potluck

Eu gosto dessa palavra—potluck—cada um leva um prato e todos dividem. Às vezes a divisão não traz muita sorte pra uns ou outros, pois nunca se sabe que tipo de comida vai aparecer na mesa. Ainda mais quando o potluck envolve uma turma internacional. Eu já fui num potluck onde não consegui comer quase nada, pois tudo era estranho demais pra mim. Era uma confraternização entre os estudantes chineses do meu professor de inglês canadense. Eu sempre metida em tudo, me danei. Não lembro o que levei, mas tenho certeza que não fez o menor sucesso. Nosso gosto ocidental nem sempre agrada aos orientais. Mas eu lembro vivamente de um peixe com molho de feijão preto que me assustou pacas. E os ovos de pato esverdeados. Eu não como ovo nem normal, quem dera um que ficou “estragando” envolto em ervas e folhas. Bom, eu também já tive minha comida rejeitada em potlucks, como nos banquetes internacionais da U of S, no Canadá, quando eu preparava a minha maravilhosa feijoada brasileira e muita gente torcia o nariz e dizia no thanks! enquanto eu oferecia sorridente os brazilian black beans. Uma vez eu levei refresco de guaraná num potluck, desses de pacotinho da TANG, que misturei com água gasosa e acrescentei gelo e rodelas de limão. Quando eu falei que era guaraná, alguém me perguntou se a bebida era apropriada pra crianças. Nem todo mundo tem a obrigação de saber desses detalhes culturais, né? Mas essas situações são ótimas pra gente contar no blog e dar bastante risada. Pode ser que a minha cara de nojo e susto olhando pro peixe no molho de feijão tenha virado uma história divertidíssima, contada em cantonês ou em mandarin, entre gargalhadas de desprezo pelas babaconas ocidentais cheias de nojinho.

The Meaning of Food

* post reciclado daqui.
April 15, 2005 – The Meaning of Food
Estou encantada com a maravilhosa série The Meaning of Food, transmitida pela rede de televisão pública PBS. Os frequentadores assíduos deste blog devem saber que eu adoro ler, ouvir e falar sobre comida. Meus dotes culinários deixam muito à desejar, pois sou desorganizada, desajeitada e aflita demais para seguir receitas e passo-a-passos. Mas adoro as histórias que envolvem comida, das suas origens, desenvolvimento, aspectos culturais dos hábitos alimentares, da preparação e preservação, aos segredos e causos de família. E essa série é um apanhado de tudo que eu gosto. Nos dois primeiros capítulos que assisti ontem – Food and Life e Food and Culture, chorei com o relato de uma judia que recorda as trocas de receitas que as mulheres faziam durante o período em que definhavam a pão e água num campo de concentração nazista durante a Segunda Guerra Mundial. Me emocionei com a história do imigrante grego em Seattle, sua ligação de amor e dedicação com o fillho de cinco anos e como a comida representa um grande papel nesse relacionamento. Aprendi que os negros que vieram da África para plantar arroz na Carolina do Sul têm uma cultura peculiar chamada Geechee. E fiquei interessada na receita de arroz vermelho, que é passada de pai e mãe pra filhos. Viajei pro Havaí e descobri a importância da raiz de tarô para os havaianos. E conheci a Makah Nation, uma tribo de índios pescadores do estado de Washington, que não podem mais praticar o ritual mais importante pra cultura deles – a caça da baleia. O host da série é um chef de New York, nascido na Etiópia e criado por país adotivos na Suíça. O terceiro episódio, Food and Family, também deve ser fascinante e eu não vou perder. A série The Meaning of Food é como um daqueles nossos pratos favoritos de infância, que esperamos com grande antecipação e saboreamos com alegria e gosto.

pinga de Thanksgiving

» eu escrevi este post em dezembro de 2002, quase véspera de Natal. Mas como eu falo de uma receita de peru, vou republicá-la nesta véspera de Thanksgiving, quando estou exausta, com o dedo queimado e pensando como vou levar uma torta de chocolate – que ficou horrível visualmente – balançando no carro até San Francisco sem transformá-la num monte de farelo melequento….
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Hoje eu planejei ir comprar o peru, mas quem disse que eu consegui? O fogão da guest house não estava acendendo e ficamos a tarde toda esperando o cara que viria arrumar. O conserto do fogão ficou metade do preço de um novo. Aqui é o país do descartável mesmo….
Resolvi inovar na ceia de Natal, fazendo umas receitas diferentes. Vou preparar uns ‘tapas’ [aperitivos] de um livro de receitas mediterrâneas que a Patricia me deu. E uma torta de ameixas também de lá. O peru será o mesmo, com receita tradicional da minha mãe – ao vinha d’ alho. Mas eu peguei o livro Comer Bem da Dona Benta pra ler a receita. Eu acho essa receita o máximo:
1 peru
1 copo de pinga
Pouco antes de matar o peru, dê-lhe, às colheradas, um bom copo de pinga e, quando ele ficar bêbado, caído, mate-o, cortando-lhe o pescoço mais ou menos no meio, separando-lhe, assim, a cabeça do corpo.

Coitado do peru!!!!! Vai ser embriagado e assassinado…. Que maldade, matar o bicho bêbado!!!!

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Depois a receita ensina a depenar, limpar, temperar e finalmente assar. Ufa, pusta trabalheira! Melhor ir ao Safeway e comprar a coisa congelada e limpa.
Essa receita da Dona Benta é para quem quer fazer tudo do jeito antigo e tradicional. Só para ensinar a rechear o peru com a farofa são dez passos….. Coisa sofisticada!!

