frogurt de figo & mel

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Os figos chegaram no Farmers Market e no Co-op e eu já exagerei, porque simplesmente adoro essa fruta. Aliás, estou tendo que devorar a passos ligeiros um monte de pêssegos, damascos, ameixas e cerejas, que comprei de quilo no sábado, esquecendo completamente que eu iria estar sozinha nesta semana.

Com os figos eu fiz um frogurt, que poderia ter sido o prato principal do jantar, mas me comportei e comi de sobremesa. Foi só bater uns 6 figos com uma xícara e meia de iogurte natural, mel a gosto e uma pequena doce da vodka invisível. Bater, sorveteira, servir-se e sair cantando e dançando heaven… I’m in heaven, and my heart beats so that I can hardly speak. and I seem to find the happiness I seek, when we’re out eating some frogurt made of figs….

croquetes de lentilha

Essa receita foi uma daquelas cujo resultado estético ficou muito aquém das suas outras qualidades. Os croquetes ficaram muito saborosos, mas com uma cara de comida de halloween. Fazer o que? Comemos mesmo assim, não sobrou nenhum, mas na hora de colocar uma foto aqui, fiquei naquele eterno e descabelante dilema. bolinholentilhaEssa receita é blogavel ou não? O sabor ganhou nota dez, já a foto acabou publicada, mas não sem ouvir muitos protestos do meu grilo falante.

1 xícara de lentilha escolhida e lavada
2 xícaras de farinha de pão
1 ovo
2 colheres de sopa de azeite de oliva
2 xícaras de cebola em rodelas finas ou picadinha
Sal, pimenta e temperinhos a gosto—eu usei estragão fresco

Cozinhe a lentilha com água até ela ficar molinha. Eu usei a lentilha verde puy, que fica inteira, não desmancha. Separadamente, refogue a cebola no azeite com a panela tampada, mexendo de vez em quando, por uns 20 minutos, até a cebola ficar caramelizada. Quando a lentilha estiver cozida, coe bem para remover qualquer liquido e coloque no processador. Moa na textura que quiser. Eu não deixei moer muito, só dei umas pulsadas. Misture a lentilha moída com a cebola caramelizada e metade da farinha de pão. Adicione sal e pimenta do reino moída a gosto, as ervinhas da sua preferência e misture o ovo. Faça bolinhos lomgos ou achatados e passe pelo restante da farinha de pão que deve estar num prato. A partir daqui você pode seguir dois caminhos: fritar ou assar os bolinhos. Se escolher fritar, vai pelo caminho mais delicioso. Mas se escolher assar, como eu fiz, vai também comer bolinhos gostosos. Eu assei, em forno 375ºF/ 190C, até os bolinhos ficarem dourados, virando no meio tempo. Apesar da aparência estranha, adoramos a textura e o sabor desses croquetes. Se eu tivesse tido a coragem de fritar, talvez eles tivessem ficado melhor ainda, porque todo mundo sabe que tudo que é frito é muito mais gostoso!

meu encontro com a Deborah

Deborah Madison
Deborah Madison Deborah Madison
Deborah Madison
Deborah Madison Deborah Madison
Deborah Madison
Deborah Madison

Eu entrei na livraria e dei de cara com ela. Como é natural reagir quando se é pego de surpresa frente a frente com uma celebridade, cumprimentei-a efusivamente, como se tivesse acabado de reencontrar uma velha amiga. Ela respondeu, como deve estar acostumada a fazer. Quantos dos seus fãs e leitores não a devem cumprimentar da mesma maneira? Uma dúvida me tomou de imediato: não, não pode de jeito nenhum ser ela, assim vagando pela pequena livraria, olhando os livros em promoção e conversando com umas pessoas na maior naturalidade do mundo. É ela sim! É ela, sim, só pode ser ela! Impossível não reconhecer a Deborah Madison das fotos que estampam as capas dos seus livros. A singeleza, o sorriso, a simplicidade.

Fui logo pegando uma cadeira bem na frente do lugar de onde ela iria falar com o público. E tinha bastante gente se acomodando, duas poltronas reservadas, uma delas para a mãe da autora, uma senhorazinha tão fofa quanto a filha. Já fui aproveitando para tirar fotos, enquanto me re-idratava com um copo dágua. Eu sou um bocado tímida e fico com meus suores nervosos quando dou uma de tonta alegre falando com alguém que não me conhece como se fossemos intimas. E também fico toda inibida de ficar tirando fotos das pessoas.

