final, ponto. inicio, três pontos.

Antes que o mês de janeiro termine, preciso contar como ele começou. Nós não somos pessoas muito organizadas e apesar de estarmos em férias e saber que queríamos passar a virada do ano em algum lugar bacana, demoramos para decidir onde. Quando fomos escolher o lugar, restaurante e hotel, muita coisa já não estava disponível. Eu queria ir para o litoral, mas realmente preciso aprender a planejar melhor, mesmo essas pequenas viagens. Decidimos ir para o Sonoma county e passar o reveillon em Healdsburg, uma cidadezinha muito lindinha que fica na região das vinícolas. Hotel lá já não havia, então reservamos um à seis minutos de distância numa outra cidadezinha chamada Windsor. Que surpresa que foi chegar no lugar e encontrar uma downtown super brejeirinha, com prédios replica estilizadas de uma cidade européia antiga. Ah, esses americanos!

Fim de Ano Fim de Ano Fim de Ano
Fim de Ano Fim de Ano Fim de Ano
Fim de Ano Fim de Ano Fim de Ano

Nosso jantar no último dia de 2012 foi no Café Lucia—cozinha nova portuguesa. Dentre os restaurantes que serviam jantar na noite do dia 31 e não tinham cardápio fixo com coisas que eu não gosto e nem como, nem preços astronômicos, essa foi a nossa opção. Também porque vimos bolinho de bacalhau e bacalhoada no cardápio. Que delicia de comida! Todas as gostosuras portuguesas que pedimos estavam sublime. Um caldo verde ultra delicado, bolinhos de bacalhau super leves e sequinhos, bacalhoada perfeita e espetada com batatas e piri-piri deliciosas. Eu bebi um vinho branco português que acompanhou tudo perfeitamente. De sobremesa pedimos a opção de gelados: sorbet de maçã & vinho verde, sorbet de manga, sorvete de porto vintage e sorvete de chocolate & piripiri. Tudo excelente, ficamos muito felizes e satisfeitos.

Passeamos um pouco pela cidade que estava linda e até bem agitada com todo tipo de festa, das chiquerésimas às modernetes, até as bem desanimadas com o povo enchendo a cara de cerveja e jogando bilhar. Demoramos um pouco para achar um lugar bom pra passar a meia-noite e acabamos num bar cavernoso, que tinha música dançante e clientela eclética de todas as idades e tribos. Não estava fervendo, mas estava divertido. Entramos em 2013 requebrando o esqueleto no bar do urso Ernie. Nos vinte minutos do primeiro tempo do novo ano vi mensagem no meu telefone. Era o serviço do sistema de alarme, que tinha disparado na nossa casa, em Woodland. Abre uma nova cena no palco com a gente saindo do bar correndo—liga pra cá, liga pra lá, a policia foi na casa, o Gabriel foi na casa, era mau funcionamento em um dos sensores. Feliz 2013, né?

Fim de Ano Fim de Ano Fim de Ano
Fim de Ano Fim de Ano Fim de Ano

No primeiro dia de janeiro ficamos em Healdsburg encaroçando nas lojinhas de antiguidades e depois rodando pelas estradas da região das vinícolas. Pena que nenhuma vinícola estava aberta no primeiro dia do ano. Muitos restaurantes também estavam fechados. Fizemos um almoço bem tardio na moderna Pizzando no centro da cidade. Comemos uma entrada de albacore que estava deliciosa, com uma farofinha crocante por cima. Depois um inusitado pappardelle com butternut squash, rúcula, sementes de abóbora [pepitas] e nibs de cacau. Faltou apenas um pouquinho de sal, mas estava interessante. Depois devoramos uma pizza com broccolini e mascarpone, que foi a nossa alternativa à falta da burrata, que era a nossa primeira opção [quem manda chegar tarde?]. Nem pedimos sobremesa, porque queríamos provar outra coisa em outro lugar. E acabamos mesmo num café, onde bebemos capuccino e chocolate asteca.

Fim de Ano Fim de Ano Fim de Ano
Fim de Ano Fim de Ano Fim de Ano

No segundo dia de janeiro comemoramos nosso trigésimo primeiro aniversário de casamento e aproveitamos para passear juntos por alguns lugares que gostamos aqui no norte da Califórnia. Primeiro passamos por Bodega e Bodega Bay, onde eu impreterivelmente tenho que ir visitar e tirar fotos dos cenários do filme The Birds do Hitchcock. Não tem muito o que fazer lá, além de olhar a lindíssima paisagem. Improvisamos um rápido picnic em cima de um dos penhascos com vista para o Pacífico e seguimos para Petaluma, onde almoçamos bem tarde [outra vez] no pequeno Wild Goat bistrot. Petaluma é uma fofura de cidade, mas muita coisa ainda estava fechada no pós festividades. Encaroçamos mais lojas de antiguidades, comemos tortas e bebemos chá no Petaluma Pie Company e seguimos para casa, um pouco melancólicos porque as férias de final de ano tinham finalmente chegado ao fim, mas felizes porque comemoramos o que tínhamos que comemorar e estávamos nos sentindo prontos para iniciar o novo ano.

