Esperei até às oito da noite para irmos comer em algum lugar—nosso ritual já meio padronizado das sextas-feiras. Não é novidade pra mim ser deixada esperando. Faz parte do pacote de ser casada com um acadêmico workaholic. Mas isso não me isenta do direito de bufar e chutar latas. E isso eu fiz. Fiz também um jantarzinho improvisado, com o que tinha na minha frente: quatro tomates. Fiz um creme frio, tostei um pãozinho na frigideira de ferro e comi sozinha. Aproveitei pra usar umas taças de margarita que não saiam do armário há anos! Fez um visual, pra compensar a frustração…
Creme frio de tomate
4 tomates Roma
Um punhado de salsinha—acho que manjericão ficaria melhor, mas eu não tinha mais
1 fatia de cebola roxa
1/3 xícara de half-and-half [um creme de leite diluído]
Um punhadinho de azeitona preta sem caroço
Sal marinho a gosto
Tabasco a gosto—usei o de Chipotle
Um fio de azeite
Bata tudo no liquidificador, até formar um creme bem liso. Coloque em taças de margarita e sirva com fatias de pão tostadas com um fio de azeite.
a culpa foi do Misty
| o desastre |
A ironia disso tudo é que eu tenho publicada uma excelente receita de pão de queijo, uma das receitas mais requisitadas aqui neste blog. É verdade que eu nunca fiz o pão de queijo Pat, nem pão de queijo algum. Sou uma brasileira que nunca fez pão de queijo! Bem, eu fiz daqueles horrorríveis de liquidificador que foi moda total nos anos oitenta, mas esses nem contam como pão de queijo. Outro dia me deparei com uma receita de um pão de queijo colombiano numa edição antiga da revista Gourmet. Me meti a fazer, porque eu tenho mesmo esse espírito de porco que incarna vez ou outra.
A receita é super simples, como quase toda receita de pão de queijo. Mas eu resolvi fazer com metade das medidas, pois não tinha polvilho suficiente pra receita inteira. Quando a gente vai mudar alguma coisa numa receita—principalmente medida, tem que se colocar num modo de concentração extremo. Essa parte já não é o meu forte, especialmente porque eu tenho inúmeras distrações na cozinha. E a pior delas é o meu gato Misty. Só quem tem animal de estimação em casa vai entender o que é fazer tudo com uma criatura peluda aos seus pés. No caso do meu gato Misty, ele está constantemente ao meu lado. Se eu não fechar a porta do banheiro na cara dele, ele me acompanha e fica na minha frente, me encarando, enquanto eu estou sentada na privada. Na cozinha ele é uma presença constante. E fica nos lugares estratégicos—em frente da pia e do fogão, ou no meio entre a pia e o fogão, que é o território por onde me movimento quando estou cozinhando. Pois enquanto eu fazia a receita do pão de queijo da revista, o gato gordo se postou insistentemente aos meus pés, com o rabão esticado, me deixando nervosa, me atrapalhando e me distraindo. O resultado é que eu errei as medidas de açúcar, sal e fermento. Os pãezinhos cresceram na largura e achataram. Ficaram massudos, adocicados e borrachudos. Tenho uma penca deles agora e não acredito que eu possa fazer um reaproveitamento, como torrar ou grelhar. Com certeza vão todos pro lixo, que tristeza. Meus primeiros pão de queijo, um fracasso total!
* a receita, pra quem quiser tentar. retire antes os gatos e cachorros da cozinha!
