fui ao Continente

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Para não quebrar a minha tradição de dar um pulinho no supermercado local dos paises que eu visito, em Portugal eu tive que ir ao Continente. Primeiro fomos ao pequeno Inter Marché perto da casa dos pais do Luis em Granja do Ulmeiro. Depois fomos ao Continente em Coimbra, porque esse é o supermercado bacanérrimo do pedaço, que todos elogiaram, o paraíso do consumo. O Continente é um hipermercado nos moldes do Carrefour. Um lugar para se passar muitas horas encaroçando pelos corredores e prateleiras. Eu adorei ver os produtos, principalmente os frescos que vem de diferentes lugares da Europa, Ásia, Africa e até do Brasil, como é o caso da cana. Na Europa fico sempre encantada com a seção de queijos e iogurtes. No Continente, parei na frente dos azeites e dos vinhos também. Não só parei pra olhar, mas também pra fotografar, para o total desespero do meu cunhado, que caminhava a metros de distância na minha frente tentando fingir que não me conhecia. Micos galore! Pobre Luis! Mas eu não poderia perder a oportunidade de registrar o meu passeio ao Continente. Pois sim, visitar supermercados estrangeiros é passeio pra mim! Pena que as maledetas companhia aéreas impõem limite de peso à bagagem, senão eu teria feito uma bela de uma compra, mesmo correndo o risco de ficar parecendo uma farofeira das boas, carregando postas de bacalhau e sacolas de comida dentro do avião.

necas de pitibiriba

Eu cheguei, mas ainda não estou realmente aqui.
O negócio é que ando sem a menor vontade de cozinhar. Durante a semana tenho feito um rangabofe simples, porque precisamos comer e gastar os produtos frescos que já se aboletam nas gavetas da geladeira. Mas pra falar a verdade, ando sem inspiração e sem ânimo. Olho as receitas nas revistas do mês que se empilharam durante a minha ausência e tenho ganas de jogar tudo pra cima, depois pisotear as folhas coloridas e impressas com fotos bacanas bem pisoteadas e sair correndo pela rua, braços estendidos em direção à qualquer restaurante ou birosca que venda batata frita. Esse é o meu estado de espírito atual. Não tenho nenhuma pretensão de me explicar, só quero registrar esse fato singular de que não ando querendo cozinhar.
Tenho planejado tentar replicar alguns dos rangos bacanas que experienciei em Portugal. Naquele dia da semana passada fiz numa piscada de olho a sopa de tomate alentejana que tanto encanta a minha irmã e que me deixou realmente abismada pela sua simplicidade. Cebola, tomates pelados e picados, azeite e um ovo pochê acomodado no caldo, ajeitado numa cumbuca forrada por uma fatia de pão rústico. Naquele dia eu jantei sozinha às 5:30 da tarde, porque não consegui esperar pelo Uriel, tamanha era a minha fome e o meu sono. Quando a sopa ficou pronta eu pensei em tirar fotos e esse pensamento me fez curvar de tanto cansaço. Simplesmente não consegui tirar foto nenhuma, só consegui comer, comer e pronto.
Não estou querendo cozinhar, não ando querendo tirar fotos das minhas comidas, por isso vou sentar e esperar essa vontade de fazer nada na cozinha passar. Porque vai passar, eu tenho certeza que vai.

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** O tempo que tenho economizado não cozinhando está sendo usado pra fazer outras mil coisas, como capinar novamente a horta que foi tomada por um matagal durante a minha ausência. Finalmente plantei meus pés de tomate. Desta vez apenas quatro, pois quero experimentar dar bastante espaço para os arbustos. Plantei vários tipos de manjericão e orégano, mais cibouletes, sálvia e lemon verbena, pra fazer par com o lemon balm [melissa] que está crescendo lindamente. Replantei também as ervas dos vasos. No interim tomei conhecimento de um novo morador no meu quintal—um esquilo, que se divide entre a minha casa e a do vizinho. No ano passado foi um filhote de lebre muito fofinho que detonou com metade das minhas ervas. Neste ano é o senhor esquilo, que está prestes a fazer um belo estrago, talvez nas frutinhas de pêssego e nectarina.
*** Também aproveitei para fazer um remanejamento das roupas no closet, armários e gavetas. Saí de cena artigos de lã, veludo, mangas compridas, casacos, cachecóis. A previsão do tempo para esta semana está arrepiante. Ainda estamos em meio de maio e já teremos uma ondaça de calor temporã. Quinta-feira, mínima de 16ºC, máxima de 38ºC. ARGH!!!

