molho putanesca

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Esse molho é um clássico, mas eu não tenho nenhuma lembrança de um dia tê-lo preparado. Super falha minha, porque ele é uma delícia e fica pronto numa piscada. Nesta época do ano os tomates presentes na minha cozinha são somente os enlatados—eu estoco o fire roasted, tomates orgânicos da marca Muir Glen, que é a minha favorita. Adaptei levemente uma receita da revista Food&Wine.

1/4 xícara de azeite de oliva extra-virgem
3 dentes de alho picados
6 filés de aliche/anchova
1/4 colher de chá de pimenta vermelha em flocos
1 colher de sopa de extrato de tomate [orgânico]
1 lata grande de um litro de tomates [fire roasted orgânicos]
1 pitada de açúcar
2 ramos de manjericão [usei salsinha]
1/4 xícara de azeitonas pretas kalamata picadas
1 colher de sopa de alcaparras escorridas
Sal a gosto

Numa panela grande e robusta aqueça o azeite. Adicione o alho, os filés de aliche e a pimenta em flocos e refogue em fogo médio, mexendo de vez em quando, por 5 minutos. Adicione o extrato de tomate e mexa por 1 minuto. Adicione os tomates em lata [tudo junto, os tomates e o suco]. Coloque a pitada de açúcar, as azeitonas picadas, as alcaparras e o manjericão. Adicione sal a gosto e deixe cozinhar em fogo baixo por uns 30 minutos, até que reduza e fique um molho bem grosso. Sirva sobre macarrão cozido al dente em bastante água salgada. Eu usei o talharim. Esse molho pode ser feito com antecedência e guardado na geladeira por até 3 dias.

muitos poucos livros

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2011 deve ter sido o ano em que eu menos comprei livros. Primeiro foi por causa do choque da mudança, com o empacotamento de uma casa inteira, dez anos de acúmulo, e perceber que eu tinha cacareco pra caramba! Muitas doações e reciclagens depois, ainda continuei com muito cacareco. Dei um fim em anos de coleção de revistas, doei muitos livros, fiz o possível e mesmo assim precisamos de dois caminhões gigantes pra carregar tudo de uma casa para a outra. Embora tudo isso não tenha sido exclusiva culpa dos livros, confesso que dei uma brecada de leve. Sem falar que fiquei entretida com outras mil coisas—além da arrumação, as pequenas reformas, troca de piso, instalação de fogão, descobrimento e desbravamento da cidade, eteceterá, eteceterá. Não adquiri tantos livros também porque me peguei meio que no flagra folheando alguns deles sem o menor entusiasmo. É muito livro, muitos lindos, inspiradores, divertidos, mas nem todos realmente úteis. Tomei uma canseira das revistas também, principalmente quando percebi que não estava dando conta de manter o ritmo de leitura das publicações que chegavam mês após mês, não me dando oportunidade nem de tomar um fôlego. Cancelei várias assinaturas e algumas eu troquei pela versão eletrônica, pra ler no iPad. Essa troca funcionou muito bem pra mim e espero poder eventualmente fazer isso com todas as revistas que assino. Quanto aos livros, vou indo no passinho do elefantinho. Quem sabe em 2012 meu ânimo de leitura retorne. Sempre lembrando que agora eu tenho um porão enorme e uma garagem que já virou depósito, o que significa espaço à beça pra poder encher de mais coisarada.

cuscuz paulista

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Eu cozinhei pouquíssimo pras celebrações de final de ano. Fiz tudo bem simples desta vez, realmente! Para o primeiro dia do ano decidi fazer um cuscuz paulista, que pra mim é uma comida com gosto de festa. Lembro dos cuscuzes que minha mãe fazia para os aniversários e que ficavam uma delícia. Como a minha irmã tinha me presenteado com um saco de farinha de milho em flocos, aproveitei a oportunidade. Procurei e achei muitas receitas na web, mas acabei escolhendo uma em inglês, porque as medidas e os ingredientes estavam mais adaptados à minha cozinha. Também considerei essa receita adaptada um achado, pois a autora substitui a farinha de milho pela polenta—uma bóia salva-vidas para muitos expatriados que não tem acesso à farinha brasileira. Um dia testarei. Usei camarões da Flórida no lugar da sardinha em lata e aproveitei para gastar o milho orgânico que recebi no verão e tinha congelado.

