salada de alface & vagem
[com ovos e vinagrete de avelã]

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A primeira coisa que preparei na minha cozinha assim que voltei de viagem foi uma salada. Uma salada de alface. Quando viajei o meu farmers market estava abarrotado com produtos de verão. Duas semanas ausente e sou recepcionada por um cenário um pouco diferente. Primeiro que metade dos fazendeiros já fecharam a barraca e só voltarão no próximo ano. Esse mercado é sazonal e o que acontece no final da estação é que vão acabando os legumes, frutas e verduras. E como o mercado não abre pro outono e inverno, poucos são os vendedores com produtos pra vender até o final. Mas a moça da minha fazenda orgânica favorita estava lá, com muitas alfaces, de diferentes variedades, todas fresquíssimas colhidas naquela manhã pelo marido dela. Foi uma alegria encontrar aquelas alfaces vistosas e garbosas, quase perfeitas. Levei um mação e fiz essa salada, que também usou um maço de vagens que tinha sobrado da ultima edição da cesta orgânica. A inspiração veio de uma receita que estava mofando nos meus alfarrábios. Eu mudei as nozes pra avelãs e tive a oportunidade de usar mais uma vez o verjuice, mas se você não tiver use suco de limão.

Um maço de alface
Um maço de vagens
3 ovos caipiras
1/2 xícara de avelãs tostadas
1/4 de verjuice [*ou suco de limão]
1/4 de óleo de avelã [*ou de nozes]
2 colheres de chá de mostarda Dijon
Sal e pimenta do reino moída na hora a gosto

Cozinhe as vagens rapidamente no vapor ou diretamente num dedo de água fervendo. Não deixe amolecer demais, apenas cozinhar levemente. Eu piquei em pedacinhos, mas pode deixar inteiras se quiser. Cozinhe os ovos. Lave e seque bem as folhas de alface. Coloque sobre uma saladeira ou travessa e salpique com as vagens, as avelãs torradas e os ovos cortados ao meio. Numa vasilha pequena misture bem o verjuice com o óleo e a mostarda. Tempere com sal e pimenta e regue sobre a salada. Sirva imediatamente.

a galinha dos ovos

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Cheguei de viagem e a geladeira estava vazia, não tinha nem um ovinho, pois o Uriel cozinhou todos. No sábado fui ao Farmers Market e comprei duas dúzias. Os ovos vem sorteados—uns são azulados, outros acinzentados, outros são marrom claro, outros cor de pele clarinhos, com pintinhas ou esbranquiçados, um lá vem com uma pluminha colada. Pra mim esses ovos são de ouro.

salada de folhas de dente
de leão [com nozes & ovos]

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Outra receita adaptada do meu mais novo livro favorito, o Vegetable Literacy da chef Deborah Madison. Na receita original a folha era de radicchio, mas eu substituí pelas de dente de leão que recebo regularmente na cesta orgânica durante o inverno. As folhas de dente de leão são bem amargas, como as do radicchio e então a substituição foi indolor. Essa é uma boa maneira de eu comer ovo, já que picadinho assim e temperado com um molho, o gosto “eca” da gema fica disfarçado.

1 maço de folhas de dente de leão [ou um radicchio Chioggia]
1 ovo caipira cozido
2 colheres de sopa de salsinha picada
Nozes picadas
Um fio de xarope de agave [opcional]
Vinagrete de nozes
faz cerca de 1/3 de xícara
1 cebolinha finamente picada
sal marinho a gosto
1 colher de sopa de vinagre de vinho tinto
1 e 1/2 colher de chá de mostarda dijon
3 colheres de sopa de óleo de nozes

Misture a cebolinha, sal e vinagre em uma tigela pequena e deixe descansar por 10 minutos. Em seguida misture a mostarda e óleo de nozes. Reserve.