Pan de Bono
receita dos chefs Jose Luis Flores e Douglas Rodriguez.
revista Gourmet novembro de 2004
3 xícaras de polvilho – tapioca flour
2 xícaras de farinha de trigo
2 colheres de sopa de açúcar
1 1/2 colher de chá de sal
1 colher de chá de fermento em pó
3/4 lb – 3 xícaras de mozzarella fresca ralada grosseiramente
1 xícara de leite integral
2 ovos
1/2 tablete [1/4 xic] de manteiga derretida e esfriada
2 colheres de sopa de óleo
Aqueça o forno em 375ºF/200ºC. Forre duas formas com parchment paper. Misture os ingredientes secos numa vasilha e bata com o batedor de arame. Junte o queijo. Incorpore bem. Numa outra vasilha bata os ingredientes liquidos. Misture o liquido ao seco, misture bem com uma colher de pau, faça bolinhas, coloque na forma com espaço entra cada uma e asse por 30 minutos. Deixe esfriar numa grade.
macarrão com abobrinha e manjericão
Felicidade maior pra mim: chegar em casa do trabalho já sabendo o que vou preparar pro jantar! Isso é sinônimo de tranquilidade, pois já vou direto ao assunto, sem delongas indecisas. E foi assim que acoonteceu com esse prato de macarrão com abobrinha e manjericão, que foi decidido bem cedo.
Cozinhe o macarrão em bastante água salgada. Eu usei macarrão integral. Corte a abobrinha em tirinhas bem finas. Eu usei duas abobrinhas pequenas. Descasque e rale em fatias finas dois dentes grandes de alho. Pique um macinho de manjericão. Quando o macarrão estiver cozido ao dente, coe e reserve. Na mesma panela que cozinhou o macarrão, coloque uma boa quantidade de azeite e o alho. Doure o alho, jogue sal marinho e pimenta do reino moída a gosto, acrescente a abobrinha e refogue por DOIS SEGUNDOS, não deixe a abobrinha amolecer. Jogue o macarrão, desligue o fogo, mexa bem para incorporar os ingredientes. Salpique com o manjericão, sirva com bastante queijo ralado na hora.
sabores exóticos
A série Häagen-Dazs Reserve está bem interessante. Já experimentamos o sabor romã com chocolate, que foi aprovadíssimo por todos. O de açaí não fez muito a nossa cabeça. Mas apesar de ser um Häagen-Dazs, ele tem quase zero de gordura, fato que nos impressou deveras. Esse sorvete é delicioso justamente porque tem mais de cinquenta por cento de gordura—quase um crime! Provamos também o sabor mel lehua havaiano com creme, que gostamos muito.
multiplicam-se
Os pés de pêssegos, cujo fabuloso e heróico resgate foi aqui relatado, estão dando frutos. Bem acomodados, mesmo ainda dentro de latões de plástico, eles prosperam e já precisaram ganhar um suporte, envergados que estavam pela fartura de lindos pêsseguinhos—ainda verdes, mas crescendo à vistas grossas e prometendo uma colheita abundante.
os tomates que viraram salada
Eu não acho os tomates amarelos tão saborosos quanto os vermelhos. Mas que eles são bonitos, isso são. Dão um show na travessa, quando são cortados em fatias e dispostos à apreciação pública—temperados com sal, pimenta, azeite e vinagre de vinho branco ou de champagne, e salpicados com alguma erva fresca.
Corn Chowder Salad
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Cansada, cheia de achaques hormônicos, de mau humor, me preparando pra jantar sozinha, procurei por uma receitinha fácil, prática e que me ajudasse a sair daquele estado desalentador que ainda insistia em relembrar—It’s only Tuesday!
A primeira receita que vi e que me animou muito foi a de um Corn Chowder, uma sopa típica do sul dos EUA. Sopa, sopa… Tudo na receita me interessou, menos o fato de ser uma sopa. Não estou mais no embalo dos caldos aquecidos. Tive então a idéia de transformar a sopa numa salada, muito mais apropriada para essa época e o meu humor resultante de um dia descabelante de primavera. Usei quase os mesmos ingredientes e mandei bala. O resultado foi de comer com colher, que é como a gente come comida confortante, pra curar todos os achaques e reativar os ânimos para continuar firme até o fim da semana.
