macarrão com manteiga e queijo

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Pra quando não dá tempo de fazer nada, não se quer requentar nenhuma sobra de antonte, mas a fome é grande e o frio determina que se coma algo quente, o grande lance é um prato de macarrãozinho com manteiga e queijo. Enche a pança, esquenta, não dá bafo e ainda é tri saboroso. Eu usei o elbow macaroni feito de milho, por isso essa cor super amarela. E manteiga sem sal orgânica, mais queijo parmesão que eu ralei fininho na hora agá. Pra comer com colher, sem nenhum acanhamento ou hesitacão, se faz o favor, tá?

pappardelle de outono

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O Trader Joe’s tem um pappardelle de limão com pimenta do reino que é tão bom que nem precisa tempero—uma bolota de manteiga ou apenas queijo ralado já basta. Mas desta vez fiz o macarrão com uma mistura de legumes assados.**Nem preciso dizer o quanto eu adoro assar legumes, né? ** Assei primeiro a abóbora—usei uma fatia grossa cortada em quadradinhos da variedade musque de provence. Depois assei cogumelos crimini e um bulbo de erva-doce cortada em cubinhos. Temperei os legumes assados com sal, pimenta do reino, azeite, suco de limão meyer, salsinha, orégano e tomilho frescos. Misturei os legumes temperados ao pappardelle cozido e polvilhei com bastante queijo parmesão ralado na hora de servir.

pasta com cogumelos e espinafre

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Um rango bem simples pra poder usar aquele pacotão de baby portabellas que comprei no Farmers Market, mais uma boa quantidade de espinafre que veio na cesta orgânica. Achei que essa pasta ficou com uma cara incrível de outono!

Cozinhei em bastante água e sal uma porção de orecchiette. Quando a pasta estava quase al dente, refoguei uma misturinha de alho com sal grosso amassada no pilão numa boa quantidade de azeite. Juntei os cogumelos cortados em quatro, refoguei um minuto, juntei o espinafre picadinho, acertei o sal, moí um pouco de pimenta. Escorri o orecchiette e joguei no refogado. Joguei um punhado de salsinha picada, servi com queijo parmesão ralado na hora.

Não sei por que eu fiz sem pensar um panelão desse macarrão e no minuto em que estávamos sentando à mesa, chegaram o Gabriel e a Marianne. Eu tinha comida para um batalhão, somando-se à uma saladona. Colocamos mais dois lugares na mesa e tivemos um jantar em família, no meio da semana, que mais parecia um domingo!

minha versão do passateli ao limão

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Fui até comprar um espremedor de batata, que eu não tinha, pra poder fazer essa receita que a Neide Rigo publicou, depois de ter feito uma aula com a chef Ana Soares. Achei tudo notávelmente singelo, com os fiozinhos de massa no caldo da sopa. Iria ser a primeira refeição completa que eu iria preparar para comer finalmente acompanhada. Um dos problemas mais sérios que eu encontro para seguir receitas é a falta de preparação. Nem sempre temos todos os ingredientes necessários e nem sempre temos tempo para fazer as comprinhas imprescindíveis. Eu jurava que tinha uma caixa de caldo de legumes na despensa, mas quando fui ver percebi muito tardiamente que não tinha. Quase joguei a toalha, mas todo mundo sabe que não sou dessas. Analisei minhas possibilidades e vi que tinha uma quantidade razoável de molho purissimo de tomates da minha horta e resolvi foi fazer a minha versão do passateli, que acabou se transformando em outra coisa—mas não menos apetitosa!

A receita da chef Ana Soares, publicada pela Neide:
Passateli ao perfume de limão siciliano
200 g de pão francês seco, ralado
200 g de parmesão ralado
Raspas de limão siciliano a gosto (ou outro, se preferir)
3 ovos inteiros
Gemas até dar o ponto
30 g de manteiga amolecida
Sal e pimenta-do-reino a gosto
Noz moscada ralada a gosto
1,5 litro de caldo de carne
Legumes picados a brunoise

Numa tigela grande, misture a farinha de pão, o queijo parmesão e as raspas. À parte, bata os ovos com a manteiga e despeje na tigela, mexendo bem. Vá juntando gemas até conseguir uma mistura cremosa e firme (que possa passar no espremedor de batatas). Cubra e deixe na geladeira por 15 minutos. Aqueça o caldo de carne desengordurado, coloque a massa dentro do espremedor de batatas e vá apertando, deixando cair sobre o caldo fervente os fiozinhos de massa. Junte os legumes (cenoura, salsão e abobrinha em cubinhos mínimos) e cozinhe por mais dois minutos.

