hot chocolate

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Quando li a Anna contando numa das passagen da sua viagem a Argentina, de como os argentinos colocam barras de chocolate no leite quente, fiquei passada! Como nunca pensei em fazer isso antes? Que idéia genial! Então arregacei as mangas e mandei bala. Sob os olhares desconfiados do Uriel, mergulhei no leite uns quadradinhos super finos de chocolate amargo da Lindt que tenho sempre guardados num vidro. Eles são pra aquele eventual “craving”, que raramente acontece. Gosto desses porque são fininhos e têm 70% de cacau. Pois coloquei três deles para cada xícara grande de leite bem quente. Não precisa colocar mais nada. Pro nosso gosto de açúcar ficou perfeito, já que não gostamos de nada doce demais. Mas pra quem é formiguinha, uma colher de mel faz o truque. Bom pra dias frios, ou não tão frios—qualquer dia!

Pão de Banana

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Ingredientes:
1/2 xícara de chá de manteiga
1 xícara de chá de açúcar
2 ovos
1 xícara de chá de banana madura amassada
1/4 de xícara de chá de leite
1/2 colher de sopa de canela em pó
2 xícaras de chá de farinha de trigo
1 colher de chá de essência de baunilha
1 colher de chá de bicarbonato de sódio
1/2 xícara de chá de castanhas-do-pará picadas
Modo de fazer:
Bata na batedeira a manteiga com o açúcar, até formar um creme. Junte os ovos, sempre com a batedeira em movimento. Adicione a banana, o leite, a canela e a farinha de trigo e bata mais um pouco. Desligue a batedeira e acrescente a essência de baunilha, a castanha-do-pará picada e o bicarbonato de sódio e misture.
Coloque a massa numa forma para pão de forma e leve ao forno médio (170º C), pré-aquecido por 50 minutos, ou até que furando o pão com um palito ele saia limpo. Retire o pão do forno e desenforme. Corte o pão em fatias e sirva-o com café.
Irresistível, se você gostar de banana.
P.S.: A foto é ampliável.

quando nós fomos lá longe…

» Deixando um comentário no blog lindinho da Dani e Márcia sobre a lista de compras da Márcia que incluia Nescau, lembrei dessa história, que é velha e já foi publicada anos atrás no The Chatterbox. Ela fez muita gente sacudir a pança, porque não é todo dia que se pode ler um relato assim, de um autêntico passeio de indio!
update: está todo mundo comentando sobre acampamento, mas gentes, nós não acampamos, ficamos num hotel muito bom, muito confortável, com lareira nos quartos, banheiro limpinho, tudo normal. La Ronge é uma cidade como outra qualquer. aliás um erro muito comum é pensar que as reservas indígenas são acampamentos com tabas, chão de terra, pau a pique, essas coisas. não é nada disso, pelo menos nas reservas da América do Norte. só pra esclarecer…

– – – –

No inverno de 1994, minha irmã foi nos visitar em Saskatoon, Saskatchewan, Canadá. Foi uma delícia para nós – a parte da família que estava isolada lá nas planícies canadenses. Não sei se foi tão delícia pra ela, que escolheu a pior época do ano para um passeio por aquelas bandas. Mas mesmo assim nos divertimos com o que havia pra se divertir por lá durante o inverno: nadar nas piscinas internas da cidade, ir à biblioteca, patinar no gelo, visitar os amigos, ir ao teatro e ao cinema, sair pra comer, pra beber, pra ver shows e dançar. Até que a vida era bem agitada, mas fizemos tudo isso na cidade, não viajamos.
Então num belo dia, o Uriel ficou indignado – “Como? não levamos a Le pra viajar ainda? mas ela tem que viajar, conhecer outros lugares, ver outras paisagens!”. Mas viajar pra onde, se tudo lá era tri-longe e não tínhamos tempo, nem dinheiro para planejar uma viagem decente, pras Rocky Mountains, pro extremo oeste [Vancouver] ou pro extremo leste [Montreal ou Toronto]?

“Vamos para La Ronge!” foi a idéia brilhante do Urso, achando que estava abafando e fazendo um super agrado para a cunhada.