Ao meu lado sentou-se um casal e logo o senhorzinho virou-se na minha direção, me cutucou e disse—você sabia que muitos anos atrás a Debby foi babá dos nossos filhos? Uau, que bacana, eu respondi. Trocamos algumas idéias sobre os livros dela e ele me contou que apesar de cozinhar para dois, só usava uma receita: a de minestrone. Com um pouco de queijo parmesão, um belo pedaço de pão, temos comida para vários dias, ele reinterou. E que comida boa, eu retruquei. Um minestrone tem tudo, não precisa de mais nada!

Enquanto os convidados se ajeitavam nas cadeiras, pessoas se reencontravam e papinhos informais brotavam aqui e ali, a Deborah conversava com muitos conhecidos e já dava alguns autógrafos. O sinal gritante da minha falta de familiaridade com a autora mostrava-se no fato de eu chamá-la de Deborah. Todos a chamavam de Debby, porque muita gente ali a conhecia de muitos anos, não só como autora de livros bacanas e pela sua história com o famoso restaurante Greens em San Francisco. Deborah Madison, ou melhor Debby, cresceu em Davis, quando teve a oportunidade de ser babá dos filhos do simpático casal e estudar na UC Davis. Estar em Davis é, como a própria Debby afirmou, estar em casa.

Eu, além de não ter conhecido a Debby de Davis, mas apenas a autora Deborah Madison, ainda estava intrometidamente sorrindo e tirando uma foto atrás da outra. Debby me olhava de vez em quando com o rabo do olho, com aquela cara de dúvida, talvez pensando que eu era uma conhecida de quem ela tinha esquecido o rosto, o nome e a história.

Bem diferente do meu encontro com a Alice Waters anos atrás em Berkeley, quando havia uma organização toda em função da tarde de autógrafo da famosa autora, com a Debby foi tudo muito casual. Sem muitos salamaleques, ela já foi começando a falar, com uma introdução breve feita pela dona da livraria. Todo mundo conhece a Debby, não precisa de enrolação. E ela então relatou toda a história do seu novo livro—What We Eat When We Eat Alone, uma colaboração entre ela e seu marido, o artista Patrick McFarlin.

Debby contou que ela e Patrick passaram uma época viajando por diversos países experimentando azeite de oliva, e nessas visitas eles encontravam muita gente famosa, chefs e culinaristas, artistas, escritores e poetas. Enquanto rolava as degustações, Patrick ficava meio entediado, então começou a entrevistar as pessoas, mas ao invés de sair distribuindo a famosa pergunta—o que você faz—resolveu perguntar outra coisa—o que você come quando come sozinho? O resultado das respostas acabou virando esse livro, com texto e receitas da Debby [e de muitos dos entrevistados] e ilustrações divertidíssimas do Patrick.

Debby leu vários trechos do livro, que incluí algumas poesias e é completamente fofo! Ainda vou falar mais sobre ele por aqui, quando acabar de ler. Comprei dois exemplares, um pra mim e outro para a minha amiga Leila, que como eu, come sozinha eventualmente. A Debby ainda respondeu perguntas do público e depois sentou-se casualmente na cadeirinha e sem organização nenhuma de assistente nenhum, começou a dar autógrafos. Eu me posicionei rapidamente na fila que se formou e um casal atrás de mim perguntou se eu era do jornal e se as fotos iriam sair em algum lugar que eles pudessem ver. Não, são só pra uso pessoal, respondi envergonhada e fui logo puxando o assunto pros livros da autora.

Tremi como vara-verde por uns segundos quando chegou a minha vez de falar com ela. Pensei em me ajoelhar no chão, mas no final resolvi ficar curvada e disse, assim que ela me olhou e sorriu mais uma vez—estou tão contente por tê-la conhecido, eu uso muito os seus livros! Enquanto ela autografava o meu livro e o da Leila, batemos um ligeiro papinho, ela dizendo que meu nome era lindo e que esse livro novo era bem diferente dos outros e eu respondendo e tentando não falar nenhuma bobeira. No final comentei que tinha adorado o colar que ela estava usando, feito com sementes de açaí. Ela respondeu que tinha comprado o colar numa loja sem saber do que era feito. São sementes de uma fruta brasileira muito comum no Amazonas, fui explicando. Agradeci, disse outra vez o quanto estava feliz em conhecê-la e sai carregando os livros, a câmera, a bolsa, e meu corpo cambaleante com uma cabeça atrapalhada, que por uns segundos perdeu a noção de localização e zanzou pela livraria sem saber pra que lado estava a saída. Mas antes de me localizar e sair da livraria em direção à minha casa, ainda bati mais algumas fotos daquela moça tão simpática e tão querida, a nossa Debby de Davis.