A minha versão:
Passateli ao perfume de limão siciliano
200 g de pão rústico seco, ralado
200 g de parmesão ralado
Raspas de limão siciliano a gosto (ou outro, se preferir)
3 ovos inteiros
30 g de manteiga amolecida
1,5 litro de molho de tomate
1/2 cebola
óleo, azeite, sal

Numa tigela grande, misturei a farinha de pão, o queijo parmesão e as raspas de limão. À parte, bati os ovos com a manteiga e despejei na tigela, mexendo bem. Decidi não acrescentar mais gemas e ver no que dava. Cobri a tigela com um pano e deixei na geladeira por 15 minutos. Refoguei meia cebola picadinha numa colher de óleo vegetal e um fio de azeite. Acrescentei o molho de tomate, sal a gosto e uma pitada de açúcar. Deixei engrossar um pouco. Passei a massinha pelo espremedor de batata direto no molho. Deixei cozinhar uns minutos, desliguei o fogo e tampei a panela. Ficou uma sopa bem grossa. Não ficaram fiozinhos como imaginei na sopa da chef Soares. Avalio que o molho encorpado de tomate, o pão mais grosso e a ausência de algumas gemas foi o que fez a diferença.

A receita tinha absolutamente tudo para dar errado, começando com um acidente ensanguentado logo no início da preparação, quando ralei a tampa do dedão no super ralador e tive que interromper todo o processo até conseguir controlar o sangue e a dor. Com um band-aid porcamente colado na ponta do polegar e xingando a bruta falta de sorte de ter que fazer o resto do jantar com o dedão da mão direita empinado, continuei firme. Quando vi o resultado, com aquele visual encorpadão da sopa e sem nenhum fiozinho charmoso se revelando, tive vontade de chorar—mais um jantar arruinado! Mas quando servi e começamos a comer, que deliciosa surpresa! Ficou uma sopa de tomate bem substanciosa e saborosa, com um hint do limão que fez toda a diferença. Acho que reinventei a receita acidentalmente, mas ainda vou tentar novamente fazer a original.
O Uriel fez o seu indefectível comentário de finais de jantares bem sucedidos: ficou muito boa essa sua invenção!. Retruquei rapidamente que não era invenção, que eu tinha seguido uma receita, mas nem eu mesma fiquei convencida dos meus fracos argumentos.

pasta? sim, pasta!

Morar numa cidade universitária me traz grandes vantagens, como poder conhecer muita gente legal de vários cantos do mundo que vêm aqui para estudar ou trabalhar. Mas por outro lado tem a desvantagem que é ter que, de vez em quando, superar a melancolia que acompanha as despedidas. Chegou a hora de dizer good bye para uma amiga muito querida, que vai fazer muita falta no meu círculo de relacionamentos. Como todos os nossos rituais de despedida incluem comida, quis fazer um almoço para ela. Eu já tinha combinado com um amigo italiano que adora cozinhar, que iríamos fazer uma macarronada. Eu estava muito curiosa para observar as técnicas dele no preparo da massa e do molho. Colocamos os nossos planos em prática.

Usamos ovos fresquíssimos, farinha de trigo orgânica, semolina e toneladas de tomates orgânicos maduríssimos. Cozinhei os tomates um dia antes e passei pela peneira para obter alguns litros de purê. No dia seguinte começamos a função cedo. Eu e a Charlene trabalhamos duro como assistentes dedicadas do comandante da cozinha, o chef Luigi. Fizemos macarrão e três tipos de molho para dezoito comensais. Aprendi muita coisa legal com esse romano, que é do nosso time de apreciadores da comida simples, feita com capricho e com ingredientes da melhor qualidade. Ele fez o macarrão bem grosso. Passou a massa umas dez vezes pela espessura um, e depois cortou em tiras de fettucini. Nunca tinha comido o macarrão grosso assim e achei muito bom. Os molhos foram feitos de uma maneira incrivelmente simples. Eu perguntava pra ele—vai pôr isso? vai pôr aquilo? E a resposta era sempre—não, o molho de tomate italiano é muito simples. Perguntei sobre o manjericão e fui aconselhada a adicionar no final do cozimento do molho, mas aconteceu que na correria das arrumações de mesa e detalhes finais das preparações, o manjericão não entrou na dança. E pra falar a verdade, nem fez falta.

