O restaurante italiano fez uma reserva para mais de vinte pessoas para um dia em que eles estavam fechados. Chegamos lá e batemos com a cara na porta, até que alguém com uma capacidade acentuada para achar soluções rápidas e eficientes para pequenos problemas como esse, sugeriu que atravesassemos a rua e fossemos a um restaurante chamado Cantina del Cabo. Não sei definir o tipo de comida que eles servem lá: hamburguers, carne, peixe, frango, macarrão, sopa, saladas, batata frita. Nada realmente especial. Era um almoço de despedida do nosso diretor, que vai ser Dean do Colégio de Agricultura da University of Melbourne, na Austrália. Achei tudo muito pobre, mas acho que a maioria não se importou. Eu e meu colega ficamos criticando tudo. Eu expliquei que posso criticar porque eu cozinho. Bem argumentado! Discutimos a pobreza da maioria dos restaurantes de uma cidade universitária, que prioriza servir bastante comida barata para uma população de estudantes. Não é fácil! Eu pedi a Pasta of the Day, que consistia de um fettucine com molho de cogumelos, peito de frango grelhado e queijo parmesão. Acompanhava uma salada mista de saco – que eu identifico na hora, com aqueles molhos horrorríveis, que eu pedi pra vir separado. Também vinha pão de alho, que eu pedi pra trocar por corn bread, e no final não usei o molho honey mustard que pedi e temperei minha salada com sal, azeite, vinagre. A assessora de imprensa do programa, que sentou ao meu lado, exclamou – uau, você realmente costumizou o seu prato! Comemos, teve discurso com olhos cheios de lágrima, presentes, papo furado. Ninguém bebeu álcool. Cada um pagou a sua parte.
the essentials
Far Breton
Far Breton – Brittany “Pudding” Cake with Prunes, também conhecido por Farz Breton e Far aux Pruneaux, é um doce típico da Bretanha, na França. Eu achei muito parecido com um pudim de padaria que temos no Brasil. Eu vi a foto desse doce na Carmen Mariani, que tem o àlbum mais lindo do Flickr. Ela me passou a receita. Não tive tempo de deixar as ameixas de molho no Rum a noite toda, então aqueci a mistura por dois minutos no microondas, a as ameixas pegaram um pouco do sabor do destilado. Usei Brandy invés de Rum. Também exagerei na quantidade de ameixas. Usei muito mais do que 12 e o resultado é que elas ficaram parecendo um recheio. Siga a receita à risca, não invente moda como eu faço e tudo dará certo!
12 ameixas secas
1/4 xícara de Rum [eu usei Brandy]
1 xEicara de farinha de trigo
1/2 xícara + 2 colheres de sopa de açúcar
1 pitada de sal
3 ovos na temperatura ambiente
2 xícaras de leite integral na temperatura ambiente
1/3 xícara de manteiga sem sal derretida e na temperatura ambiente
Deixe as ameixas secas de molho no Rum [Brandy] durante a noite
Unte uma forma grande – o doce cresce um pouco.
Aqueça o forno em 350ºF/176ºC.
Peneire a farinha, o açúcar e o sal numa vasilha grande. Faça um buraco no centro. Coloque os ovos no centro. Adicione um pouquinho do leite. Vai batendo com o batedor de arame e acrescentando o restante do leite e a manteiga derretida. Bata bem, até a massa ficar bem liquida e uniforme. Coloque a massa na forma untada. Coloque as ameixas bem distribuidas pela massa. Asse por 40 minutos. Sirva morno ou a temperatura ambiente.
Ele continua o mesmo!
