Nã gosto muito de ovo, mas adoro salada de ovo, que só faço quando tenho um surplus de ovos da fazenda. Não acontece sempre, mas neste verão aconteceu duas vezes. Faço uma receita bem simples e improvisada. Cozinho os ovos, pico, junto salsão picadinho, um tipo de picles qualquer [nesse usei o pepperoncini de vidro cortado em fatias], bastante salsinha fresca, tempera com sal, pimenta do reino, um pouco de mostarda, um pouco de iogurte ou sour cream, polvilha com páprica picante e serve. Eu uso também pra rechear sanduíches.
Autor: Fer Guimaraes Rosa
Green Gulch Farm Zen Center
Fomos fazer nosso picnic anual na praia e eu escolhi a Muir Beach, por ser a mais perto, menos tempo de carro. Nunca tínhamos ido à essa praia, que é bem pequena, fechada numa encosta. Na ida, bem perto já da praia, passamos por uma comunidade budista e eu falei—na volta, vamos parar. E assim fizemos. Descemos com o carro por uma estradinha apertada num barranco, tivemos que encostar quase despencando para dois carros que estavam subindo passarem. Chegamos no Green Gulch Farm e não sabíamos exatamente onde ir. Um casal que estava chegando também nos guiou. Ele era voluntário no local e nos fez um resumo, de que eles são parte do famoso San Francisco Zen Center, de como eles aceitam hóspedes, tem meditação, dharma talk nos domingos de manhã, e têm lugares pra retiro, o templo e a fazenda. Passamos por umas residências do pessoal que mora lá. O casal abriu um portão, nos deixou no jardim e seguiu em frente em direção à praia. Quando avistei o jardim, fiquei sem fôlego. Nunca tinha visto tantas cores juntas, tantas flores, as dálias eram predominante e eram absolutamente maravilhosas! Fiquei um tempão zanzando entre as flores e tirando fotos. São vários jardins para meditação e hortas uma atrás da outra. Fomos caminhando até o final, onde tinha mais um portão que dava para uma trilha em direção à praia. As hortas, todas com produção orgânica, eram uma pintura. As folhas verdes, que devem gostar muito do clima fresco do litoral, pareciam de plástico tal a perfeição. Ficamos muito tempo caminhando e olhando tudo, voltamos pra área dos jardins, das flores, do templo, até chegar no caminho rodeado de eucaliptos e voltar para o nosso carro estacionado. Fiquei tão extasiada com aquela visita, não parei de falar um minuto que queria voltar, que queria voluntariar, que queria trabalhar na cozinha deles, que queria morar lá! Até disse—nesse nosso passeio, acho que gostei mais desse lugar do que da praia. Não estava mentindo.
nhoque de batata azul
[com manteiga queimada & sálvia]
O meu supermercado oferece toda semana cartõezinhos com receitas de comida e bebida. Eles ficam numa caixinha na saída no caixa e eu sempre dou uma olhada neles, porque ás vezes tem coisas bem interessantes. Num dia eu avistei essa receita de nhoque e levei porque tinha certeza que tinha todos os ingredientes em casa e resolvi fazer pro almoço de domingo. No final as batatas da receita eram das doces roxas e as minhas eram comuns, porém da variedade azul. E eu também não tinha a ricota, que substituí receosamente por sour cream. Apesar das adaptações, os nhoques ficaram levinhos e muito saborosos. A massa ficou levemente azulada, mas depois que cozinhou ficou mais pro cinza. Faça com as batatas que tiver, doce ou não.
500 gr de batata azul [ou batata doce roxa]
1/3 xícara de ricota [*usei sour cream]
1/3 xícara de queijo parmesão ralado
1 gema de ovo caipira [*usei de ovo de pata]
1/8 de colher de chá de nos moscada ralada na hora
1 colher de chá de sal
1 colher de chá de pimenta do reino moída na hora
de 1/2 a 1 xícara de farinha de trigo [*pra mim deu menos de 1 xícara]
4 colheres de sopa de manteiga
6 folhas de sálvia fresca
Asse as batatas em 400ºF/ 205ºC até elas ficarem macias. Ou cozinhe numa panela com água e escorra bem. Passe as batatas cozidas por um espremedor de batatas. Misture a ricota, o parmesão, a gema, a nos moscada e o sal e pimenta na batata espremida. Vá adicionando a farinha, 1/4 de xícara de cada vez, até dar o ponto de massa que possa enrolar. Forme uma bola e divida em 4 partes. Role cada parte numa superfície enfarinhada até obter uma massa bem comprida, então corte em pedacinhos com uma faca. Coloque numa forma polvilhada com farinha ou forrada com papel vegetal. Coloque uma panela com bastante água salgada no fogo e deixe ferver. Assim que ferver vá jogando os nhoques, em partes. Quando cozidos eles sobem para a superfície da panela. Remova com uma escumadeira e coloque numa travessa. Repita até cozinhar todos os nhoques.