Ficamos conversando em volta da mesa até as seis da tarde. Só não ficamos mais tempo porque era domingo e a segunda-feira nos aguardava impaciente e exacerbada. Foi um almoço delicioso, tanto pela comida e bebida, quanto pela companhia. Uma despedida à altura da nossa convidada especial, a amiga que vai deixar saudade.

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** fotos extras AQUI

Molho ao Sugo
Refogar duas cenouras cortadas em cubos e uma cebola picadinha num pouquinho de óleo vegetal. Pode pôr um pingo de azeite. Uma coisa que eu sempre soube sobre cebola e alho é que quando se usa a cebola, não se usa o alho e vice-versa. O Luigi só reafirmou esse ponto. Quando a cenoura estiver molinha, vai acrescentando o purê de tomate, que eu fiz fresco, usando quilos de tomates. Mas o Luigi deu a dica de misturar metade de purê de tomates frescos com metade de tomates em lata. Refogar essa mistura até o molho reduzir em 1/3 e ficar bem grosso. Acrescentar um pouco de sal grosso. Pode pôr manjericão no final, mas nós esquecemos de colocar e ninguém reparou. No final, eu acrescentei um tomate grande inteiro, picado. Segundo o Luigi, a casca do tomate dá um sabor especial ao molho. Esse molho é daqueles que não pode ser desperdiçado e exige fartura de pedaços de pão, para limpar os pratos e as panelas.

Molho de Tomate com Aliche
Nessa versão do molho de tomate, faz tudo igual ao molho ao sugo e acrescenta-se filés de aliche/achovas durante o cozimento. Como eu não tinha mais nenhuma latinha de aliche, usei uma pasta de aliche que eu às vezes uso para pôr em molho de saladas. Esse molho foi o meu favorito!

Molho de Manteiga com Sálvia
Esse molho é ridiculamente fácil. Derreta a melhor manteiga que você puder comprar numa frigideira e coloque folhas de sálvia fresca. Deixe pegar o gosto. Desligue o fogo rápido, pra manteiga não queimar. Ela deve ficar clara. Não precisa sal, pimenta, nada.

pesto de sementes de abóbora e coentro

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Para um jantar ultra-rápido e ultra-simples, fiz o pesto de sementes de abóbora da Ana. Usei macarrão integral. Ficou um bocado mais leve que a maioria dos pestos que já provei.

1 xícara (chá) de sementes de abóbora (das verdes)
1 maço de coentro (só as folhas)
1 xícara (chá) de queijo parmesão ralado na hora
1 colher (sopa) de suco de limão [*esqueci de usar]
2 dentes de alho [*não usei]
Sal a gosto
Pimenta-do-reino a gosto [*não usei]
Azeite de oliva a gosto

Torre as sementes de abóbora em uma frigideira. Mexa constantemente até ficarem meio douradinhas, cerca de 3 ou 4 minutos. Coloque no processador com os outros ingredientes. Pulse até triturar bem (algumas pessoas preferem com mais textura, menos triturado) e acrescente azeite de oliva pelo bocal até atingir a consistência desejada, mais espesso ou mais ralo. Misture ao macarrão bem quente e sirva com queijo ralado.

fiz macarrão

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with a little help from a friend

Foi num arrebatamento inesperado que fui até onde estava encostada a máquina de fazer macarrão e abri a caixa. Ela estava guardada desde o dia que eu a trouxe da loja, há quase dois anos. Finalmente suas partes metálicas viram a luz do dia e da cozinha. Atarrachei na mesa e fiz a massa com 100g de farinha de trigo para cada ovo. Uma pitada de sal. Usei farinha orgânica e ovo caipira, de galinha fecundada pelo galo.
Me atrapalhei um pouco, claro. Não fazia macarrão em casa há anos. A última vez que fiz, e foram poucas vezes, nós ainda morávamos no Brasil e o Gabriel era um gurizinho magricela usando óculos de aro azul. Foi no século passado, durante uma das minhas fracassadas tentativas de ser a líder das tradições culinárias da minha família. Joguei a toalha e desisti há muito tempo. Quem faz isso hoje com muito sucesso é o meu irmão Carlos Augusto—o autor de um macarrão tão bom quanto o da minha mãe.

