Quando eu chego do Farmers Market nas manhãs de sábado trazendo as flores embrulhadas em folhas de jornal na minha cestinha, é a hora mais feliz para o meu gato Roux. Ele adora as flores—cheirar, morder, comer. Tenho um grande receio de que ele vai se intoxicar um dia, porque não sou entendida em plantas e não sei o que pode ser perigoso. Mas a florista sabe que meu gato come as flores que eu compro dela e nunca me alertou contra nenhuma. Mas já aconteceu dele não dar bola pra algumas, acho que o tal instinto funciona, mesmo num gatonildinho meio pancada como o Roux. Essas ele já cheirou. Estou tentando mantê-lo afastado, para as flores durarem pelo menos um dia, mas logo eu perco o controle e ele ataca. Felicidade para ele se resume à um lindo ramalhete de flores!
um limão
![]()
Berta mil e uma utilidades
![]()
ninguém engana o lobo
Relendo um dos capítulos de Como Cozinhar um Lobo da M.F.K. Fisher, caí na gargalhada quando li essa passagem, onde ela comenta a nossa neurose em encobrir os cheiros causados durante a preparação da comida. Sendo eu uma dessas, que fica um pouco neurotizada com o cheiro de cebola frita, vesti a carapuça.
“Você pode fazer um acordo, encobrindo um cheiro com outro. Você pode fazer isso, seguindo os ensinamentos da escola Stark de Realismo, acendendo um pedaço de jornal amassado e correndo pelos cômodos da casa com o jornal esfumaçado. Você pode, mais efetivamente [e mais ajeitadamente] pingar gotas de óleo de eucalipto ou pinho numa placa de metal quente e movimentá-la pra lá e pra cá. Se voce quiser se sentir como um personagem dos irmãos James num vago momento romântico, você pode pode pingar umas gotas de óleo de lavanda numa bacia de prata cheia de água quente. E se você é alguém que eu não conheço, e mais que isso, não me importo de nunca conhecer, você pode queimar um pequeno cone de incenso. Ou você pode assar a carne, fritar as cebolas, refogar o alho no vinho tinto… e me convidar pra jantar. Eu nao me importo, realmente, mesmo que seu nariz esteja meio brilhante, contanto que você se sinta confiante e certa de que lobo ou nao lobo, sua mente é sua e seu coracão é de alguém e portanto está no lugar certo.”
Fisher era uma mulher com uma prosa fina e uma língua afiada. Ela tinha uma maneira elegante, porém direta, de dar uma opinião. Mesmo sendo uma daquelas encucadas com a possibilidade do meu cabelo estar cheirando a bife frito, concordo com cada palavra desse parágrafo e reconheço o ridículo de tentarmos encobrir o efeito das nossas aventuras culinárias. Mas mesmo assim, quando eu acho que devo, fervo umas emanações com cascas de laranja ou pauzinhos de canela. E lavo o cabelo. No entanto, certamente como a Fisher, não me importo de nunca vir a conhecer pessoas que queimam incenso!
sopa fria de curry vermelho
![]()
Tirei essa receita de uma dessas revistas naturebas que se pega de graça na porta dos supermercados. Parei total nos ingredientes, embora tenha dado uma adaptada. A receita original usava frango, eu troquei por camarão. Serve quatro pessoas, ou duas com sobras para o dia seguinte.
1 xícara de leite de coco
1 xícara de leite de arroz
1 1/2 xícara de suco de cenoura
1 colher de sopa de pasta de curry vermelha
2 colheres de sopa de manteiga de amendoim
Uma bandeja de camarões grandes [ umas 300gr]
1 ninho de vermicelli de arroz
1 xícara de ervilhas
1 pimentão verde ralado fininho
1 xícara de coentro ou manjericão fresco *usei coentro
1 colher de chá de shoyo ou molho de peixe *usei shoyo
Refogue o camarão rapidamente na wok com um pouquinho de óleo de canola, sal, pimenta e o pimentão raladinho. Remova e reserve. Bata no liquidificador na velocidade mais baixa o leite de coco, leite de arroz, suco de cenoura, pasta de curry vermelha e a manteiga de amendoim. Remova para uma sopeira e leve à geladeira para gelar. Enquanto isso cozinhe o vermicelli conforme instruções no pacote. Junte as ervilhas, se forem congeladas. Coe tudo para uma vasilha e reserve. Na hora de servir junte o vermicelli com as ervilhas e os camarões refogados ligeiramente com o pimentão na sopeira. Tempere com shoyo e decore com o coentro. Sirva com colher e garfo.
batata doce caramelizada
![]()
![]()
Outro delicioso snack japonês. Eu estou sempre lá no Kim’s Market, a lojinha asiática de Davis, procurando por novidades made in japan. Adoro essas coisinhas diferentes, que os japoneses são experts em fazer.
na mesa com Picasso
![]()
![]()
![]()
No Gastronautas amadores da Lu Terceiro vi o link para o blog Jantarte e lá vi o link para o website do fotógrafo David Douglas Ducan, que fez muitas fotos do gênio Picasso. Eu já conhecia quase todas essas fotos, que foram publicadas inúmeras vezes, algumas delas na biografia do pintor escrita pela Arianna Huffington—Picasso, Creator & Destroyer, que eu li anos atrás. Do conjunto de fotos, essas com Pablo e Jacqueline à mesa são as mais encantadoras.
salada de melão

Fiz essa salada outro dia usando um melão verde. Desta vez usei o laranja. É importante que o melão esteja SUPER doce. Esses que ando recebendo na cesta orgânica—graças à benevolência dos perus selvagens, que neste ano não invadiram a fazenda para devorá-los—estão um verdadeiro mel.
Então pra fazer essa salada é só cortar um melão em cubinhos, cortar outra fruta qualquer em cubinhos também. No meu caso cortei dois pêssegos e duas nectarinas do meu quintal. Regar as frutas com o suco de um limão [amarelo] e salpicar com lascas de amêndoas tostadas. Não vai uma pitada de açúcar, nem mel, nem nenhum outro adoçante, mas fica uma salada de frutas dulcíssima, com um toque azedinho do limão e a crocância simpática das amêndoas.
Faça, que você não vai se arrepender. E as sobras, se houverem, mantém-se muito bem na geladeira, para voltarem deliciosas à mesa no dia seguinte.
the purple thing
![]()
É um fenômeno inexplicável. Eu não tenho nenhuma dificuldade com o ping-pong de traduções de ingredientes em portugês e inglês, com a exceção de um legume, aquele que eu nunca consigo recordar o nome em inglês por algum motivo infortunadamente obscuro: a berinjela. Sempre que vou falar dela numa conversa em inglês, empaco na gaguejação e a palavra não vem, não tem jeito, não sai. Então acabo sempre me referindo a ela como—the purple thing, até alguém dar a deixa ou eu mesma lembrar. É uma situação exacerbante, que se repete contínuamente. The purple thing—eggplant, eggplant, eggplant!!
jujubes
![]()
Também conhecidas como Chinese dates – tâmaras chinesas, essas frutinhas são um enigma pra mim. Não gosto quando elas chegam como um treat na cesta orgânica, pois nunca sei o que fazer com elas Pra comê-las in natura, melhor deixá-las secar até elas ficarem bem marrons e enrugadas. O gosto e a textura das jujubes lembra um pouco a maçã.
