assado de abobrinha e tomate

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Coisas abundantes no verão de Davis—solão, céu azul, tomates e abobrinhas. E quando as abobrinhas começam a chegar numa profusão descontrolada, fico exasperada para usá-las sem desperdício. Tenho algumas receitas coringas, que uso, reuso, reinvento. E estou sempre procurando por idéias novas. No dia anterior eu tinha feito uma salada muito simples, com as abobrinhas amarelas cortadas no sentido do comprimento como se fossem tiras de fitas, e temperei com um vinagrete básico e folhinhas secas de menta chocolate esmigalhadas com as mãos. As abobrinhas casam muito bem com molhinhos de salada adocicados. Uma boa oportunidade para se usar aquele vinagre de framboesa encalhado ou o xarope de romã. Mas nesse dia eu quis fazer um prato substancioso, algo para esquentar, não refrescar. E fiz então um assado, que não tem absolutamente nada de especial, mas que propiciou um jantar amplamente reconfortante.
No mandoline corte as abobrinhas em fatias finas. Eu usei três patty pan squash. Tempere com sal, pimenta moída, azeite e folhas de orégano seco esmigalhadas com a mão [eu seco o meu orégano, que no nosso verão implica apenas deixar a erva lavada espalhada num prato por uns dias]. Reserve. Num refratario, regue o fundo com azeite, espalhe rodelas de um tomate grande orgânico, cubra com queijo ralado—eu usei uma mistura de mussarela, asiago, parmesão e romano. Cubra com a abobrinha temperada. Outra camada de queijo, outra de fatias de tomate, outra de queijo. Salpique com mais folhas de orégano seco esmigalhadas e leve oo forno pré-aquecido em 385ºF/196ºC por uns 30 minutos, ou até que o cozido comece a borbulhar e o queijo fique gratinado.

benditos frutos

As árvores estão assim, como uma mulher grávida de quadrigêmeos no último mês de gestação, curvadas pelo peso dos delicados frutos. O pé de nectarina já estava amparado com dois suportes de madeira há algum tempo. Ela é uma árvore mais madura, com um tronco mais robusto. O pessegueiro não. É uma arvorezinha mirrada, plantada num barril de plástico, mesmo assim está carregada de frutos e ontem o Uriel teve que colocar um suporte, porque queremos deixar as frutas amadurecendo lá por mais uns dias e não confiamos que o tronquinho magrelo fosse aguentar. No processo de amparar os galhinhos, dois pêssegos se soltaram. O Uriel comeu um e eu trouxe o outro cortado em fatias para comer durante a manhã no trabalho. Que maravilha de fruta doce e delicada! Acho que já podemos colher todos eles neste final de semana e dar um descanso para a árvorezinha!
»Imagens do lindo processo de transformação que todo ano nos encanta com FLORES , FLORES e mais FLORES e depois os FRUTOS, que ADOÇAM o nosso verão.

[meu] bolo de milho e coco

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Então estavam lá o milho e o coco que eu queria usar. E a receita já estava decidida na minha cabeça, mas eu sou insegura, preciso de medidas, de quantidades, graus exatos de aquecimento do forno, minutos exatos de assagem, não posso arriscar deixar nada solto, porque comigo as catástrofes culinárias estão sempre na iminência de se realizarem—não só podem acontecer, como geralmente acontecem.

Mas quem diz que encontrei a receita exatamente como eu queria? Até o limite do meu cansaço, fiz buscas online, folheei livros, até que gruni pra mim mesma, sabe de uma coisa, vou arriscar fazer do meu jeito, a minha própria receita. Roleta russa é isso meus camaradas. Só que ali eram cinco balas implicando tragédia, contra apenas um cartucho vazio—o salvador da pátria. Arrisquei jogar todos os excelentes ingredientes no lixo e ainda ter que lavar a tralha suja com muita tristeza e revolta no coração. Mas nem todo dia é um mau dia e meu bolo de milho e coco ficou lindo e delicioso! Segue a receita para quem também quiser arriscar, pois afinal o que é a vida sem uma boa dose de emoções fortes?

1 xícara de milho verde
1/2 xícara de coco ralado
1 ovo caipira
1/2 xícara de açúcar
1/4 xícara de óleo
1 xícara de CORNMEAL
1 xícara de kefir [ou iogurte] integral
1 colher de chá de fermento em pó
Bater tudo no liquidificador, colocar numa forma untada com margarina e salpicada com açúcar demerara, assar em forno pré-aquecido em 385ºF/196ºC por uns 30 minutos, ou até a massa ficar firme e dourada.

