salada de tomate & erva-doce

sal-ervadocetom_1S.jpg

A época mais feliz do ano pra mim é quando os tomates californianos começam a aparecer nas feiras e mercados. Eu só como tomate nesta época, porque no resto do ano os tomates vêm da Flórida ou do México, onde a industria usa práticas absurdamente insustentáveis e faz uso de mão de obra escrava. E pra piorar, esses tomates são uma farsa, isto é, não têm gosto de nada. Me recuso a fazer parte dessa parada, por isso me contento com o festim do verão, quando consumo os tomates orgânicos plantados e colhidos na minha região. É por isso que de julho a setembo receitas com tomates frescos abundam por aqui. Essa receita de salada eu pesquei do jornal britânico The Independent. Ficou realmente uma delícia.

serve de 4 a 6 porções
350 gr de tomates orgânicos maduros [pode misturar variedades]
1 bulbo de erva-doce cortado em fatias bem finas no mandoline
80 gr de queijo parmesão ou pecorino em fatias finas
Sal marinho e pimenta do reino moída na hora
1 colher de sopa de vinagre de vinho branco ou cidra de boa qualidade
4 colheres de sopa de azeite de oliva extra-virgem

Corte os tomates e misture com a erva-doce. Junte também algumas folhinhas verdes da erva-doce. Misture o vinagre com o azeite e tempere a salada. Tempere com sal e pimenta, junte o queijo—eu usei o parmesão, e sirva.

picnic em Bodega Bay

Eu adoro fazer picnics. E se o picnic for na praia fico tri animada, porque pra mim não tem nada mais delicioso que comer sentada sobre uma toalha esticada na areia fofinha olhando para o mar e ouvindo o barulhinho das ondas. Sou caipira do interior, então pra mim qualquer excursãozinha para o litoral é um verdadeiro treat. O único porém é que aqui no norte da Califórnia as praias são muito frias. Mesmo durante o verão, a quantidade de banhistas dando mergulhos de sereia [ou de baleia] na água é bem pequeno. Já fiz alguns picnics de verão na praia e num deles não conseguíamos nem comer os sanduiches de tanto que ventava gelado e revoava areia.

Desta vez decidimos almoçar numa praia em Bodega Bay. Para os cineaficionados essa cidade remete à cenas memoráveis de um dos filmes mais famosos do A. Hitchcock—que foi todo filmado lá e na cidade vizinha de Bodega. Eu adoro Bodega Bay, não só porque me sinto num cenário cinematográfico, mas também porque adoro a beleza natural da costa de penhascos, com um mar super azul, praias cheias de pedras e encostas íngremes.

Bodega
Bodega Bodega
Bodega Bodega

Obviamente que no feriado do 4 de julho, muitos outros amantes dos picnics tiveram a mesma idéia que a nossa e tivemos que dirigir bastante para achar uma área em que pudéssemos estacionar e descer até a praia com relativa facilidade. Preparei uma cesta de picnic bem leve, porque sabia que em Bodega Bay iriamos ter que descer pelos barrancos. Tivemos sorte de aportar uma pequena baia tão fechada que nem o vento lá chegava. Eu consegui ficar só de camiseta e esticamos nossas toalhas numa parte mais alta, protegida por um tronco de árvore e rodeada de pedras.

Levei sanduíche feito com liguiça italiana grelhada e acomodada num filão de pão ciabatta untado com pasta umami. Também levei uma salada de alface romana com azeitonas, temperada com suco de limão e azeite de laranja. E muitas frutas frescas de verão, queijo, marmelada, bolachinhas e mini tortinhas de frutas e de noz pecã. Pra beber levei chá gelado de limão e gengibre na garrafa térmica, uma garrafinha de vinho branco e água.

Também levei pratos e talheres de bambu, guardanapos de pano e copos de vidro. E um saco para colocar o lixo que voltou comigo. Aproveitamos a praia, mas não deixamos nada pra trás. O dia estava absolutamente lindo, ostentando um céu azulzissimo e fazendo um calorzinho muito agradável. Aproveitamos!