Whole Earth Festival

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O Whole Earth Festival é uma festança hiponga que acontece todo ano no campus da UC Davis durante o final de semana do dia das mães. E eu estou sempre lá porque acho tudo muito divertido. E já escrevi muito sobre esse evento, que considero um dos mais bacanas no calendário acadêmico. É uma festa imensa com quase ZERO de lixo. No ano passado, 97% de todo o lixo produzido pelo festival foi reciclado. Tudo funciona com energia solar. Para a comida há o eficientíssimo esquema de cobrar $1 por cada prato ou copo e $0.50 por cada talher, que quando é devolvido recebe o dinheiro de volta. Ninguém quer perder dinheiro, então praticamente não se produz lixo e todo restante de material orgânico vai pro composto da universidade. Toda a comida é vegetariana, há muita música ao vivo, todo tipo de manifestação política, religiosa e filosófica e aquele comérciozinho básico que não pode faltar, apesar do clima odara da festa. Em outros anos escrevi textos mais inspirados e simpáticos AQUIAQUI & AQUI. Outras fotinhos AQUI. Neste ano fui bem cedo e comi samosas com chutney, bebi limonada e eu e o Uriel dividimos um prato de stir fry de legumes e tofu com arroz integral, mais um knish, que é um bolo de batata, espinafre, cebola, alho e especiarias embrulado numa folha de massa finíssima e grelhado.

um bom motivo

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As batatas, orgânicas e fresquinhas, chegam sujas assim. Mas isso não é nada. Basta um pouco de água e uma boa esfregada com as mãos e a terra toda desce ralo abaixo. O pior são as folhas, muitas, imensas, que é preciso olhar bem, lavar bem, ter muito cuidado, porque ninguém quer encontrar intrusos alienígenas na salada. E todos os legumes vêm com cabos e folhas. O milho vem na palha, que quando se abre encontra-se sempre lá, confortavelmente alojada, uma lagarta. Tudo precisa ser muito bem esmiuçado e muito bem lavado.

Outro dia, conversando com o Uriel sobre o ritual da cesta orgânica das segunda-feiras, me perguntei por que eu faço isso toda semana há tantos anos? Vou lá na fazenda buscar a cesta, volto e me ponho a lavar e organizar tudo, depois tenho que pensar no que fazer com os legumes e verduras, alguns não muito comuns, que nunca fizeram parte da minha dieta. Por quê?

Porque eu acredito no que estou fazendo. Porque quero comer saudável, quero proteger o meio ambiente, quero apoiar a agricultura local e quero consumir alimentos orgânicos, frescos e sazonais. Eu quero e acredito, e é por isso que me dou todo esse trabalho. Toda semana.

Pinhas de Montemor

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Em Montemor, depois de visitar o castelo, paramos no centro do pequeno povoado para achar uma máquina de banco para retirar dinheiro e ficamos com sede. Entramos num restaurante de esquina para comprar água e eu vi esses doces em forma de pinhas na vitrine. Eles têm uma casquinha feita com uma massa que parecia de milho e o recheio parecia ser feito de ovos. Não perguntei se havia pinhas no doce ou era só o formato. De qualquer maneira eu gostei, pois esse é daqueles doces não muito doces. Bebemos a água gaseificada natural Pedras Salgadas, que é a favorita da minha irmã.