a salada básica do verão

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Essa salada é um coringa aqui em casa nos dias em que somos engolfados pelas ondas de bafão típicas do nosso verão seco e tórrido. A base é a famosa niçoise, que já fiz em inúmeras versões. É só cozinhar uns ovos caipiras, abrir uma lata do melhor atum conservado em azeite que você tiver na despensa e a partir daí improvisar com o que mais quiser e gostar. Desta vez usei edamames, feijão branco gigante, burrata cortada em fatias grossas, azeitonas castelvetrano temperadas com pesto de manjericão e sementes de girassol, e uns tomatinhos cerejas cortados ao meio. Eu tempero cada ingrediente separado, por exemplo, o feijão branco com óregano fresco e azeite, os tomatinhos com tomilho e balsâmico, as edamames com limão e flor de sal, o atum com ciboulettes e azeite. Fica uma refeição completa, pra ser servida acompanhada de um vinho branco gelado.

»uma niçoise.
»outra niçoise.

bolo de anis e azeite

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Esse bolinho simpático estava numa Martha Stewart Living de dezembro de 2008. Eu ainda estou tentando organizar minhas revistas, mas cada vez que tento, aparecem mais idéias e receitas marcadas. É um trabalho sem fim. Bom, esse bolinho me interessou de frente por causa da mistura azeite—anis. Outra coisa legal é que faz apenas 4 bolinhos, então não fica aquele monte de sobra, o bolão ressecando e eu tendo que empurrar fatias para os visitantes e passantes. Assim, pequenos, eles desapareceram rapidamente, também porque ficaram uma delícia!

2 ovos grandes
1 gema de um ovo grande
1/2 xícara de açúcar
1 colher de chá de casca de laranja ralada [1 laranja pequena]
1 1/2 colher de chá de semente de semente de anis [erva doce]
1/2 xícara de azeite de oliva extra-virgem
2/3 xícara de farinha de trigo
1/2 colher de chá de sal marinho grosso
1/2 colher de chá de fermento em pó
Açúcar de confeiteiro para decorar

Pré-aqueça o forno em 325ºF / 162ºC. Unte quatro forminhas de mini Bundt [onde caiba 1 xícara de massa crua] com azeite. Toste as sementes de anis/ erva doce ligeiramente numa frigideira. Na batedeira bata bem os ovos, a gema, o açúcar, as raspas de laranja e as sementes de anis/ erva doce até a mistura ficar espumosa e cremosa. Junte o azeite aos pouquinhos, batendo sempre. Numa vasilha pequena misture a farinha de trigo, o sal e o fermento com um batedor de arame e junte à mistura de ovos em três etapas, batendo até toda a farinha ficar incorporada. Divida a massa pelas forminhas e asse por uns 20 ou 30 minutos, até a massa ficar firme e dourada. Remova do forno, deixe esfriar um pouco, remova os bolinhos das formas e polvilhe com o açúcar de confeiteiro usando uma peneirinha ou coador. Sirva morno ou frio.

[comida carinho cuidado aconchego]

Fui uma criança super ativa e saudável. Tirando as várias camadas de casca de feridas sempre infeccionadas no joelho, de ter que levar inúmeras injeções anti-rábicas depois de agarrar os gatos de rua e aqueles acidentes com chicletes grudado no cabelo, eu não tenho muitas lembranças de ficar realmente doente. Tive algumas gripes, uma reação alérgica depois de devorar sozinha uma dúzia de mangas, a indefectível caxumba e algumas dores de ouvidos, por causa da água acumulada vinda da piscina ou dos rios, onde eu costumeiramente nadava. Ficar na cama, com febre ou sem, já era punição suficiente pra mim, que precisava estar sempre fazendo mil coisas, arriscando o pescoço subindo nos telhados, mergulhando do alto da pedra na beira do rio ou descendo a ladeira com a bicicleta sem breque e de olhos fechados.

Por isso minhas poucas lembranças de ficar doente não são boas. E é por isso que não curto as comidas clássicas oferecidas à pessoas adoentadas. ODEIO canja de galinha com todo o poder e força que esse sentimento pode gerar. Quando minha mãe vinha com o prato de canja, eu queria morrer—ou melhor, sarar rapidinho. Também não sou nada fã da maçã, a única fruta que eu associo com doença. Das poucas vezes que fui derrubada por um febrão, nos meus delírios eu implorava por um copão de Guaraná borbulhante e gelado. Esse era o néctar dos deuses que ajudava a levantar meu corpo e minha moral e me colocar de novo caçando besouros na rua ou pulando como uma cabrita e bebendo a água da chuva das tempestades de verão.