La Ronge é uma reserva indígena, mais para o norte de onde estávamos. Deixa eu explicar – mais norte do que onde estávamos, era exatamente a fronteira entre o mundo semi-normal e o desconhecido inabitável. Mas não conseguimos argumentar com o Urso e como minha irmã concordou, nos aboletamos no carro com o imprescíndivel kit de inverno [cobertores, chocolates, velas, isqueiros] e fomos para La Ronge.

Passamos por Prince Albert, uma cidadezinha a uma hora e meia de Saskatoon, ouvindo Bob Dylan no tape do carro, comendo snacks e conversando alegremente. Ainda não tínhamos saído da normalidade. De Prince Albert até La Ronge foram três horas de estrada deserta, ladeada de pinheiros e tudo mais coberto de neve. Nosso entusiasmo de desbravadores começou a arrefecer. Eu, que me transformo num monstro em viagens, já fui ficando calada e de mau humor.

Chegamos em La Ronge [que agora já chamávamos de Lá Longe] mortos de fome. Deixamos as malas no hotelzinho e fomos tentar achar um restaurante na rua principal da cidade, que parecia ser a única e era onde ficava tudo, o hotel, o posto de gasolina, o restaurante. Quando chegamos já estava escuro. E estava tremendamente frio…. Não vou lembrar quão frio, mas foi o suficiente pra assustar a minha irmã, que nunca imaginou que pudesse ter um frio mais frio do que aquele que ela enfrentou em Saskatoon.

Alguém nos disse que havia um restaurante do outro lado da rua. Ficamos animados. Mas atravessar a rua em La Ronge foi mais difícil que andar trinta quarteirões em San Francisco com vontade de fazer xixi. Parecía que estávamos atravessando um verdadeiro deserto de gelo….. e eram apenas alguns metros. E o restaurante estava fechado!! Voltamos, nos agarrando um nos outros, xingando, chorando, isso não é justo, que absurdo, minha retina está congelando, quem inventou essa merda de viagem imbecil?

Usamos o telefone do hotel e descobrimos que um Kentuck Fried Chicken estava aberto na esquina da mesma rua. Fomos novamente, heróica e bravamente, caminhando até lá. Devoramos uns pedaços de frango frito morno e batatas fritas murchas num restaurante cheio de índios. Eles chegavam dirigindo ski-doos, vestidos em roupas de astronautas, que tiravam no meio do corredor, transformando-se novamente em seres humanos normais, com suas calças jeans, botas de cowboy e camisas de flanela xadrez. Nós, os quatro brasileiros comendo o menu requentado do almoço, éramos verdadeiros ETs ali…. Nunca me senti tão estrangeira, tão peixe fora d’água.
Voltamos pro Hotel, onde dormimos como pedras. No dia seguinte, eu e a minha irmã tivemos um desentendimento no breakfast. Olhando o menu do restaurante, com ovos, bacon e um monte de ítens que ela nem conhecia e nem queria conhecer, minha irmã reclamou e disse que só queria um café normal, será que era tão díficil arrumar um simples copo de leite com Nescau pra beber no café da manhã naquele país? Estávamos numa reserva indígena, no norte do nada, e ela queria um copo de leite com Nescau! Saímos do restaurante de cara virada, ficamos emburradas e choramos dentro do carro, enquanto o Gabriel dormia no banco de tras e o Uriel dirigia pra lá e pra cá, num passeio bucólico pela linda cidade de La Ronge.

“Olha que paisagem linda!”

[tudo branco, cheio de neve, um índio cruzando o lago congelado num ski-doo]

“Grmpfg”

Resolvemos voltar pra Saskatoon mais cedo, quatro horas numa viagem em total silêncio, secretamente felizes por estarmos voltando à civilização. Só podia ser coisa de Urso, inventar um passeio de índio desses…….

bolo de sour cream

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No livro Recipes from Old Virginia, publicado em 1946, procurei um bolo e achei que esse com sour cream iria ficar interessante. E ficou mesmo. Meu marido não consegue parar de comer!