Bodega bodega4_10.jpg
Bodega Bodega

pudim de limão & framboesa

pudim-limao-framb_1S.jpg

pudim-limao-framb_2S.jpg

O nosso verão é um verdadeiro festival de frutas. As de caroço, como pêssegos, damascos, nectarinas e cerejas; as refrescantes, como melancias e melões; e as berries, que nem consigo enumerar. São tantas variedades e tonalidades de vermelho, rosa, roxo e azul, que fico até aflita, achando que nunca vou conseguir experimentar todas. É uma esbórnia! E as berries são muito delicadas, temos que nos apressar para consumí-las o mais rápido possível. As framboesas são uma das minhas favoritas, ultra uber suaves. Essa receita estava numa folha rasgada da revista Sunset, que guardei provavelmente para poder usar os limões que colhi da árvore da casa em Davis e que ainda tenho guardados na geladeira do basement. Tinha pensado em fazer com cerejas e acho que deve ficar bom usando qualquer outra berry. Os pudins ficam com uma consistência meio de bolo no topo e bem cremosa no fundo, mais ou menos como esta receita de pudim de limão.

2 ovos grandes, clara e gemas separadas
1/2 xícara de açúcar
3 colheres de sopa de farinha de trigo
2 colheres de sopa de manteiga derretida
Raspas da casca de 1 limão
3 colheres de sopa de suco de limão
1 xícara de leite
1/8 colher de chá de cream of tartar [cremor de tártaro]
350 gr de framboesas frescas, de preferência orgânicas
Açúcar de confeiteiro para decorar
Pre-aqueça o forno à 350°F/ 176ºC. Coloque 6 ramequins numa forma de assar.

Bata as claras com o cream of tartar até formar picos. Reserve. Numa outra vasilha bata bem as gemas com o açúcar até obter um creme grosso. Adicione a farinha, a manteiga, as raspas e suco de limão e o leite, batendo bem até todos os ingredientes ficarem bem incorporados. Junte metade das claras em neve na massa, misture delicadamente com uma espátula, daí junte a outra metade e misture novamente. Coloque metade das framboesas na massa. Coloque colheradas da massa nos ramequins. Despeje água quente na forma até atingir uns 3cm dos ramequins. Coloque a forma com os ramequins no forno e asse por 35 minutos. Remova a forma do forno [com MUITO cuidado pra não derramar a água quente] , remova os ramequins e deixe esfriar bem. Na hora de servir polvilhe com açúcar de confeiteiro e decore com algumas framboesas frescas. Pode guardar na geladeira coberto com filme plástico. O sabor do limão se intensifica de um dia para o outro.

sopa fria de pepino
[com buttermilk]

sopa-pepino-butter_3S.jpg

sopa-pepino-butter_2S.jpg

Fiz tanto essa receita nas últimas semanas, que praticamente já tomei posse dela. É a minha sopa fria de pepino favorita! Tenho feito muito para trazer pro meu almoço-picnic no trabalho, alternando com uma versão simplificada da deliciosa salmorejo, sem ovo ou presunto. Levo assim mesmo, acondicionadas em potes de vidro com tampa de rosca. Na hora de comer uso a colher ou apenas bebo usando o pote como se fosse um copo. Acompanho com crakers e uma salada, às vezes umas fatias de queijo. É um almoço leve, delicioso e cheio de sustança. Segura você animada o resto do dia, sem pesar nem causar aquela sonolência vespertina. Uso um buttermilk da melhor qualidade. Aliás, todos os ingredientes devem ser da melhor qualidade. Adiciono por minha conta um punhado de ervinhas—ciboulettes ou manjericão fresco, dependendo de qual eu tiver mais abundante no dia. Uma sopa fria perfeita para os dias tórridos, e para os não tão tórridos também.

da revista Everyday Food
cucumber-buttermilk soup
faz 4 porções
2 pepinos médios descascados e cortados em pedaços
[se tiver muita semente, remova]
2 xícaras de buttermilk
Sal marinho e pimenta do reino moída na hora
Azeite de oliva extra-virgem
Um punhado de ciboulettes ou folhas de manjericão fresco

Coloque todos os ingredientes no liquidificador e bata até obter um liquido uniforme. Coloque numa jarra e leve à geladeira. Na hora de servir acrescente mais pimenta do reino moída e um fio de azeite. Pode decorar com fatias bem finas de pepino. Essa sopa se conserva por um dia ou dois, bem tampada e dentro da geladeira.