1 lata de milho verde – pode usar o congelado ou melhor ainda, se tiver, o fresco
1 cenoura ralada
1 cebolinha picada
Bastante salsinha picada
Pimentão vermelho picado – eu usei o assado e desidratado
Pimenta cayenne em flocos – da vermelha, qualquer uma, seca ou fresca
Misturar tudo numa saladeira e temperar com um molho feito com suco de limão verde, um pingo de maionese, buttermilk, azeite, sal marinho. Bata bem para emulsificar e adicione aos outros ingredientes. Misture bem e sirva.
torta de espinafre e queijo
O rolo de phyllo pastry [massa folhada estilo grega] estava descongelado na geladeira há semanas. Um rolo de queijo de cabra implorava para ser usado urgente. Chegou espinafre fresco na cesta—folhonas enormes e verdolentas, uma overdose de clorofila. Resolvi juntar esses três ingredientes numa torta. Missão: jantar. Dificuldade: média. Primeiro prepare o recheio, pois ele deve estar frio quando for colocado na massa. Eu refoguei um scallion [cebolinha], parte branca e verde num tanto de azeite. Use cebola, se nao tiver scallion. Joguei lá as folhas de espinafre lavadas, escorridas e picadas grosseiramente. Refoguei só até as folhas murcharem. Acrescentei sal marinho grosso, pimenta do reino fresca, um punhado de pistachos moídos [use nozes, pinoles, amendoas se tiver e quiser] e acrescentei o queijo de cabra [use feta se tiver e quiser]. Abri a massa. Se não tiver a phyllo, qualquer uma folhada serve. Com a phyllo é importante pincelar muito bem cada folha com manteiga derretida. Forre uma forma grande com parchement paper, vá colocando as folhas da massa e pincelando uma por uma com bastante manteiga—saravá, Julia Child! Não sei se fica tão bom se substituir a manteiga por óleo vegetal em spray ou outra coisa menos calórica. Manteiga é manteiga, não há substituto! Quando terminar as camadas, coloque o recheio sobre a massa, dobre como quiser [eu sou péssima nisso, minhas tortas sempre ficam feias] e asse em forno pré-aquecido em 350ºF/180ºC até a massa ficar dourada e crocante. Sirva frio, que eu acho que fica mais gostoso.
Almoçamos fora no domingo
Família desorganizada, acho que éramos os únicos sem reserva para um restaurante no domingo de dia das mães. Quase duas da tarde e já tínhamos tentado quase todos os bons restaurantes de Davis. Até um em Sacramento. Mas queríamos comer por aqui mesmo, de preferência em downtown, onde poderíamos ir a pé. O único restaurante que nos deu uma resposta positiva foi o Tucos Wine Market and Cafe, que fica em downtown, perto da estação de trem, numa casinha pequena e aconchegante. Já tinha recebido recomendações desse lugar, pela comida e pelo wine tasting. Eles têm um cardápio simples, com ingredientes locais, tudo feito do zero, sem firulas, mas com capricho. É o meu tipo de lugar. A carta de vinhos não é extensa, mas os poucos são exclusivos. Nós optamos pelo menu do dia das mães, que incluia uma sopa de cenoura, aspargos enrolados no prosciutto e queijo, com ovo pochê [que dispensei] e torradas, talharini feito em casa com molho branco camarão e ervilhas, e uma tortinha de cerejas com sorvete de baunilha. Eu ganhei uma deliciosa taça de prosecco, incluida no pacote das mães. Foi um almoço delicioso, feito sem pressa, num ambiente super acolhedor. Pros outros restaurantes que não tinham lugar pra nós—uma banana!
* O Gabriel jurou ter visto uma latinha de guaraná passeando numa bandeja pelo restaurante. Quando fomos apresentados à lista de bebidas sem álcool, uma surpresa: além do guaraná, oferecido como algo super chique, uma variedade de sucos de polpa de frutas—real natural rainforest fruit juices, straight from Brazil. Acerola, caju, cacau, graviola, goiaba, mamão, manga, maracujá, abacaxi e tamarindo, batidos com água ou leite, estilo vitamina.
pêssegos & damascos
| fresquinhos, locais, orgânicos adoro! adoro! |