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Eu quis ter esse livro porque não tinha nenhum livro de receitas em português. Lembrei desse, que acho que minha mãe tinha uma edição da década de 60. A Leila me deu esse na 73ª edição. E eu fiquei pensando quem será essa tal de Dona Benta? Será que ela realmente existe, como a Ofélia? Questão intricadíssima, como a receita do peru!!

comida & história

[*repeteco]

Livros de receitas também são literatura e história. Eu adoro ler sobre os hábitos alimentares do passado e como as pessoas cozinhavam e se alimentavam. Sem querer, encontrei três livros diferentes, de autores diferentes e de épocas diferentes, que fazem essa viagem ao passado. Ler essas histórias é uma atividade extremamente deliciosa, quem diria poder experimentar todas as receitas descritas pelos autores.

O primeiro livro, que comprei usado numa loja em Novato, é o relato de Margaret Rudkin, hoje famosa por ter sido a fundadora da marca Pepperidge Farm, que começou vendendo pães e hoje tem uma variedade interessante de bolachas finas. Margaret escreveu o The Pepperidge Farm Cookbook no inicio da década de sessenta, relatando toda a sua experiência dentro de uma cozinha, que se iniciou quando ela ainda era uma criança, no início do século vinte. O relato da cozinha da infância de Margaret é simplesmente delicioso. Como eles conservavam os alimentos no basement, sem o auxílio de freezers e geladeiras, como os alimentos que seguiam a regra da ‘temporada’ eram preparados em cozinhas simples, sem grandes tecnologias, mais muito eficientes.

O segundo livro é um original, reproduzido exatamente como foi publicado pela primeira vez em 1913. Escrito em linguagem literária e em sequência, como se fosse um romance, por Martha McCulloch-Williams, uma nativa do estado do Tennesse, que tornou-se uma pioneira dos livros de receita. McCulloch-Williams ensina receitas básicas consumidas no sul do país em seu livro Dishes & Beverages of the Old South. Muitas receitas são difíceis de serem preparadas hoje, pois se usava outras maneiras de assar e fritar, em utilitários domésticas que já não existem mais.

O terceiro livro é mais recente, mas o autor Victor M. Valle, um americano descendente de mexicanos, volta muito mais no tempo, republicando receitas de suas avós e bisavós, datadas do meio do século dezenove. Receitas mexicanas maravilhosas, porém difíceis de serem replicadas, tanto por causa dos ingredientes quanto pelas técnicas antiquadas de processar os alimentos. Valle descreve como a avó Delfina matou dois coelhos com uma só cajadada, livrando-se de uma imensidão de pombos que infestava o sótão da casa e ao mesmo tempo reunindo a família para um farto almoço onde prato principal era sopa de pichones [filhotes de pombo no arroz de açafrão]. Todas as receitas das mulheres da família foram preservadas na memória dos que trabalhavam na cozinha. O livro, publicado em 1995, tem o sugestivo título de Recipe of Memory e já me deixou com vontade de fazer uma viagem histórico-gastronômica ao México.

O famoso sanduba do Elvis

Apesar de não ser uma consumidora frequente do produto, tenho que ter sempre um vidro de peanut butter na despensa, para a eventualidade de dar uma vontade de comer o sanduiche favorito do Elvis Presley!

As receitas:

Peanut Butter and Banana Sandwich
do The Presley Family Cookbook
3 colheres de sopa de peanut butter
2 fatias de pão branco
1 banana — amassada
2 colheres de sopa de margarina — derretida

Misture a peanut butter com a banana amassada. Toste o pão levemente. Espalhe a peanut butter com a banana amassada na torrada. Frite na margarina derretida, virando dos dois latos até ficar dourado.

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Elvis’s Favorite Peanut Butter Sandwich
2 fatias de pão branco
2 colheres de sopa de peanut butter cremosa
1/2 banana – bem madura
2 colheres de sopa de manteiga ou margarina
-Espalhe a peanut butter sobre uma das fatias de pão
-Coloque fatias da banana sobre a peanut butter
-Cubra com a outra fatia de pão
-Derreta a margarina numa frigideira sobre fogo médio.
-Frite o sanduiche até ficar dourado dos dois lados

NOTA : Elvis comia esse sanduíche com garfo e faca. Não é a toa que ele ficou bem gordutchinho nos seus últimos anos de vida!

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Minha versão do Sanduiche Favorito do Elvis
Espalhar peanut butter em duas fatias de pão branco de forma. Cortar uma banana em rodelas e colocar entre as fatias. Tostar o sanduiche fechado, numa frigideira ou aparelho de fazer sanduiche. Devorar com direito a lamber os dedos!!

mais gadgets inúteis

No maravilhoso Ferry Building Market Place no Porto de San Francisco, eu e uma amiga entramos na Sur La Table e enlouquecemos no paraíso das gadgets inúteis [e caras!]. Eu não resisti e comprei uma espátula para rechear e cobrir bolo e um ralador profissional de casca de limão e laranja, que eu já vi os chefs do Food Netwoork usando.
Já tenho trabalho pra espátula nesta semana, pois vou fazer um bolo de aniversário para uma amiga. Mas vou ter que arrumar receitas que vá lime zest pra poder estrear o meu maravilhoso ralador. Tô achando que essas novas gadgets vão pra mesma gaveta do medidor de macarrão e o cortador de ovo em fatias…

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