Fim de Ano Fim de Ano Fim de Ano
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couve-flor assada
[com balsâmico & parmesão]

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Adoro couve-flor assada, acho que feita assim ela fica mil vezes mais gostosa. E são tantas maneiras diferentes de temperar—como esta ou esta por exemplo. E o resultado é sempre o fino da bossa. Desta vez quis fazer algo diferente e achei essa ideia bacana do site EatingWell. Não teve sobras. Adoramos!

1 pé de couve-flor
2 colheres sopa de azeite
1 colher chá de manjerona seca [ou outra erva da sua preferência]
1/4 colher chá de sal
Pimenta moída na hora a gosto
2 colheres de sopa de vinagre balsâmico
1/2 xícara de queijo parmesão ralado finamente

Pré-aqueça o forno a 450ºF/ 232ºC. Corte a couve-flor em raminhos, coloque numa vasilha tempere com o azeite, manjerona, sal e pimenta. Espalhe os raminhos numa assadeira grande forrada com papel vegetal ou alumínio e asse até começar a dourar, de 15 a 20 minutos. Remova a couve-flor do forno, tempere como vinagre e polvilhe com o queijo. Retorne ao forno e asse até que o queijo fique derretido os raminhos estejam bem sequinhos, mais uns 5 ou 10 minutos. Remova do forno, coloque numa travessa e sirva imediatamente.

the vegetarian epícure [I & II]

vegetarian epicure
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Anos atrás eu escrevi sobre o The New Vegetarian Epícure—a versão mais modernizada desses livros da Anna Thomas. Sempre quis ter as primeiras edições e até consegui o segundo livro em versão paperback. Quando comprei, a vendedora da loja me disse que o primeiro era bem difícil de conseguir e eu até pedi pra ela ficar de olho pra mim. Ficou por isso mesmo. Passou muito tempo, nunca mais pensei no assunto, até parei um pouco de comprar livros usados e antigos, porque eles são realmente só para se colecionar. As receitas normalmente já estão datadas, precisam de uma revisão para se adaptar aos nossos tempos. Mas quando entrei na lojinha de antiguidades no centro de Healdsburg na manhã gelada de primeiro de janeiro de 2013 e vi os dois volumes do The Vegetarian Epícure em versão capa dura, agarrei os livros num pulo da Dona Onça e encaroçei pela imensa loja com um sorriso de felicidade congelado na cara. Depois de tantos anos tinha finalmente conseguido as versões originais dos anos 70 dos livros pioneiros da fofíssima Anna Thomas!

Apesar das receitas estarem realmente um pouco datadas, as ilustrações são um primor e os textos dela são uma viagem. Como esse, que finaliza o capítulo com dicas para entreter os amigos com um jantar em casa:

“So, the two-hours-later course came to be. This may consist of a great bowl of strawberries and a pot of cream, or maybe hot chocolate on a cold night, accompanied by thin slices of the torte that couldn’t be finished earlier, or a platter of nuts and dried fruits with mulled wine. This two-hours-later course is especially recommended if grass is smoked socially at your house. If you have passed a joint around before dinner to sharpen gustatory perceptions, you most likely will pass another one after dinner, and everyone knows what that will do—the blind munchies can strike at any time.”

bolo de chocolate & amêndoa
[com ganache de chocolate]

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Contando ninguém acredita, mas no ano passado eu peguei os dois números de estréia da revista da australiana Donna Hay, que foram oferecedidos gratuítamente para iPad e como gostei da qualidade resolvi assinar. Fiz a compra—$19 por 6 edições bimestrais, mesmo achando a assinatura bem mais cara que as revistas que assino por aqui. Assim que tentei baixar a primeira revista, deu um erro. Tentei por vários dias até que a irritação me venceu e fui na app store cancelar a compra. Tinha certeza absoluta que estava tudo cancelado, até recebi vários e-mails da app store que queria se certificar que eu estava satisfeita, eteceterá-eteceterá. O caso parecia encerrado.
Um ano depois, cliquei sem querer no ícone da revista Donna Hay que ainda estava no meu newsstand e pra minha surpresa tinha lá dentro seis revistas, uma pra cada bimestre de 2012, desde o início da assinatura malfadada e que eu nunca tinha baixado nem lido. Vários pontos de interrogação flutuando no ar.