Estou monitorando neuróticamente a viagem do meu filho a Campinas. Liguei lá inúmeras vezes, mas só fiquei sabendo dos buxixos quando falei com a minha irmã no domingo à noite. O Gabriel parece que está tirando a barriga da miséria, comendo tudo o que vê pela frente. No sábado foi comer pizza portuguesa e no domingo se empanturrou num rodízio. Liguei no celular do meu irmão e eles estavam saindo da churrascaria e morrendo de rir – pois o meu filho quase fez um repeteco da história da marmitex. Meu irmão disse—Fer, esse guri tem passado fome aí na Califórnia, pois ele comeu feito um condenado, um retirante, um esfomeado! Não bastando a quantidade imensa de comida que ele devorou, quando todos já tinham terminado de comer a sobremesa passou lá o garçon com um espeto de picanha e o Gabriel pediu mais umas fatias de carne, depois de já ter comido o doce. O fardo de mãe relapsa que eu carregava até arrefeceu-se…
aêê, o bacalau, gentêê!
the funky pie
É craro, Creuza, que eu tinha que inventar alguma receita neste Thanksgiving! Vocês devem estar pensando: duas receitas, de sobremesa, seguidas quase à risca, que deram certo? Não devo estar lendo o Chucrute com Salsicha! But worry no more, pois aqui está uma autêntica invencionice que passou raspando de ficar uma droga!
The Funky Pie
Cozinhei meia abóbora e duas batatas-doces vermelhas, os yams. Quando estavam bem molinhas, escorri e coloquei na batedeira com duas colheres de sopa de açúcar mascavo [pode colocar 1 xícara de açúcar, na boa!], 1 xícara de creme de leite fresco [heavy cream], a polpa de dois caquis bem maduros e todas as spices que você conseguir combinar – eu usei canela, cravo, noz moscada e cardamomo. Bata bem e coloque numa forma forrada com uma receita do pâte sucrée – eu inventei uma versão com avelãs, que deu um sabor extra e uma certa crocância à massa. Asse em 385ºF/196ºC por mais ou menos 1 hora, ou até a massa ficar dourada e o recheio bem firme.
Pâte sucrée – versão avelãs
1 1/4 xícara de farinha de trigo
4 1/2 colheres de chá de açúcar
1/2 colher de chá de sal
1/2 xícara de avelãs moídas
1/2 xícara [1 tablete] de manteiga sem sal gelada e cortada em pedacinhos
1 ovo grande batido
2 colheres de sopa de água gelada, mais se precisar
No processador pulse a farinha, sal, a avelã moída e açúcar até misturar. Adicione a manteiga e processe até ficar com uma aparência engrossada, uns 10 segundos. Adicione o ovo e pulse. Com a máquina em velocidade normal adicione a água até a massa ficar consistente. Retire do processador, forme um cilindro, embrulhe em plástico e ponha na geladeira por pelo menos 1 hora.
pudim de pão com molho de whiskey
Essa foi a sobremesa que levei pro jantar na casa da minha amiga. Um pudim de pão de New Orleans. Ele não só fez sucesso porque ficou delicioso e se destacou das outras tortas compradas prontas, como todos adoraram falar o seu longo nome – creole bread pudding with whiskey sauce, pondo ênfase, claro, no whiskey sauce! Esqueci de tirar uma foto. Mas garanto que o pudim ficou bonito e com um sabor incrível. Tirei essa receita da edição de novembro de 2006 da revista Cottage Living.
Creole Bread Pudding with Whiskey Sauce
Manteiga derretida para untar a forma
4 xícaras de pão francês amanhecido [usei o puglisese] cortado em cubinhos bem pequenos
4 xícaras de leite integral – usei somente 3 e achei que 4 seria muito.
4 ovos grandes levemente batidos
2 xícaras de açúcar
2 colheres de sopa de extrato de baunilha
1/2 xícara de passas ou damascos secos cortados em cubos [usei cranberry seca, afinal era Thanksgiving!]
1 maçã pequena, cortada m cubinhos
Pré-aqueça o forno em 350ºF/176ºC. Unte uma forma funda com a manteiga. Eu usei uma retangular. Coloque os cubinhos de pão numa vasilha grande e cubra com o leite. Numa outra vasilha bata o açúcar, ovos e baunilha. Jogue na mistura de pão e leite. Acrescente as passas/damasco/cranberry seca a maçã em cubinhos. Misture bem e coloque na forma untada. Asse por 1 hora e meia.
Prepare o whiskey sauce:
Numa panela coloque:
1 ovo grande
1/2 xícara de açúcar
1 colher de chá de maisena
1 xícara de half-and-half [que eu acredito ser um creme de leite fresco diluído no leite] ou de leite evaporado
Leve ao fogo médio, batendo sem parar com o batedor de arame até o molho engrossar. Tire do fogo e adicione:
1 colher de sopa de whiskey
1 colher de chá de extrato de baunilha
Misture bem e sirva com o pudim de pão. O molho e o pudim devem ser servidos morninhos.
