Mallorca — uma estrela no Mediterrâneo

Assim que saímos do aeroporto eu vi as figueiras carregadas de frutas e pensei—meudeuso, cheguei no paraíso! Daí eu vi o mar azul esverdeado e as oliveiras, e os sycamores, e os ginkgos, e as magnólias, e todos os arbustos, flores e árvores que vejo todos os dias aqui no meu pequeno rincão no norte da Califórnia. Do outro lado do mundo tem um lugar muito parecido, muito quente no verão, muito lindo no outono, muito popular com os turistas, com diferença que Mallorca é uma ilha medieval cheia de influencias árabes. Nós ficamos num resort em Alcúdia e visitamos Sóller [e Port de Sóller], Pollença [e Port de Pollença] e a Serra de Tramuntana, que é parte do patrimônio mundial. Aproveitamos muito as praias por perto e visitamos com nossos primos que moram em Pollença. Lá também tivemos a chance de fazer compras num mercado aberto, no centro da pracinha medieval. Foram dias deliciosos, com muita comida e vinho, um sol gostoso, uma água de mar tão agradável, onde podíamos ficar por horas boiando, nadando e conversando. Aproveitamos bastante o resort também, que tinha um spa sensacional onde batíamos ponto todo final de tarde. A ilha é muito grande, não deu pra conhecer muito, por isso um dia vou querer voltar.

a linda medieval Toledo

Foi uma reação unânime dizer que Toledo era belíssima quando eu mencionava que iríamos até lá. E não era exagero. A cidade é realmente linda, um monumento histórico no topo do morro, cercada por muros. A beleza também está das memórias dos cristãos, judeus e árabes convivendo harmoniosamente no mesmo território e influenciando uns aos outros. Fomos de Madrid para Toledo de trem e caminhamos por lá o dia inteiro. Visitamos a réplica da casa do pintor El Greco, comemos muito marzipã, camelamos subindo e descendo ruelas, voltamos exaustos mas valeu demais a viagem até lá.

me encantó Madrid

A Espanha nunca decepciona. Minha viagem ao sul do país, anos atrás, foi uma das melhores que já fiz. Desta vez pude finalmente conhecer Madrid. Que cidade linda e imponente. E quanta comida gostosa. Não planejei nenhum roteiro gastronômico, mas comemos muito bem por lá, desde tapas [galore!] até lugares onde devoramos postas gigantes de bacalhau. Andamos muito pela cidade, fomos aos museus do Prado e da Reina Sofia, visitamos dois mercados—o de Antón Martín e o maravilhoso San Miguel, bebemos muito vinho, comemos muitos doces com amêndoa, eu até ousei comer ostra [que coragem! hahaha!]. Foi uma visita curta, mas foi maravilhosa.

saí de férias [muito bem merecidas]

spanish_food
gazpacho, lagostim, gambas, almejas & verdejo wine

Fazia um tempinho que eu não saia de férias que não fossem pra visitar a família no Brasil. Desta vez a família saiu do Brasil e fomos todos juntos de férias para a Espanha, com uma paradinha em Portugal. Eu saí de San Francisco, minha mãe de Campinas e meu irmão e minha cunhada de Brasília, nos encontramos em Lisboa, depois fomos para Madrid e finalmente para Mallorca. Foram férias muito bem merecidas, quando pude ter a companhia da minha família por duas semanas. Comemos e bebemos muito e muito bem, revi minhas queridas amigas portuguesas, conheci a belíssima Madrid e caí de amores pela ilha Mallorca. Tenho centenas de fotos, algumas histórias, que vou tentar organizar aos poucos, assim que superar esse maledeto jet lag. Voltei!

bolo espanhol de amêndoas
[pastel de almendras]

pastel-almendras.jpg

E esse bolo típico espanhol foi a terceira [porém não a última] receita que fiz do livro Casa Moro. Esse é daqueles bolos tipo pudim, que ficam finos e úmidos, com uma textura mais densa, mas com um sabor super delicado. O segredo é bater os ovos, açúcar e azeite por bastante tempo [uns 15 minutos]. Enquanto esses três ingredientes ficam na batedeira, prepara-se as amêndoas, que precisam ser despeladas. Eu sempre tive um certo temor de tirar casca de amêndoa, pois achava que seria um trabalho miserável, daqueles que leva cinco horas, machuca mão e faz uma sujeirada dos demônios. Mas que nada! É só jogar as amêndoas por uns minutos em água fervendo, remover com uma escumadeira, chamar uma mão extra pra ajudar a remover a casca que vai sair facinho e em menos de 10 minutos as amêndoas estarão peladíssimas e prontas para serem incorporada à massa do bolo. Usei umas amêndoas fresquissimas que ganhei de um dos nossos advisors, um professor da Plant Science, no meu trabalho.