a falta que a magrela faz

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Na capital americana das bicicletas encontra-se de tudo, desde as magrelas mais sofisticadas feitas com material levíssimo, altas tecnologias aerodinâmicas, passando pela multidão de bikes comuns, outras inusitadas, daquelas com apenas uma roda ou um banco altíssimo, onde o ciclista pedala deitado ou totalmente em pé. Davis é realmente uma democracia de bikes com espaço para as caríssimas e brilhantemente novas, as não tão novas, as velhas, e velhíssimas, chegando até aos cacarecos caindo as pedaços. A minha magrela é antiga, da marca Schwinn e cor azul, com duas cestas dobráveis de metal atrás. É uma cruiser, isto é, uma bike pra se andar na boa, sem se esbaforir, sem correr. Ela não é bicicleta com marcha, pra dar velocidade, ela é bicicleta pra passear, cruzar o parque tranquila. Eu escolhi essa bike por acaso, porque ela simplesmente apareceu na minha frente e eu achei que ela era perfeita pra mim. Ela é uma bicicleta alta, com banco alto, guidão alto, carregava um estudante gigante pra lá e pra cá e quando ele terminou o curso e foi embora eu fiz uma doação e fiquei com a magrela. Que bicicleta boa, minha gente! Já viu gente alta pedalando bicicleta comum? É de dar pena. É uma corcundice tórpida, uma abertura de pernas patética, gente alta precisa de bicicleta alta, por isso eu me encantei com essa magrela azul. Ela me deixa ereta, não me faz dobrar, me deixa elegante mesmo na tarefa inglória que é pedalar contra o vento ou sobre a chuva. Minha magrela é uma cruiser com breque de pé, que no começo me pareceu uma coisa da era das cavernas, mas com o tempo se acostuma a usar e hoje eu nem sinto a diferença. Estou sentindo é a falta dela nesses dias, quando tive que caminhar pro trabalho. Nem vou dizer que caminhar não deu certo, na minha atual condição. No final acabei tendo que dirigir, o que pra mim é quase um crime. Gastando gasolina pra ir daqui até ali. Mas tudo bem, enquanto não posso pedalar, vou fazer uma reforma na minha magrela, trocar o banco, os apoios do guidão e finalmente instalar um pára-lama, que faz uma falta danada todo inverno.

*na foto o meu irmão Paulo, um moço muito altão, pedala alegremente a minha bike azul com minha sobrinha Paula de carona, num lindo dia de inverno no Arboretum.

uma receita sem foto

Meu cansaço era tão grande que não tive forças pra clicar foto nenhuma, mas a receita merece ser publicada, pois é uma das mais deliciosas e simples sopa de tomate que já fiz. Usei os tomates orgânicos que ficaram na bancada durante a semana em que fiquei de molho e estavam muito maduros e vermelhos pra virarem salada. Então viraram sopa.

A receita original está na edição de junho/08 da revista Bon Appétit.

sopa fria de tomate com estragão
4 tomates orgânicos grandes e bem maduros
1 colher de sopa de estragão fresco picadinho
1/2 cebola roxa pequena cortada em cubinhos
Azeite
Sal e pimenta a gosto
1 pitada de açúcar mascavo

Cozinhe os tomates em bastante água. Bata tudo no liquidificador e passe por uma peneira. Numa panela refogue a cebola em cubinhos no azeite, até ficar macia. Junte a polpa do tomate, o estragão, sal e pimenta e uma pitada de açúcar, pra quebrar a acidez—se você achar necessário. Deixe ferver até dar uma engrossada. Desligue o fogo e deixe esfriar.

Numa frigideira toste fatias de pão regadas com um fio de azeite. Sirva a sopa fria, acompanhada das torradas. Pode salpicar estragão fresco nas torradas, mas eu não fiz.

salada de batata e ovo

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Foi a minha amiga carioca-norueguesa Eli quem colocou a batata sob uma nova perspectiva, quando me contou anos atrás sobre a importância, as mil e uma variedades e maneiras de prepará-las. As batatas que eu recebo na cesta orgânica são como as batatas dos noruegueses—não se pode desperdiçar um naco, uma casca, nada! São preciosas, deliciosas e chegam em diferentes variedades e cores. Eu sempre cozinho com casca, às vezes preparo também com casca, que são bem lavadas e, se precisar, levemente escovadas. Nessas batatas não é necessário usar muitos ingredientes ou temperos, pois elas já são saborosas o suficiente. Para essa salada foi só cozinhar as batatinhas em água, depois remover a casca que sai facilmente, picar e juntar uns ovos cozidos, depois um punhado de chives, essas colhidas no meu quintal. Temperei com um vinagrete feito com vinagre de champagne e laranja, azeite, sal marinho, pimenta do reino moída e mostarda amarela preparada. Bati tudo muito bem com um batedor de arame, derramei e envolvi nas batatas.

salada de pepino

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Salada tirada do capítulo do verão do The Taste of Country Cooking da Edna Lewis. Bem fácil de fazer, refrescante e diferente apesar de não ter nada de especial. Use pepinos orgânicos para poder fatiar com a casca.
Rale dois pepinos médios com casca e tudo no mandoline. Salpique com 1 colher de chá de sal marinho grosso e revolva bem com as mãos. Coloque uma vasilha pesada em cima dos pepinos e coloque na geladeira por uma hora, para soltar bastante água. Remova da geladeira depois de uma hora, coe bem todo o líquido que o pepino vai soltar. Reserve. Numa saladeira bata com o batedor de arame 1/3 xícara de vinagre de vinho branco [eu usei de maçã] com 1/4 de xícara de açúcar, até o açúcar dissolver. Junte o pepino escorrido, misture bem para incorporar e salpique com bastante chives/ciboulette picadinha. Sirva imediatamente ou leve à geladeira até a hora de servir.