Li todas as revistas e sinto muito dizer isso, mas elas não me seduziram como da primeira vez. Meu padrão de qualidade é Martha Stewart Living e na minha opinião nobody does it better than Martha. A Donna Hay praticamente só tem receitas e algumas dicas de comprinhas, que pra mim não interessam tanto. Achei também que tem um excesso de animações nas páginas, algumas chegando a irritar [desnecessário tanto filminho de bolinho se mexendo] e os vídeos dela ensinando algumas técnicas e truques são um pouco repetitivos e alguns bem fraquinhos. Mas tenho que admitir que as fotos são lindas [a maioria com aqueles fundos brancos com papel vegetal, paninho desfiado e gradinhas vintage que são extensamente copiados por blogs galore pelo mundo] e tem muitas receitas ótimas. Esse bolo de chocolate é uma delas. O que mais posso querer? Um bolo dessa categoria de belezura e deliciosidade, feito em apenas uma vasilha e com um batedor de arame! Perfeito! Segui à risca, só troquei o creme de leite pelo half and half. Como sempre faço, usei os melhores ingredientes e o resultado foi outstanding! Quanto à revista, bacaninha, não sei se paguei por elas ou não, mas de qualquer maneira não vou renovar ou recomprar a assinatura.

para o bolo:
2 xícaras de farinha de trigo [peneirada]
2 colheres de chá de fermento em pó [peneirado]
1 xícara de farinha de amêndoa [almond meal—se não achar a farinha pronta, moa bem as amêndoas no processador]
2 xícaras de açúcar mascavo
200 gr de manteiga sem sal derretida
3 ovos caipiras
1 xícara de leite integral
1/3 de xícara de cacau puro sem açúcar [peneirado]
para o ganache:
150 gr de chocolate amargo picado [*usei 70%]
1/2 xícara de creme de leite fresco [*usei half and half]

Pré-aqueça o forno em 325ºF/ 160ºC. Unte uma forma de 22 cm levemente com manteiga e polvilhe com cacau em pó. Reserve. Numa vasilha grande coloque a farinha de trigo, o fermento, a farinha de amêndoa, o acúcar, a manteiga derretida, os ovos [levemente batidos], o leite e o cacau e misture bem usando um batedor de arame. Coloque a massa na forma untada e leve ao forno por 65-70 minutos ou até o centro estar completamente cozido. Remova do forno, deixe esfriar e vire numa grade. Deixe esfriar totalmente e coloque num prato ou travessa. Coloque o bolo na geladeira e deixe gelando por uns 20-30 minutos.

Faça o ganache, colocando o chocolate picado e o creme numa panela pequena. Leve ao fogo baixo e vá mexendo até o chocolate derreter completamente, mexendo para obter um creme bem liso. Tire do fogo e deixe descansar por 10 minutos. Coloque o ganache sobre o bolo, espalhe bem com uma espátula e deixe descansar por uns minutos em temperatura ambiente antes de servir.

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❡ o novo velho ❡

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No inicio deste ano me deu o faniquito da mudança. É um bom hábito fazer algum tipo de rearranjo nos móveis da casa de vez em quando, porque dá uma ideia de novo, apesar de tudo continuar sendo o mesmo. Desta vez mudamos a posição dos móveis da sala de jantar e adicionamos uma mesinha/console em um dos lados da sala. Viramos a mesa para ficar paralela com as janelas e colocamos o bufet na parede em frente, que ficou com uma cara estranha, desnuda. Então decidi fazer com composite de quadros e pratos. Vou dizer que desde que mudamos para essa casa vintage eu meio que perdi o meu medo de colocar pregos nas paredes. Ando assim mandando bala sejaoquedeusquiser. Então reusei uns quadros que estavam guardados e outros que estavam pendurados em lugares diferentes, resgatei uns pratinhos antigos que estavam ainda embrulhados em caixas no basement e voalá! Achei que ficou bem bonitinho. E quando cansar ou enjoar é só trocar tudo de novo.

arroz com pimenta & ervas

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Essa receitinha também veio no jornalzinho mensal do meu Co-op e eu vou dizer que adorei, adorei! Fica bem cremoso, mas o arroz é cozinhado como se fosse macarrão em bastante água e não como normalmente fazemos risoto. Gosto de receitas assim, com poucos ingredientes, mas que juntos fazem um grande efeito.