Numa panela ou frigideira derreta a manteiga e deixe cozinha em fogo médio até ela começar a ficar dourada. Adicione as folhas de sálvia e cozinhe por 1 minuto. Jogue essa manteiga sobre os nhoques, polvilhe com parmesão ralado e sirva.
what to love about summer
bolo de figo & chocolate
Meu chefe viajou com uma amiga dele, que me deixou com a “posse temporária” da figueira do quintal dela. Fui lá três vezes e colhi figos até dizer chega. Foi como estar no paraíso, ter uma árvore carregada de figos só pra mim! Fiz bastante coisas com eles, além de devorá-los puros. Uma das coisas que fiz foi esse bolo de chocolate e figos. Mudei um pouquinho a receita, pra poder usar uma farinha de trigo germinado integral que tinha comprado.Também troquei um ovo de galinha por um de pata, que eu tinha recebido da fazenda e queria gastar. Acabei fazendo sem colocar as nozes torradas, porque pisquei e esqueci delas [ops!]. Por isso achei que o bolo cresceu muito mais do que aparece nas fotos da receita original. Ficou super gostoso, nem um pouco pesado como eu imaginei que ficaria. Acho que vou fazer a receita novamente e tentar congelar pra poder comer um delicioso bolo de figo quando não houverem mais figos frescos disponíveis—o que será muito em breve, infelizmente.
1 e 1/2 xícaras de figos frescos picados
2 ovos caipiras grandes [*usei um de galinha outro de pata]
1/2 xícara de açúcar
1/2 xícaras de óleo de semente de uva ou outro óleo vegetal
1/2 colher de chá de extrato de baunilha
1 e 1/2 xícaras de farinha de trigo [*usei 1 xícara de farinha integral germinada e 1/2 de farinha branca]
1/3 xícara de cacau em pó
1 colher de chá de fermento em pó
1/4 colher de chá de sal
1/2 xícara de nozes torradas e picadas [*esqueci de colocar!]
3/4 copo de gotas de chocolate amargo
3 figos cortados ao meio
Pré-aqueça o forno a 350°F/ 176°C e unte uma forma de pão pão com óleo vegetal e forre com papel vegetal ou manteiga. Deixe uma aba sobrando nos dois lados, pra poder puxar na hora de desenformar.
Em uma tigela grande amasse 1/2 xícara dos figos com um garfo. Adicione os ovos, o açúcar, o óleo e a baunilha e misture até combinar.
Em outra tigela grande misture farinha, o cacau em pó, o fermento em pó e o sal. Adicione a mistura de ovos na de farinha e misture delicadamente com uma espátula. Coloque os figos restantes, 1/2 xícara de chocolate e as nozes na massa. * Eu esqueci de por as nozes.
Despeje a massa uniformemente na forma preparada e enfeite com o restante do chocolate e dos figos picados. Leve ao forno e asse por 45 a 50 minutos. Remova do forno, deixe esfriar um pouco, desenforme puxando o papel pelos lados. Coloque numa travessa, remova o papel com cuidado, puxando. Deixe esfriar totalmente, fatie e sirva.
baba ganouch [minha versão improvisada]
Esse baba ganouch ficou muito bom e foi feito de improviso, porque eu tinha ingredientes na geladeira que precisavam ser gastos. Coloquei na grelha da churrasqueira 2 berinjelas e um alho poró. Deixei ficar bem preto. Descasquei e coloquei no processador com uns dentes de alho assados [que eu já tinha na geladeira], sal, pimenta vermelha em flocos, xarope de romã e azeite. Para servir coloquei por cima um punhado de pinoles do Oregon que comprei no outono do ano passado e que tenho que descascar um por um pra poder comer. Um trabalhão, mas dá um belo toque especial.
salada persa de cenoura [com sementes de gergelim torradas]
Essa foi outra receita que tirei do livro da Louisa Shafia — The New Persian Kitchen. Fiz pra levar num picnic que fizemos na praia. Essa salada sobrevive bem, aliás, quanto mais tempo marinar nos temperos, melhor. Simples, saborosa, exótica e bonita. Nós gostamos muito!