1/3 xícara de azeite de oliva
1 xícara de cebola picada
4 ramos de cebolinha picados
4 dentes de alho picados
1 xícara de ervilhas congeladas [deixe descongelar]
1 xícara de milho congelado [deixe descongelar
2 xicaras de tomate picado em lata [usei orgânico fire roasted]
2 xícaras de farinha de milho em flocos
1/4 xícara de salsinha fresca picada
1/3 xícara de azeitonas verdes picadas
4 ovos cozidos—2 fatiados e 2 picados
1 xícara de camarões limpos e descascados
Sal e pimenta do reino moída na hora a gosto.

Unte uma forma grande com um buraco no meio com azeite. Decore o fundo da forma com os 2 ovos cortados em rodelas e fatias de cebolinha [usei chives/ciboulette]. Reserve. Numa panela grande e robusta refogue a cebola, a cebolinha e uma pitada de sal. Deixe apenas suar por uns 6-8 minutos. Adicione o alho e refogue por mais um minuto. Adicione as ervilhas e o milho e refogue por 2 minutos. Adicione o tomate e deixe cozinhar por uns 3 minutos. Coloque os camarões, as azeitonas, os 2 ovos picados e a salsinha picada e deixe cozinhar brevemente. Acerte o sal e junte pimenta do reino moída. Adicione a farinha de milho aos poucos, mexendo sempre com uma colher de pau até formar uma massa bem molhada, porém firme. Coloque essa massa na forma untada e decorada e aperte bem com uma espátula. Cubra e leve à geladeira até a hora de servir. Desenforme e sirva em temperatura ambiente.

salada de lentilha
[com camarão]

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As lentilhas são a única tradição de ano novo que ainda sigo. O restante das superstições e rituais já viraram coisa do passado. Não acredito que essas coisas vão fazer grande diferença no meu ano, então salvou-se apenas o detalhe da comida. No dia 30 de dezembro fomos almoçar num bistrozinho francês em Sacramento e eu pedi uma entrada com lentilhas e camarões. Gostamos tanto do que comemos, que eu decidi tentar replicar a receita em casa. Fiz, ficou bem parecido e foi o nosso prato com lentilhas do ano novo. Usei camarões um pouco menores do que o servido no restaurante, porque comprei o selvagem pescado na Flórida. E usei a lentilha verde de Puy, que continua bem firme depois de cozida e é ótima em pratos assim, servida como salada.

Numa panela, coloque 1 xícara de lentilhas e cubra com água. Cozinhe até as lentilhas ficarem macias. Escorra a água. Reserve. Numa outra panela refogue rapidamente um punhado de camarões em um pingo de azeite, tempere com sal e pimenta do reino moída na hora. Reserve. Bata 1 xícara de creme fraiche com um punhado de ciboulette picadinha, temperado com sal, pimenta do reino moída na hora e um fio de azeite. Reserve. Misture umas 2 colheres de sopa de mostarda dijon com um pouco de suco de limão, um fio de azeite e sal. Bata bem para emulsificar e reserve. Monte a salada, colocando as lentilhas cozidas numa travessa, regue com o molho de mostarda. Coloque os camarões sobre as lentilhas e o creme fraiche no centro. Sirva a seguir acompanhado de pão fresco ou torradas.