Hoje recuperei um pouco meu brio, fazendo um macarrãozinho bem decente. E já até sei onde fiz meus erros. Deixei a massa ficar muito fina, fui até o numero sete, e não enfarinhei com firmeza. Mas os fiozinhos de massa cozinharam bem e foram temperados com o molho ao sugo que fiz outro dia. Agora é só não desanimar e continuar praticando rumo ao aprimoramento.

Indian slapjacks

American Cookery, foi o primeiro livro de receitas publicado em território norte-americano em 1796 . A autora da façanha, uma órfã e trabalhadora doméstica chamada Amelia Simmons, fez o primeira registro dos hábitos alimentares e do uso de ingredientes nativos, como milho, cornmeal, squash e abóbora. O livro, cujo título original era American Cookery, or the art of dressing viands, fish, poultry, and vegetables, and the best modes of making pastes, puffs, pies, tarts, puddings, custards, and preserves, and all kinds of cakes, from the imperial plum to plain cake: Adapted to this country, and all grades of life , substituiu os importados da Inglaterra nas cozinhas da América e tornou-se extremamente popular. Hoje existem somente quatro cópias do livro original, e uma delas pode ser vista no website da Biblioteca do Congresso. Notem ao folhear as páginas amareladas, que a prensa que fez a impressão do livro certamente tinha um problema com a letra “s”, que foi substitu;ida em todas as páginas por um “f”. Esse detalhe acrescenta um toque extra de peculiaridade à leitura de American Cookery.

*Reproduções desse livro e de outros pioneiros da culinária norte-americana podem ser encontrados AQUI. **O Projeto Gutenberg tem o livro disponibilizado para download AQUI.
Nem todas as receitas são fazíveis, mas a leitura desse livro precursor é certamente uma aula de história da gastronomia no Novo Mundo. Eu quis experimentar ao menos uma receita e escolhi essa de Indian Slapjacks, que é basicamente uma panqueca de milho. Elas não ficam tão macias quanto as panquecas comuns, mas são extremamente saborosas.

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Indian Slapjacks
1 xícara de leite
2 xícaras de cornmeal
4 ovos
4 colheres de sopa de farinha de trigo

Misture bem todos os ingredientes até formar uma massa uniforme. Frite em frigideira ou chapa untada, sob fogo ou em temperatura média. Vire quando a massa fizer bolhinhas. Sirva morno com mel, manteiga, geléia, ou somente com sal. As minhas foram servidas com maple syrup.

Orzo com tomates

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Eu conheci uma pessoa que dizia que, segundo a cabala, a terça-feira era o dia mais próspero da semana. É um argumento compensador, pois a terça-feira só não é mais desanimadora que a segunda-feira—convenhamos!

Então para serenar a fome, o calor e o cansaço de uma terça-feira atrapalhada no trabalho, que me rendeu até uma sovaqueira, já fui pra casa com o menu do jantar decidido e concluido na minha cabeça. Iria fazer um orzo, temperado com as dezenas de tomatinhos cerejas que eu tinha colhido no dia anterior da minha horta. Alho, azeite e manjericão, pra ajudar a temperar. Queijo ralado pra arrematar. E assim foi feito, rápido, sem esquentar a cozinha nem a cachola, e o resultado foi compensador. Comfort food, na melhor acepção da palavra.

cold soba noodles

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Super simples: cozinhe o soba em bastante água. Quando cozido, escorra numa peneira e enxague bem com água corrente fria. Reserve. Prepare o molho, que pode ter muitas variações. O meu só teve shoyo, um pouquinho de água, dois pingos de óleo de gergelim e gengibre ralado. Misture e salpique com sementes de gergelim tostadas.