Numa travessa coloque as folhas picadas, os ovos picados, tempere com o vinagrete, salpique com a salsinha e as nozes picadas. Regue com um fiozinho de xarope de agave e sirva.

sanduíche de ovo cozido

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Tudo começou com um maço gigante de cress—uma folhinha bem verde e bem picante, que chegou na minha cozinha via cesta orgânica. Não é a primeira vez que recebo esse verde e geralmente apenas incorporo em saladas. Mas desta vez a fazenda me salvou enviando também uma receita para usá-la. Acho que ela pode ser facilmente substituída pela watercress, o nosso bem conhecido agrião. Esse sanduíche de ovo é muito popular por aqui e eu sempre compro pronto quanto preciso de uma refeição ligeira, que dê pra comer com as mãos e que não faça muita lambança. Mas nunca tinha feito ele em casa. Nem preciso dizer que essa versão caseira, feita com ovos caipiras e verdura orgânica, ficou muito melhor.

faz 4 sanduíches
4 ovos caipiras cozidos e picadinhos
1 xícara de cress [ou agrião] picadinho
2 colheres de sopa de azeitona verde picada
2 colheres de sopa de maionese
1/4 colher de chá de sal
1/4 colher de chá de pimenta do reino branca moída na hora
Algumas gotas de tabasco
Algumas folhas de rúcula
8 fatias de pão da sua preferência [*usei o preto de centeio]

Misture todos os ingredientes até ficarem bem incorporados, espalhe sobre uma fatia de pão. Cubra com uma ou duas folhas de rúcula e com a outra fatia de pão. Pressione levemente com a mão, corte ao meio com uma faca afiada e sirva com pickles de micro pepinos—cornichons.

salada de tomate e ovo

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Essa é a saladinha de número 51 na lista do Mark Bittman e apesar de extremamente simples, fica muito gostosa. Foi uma das minhas favoritas até agora. Numa travessa coloque fatias de tomates super maduros [usei um heirloom] e por cima fatias de ovos caipira cozidos. Salpique um punhado de azeitona verde picadinha por cima e tempere com um molho feito com azeite extra-virgem, vinagre sherry [Jerez], uma pitada de sal e uma colherzinha de chá de páprica defumada picante [pimentón de la vera]. Sirva.

tortilla de batata
com molho romesco

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No domingo em que meu filho e minha nora vieram comer conosco, eu improvisei uma quantidade de pratos pequenos e decidi que teríamos um almoço de tapas. Essa receita, que eu tinha marcado de uma reportagem da revista Sunset, foi a primeira que fiz. A tortilla de batatas é figura carimbada na minha cozinha. O molho romesco depois que acompanhou a tortilla serviu de recheio para sanduíches e também de patê para comer com bolachinhas e torradas. Esse molho é outstanding. A foto é meramente ilustrativa, já que apenas registei a dupla antes de ser servida com o celular e não ficou uma imagem memorável.

para a tortilla de batata:
2 batatas médias cortadas em rodelas grossas
5 colheres de sopa de azeite de oliva extra-virgem
Sal e pimenta do reino moída na hora a gosto
6 ovos caipiras levemente batidos
Pré-aqueça o forno em 350ºF/ 176ºC. Numa frigideira coloque um pouco de azeite, adicione as batatas, tempere com sal e pimenta e frite até elas ficarem macias [ou cozinhe as batatas em água e sal e pule a fritura tão longa]. Adicione os ovos batidos sobre as batatas cozidas e cozinhe por uns minutinhos no fogo. Transfira a frigideira para o forno e asse até ela ficar bem dourada e firme. Remova do foro, deixe esfriar e transfira para uma travessa. Sirva em temperatura ambiente acompanhada do molho romesco.

para o molho romesco:
1/2 xícara de azeite extra-virgem
1 fatia de pão rustico amanhecido
1/3 xícara de amêndoa Marcona ou de outro tipo
1 e 1/2 xícaras de pimentão vermelho assados, sem sementes e picados
2 dentes de alho
2 colheres de chá de paprica espanhola doce Spanish paprika
3/4 colher de chá de flocos de pimenta vermelha
2 colheres de chá de vinagre jerez [sherry]
2 colheres de sopa de suco de limão
1/2 colher de chá de sal grosso