3 ovos
1 1/2 xícara de açúcar
1/2 colher de chá de sal
1 1/2 colher de chá de fermento em pó
1 colher de chá de bicarbonato de sódio
1 1/2 xícara de sour cream
2 1/2 xícaras de farinha de trigo

Bata os ovos muito bem. Acrescente o açúcar e continue batendo até ficar bem misturado. Acrescente o sour cream, bata até ficar incorporado. Separadamente peneire os ingredientes secos numa vasilha. Peneire mais uma vez os ingredientes secos já misturados na mistura de ovos, açúcar e sour cream. Bata bem. Coloque a massa numa forma redonda de 20cm e asse em forno pré-aquecido em 350ºF/176ºC. Asse por uns 20 minutos até ficar dourado. Deixe esfriar e desenforme.

Para acompanhar o bolo eu resolvi usar umas pêras que já estavam virando o Cabo da Boa Esperança. Fiz um caramelo com 1/2 xícara de açúcar mascavo. Tirei do fogo e acrescentei 1/2 xícara de leite, mexi bem, acrescentei duas pêras cortadas em cubinhos [sem a semente, mas deixei a casca] e recoloquei a panela no fogo. Deixei engrossar um pouco, acrescentei uma dose de Frangelico, licor de avelãs, tampei e deixei cozinhar mais uns minutos. Ficou um ótimo acompanhamento para o bolo branco. Hoje usei esse molho de pêras para adoçar o iogurte. É bem versátil.

mais leitura

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Sexta-feira à tarde dei uma outra passadinha por lá. São três corredores imensos, na seção TX, só com livros de culinária. Livros novos, antigos, em várias linguas. Eu fico atordoada, não sei o que pegar. Olhei esse livro lindo de receitas das festas da Frida Kahlo, cheio de fotos históricas e das comidas interessantíssimas, narração dos eventos, além das receitas. Trouxe o livro pra casa, sem nem reparar que ele estava em espanhol. Eu leio, sim, mas me dá uma preguiça.. Preferiria que fosse m inglês. Mas em inglês eram os outros: Recipes from Old Virginia, Pepys at Table – receitas do século dezessete adaptadas para a coziinha moderna, e West Coast Cookbook, da Helen Evans Brown, uma americana que promoveu mudanças na cozinha da costa oeste. Tenho duas semanas pra dar uma geral nesses livros e voltar à biblioteca. O cardádio de lá é variadíssimo e farto!

Pissaladière

Eu tinha copiado a receita daquele livro inglês para gourmets de 1931 que ia mais ou menos assim: use uma massa, frite muitas cebolas no azeite, cubra a massa com essa cebola, coloque azeitonas pretas e fatias de aliche, asse. E até tinha decidido tentar fazer a especialidade de Provence assim mesmo, no tapão, afinal o que poderia dar errado? Mas coincidentemente naquela nesma noite, chegou no correio mais um exemplar de inúmeras revistas de culinária que eu recebo como sample, e nunca assino. Essa era a Cook’s Illustrated e nela vinha uma receita super hiper micro detalhada da pissaladière. Então eu fiz. A massa ficou incrivelmente boa – fácil de fazer, de manusear, fininha e crocante depois de assada, e acho até que vou adotá-la para as minhas pizzas. O recheio pedia quase um quilo de cebolas e eu só usei 2 grandes, então da próxima sei que precisa mais. Usei só uns ticos de aliche, pois apesar de gostar desse peixe, acho o sabor um tantinho “overwhelming”. Devorei duas fatias com uma taça de vinho branco e foi a melhor refeição desta semana.

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Pissaladière
Massa:
2 xícaras de farinha de trigo
1 colher de chá de fermento Fleischmann para pão, o de grão, seco
1 colher de chá de sal
1 colher de sopa de azeite
1 xícara de água morna.

No food processor com a lâmina de plástico, coloque a farinha, o sal e o fermento e pulse por 5 segundos para misturar. Ligue na velocidade normal e pelo tubo adicione devagar o azeite e a água, até formar uma passa compacta – uns 15 segundos. Retire a massa do processador e amasse de leve numa superfície enfarinhada. Forme uma bola e coloque numa vasilha pequena untada com azeite. Cubra com plástico bem apertado e deixe crescer por 1 hora e meia.