150 ml de azeite extra-virgem de oliva
165gr de açúcar mascavo claro
4 ovos caipiras médios
175g de amêndoas cruas despeladas e moídas
100g de farinha de trigo peneirada

Pré-aqueça o forno a 350ºF/ 176ºC. Unte um refratário ou forma de mais ou menos 26 cm com azeite e reserve. Na batedeira bata o azeite, o açúcar e os ovos até que fique um creme pálido e liso, por cerca de 5 minutos a uma velocidade média-alta. Este passo é importante para aerar a massa e deixá-la bem leve. Separe as amêndoas já despeladas em três partes e moa no processador em três niveis—bem fino, médio e bem pedaçudas. Desligue a batedeira e coloque então 2/3 das amêndoas e a farinha de trigo peneirada misturando delicadamente com uma espátula. Despeje a massa no refratário ou forma previamente untada, espalhe as amêndoas restantes por cima e leve ao forno. Asse por uns 20 minutos ou até que o bolo esteja firme e dourado. Retire do forno e deixe esfriar sobre uma grade. Esse bolo é muito apropriado para acompanhar um delicado chá de ervas frescas. Eu servi com um de hortelã.

mercado de abastos

mercado_triana_4a.jpg
mercado_triana_5a.jpg
mercado_triana_2a.jpg
mercado_triana_3a.jpg
Em Sevilla visitei o mercado de abastos de Triana. Ele é no mesmo estilo do mercadão de Campinas, porém um pouco menor e tinha muitas lojas fechadas naquele dia. Uma senhorazinha que estava comprando peixes me disse que o movimento é mesmo aos sábados, quando todas as lojas abrem e o povo baixa no mercado para as compras da semana. Lá se vende frutas, legumes e hortaliças, peixes, frutos do mar, carnes, aves, ovos, queijos, embutidos, grãos, latarias, pães e bolachas, roupas, sapatos, eteceterá. Não me surpreendi com muita coisa, somente com a variedade de peixes e frutos do mar e com a visão chocante da cabeça do boi pendurada na parede do açougue e as aves ainda com penas e os coelhinhos com pele e tudo pendurados num gancho da venda de aves… Mais fotos AQUI.

La Paella

paella_c_1S.jpg
paella_c_2S.jpg
[e ainda na Espanha…]
Pensaram que eu ia sair da Espanha sem provar uma paella, hein? Oh—no! Combinei de jantar com nossos amigos, mas no meu portunhol miseraver, hablando por teléfono, não saquei que era almoço e não jantar. Segundo a tradição, come-se paella normalmente para o almoço, por ela ser um prato pesado e indutor de siestas. Mas nos comemos num quase jantar, pois estavamos em Granada e viemos dirigindo alegremente e tranquilamente sem pressa, achando que estávamos no horário. Mas estavam todos nos esperando já no restaurante. Big bafão! Mas fomos perdoados e a paella estava deliciosa. Era uma de pescados, com peixe, frango, merluza e camarões gigantes. Essa paella leva duas horas pra ficar pronta e é cozida numa forma funda de barro, onde é servida. Eu adorei o sabor do arroz e comi o peixe e o frango. Mas esses bichos com olhos, eu coloquei elegantemente e disfarçadamente de lado. Ninguém reparou, porque a conversa estava animada, regada a sangria e tudo mais.

churros y cortado

churroscortado1S.jpg
[ainda na Espanha…]
Em Granada corri para poder experimentar os churros, mas o restaurante não estava mais fritando nenhum, porque já era hora de servir o almoço. Mas o garçon foi com a minha cara e me deu uns de brinde, que ajudaram a matar as lombrigas. Olhei pro panelão de óleo onde os churros são fritos e pensei que não era possível que aquilo fosse azeite, mas ERA! Segundo minha amiga Angela, na Espanha frita-se tudo com azeite. Pudera! O cortado é uma dose de um café forte diluído com um pingo de leite.