salada de lentilha verde com cenoura e batata-doce

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Recomeçamos nossos picnics das quartas-feiras no Farmers Market. Até o final do verão teremos o parque disponível, com música ao vivo e toda a animação que essa atividade traz. Eu adoro fazer picnics. Tenho uma variedade de equipamento, com cestas bacanas, toalhas e mil e um utensílios. Gosto de planejar e por em prática um mini-menu, que geralmente envolve uma salada, um pão, vinho e água. Para esse picnic inaugural, levei uma salada de lentilha verde de Puy com cenoura e batata-doce—yam, a batata-doce cor de laranja. Cozinhei a lentilha no dia anterior, escorri e reservei. Uma hora antes do picnic cozinhei as cenouras e as batata-doces cortadas em cubinhos no vapor. Deixei esfriar e misturei à lentilha. Temperei com orégano fresco picado, que está abundante na minha horta, vinagre de figo, que trouxe de Portugal, flor de sal com oréganos, que ganhei da Carlota, e bastante, bastante azeite extra-virgem. Levei um vinho branco da Rosenblum que não gostei muito. É o primeiro vinho dessa vinícola que me desagrada. Mas isso não interferiu na minha animação, nem na do pessoal, que comeu, bebeu e conversou muito. Ficamos na grama do parque até às 9 da noite e voltamos para casa no escuro.

food for humans

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Não consigo lembrar o nome da cidade, mas quando entramos na rua principal e eu vi a placa indicando as direções para chegar no Food for Humans, fiquei entusiasmada, querendo saber se era um restaurante. Precisei ir conhecer esse lugar com um nome tão criativo. Seguimos as placas e estacionamos numa ruazinha, onde ficava uma linda casinha onde funcionava um mini-co-op. Fiquei encantada. Enquanto o Uriel ficou no carro analisando o mapa, eu subi as escadinhas e entrei no improvisado supermercado, que logo na entrada vendia cerâmicas lindas. Caminhei pelos corredores cheirando a especiarias e saí de lá feliz, mesmo não tendo comprado nada, somente pela experiência de ter estado num lugar batizado de Food for Humans.
No minuto em que vi as placas, o primeiro pensamento que me veio à cabeça foi de como é importante ser criativo e diferente quando colocamos nomes nas coisas. Onde você escolheria almoçar ou fazer compras—no Cindy’s Place ou Susy’s Market ou no Food for Humans? A minha escolha vocês já sabem.

inside the GH

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Pronto. A casinha de hóspedes foi alugada para o casalzinho singelo com bochechas rosadas de Chico. Eles pagaram um depósito para segurar a casa, assinaram o contrato e mudam-se dia primeiro de junho. Enquanto isso, o Uriel aproveita pra fazer algumas coisinhas por lá, como trocar lâmpadas e remover a escada de subir em pé de jaboticaba e instalar uma escada caracol, com degraus seguros e corrimão. Aproveitei e tirei umas fotos da frente, fundos e interior da guest house. As fotos mostram a minusculice do lugar. O quarto fica no loft. Nessa foto só estou dando uma de tonta alegre, pois nunca subi lá devido ao meu pavor de alturas.

casquei-me fora

Bem que eu vi o e-mail da secretária chegando, mas me fiz de sonsa e pensei alegremente—estou em férias, não preciso responder, não vou confirmar, portanto me livrei dessa! Bom se fosse. A danada querendo ser gentil e eficiente resolveu confirmar ela mesma a minha presença no fabuloso picnic anual dos funcionários da UC Davis, criativamente batizado de TGFS – Thank God For Staff.

E veio me trazer o ingresso, que eu aceitei com um sorriso amarelo. Conversei um pouco com ela sobre o evento, que na minha opinião é o mais completo acontecimento aborígene que a universidade organiza. Contei que fui ao picnic de 2006 e tinha jurado nunca mais cair nessa armadilha. Expliquei mais ou menos o esquema da coisa: camelar até o final do arboretum, ficar na fila pra pegar um sanduba e um garrafa de água, sentar no chão, pagar todos os micos possíveis com joguinhos infames, só porque você teve a sorte na vida de ser funcionário da grande Universidade da Califórnia. Eu, sinceramente, passo. Trocar meu tranquilo almoço em casa pra ficar lá na grama conversando amenidades sem importância com meus colegas, tentando comer sem ficar com fiapos de carne entre os dentes, ensovacando no sol do meio-dia, ouvindo o “agito” dos funcionários animados, que participam dos jogos com aquele entusiasmo irritante, não é a minha praia, não faz o meu estilo.

Segurei o ingresso imóvel por alguns minutos pensando na única vantagem de ir a esse picnic indigena—poder escrever sobre a famigerada experiência aqui. Sinto muito folks, mas optei por cascar-me fora dessa.