Numa panela refogue o pão e as amêndoas em uma panela até o põ ficar bem tostado. Junte um pouco de azeite, o alho, pimenta, paprica e pimentões assados. Cozinhe por uns 10 minutos. Coloque tudo num processador de alimentos, junte o restante do azeite, o vinagre o suco de limão e o sal. Pulse até formar um purê. Coloque num recipiente com tampa e guarde na geladeira até a hora de servir.

fritada de tomate & pesto

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O maço de manjericão se juntou às sementes de girassol e virou pesto, o pesto temperou os ovos e fatias dos primeiros tomates locais que comprei decoraram essa simples e deliciosa fritada. A receita saiu da revista Everyday Food. Só achei que ficou um pouco grande para duas pessoas. Da próxima vez farei apenas metade.

[serve 6 porções]
8 ovos caipiras grandes
1/3 xícara de molho pesto [*]
Sal marinho e pimenta do reino moída na hora
1 xícara de queijo mussarela ralado
1 colher de chá de azeite
2 tomates orgânicos cortados em fatias finas

Pré-aqueça o forno em 425ºF/ 220ºC. Numa vasilha grande bata ligeiramente os ovos. Junte o pesto, o sal, a pimenta do reino e metade da mussarela ralada. Numa frigideira de mais ou menos 25 cm coloque o azeite e leve ao fogo médio, adicione a mistura de ovos e cozinhe mexendo com uma espátula por 1 ou 2 minutos. Coloque as fatias de tomate e espalhe o resto do queijo mussarela por cima. Leve ao forno e asse por uns 10 minutos ou até o centro da ficar firme. Remova do forno, deixe descansar por 5 minutos e vire numa travessa. Corte em fatias e sirva.

[*] eu faço o molho pesto com a combinação de ingredientes que tiver disponível no momento. Para fazer esse que coloquei nessa fritada usei manjericão, sementes de girassol, um dente de alho, queijo parmesão ralado, sal e bastante azeite.

ovos caipiras

Já faz muitos anos que não compro uma caixa de ovos dessas de supermercado que custam $1,99 a dúzia [ou duas por $1,99 na promoção]. Não compro porque não acho necessário participar de um sistema baseado em crueldade para eu poder fazer uma omelete ou um bolinho vez ou outra. Compro e uso sempre os ovos da galinha feliz—fato que não preciso mencionar a cada receita que publico aqui, mas que é absoluto na minha cozinha.
Compro uma dúzia de ovos caipiras a cada duas ou três semanas, dependendo do que eu fizer na cozinha. Às vezes demoro mais pra gastar, porque não faço muita coisa levando 5 ovos e tais. No farmers market de Davis eu tinha a minha banca favorita para os ovos caipiras. E no primeiro dia no mercado de Woodland já achei minha fornecedora de ovos, de quem tenho sido cliente assídua.

Outro dia cheguei lá para comprar uma caixa e ela me disse—sinto muito, hoje só tem ovos para quem tem o nome na lista. E me explicou que nos dias muito quentes as galinhas diminuem a produção, pois é claro né minha gente, aquele bafão e você botando ovo? Elas simplesmente tiram uma folga. E a mudança da estação, com os dias amanhecendo mais tarde e anoitecendo mais cedo, também afeta a produção do galinheiro, pois donas galinhotas têm que ter o sono restaurador da beleza e nessa época dormem mais cedo e acordam mais tarde, não vão botar ovos nessas horas.

Coloquei meu nome na lista para cada duas semanas, pra ter certeza de que não ficarei totalmente sem ovos. Porque é assim que tem que ser. Nenhuma galinha é escrava e se eu quiser ovos em dias tórridos ou quando a estação faz eles ficarem mais curtos, eu é que terei que me esforçar, pagar mais e ter paciência.

Comparemos então a vida dessas galinhas que tem o direito de botar ou não botar ovos, com aquelas eternamente confinadas num cubículo iluminado noite e dia por uma luz artificial, comendo ração cheia de hormônios pra poder botar ovos dia e noite, sem nenhuma influência das leis naturais e assim suprir a demanda dos ovos com bacon e omeletes diárias pros pafúncios humanos.