1/2 xícara de sementes de gergelim
1 dente de alho picado
2 colheres de sopa de vinagre branco
2 colheres de sopa de vinagre de arroz
1 colher de sopa de mel
1 colher de sopa de óleo de gergelim torrado
1 colher de chá de flocos de pimenta vermelha
700 gr de cenouras, cortadas longitudinalmente em fatias finas
1 xícara de coentro fresco
Sal marinho a gosto
Leve uma frigideira pequena ao fogo médio-alto. Quando estiver bem quente adicione as sementes de gergelim toste, sacudindo a frigideira constantemente. Quando as sementes começam a estalar, transfira para um prato e deixe esfriar à temperatura ambiente. Em uma tigela pequena, misture o alho, os vinagres, o mel, o óleo de gergelim, os flocos de pimenta vermelha, as sementes de gergelim e 1 colher de chá de sal. Despeje esse molho sobre as fatias de cenoura, misture bem. Deixe macerar. Adicione o coentro e sirva.
colheita de folhas verdes — Salinas, CA
Pra mim essa foi a melhor parte da excursão das culturas especiais da Califórnia. Às 7 da manhã num campo em Salinas, com névoa e frio, visitamos um campo lindo de folhas verdes pra salada enquanto as verduras eram colhidas manualmente, lavadas e empacotadas ali mesmo. As alfaces eram uma visão da perfeição. Deu vontade de arrancar as folhas e comer ali mesmo. Não fiz porque sei que tem muitos animais [ratos, golphers, lesmas, etc] além da terra, e as folhas não são limpas quanto parecem. O trabalho desse pessoal na colheita é brutal. Faz a gente dar um pouco mais de valor para os ingredientes que trazemos para casa e que acabam no nosso prato.
uma excursão pelas culturas especiais da Califórnia
Fiz uma viagem de trabalho incrível, uma excursão pelo vale central e pela região de Salinas, áreas altamente agrícolas. O vale central da Califórnia é praticamente o cinturão verde do país. Eu trabalho para uma divisão de recursos naturais e agrícolas, num programa de controle integrado de pestes. Sou do grupo de IT, trabalho no website, então tudo pra mim é mais ou menos abstrato. Essa viagem me permitiu ver tudo o que já conheço mais ou menos na teoria, funcionando na prática. Muita informação foi novidade pra mim e outras eu me aprofundei. Visitamos muitas fazendas e algumas processadoras que empacotam os produtos. Passamos por muitas cidades, as principais foram Visalia, Parlier, Salinas, Castroville e a area do Delta em Sacramento. A viagem é organizada todo ano pelo California Specialty Crops Council e é muito popular. Antes de ir, conversei com muitos colegas que já tinham participado e todos falaram a mesma coisa—você vai adorar! Visitamos um pomar de prunes [as ameixas que viram ameixas secas], outro de nectarina e uma operadora de empacotamento das nectarinas e pêssegos. Visitamos uma fazenda que ainda produz passas secas nas vinhas [DOV—dried on the vine], escutamos várias palestras sobre água no campus do USDA em Parlier, visitamos uma empresa que estoca e distribuí químicos para agricultura, também tivemos algumas palestras dentro do ônibus, enquanto íamos de um lugar para o outro. A logística dessa excursão foi fantástica. Visitamos uma colheita e empacotamento de alho, um campo de pimentões, uma operadora de empacotamento de cenouras, vimos muitos campos de alcachofras e legumes, ouvimos explicações sobre regulamentações e aplicação de pesticidas, visitamos as instalações da empresa Dole, onde eles empacotam saladas, ouvimos detalhes sobre uma máquina para desbaste num campo de alfaces, uma colheita de folhas verdes [que terá fotos num post separado, porque foi a parte que mais gostei!], vimos uma simulação de fumigação num campo de morangos e visitamos uma fazenda orgânica de morangos ao lado do oceano, quase em Monterey. Voltamos para o vale para ver uma colheita de melão, almoçamos ouvindo sobre abelhas e polinização, fomos para uma fazenda de peras e maças, onde ouvimos um expert falar sobre os controle de vertebrados, que são uma peste na agricultura. Foi interessante ver o lado dos produtores e fazendeiros, de como eles encaram as regulamentações na California como uma burocracia exagerada que acaba sendo mais um empecilho que uma ajuda. Todos também reclamaram da mão de obra, que está cada vez mais escassa. Muitas culturas são delicadas demais e precisam ser colhidas a mão e a dinâmica do trabalho agrícola está mudando. Foi muito interessante ver a unanimidade de mexicanos trabalhando no campo. Muitos porque não tem qualificação para fazer outra coisa, outros, muitos jovens, fazendo um pé de meia durante a temporada. O trabalho é extremamente árduo e bruto. Ouvimos muitas histórias e processei muita informação. Pra mim foi uma viagem de muito aprendizado e que vai gerar muita reflexão e assunto pra inúmeras conversas futuras.
» Fiz três videozinhos usando o memories do iphone, pra matar o tempo ocioso dentro do ônibus. Eles depois foram usados numa apresentação da viagem que fizemos para pros outros colegas. Quem tiver curiosidade: >> Colheita das folhas verdes >> Empacotamento de pêssegos e nectarinas >> Colheita e empacotamento de alho
Raimonds Staprans
Nascido em Riga na Letônia em 1926, Raimonds Staprans vive em San Francisco, Califórnia. Vi esses quadros dele no Crocker Museum em Sacramento e fiquei muito impressionada com as linhas e as luzes. Staprans tem 91 anos e continua super ativo, pintando.