Dione Lucas

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Pouca gente sabe, mas antes de Julia Child, a grande musa foi Dione Lucas—a primeira mulher a se graduar pela escola Le Cordon Bleu e a primeira chef a ter um programa de televisão nos EUA. Dione Lucas não era americana, mas sim inglesa. Trabalhou como chef na Europa, abriu o primeiro restaurante e escola Cordon Bleu em New York e foi estrela do primeiro cooking show norte-americano, televisionado entre 1948 e 49 pela rede CBS. Ela também escreveu vários livros sobre culinária francesa e, obviamente, foi uma grande influência e inspiração para a sua mais famosa procedente, Julia Child.

os dias restantes

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Foram umas das melhores férias que já tive, porque não fiz nada e fiz esse nada muito bem acompanhada. Ficamos em casa na semana entre o Natal e o Ano Novo e descansamos muito. Tivemos dias ensolarados e lindos, colocamos muitas coisas em ordem, conversamos com a família pelo skype e aproveitamos o tempo juntos. No último dia de 2011 preparei lentilhas e cuscuz paulista para o nosso almoço de primeiro dia do ano novo e à noitinha partimos para Napa, onde jantamos no restaurante Oenotri e depois passamos a meia noite no wine bar 1313. No primeiro dia ficamos em casa, no segundo dia celebramos 30 anos de casados e no terceiro dia voltamos ao trabalho e à rotina. Nosso final de ano foi simples e tranquilo, mas foi memorável.

[muitas coisas novas]

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Não faço nenhuma resolução ou plano de ano novo. Porque as palavras geralmente se espalham com o vento e o tempo, e acaba ficando apenas o dito pelo não dito. O meu ideal é ir fazendo o que for preciso ser feito. Com bom senso as chances de sucesso abundam. Se eu tivesse feito planos para o ano de 2011, tudo teria dado com os burros n’água, porque este foi um ano cheio de surpresas e mudanças. Nunca, nem em algum delírio alcoólico, pensei, cogitei, sonhei, imaginei que um dia estaria morando em Woodland—uma cidade que foi minha vizinha por quatorze anos, mas que eu nunca me interessei em conhecer. Todas as mudanças deste ano foram inusitadas e inesperadas. Me pegaram não só de surpresa, mas mudaram um bocado o meu cotidiano. Diminuí muito o ritmo deste blog, olhei pra muita coisa com outros olhos, adotei sem pudor as fotos toscas, aceitei minhas limitações—que não posso blogar todos os meus almoços e jantares, em casa ou em restaurantes. Gostei de ficar mais em casa, mudei meus caminhos da roça, respirei outros ares, expandi meus horizontes. E admito que até pensei, algumas vezes e bem seriamente, em encerrar minha carreira de blogueira de culinária. Porque temo um pouco a monotonia e a repetição. Mas por esse ano ter sido bem incomum, os assuntos acabaram por se distinguir. Tudo foi novidade pra mim durante os últimos seis meses, porque eu nunca tinha estado nessa cidade e vizinhança antes, e fui aos pouquinhos descobrindo as particularidades da minha nova casa. Me espantei alegremente com minha conta de eletricidade caindo em dois terços no verão, por causa das inúmeras árvores ancestrais que rodeiam a casa. Também descobri que tenho camélias no quintal. E que elas abrem nessa época do ano. Quando tudo fica com uma cara cinza, essas flores foram um colírio em tons de cor-de-rosa para os meus olhos. E no próximo ano, mesmo que nem tudo seja mais novidade, o que vier será com certeza especial. Pra mim, pra você e para todos, desejo um Feliz 2012 cheio de boas e bem-vindas surpresas!

jantando chucrute com salsicha

Cary Grant come chucrute com salsicha Cary Grant come chucrute com salsicha
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Cary Grant come chucrute com salsicha Cary Grant come chucrute com salsicha
Cary Grant come chucrute com salsicha Cary Grant come chucrute com salsicha

O filme era até um pouco chato—People Will Talk [1951], mas tem essa cena em que os dois médicos amigos, Cary Grant e Walter Slezak, discutem o caso da paciente Jeanne Crain, que estando grávida sem ser casada tenta se matar. Enquanto eles conversam, devoram pratos cheios de chucrute com salsicha, além de pedaços generosos de pão com manteiga. Deu até vontade!