque ele foi um dos gênios das primeiras décadas de Hollywood. E era um tempo sem truques tecnológicos e efeitos especiais, então os roteiros, cenários e edição dos filmes exigiam astúcia, tudo muito bem pensado e executado. E Keaton era ótimo nisso. Os filmes mudos dele são como um balé, perfeitas obras de arte. E ele não usava dublê, fazia tudo ele mesmo. Tanto que quebrou o pescoço numa cena no filme Sherlock Jr. em 1924. Ele era muito bom nos malabarismos e quando os filmes falados chegaram, a grande surpresa foi ouvir sua voz grossa e melodiosamente sensual. The Scarecrow é um curta de menos de meia hora feito em 1920 e muito divertido de assistir. Estou colocando esse filme aqui por causa das primeiras cenas passadas na casa onde os dois moços solteiros vivem. Buster Keaton e Joe Roberts preparam o jantar, comem e arrumam tudo de um jeito surpreendente. A casa é um cubículo integrando cozinha, sala de jantar, sala e quarto, mas é cheia de engenhocas. A cena deles orquestrando o jantar é muito engraçada. O filme está dividido em duas partes, mas vale a pena assistir inteiro e ter uma idéia de como era um filme deste ícone do cinema que foi o Buster Keaton.

salada de folhas verdes
com avelã ralada

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Essa receita saiu de outra reportagem da edição de fevereiro da revista Bon Appetit que descrevia a experiência do restaurante Saltimporten Canteen, em Malmö na Suécia. Nele dois jovens chefs servem apenas almoço—do meio dia às duas da tarde, com preço e menu fixo; e conquistaram multidões de fãs que esperam pacientemente a porta do local abrir para poder apreciar as comidas deliciosas que os chefs servem. Marquei algumas e já fiz a sopa de grão de bico com brócolis e essa salada super simples que tenho feito até para levar na minha marmita pro trabalho. Misture as folhas verdes que quiser. Na minha tinha rúcula, alface romana e uma folhinha chamada cress. Tempere com um vinagrete básico feito com suco de limão, azeite de oliva, sal e pimenta do reino moída na hora. Na hora de servir rale por cima das folhas, usando um microplane ou um ralador de grade pequena, algumas avelãs cruas como se fosse queijo parmesão. Sirva em seguida.