Recheio:
1 quilo de cebola cortada em fatias
2 colheres de sopa de azeite
1/2 colher de chá de sal
1 colher de chá de açúcar mascavo.

Frite a cebola no azeite, acrescente sal e açúcar e refogue em fogo alto por 10 minutos. Abaixe o fogo e refogue por mais 20 minutos até a cebola ficar caramelizada.

Abra a massa. A receita diz pra fazer duas, mas eu fiz uma só. Segure a massa pela ponta e vá puxando, ela vai esticando e tomando forma. Pode pôr em cima de uma folha de papel manteiga e ir puxando. Coloque numa forma. O forno deve estar pré-aquecido em 500ºF/260ºC. Cubra a massa com a cebola caramelizada. Salpique com azeitonas pretas, aliche. Se quiser pode pôr tomilho fresco, ou fennel seeds, que foi o que eu usei. Asse por 15 minutos. Sirva imediatamente.

That’s Hollywood!

Me lembro, ainda criança assistindo filmes na Sessão da Tarde nas férias, de ir até a cozinha e encher uma xícara de café tirado de uma garrafa térmica que ficava sempre num canto da cozinha, para satisfazer os inúmeros cafezinhos que o meu pai bebia diariamente. Eu fazia isso porque via os personagens nos filmes americanos bebendo café e ficava impressionada e motivada com o gosto com que eles faziam aquilo. O charme era o fato deles não usarem as xícarazinhas, como o meu pai fazia, mas umas xícarazonas de chá cheias do liquido negro. O que eu não sabia é que o café dos filmes era realmente esse café fraco, que hoje eu conheço muito bem, e não o nosso café forte, próprio para ser bebido nas xícarazinhas. Eu devia ficar totalmente turbinada, mas era legal demais tentar imitar o pessoal dos filmes!

Uma prima do Uriel, que também mora aqui nos EUA, uma vez me contou da primeira impressão de uma das irmãs dela, quando chegou em New York para visitá-la. Ela estava inconformada e perguntava insistentemente onde estava aquela comida maravilhosa e deliciosa que ela passou a vida assistindo aos personagens comerem lambendo os beiços nos filmes? Onde estão os donuts, as pizzas, o café – esse é o mais enganador, os hot-dogs, aquelas coisas que pareciam uma estupenda delicia, mas – SURPRISE – não são!! Enganação de Hollywood? Ilusão coletiva?

Eu observo muito a comida nos filmes. Como os atores comem ou não comem. Nos filmes antigos, todo mundo sentava-se à mesa, mas se prestarmos bem atenção vamos notar que ninguém realmente comia. Hoje os filmes são mais realistas. Eu deito cedo e fico lendo, fazendo coisas no computador e vendo filmes na tevê – tudo ao mesmo tempo agora! Outro dia enquanto pagava minhas contas online, passava o filme Moonstruck, com a Cher e o Nicolas Cage. É um filminho fofo, que eu não me incomodo de rever mil vezes. Muitas cenas se passam na cozinha da casa da famiglia Castorini. Eu adoro aquele tipo de cozinha, com muito espaço, uma mesa no centro. Numa das cenas, Olympia Dukakis prepara sunshine toasts – aquele ovo frito enclausurado num buraco no centro de um pão tostado, que se faz tudo junto, na frigideira ou no forno. Eu sempre quis fazer essas toasts, mas como não curto ovo e só faço breakfast quando tenho visitas, nunca tive a oportunidade de testar essa receita interessante. No filme, o ovo vasa por baixo e dá pra perceber que vai ficar uma bela droga quando a senhora Castorini vira a toast na frigideira. A filha cheira o prato antes de enchê-lo de sal e mesmo assim não come – vejam o filme e reparem!

Outra cena na cozinha é a final, quando a mãe prepara um mingau para todos – sogro, marido, filha, pretendente da filha e casal de amigos. Todo mundo come o mingau enquanto os nós da trama são desfeitos. Pra mim essas cenas dos filmes são preciosas e quase sempre inesquecíveis. Mas agora cresci e amadureci [um pouco] e desta vez não corri pra minha cozinha pra fazer um mingau!