1 e 1/3 de xícara de arroz arborio
1/3 xícara de queijo cheddar branco forte ralado [*eu usei um pouco mais ** pode ser queijo fontina ou um parmesão ou gouda envelhecido]
2 colheres de sopa de manteiga
2 colheres de sopa de ervas frescas picadas[* usei cebolinha, salsinha e tomilho]
2 colheres de chá de pimenta do reino moída na hora

Coloque uma panela com 5 xícaras de água no fogo e deixe ferver. Coloque então na água ferevendo uma pitada generosa de sal e o arroz arborio. Deixe cozinhar por 15 ou vinte minutos, até o arroz ficar cozido e a água quase totalmente evaporada. Tampe e desligue o fogo. Se precisar escorra o arroz da água, mas pra mim não precisou. Numa outra panela derreta a manteiga e refogue as ervas frescas por um minuto. Junte a pimenta do reino moída e refogue por mais um minuto. Junte esse refogado ao arroz cozido, misture o queijo, acerte o sal se precisar e sirva imediatamente.

sopa de lentilha & abóbora
[com molho de nozes]

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Encontrei a receita dessa sopa no jornalzinho mensal do meu Co-op e achei muito interessante a parte do molhinho de nozes. Acrescentei uns cubos de abóbora na sopa e usei sour cream no creme. Achamos super gostoso misturar o creme frio e com as nozes crocante na sopa quente.

2 xícaras de lentilhas
2 colheres de sopa de manteiga [ou azeite]
1 cebola picadinha
1 folha de louro
1 xícara de abóbora crua cortada em cubinhos
6 xícaras de caldo de legumes ou água
Sal marinho e pimenta do reino moída na hora a gosto
2 dentes de alho grandes [*omiti]
2/3 xícara de nozes levemente tostadas
1/2 xícara de creme fraiche ou creme de leite fresco [*usei o sour cream]
2 colheres de sopa de salsinha picada

Escorra e lave as lentilhas e deixe de molho em água por meia hora. Escorra. Derreta a manteiga em uma panela grande em fogo baixo. Adicione a cebola e a folha de louro. Refogue em fogo médio-alto até a cebola ficar translúcida, por uns 5 minutos. Junte os cubinhos de abóbora e refogue por mais uns minutos. Adicionar as lentilhas escorridas, o caldo ou água e uma colher de chá de sal. Deixar ferver, reduzir o fogo e cozinhar tampado até que as lentilhas estejam macias bem , aproximadamente 30 minutos. Tempere com sal e pimenta do reino moída a gosto.

No mini-processador moer o alho com uma pitada de sal. Adicione as nozes e pulse algumas vezes. Adicione aos poucos o creme de leite até forma uma pasta. Junte a salsinha picada e misture. Na hora de servir coloque a sopa no prato e uma colher do creme de nozes por cima. Sirva imediatamente.

bolo de amêndoa & uva

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Resolvi passar essa receita na frente das outras [ah, como se houvessem muitas!] porque precisava registrar o quando nós gostamos desse bolo. Gostamos porque tem fruta fresca, porque fica muito leve e não é muito doce. Quando olhei a combinação de ingredientes, pensei com meus botões—mas que mistura perfeita! E era mesmo. E pra melhorar mais ainda, esse bolo é feito numa única vasilha usando apenas um simples batedor de arame para misturar os ingredientes.

1 xícara de iogurte grego
1/2 xícara de azeite de oliva
3 ovos caipiras
1 limão [raspas da casca e suco—usei o limão meyer]
1/2 xícara de açúcar
1 e 1/4 xícara de farinha de trigo
3/4 xícara de amêndoas moídas (ou farinha de amêndoa)
2 colheres de chá de fermento em pó
1/4 colher de chá sal
2 xícaras de uvas sem sementes cortadas ao meio
azeite para untar a forma

Pré-aqueça o forno a 350ºF/ 176ºC. Unte uma forma de torta com fundo removível com azeite. Reserve. Numa tigela grande coloque o iogurte, o azeite, os ovos, as raspas de limão e suco de limão e misture bem com um batedor de arame. Adicione o açúcar, a farinha, a farinha de amêndoas, o fermento e o sal. Misture bem com o batedor e despeje a massa na forma untada. Pressione as uvas sobre a massa. Leve ao forno e asse por uns 50 minutos ou até o centro do bolo ficar bem cozido. Remova do forno, deixe esfriar, desenforme e sirva.

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