Meyer Lemon Pots de Crème
Como decidi sabiamente não fazer o peru com all the trimmings, pude me dedicar às sobremesas. Fiz três—duas para o nosso almoço e uma para o jantar que fomos na casa de uma amiga. Essa de potinhos com creme de limão Meyer ficou incrívelmente deliciosa – very lemony, como eu imaginava que ficaria. Não sei de onde peguei essa receita, provavelmente de algum website, pois ela estava no meu mailbox. Simples e deliciosa!
Meyer Lemon Pots de Crème
2/3 xícara de açúcar
1 ovo inteiro
4 gemas
1 1/4 xícara de creme de leite fresco [heavy cream]
1 colher de chá de raspas da casca do limão Meyer
1/2 xícara de suco do limão Meyer
Pre-aqueça o forno à 325ºF/162ºC
Bata bem o suco do limão, o açúcar, o ovo e gemas. Adicione o creme e bata bem. Passe a mistura por uma peneira [esqueci de fazer esse passo…]. Acrescente as raspas de limão.
Coloque o creme em seis* potinhos para suflê ou custard numa forma larga e funda. Divida a mistura uniformemente entre os potinhos. Coloque água fervendo na forma até a metade dos potinhos. Cubra com papel alumínio e leve ao forno por 35 minutos. Deixe esfriar e coloque na geladeira por algumas horas antes de servir.
*deu para encher cinco potinhos. mas uns ficaram mais cheios que outros, então calculo que se caprichar pra encher igualmente dá pra seis.
I’m thankful for everything
de onde eu chucruto… |
Hoje que eu poderia dormir muito, o quanto quisesse, sem horários, estou acordada e alerta desde às 7am. Levantei, fazer o quê? É o hábito. Estou pensando no ranguinho de Thanksgiving, na viagem do meu filho, na minha viagem. Eu não gosto de viajar e não viajo bem, então tudo relativo ao trajeto vira um estresse. Mas hoje é dia de agradecer, e eu certamente tenho MUITO pra dizer obrigada! Estou com uma leve dor de cabeça causada pelos inúmeros copos de vinho – delicioso Zinfandel, que bebi na festa da minha amiga. O Roux corre atrás do Misty, depois chora quando é enjeitado, o Uriel ainda dorme, o céu está azulzinho, está 6ºC lá fora, estou de roupão de fleece quentinho, pantufas, descabelada, chucrutando da mesa da cozinha, de onde eu sempre chucruto, e vocês podem ver nas fotos.
—o que você vê: comprei o novo Joy of Cooking depois de ler a review da Elise. eu tenho a edição de 1975, que é bem mais magrinha que essa. o californiano Ghirardelli faz um excelente chocolate, da mesma qualidade dos suiços e franceses. minha bolacha favorita que eu como pela manhã, toasts de anisete. mais uma geléia, essa austríaca de wild lingonberry achei no World Market. revistas com as receitas que vou tentar fazer hoje. os limões meyer, meus favoritos. o meu gato Misty. o iBook de onde eu olho para o mundo.
seis graus
A rainha Faby me conta que um dos melhores amigos do marido dela – um amigo de adolescência, ligou para parabenizá-la pela reportagem no Estadão. Na onda, ele revela uma informação extra: a prima dele também estava na reportagem. Quem é o amigo do marido da Faby? Meu primo Paulo, filho da tia Maria José, que deu a receita do Chucrute com Salsicha para a minha mãe.
A querida Cris está me ajudando a encontrar um lugar legal em Campinas para fazermos um encontrinho dos blogs de culinária quando eu estiver por lá. Ela me escreve pra sugerir um restaurante bem bacana – o Terraço Rosário no shopping Galleria, bem localizado e de fácil acesso para todos. Trocamos algumas informações particulares e rapidamente desdobram-se revelações incríveis: a Cris trabalha na IBM com o meu cunhado Beto, irmão do Uriel.
Estamos todos de uma maneira ou de outra interligados – não tenham e menor dúvida disso!!