Até hoje sou dura na queda. Fico pouquíssimo doente, comparado com o resto da população que está sempre batalhando um resfriado ou uma gripe. Os malditos vírus só me pegam em situações extremas. Mas quando eu fico doente só quero comer uma coisa: batata frita. Afasta de mim essa canja! Quero mesmo as deliciosas e reconfortantes french fries, especialmente se forem compradas com amor e atenção pelo meu marido.

Anos atrás minha mãe estava aqui me visitando e fomos juntas para Los Angeles, participar das comemorações do aniversário das minhas sobrinhas. Lá eu peguei um vírus miserável que uma delas, beijoqueira e abraçadeira tão querida, tinha pegado na escola. Voltei podre. Eu podre aqui e minha sobrinha podre lá. Foi punk. Acho que fiquei dois dias dormindo, sem conseguir comer. No terceiro dia, minha mãe preparou a comida mais deliciosa do mundo, que me fez sair da cama, sentar na mesa da cozinha e devorar tudo com o maior ânimo e prazer. O menu preparado pela minha mãe naquele dia consistia de bife a milanesa com purê de batata. Uma das melhores refeições que já comi em toda a minha vida.

gelatina de pera & prosecco

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Continuo gastando meus saquinhos de agar-agar em pó. Outro dia fiz gelatina de mamão com cassis, usando um suco de mamão natural e licor de cassis. Ficou legal. Desta vez, usei um suco natural de pera e adicionei um prosecco que tinha sobrado de um jantar. As proporções que estão funcionando pra mim são sempre uma xícara de suco fervido com 1 pacotinho [4 gr] de agar-agar, depois adiciona mais uma xícara de suco e adoçante [mel ou nectar de agave] a gosto. Na de mamão com cassis foram 1 xícara de suco fervido com 1 envelopinho de agar-agar, mais 2/3 xícara de suco e 1/3 de licor de cassis. Não usei adoçante. Nesta, usei 1 xícara de suco de pera fervido com 1 envelopinho de agar-agar e depois 1 xícara de prosecco. Nesse esquema fica uma gelatina bem firme, que sai fácil das forminhas. Usei forminhas de gelo de silicone divertidas e minhas lindas formas vintage Jell-o, que abocanhei por cinco mangos na garage sale da Dish.

batatas espanholas

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Quando li o título da receita no livrão Vegetarian Cooking for Everyone, pirei. Spanish Potatoes with Safron, Almonds, and Bread Crumbs. Não soa super apetitoso? Pois foi o que eu pensei. A Deborah Madison tem muitas receitas com títulos longos assim, pondo todos os ingredientes pra desfilar na passarela e conquistando o leitor na primeira olhada. Não esperei nem um dia e coloquei a receita em prática. Felicidade é estar recebendo batatas novinhas na cesta orgânica, daquelas que nem precisa descascar, só lavando com água e esfregando os dedos, a casquinha finíssima já sai.

1 quilo de batatas cortadas em quatro ou em fatias grossas
Sal marinho e pimenta do reino moída na hora
2 pitadas de açafrão
3 colheres de sopa de azeite de oliva extra-virgem
1 fatia de pão rústico
1/2 xícara de amêndoas sem casca picadas
2 dentes de alho
2 xícaras de água fervendo
1 colher de chá de páprica [*usei a páprica defumada espanhola]
1 colher de sopa de salsinha picada [*não usei porque não tinha]

Pré-aqueça o forno em 375ºF/ 190ºC. Unte um refratário grande que comporte as batatas numa única camada com azeite. Adicione as batatas, adicione sal e pimenta a gosto e salpique o açafrão por cima.

Numa frigideira, em fogo médio, coloque o pão partido em pedacinhos com as mãos, as amêndoas e o alho. Refogue bem até o alho ficar dourado. Coloque essa mistura num processador e moa bem, adicionando um pouco da ágfua fervendo até formar uma pasta. Adicione sal e pimenta a gosto e espalhe sobre a camada de batatas. Regue com o restante da água fervendo, cubra com papel alumínio e asse por uns 30 minutos. Descubra, mexa com uma colher e deixe assar mais um pouco, até toda água ser absorvida e as batatas estarem bem macias. Se quiser, gratine por uns minutos no broiler. Salpique com a salsinha picada e sirva. Eu servi com uma salada de alface e pepino.