tantas variedades

many_squashes_1S.jpg
Parei na frente da banca do fazendeiro e fui caminhando para o lado, olhando as cestinhas com cinco, seis, sete, oito variedades diferentes de abobrinha. Fui perguntando, qual é essa, que gosto tem, como prepara? Perguntas tolas, eu sei, porque algumas delas eu teria que comprar, não pelo sabor, nem pela possibilidade de receitas, nada. Compraria só por causa do formato, das cores. E comprei esses dois tipos: a lebanese squash e a patty pat squash versão verde escuríssimo [tem uma verde bem clarinha e a velha conhecida amarela]. Essas são bem pequenas, parecem pequenas jóias. Fiz salada com elas e o veredito é: essas abobrinhas têm gosto de abobrinha.

ôpa, que susto!

lagartao_verde_2S.jpg
Estava na horta tentando arrumar alguns galhos dos tomateiros que crescem selvagem e enlouquecidamente quando dei de cara com esse baita lagartão verde! A lente macro pegou todos os micro detalhes horrorendos desse bicho, cujo nome cientifico é Manduca quinquemaculata, mas é conhecido vulgarmente como Hornworms. Eu saí correndo, deixei o bicho lá no galho, mas vou ter que monitorar pra ver se ele não vai fazer nenhum estrago, pois esse tipo de lagarta come os tomates—uma coisa impressionante, ainda mais que nem consegui identificar qual é o lado da boca e se ela tem dentes. S u p e r f r e a k !

tomate heirloom

heirloom_tomatos_1S.jpg
Os tomates heirloom são uma categoria especial de tomates e ganham essa denominação por serem tomates que têm uma tradição. Os heirloom são frutos naturais e especiais pois nunca foram manipulados pelo homem. Eles têm polinação natural, através do vento, dos pássaros ou da replantagem das suas próprias sementes. Diferentes dos hibridos, que foram engendrados para serem uniformes, terem o mesmo aspecto e, sobretudo, serem mais resistentes às pestes, os heirloom são espíritos livres, tomates hippies dançando descalços ao som dos tambores sobre a luz da lua. Eles nascem, crescem sem compromisso e não têm nenhuma preocupação estética de agradar, mas mesmo assim eles viram tomates lindos, justamente por não serem tomates massificados, um igual ao outro. Eles podem ficar enormes e às vezes se apresentar em formatos deveras interessantes. Os heirloom são muito comuns por aqui, eu mesma planto deles na minha horta. Os tomates gigantes que as ratazanas devoraram num verão no passado eram heirloom. Eu muitas vezes compro os tomates heirloom só por causa das suas cores e formas. Mas eles ainda têm outra vantagem sobre os tomates hibridos: são doces, suculentos, deliciosos, imbatíveis em sabor e textura. Alguns heirloom que já abafaram na passarela do Chucrute foram os rajados e os pitangas e os zebra.

felicidade é um ramo de flores

always_flowers_2S.jpg
always_flowers_3S.jpg always_flowers_5S.jpg
always_flowers_4S.jpg
always_flowers_1S.jpg

Quando eu chego do Farmers Market nas manhãs de sábado trazendo as flores embrulhadas em folhas de jornal na minha cestinha, é a hora mais feliz para o meu gato Roux. Ele adora as flores—cheirar, morder, comer. Tenho um grande receio de que ele vai se intoxicar um dia, porque não sou entendida em plantas e não sei o que pode ser perigoso. Mas a florista sabe que meu gato come as flores que eu compro dela e nunca me alertou contra nenhuma. Mas já aconteceu dele não dar bola pra algumas, acho que o tal instinto funciona, mesmo num gatonildinho meio pancada como o Roux. Essas ele já cheirou. Estou tentando mantê-lo afastado, para as flores durarem pelo menos um dia, mas logo eu perco o controle e ele ataca. Felicidade para ele se resume à um lindo ramalhete de flores!

ninguém engana o lobo

Relendo um dos capítulos de Como Cozinhar um Lobo da M.F.K. Fisher, caí na gargalhada quando li essa passagem, onde ela comenta a nossa neurose em encobrir os cheiros causados durante a preparação da comida. Sendo eu uma dessas, que fica um pouco neurotizada com o cheiro de cebola frita, vesti a carapuça.

“Você pode fazer um acordo, encobrindo um cheiro com outro. Você pode fazer isso, seguindo os ensinamentos da escola Stark de Realismo, acendendo um pedaço de jornal amassado e correndo pelos cômodos da casa com o jornal esfumaçado. Você pode, mais efetivamente [e mais ajeitadamente] pingar gotas de óleo de eucalipto ou pinho numa placa de metal quente e movimentá-la pra lá e pra cá. Se voce quiser se sentir como um personagem dos irmãos James num vago momento romântico, você pode pode pingar umas gotas de óleo de lavanda numa bacia de prata cheia de água quente. E se você é alguém que eu não conheço, e mais que isso, não me importo de nunca conhecer, você pode queimar um pequeno cone de incenso. Ou você pode assar a carne, fritar as cebolas, refogar o alho no vinho tinto… e me convidar pra jantar. Eu nao me importo, realmente, mesmo que seu nariz esteja meio brilhante, contanto que você se sinta confiante e certa de que lobo ou nao lobo, sua mente é sua e seu coracão é de alguém e portanto está no lugar certo.”

Fisher era uma mulher com uma prosa fina e uma língua afiada. Ela tinha uma maneira elegante, porém direta, de dar uma opinião. Mesmo sendo uma daquelas encucadas com a possibilidade do meu cabelo estar cheirando a bife frito, concordo com cada palavra desse parágrafo e reconheço o ridículo de tentarmos encobrir o efeito das nossas aventuras culinárias. Mas mesmo assim, quando eu acho que devo, fervo umas emanações com cascas de laranja ou pauzinhos de canela. E lavo o cabelo. No entanto, certamente como a Fisher, não me importo de nunca vir a conhecer pessoas que queimam incenso!

sopa fria de curry vermelho

sopa_fria_curry_1S.jpg

Tirei essa receita de uma dessas revistas naturebas que se pega de graça na porta dos supermercados. Parei total nos ingredientes, embora tenha dado uma adaptada. A receita original usava frango, eu troquei por camarão. Serve quatro pessoas, ou duas com sobras para o dia seguinte.

1 xícara de leite de coco
1 xícara de leite de arroz
1 1/2 xícara de suco de cenoura
1 colher de sopa de pasta de curry vermelha
2 colheres de sopa de manteiga de amendoim
Uma bandeja de camarões grandes [ umas 300gr]
1 ninho de vermicelli de arroz
1 xícara de ervilhas
1 pimentão verde ralado fininho
1 xícara de coentro ou manjericão fresco *usei coentro
1 colher de chá de shoyo ou molho de peixe *usei shoyo

Refogue o camarão rapidamente na wok com um pouquinho de óleo de canola, sal, pimenta e o pimentão raladinho. Remova e reserve. Bata no liquidificador na velocidade mais baixa o leite de coco, leite de arroz, suco de cenoura, pasta de curry vermelha e a manteiga de amendoim. Remova para uma sopeira e leve à geladeira para gelar. Enquanto isso cozinhe o vermicelli conforme instruções no pacote. Junte as ervilhas, se forem congeladas. Coe tudo para uma vasilha e reserve. Na hora de servir junte o vermicelli com as ervilhas e os camarões refogados ligeiramente com o pimentão na sopeira. Tempere com shoyo e decore com o coentro. Sirva com colher e garfo.