The Automat

automat_1.jpg

automat_2.jpg

automat_3.jpg

automat_4.jpg

automat_5.jpg

Um dos meus passatempos favoritos no iPad é ficar navegando pelo app da revista LIFE, que tem um arquivo imenso de imagens atuais e antigas. Numa dessas viagens achei essa galeria de fotos de automats. Adoro os automats, que só conheci em fotos e filmes. Esses restaurantes/cafeterias foram muito populares entre os anos 20 e 50 e alguns ficaram imortalizados em cenas de alguns filmes clássicos. Nos automats os comensais entravam e colocavam moedinhas nas janelinhas escolhidas, de onde tiravam sanduíches, sopas, fatias de torta e bolos, frutas e sorvetes, além das torneirinhas que serviam café, chá e leite dia e noite. Os automats desapareceram do mapa, mas ficaram registrados na cultura popular através de fotos e filmes. Eles também deixaram descendentes—as maquinetas de bebidas, comidas e até de gadgets, que hoje pipocam por todos os cantos do mundo. Tenho guardado no meu diretório de memória de filmes inúmeras cenas passadas dentro de um automat, mas a mais divertida pertence ao fofíssimo filme Easy Living de 1937, protagonizado pela minha atriz favorita de todos os tempos, Jean Arthur e por um jovenzinho Ray Milland. Esse filme é absolutamente delightful e eu recomendo para qualquer um que goste de cinema e filmes clássicos. Mas a cena no automat é impagável, quando a Arthur entra lá faminta e desempregada [usando um casaco carésimo, que é o pivô de toda a trama] e só consegue comprar um café. Milland é um moço rico experimentando a vida de um trabalhador comum, fazendo serviço de busboy dentro do restaurante. Ele tenta ajudar a charmosa e engraçada Arthur, abrindo umas janelinhas pra ela poder comer sem pagar. O que acontece depois você só vai acreditar assistindo toda a cena. E depois de ver essa cena, vai com certeza querer ver o filme inteiro!

bolo invertido de morango
[com cardamomo]

bolo-morango-cdm_1S.jpg

bolo-morango-cdm_2S.jpg

bolo-morango-cdm_3S.jpg

Desconfio [embora não possa provar] que os japoneses da banca dos morangos no Farmers Market de Woodland injetam alguma substância dulcificante nas fruta, porque não é possível um negócio ser tão doce. Tenho voltado toda semana pra comprar os morangões que eles vendem. E no domingo quis fazer uma sobremesa usando os tais, para servir para nossos amigos que vieram nos visitar. Uns dias antes eu tinha visto a receita do strawberry upside-down cake with cardamom no blog da Joy [the baker] e foi esse mesmo que fiz. Muito simples, muito saboroso e perfeito para servir acompanhado de uma xícara de chá ou uma taça de vinho branco.

[faz um bolo de 20cm/ 8-inch]
para a cobertura de morango:
2 colheres de sopa de manteiga sem sal
1/4 xícara de açúcar mascavo
1 xícara de morangos cortados em fatias
para a massa:
1/2 xícara [8 colheres] de manteiga sem sal amolecida
2/3 xícara de açúcar mascavo
1 ovo grande
1 colher de chá de extrato puro de baunilha
1 e 1/3 xícaras de farinha de trigo
1 colher de chá de fermento em pó
1/4 colher de chá de bicarbonato de sódio
1/4 colher de chá de sal
1/4 colher de chá de cardamomo moído
2/3 xícara de sour cream

Pré-aqueça o forno a 350ºF/ 176ºC. Coloque a manteiga na forma redonda de bolo e coloque no forno até derreter. Remova a forma do forno e espalhe a manteiga derretida por toda a forma, incluindo os lados. Reserve.

Numa vasilha média misture com um batedor de arame a farinha, o fermento, bicarbonato, sal e cardamomo moído. Reserve.

Na batedeira, com a pá instalada, bata a manteiga e o açúcar em velocidade média até formar um creme—mais ou menos uns 3 minutos. Desligue a pá, raspe bem os lados do creme com uma espátula e adicione o ovo e o extrato de baunilha. Bata por 1 minuto. Desligue a batedeira, adicione a mistura de ingredientes secos e volte a bater em velocidade baixa, adicionando o sour cream. A massa fica bem espessa. Desligue a batedeira e misture com uma espátula.

Salpique metade do açúcar mascavo sobre a forma untada com manteiga, coloque os morangos sobre o açúcar e salpique o restante por cima das fatias de fruta. Coloque a massa por cima, espalhando bem com uma espátula. Asse por 35 minutos.

Remova do forno e deixe esfriar por uns 10 minutos antes de virar o bolo sobre uma travessa ou prato. Sirva morno ou frio. Se quiser pode adoçar um pouco de sour cream com mel e servir acompanhando o bolo. Eu não fiz [esqueci!]