Não é justo. E não é assim que precisa ser. A escolha é nossa.

aspargos com ovos

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Minha casa ainda não está arrumada. Porque temos que trabalhar nos nossos respectivos empregos e portanto estamos fazendo o que podemos, um pouquinho de cada vez. Já dei uma arrumada geral no quintal, arranquei montes da horrorenda e invasiva hera que tomava conta de muitas partes do jardim e plantei muita lavanda e gerânio. Arrumei o gazebo com uma mesa e cadeiras de ferro, onde já tomamos um café da noite de domingo. Também organizei os armários—estranhos walk-in closets da década de 40, e tivemos o carpete cor de vinho removido das salas de estar e jantar e chão de madeira instalado. Assim finalmente posicionamos os últimos móveis que ainda faltavam irem pro seu devido lugar. Mas ainda há muitas caixas com coisaradas dentro e muitas dessas coisas eu realmente não sei onde vou guardar nem como vou rearranjar. Preciso de mais móveis! Nem digo isso em voz alta pra não espantar os gatos e o marido, que acha que já temos muitos cacarecos.

Nos ínterins da arrumação eu dirijo até Davis olhando os campos de tomate, trigo, milho e girassol ladeando a estrada. Tenho feito o meu almoço em estilo picnic, sentada num banco atrás do meu prédio, onde tenho tido a companhia constante de esquilos e passarinhos. Descobri uma piscina bem perto da minha casa e tenho ido nadar quase todos os dias depois do trabalho. Essas braçadas e pernadas dentro da água fresquinha tem me salvado, pois se não fosse isso eu já teria tido um colapso de tanto cansaço. Por isso não tem dando tempo de cozinhar nada mais do que uma receita de macarrão com legumes ou uma saladona ou qualquer sanduíche usando os ingredientes frescos da cesta orgânica, que continua chegando semanalmente. Não tenho comido mal, muito pelo contrário, só não estou conseguindo fazer nada inédito e blogável.

Nossos vizinhos estão nos recepcionando com singeleza ímpar. Outro dia um casal trouxe um vaso com orquídeas brancas. E outra vizinha me trouxe cerejas frescas. Fruta não tem faltado, pois tenho feito compras no Farmers Market da cidade. Preparei uma gelatina que ficou muito boa, usando uns morangos locais dulcíssimos, batidos com xarope de elderflowers [aquele da Ikea], creme de leite fresco e misturados com agar-agar. Comi tudo e não fotografei nada. Numa outra noite fiz, rápidamente antes de ir nadar, esse prato frio com aspargos usando uma receita da revista do Jamie Oliver. A versão dele era feita com ovo de pata, mas eu fiz com os de galinha mesmo. Foi só dar uma leve cozinhada nos aspargos, colocar num prato e regar com um fio de azeite. Daí cozinhar os ovos, picar em pedacinhos e salpicar sobre os aspargos. Colocar algumas alcaparras escorridas, uns filézinhos de aliche picadinhos, folhinhas rasgadas de manjericão fresco. Temperar tudo com sal e pimenta do reino moída e servir—se quiser, acompanhado de um pão fresquinho.

omelete com pimentão vermelho

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Fechei a revista e estava decidido. Marquei a receita da omelete mais simples que já tinha visto, publicada na edição de janeiro da revista do Jamie Oliver. Ovos e pimentão vermelho assado. Usei os piquillos, porque os tinha. E fiz uma porção individual, pra um dos meus jantares de dia de semana, que agora faço sozinha. Tostei umas fatias de pão de batata na frigideira de ferro e voilá!
para uma pessoa:

2 ovos caipiras
3 piquillos cortados em fatias
um fio de azeite
sal e pimenta do reino moída a gosto
Coloque o azeite numa frigideira, junte os ovos batidos e temperados com sal e pimenta. Deixe cozinhar até a omelete ficar firme e puder levantar as bordas sem quebrar. Vá mexendo a frigideira pra espalhar bem os ovos. Quando estiver na firmeza do seu gosto [eu gosto bem cozido], coloque as fatias de pimentões de um lado da omelete e dobre a outra parte por cima. Remova da frigideira e sirva imediatamente.