purê de batata com verdura

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Adoro as receitas da Heidi Swanson, porque elas são o exemplo perfeito da combinação da naturebice com a sofisticação. Esse é apenas um purê de batata que com a delicada adição dos pequenos detalhes da cebola fritinha e da verdura misturada, se transforma numa deliciosa refeição. Fiz sem medida e comi tudo sozinha [burp! excuse me!] dividindo entre jantar e almoço do dia seguinte. Até requentado esse rango continuou bom. Um purê de batatas—avec élégance.

serve 6 porções
1 quilo e meio de batatas descascadas e cortadas em cubos
Sal marinho
4 colheres de sopa de azeite
4 dentes de alho picados
1 maço de verdura [usei a Swiss chard, mas ela usa a kale]
1/2 xícara de leite morno ou creme de leite fresco
Pimenta do reino moída
5 talos de cebolinha verde picados
1/4 xícara de queijo parmesão ralado
Echalotas ou cebolas caramelizadas para decorar

Coloque as batatas numa panela grande e cubra com água. Adicione uma pitada de sal marinho e leve ao fogo. Cozinhe por 20 minutos ou até que as batatas estejam bem molinhas.

Numa frigideira aqueça 2 colheres de sopa de azeite e adicione o alho picado, a verdura picada e uma pitada de sal marinho. Refogue até a verdura murchar e cozinhar. Desligue o fogo e reserve.

Amasse as batatas e coloque o leite morno devagar, até atingir a textura de purê. Coloque mais ou menos leite, conforme for amassando. Tempere com sal e pimenta do reino.
Na hora de servir, coloque a verdura refogada dentro do purê e misture. Coloque em cumbucas, faça um buraco no centro e regue com o restante do azeite, decore com as cebolinhas picadas, o queijo parmesão e as cebolas ou echalotas caramelizadas.

[*para fazer as cebolas/echalotas caramelizadas, apenas frite a cebola cortada bem fininho em azeite e em fogo baixo, mexendo com uma colher de pau vez e outra, até elas ficarem bem douradas e crocantes.]

com menta e chocolate

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Com as amêndoas eu não tenho o mesmo sentimento de ultraje, que tenho com a corrupção dos pistachos. Porque as amêndoas já sofreram essa depravação da adição dos sabores há muitos anos e não mais surpreende encontrá-las cobertas por camadas crocantes de queijo parmesão, curry, ervas provençal, picantes tex-mex, salpicadas de gergelim ou crostas açucaradas. Tem de tudo, desde as lâminadas para incrementar saladas, até as inteiras para servir de snack mais rebuscado. Ninguém liga para essa alteração toda, porque amêndoas abundam aqui no estado da Califórnia [que abastece 80% do mercado mundial] e podem ser desperdiçadas com invencionices desta magnitude. Meu marido trouxe essas novidades da maior feira de agricultura dos EUA, a World Ag Expo, que acontece uma vez por ano na cidade de Tulare. As amêndoas com mel não me causaram nenhum espanto. Mas as cobertas com menta e chocolate me fizeram soltar uma longa bufada. What else? Provamos as amêndoas e meu marido fez o comentário perfeito, que define exatamente o que concluímos sobre o sabor menta e chocolate—não é ruim, mas também não é bom. Caso encerrado!

gelado de limão & cardamomo

Quando fico com uma mistura de sabores na cabeça, a coisa vai longe. Quis testar a gelado de limãocombinação de limão com cardamomo numa sobremesa gelada. Acrescentei no creme um lemon curd, que ajudou a deixar o sorvete com uma cremosidade extra. No sabor ele ficou excessivamente delicioso. Digo isso porque ficou mesmo e porque adoro abusar dos adjetivos. O meu lemon curd foi feito com o aromático limão meyer, portanto acrescentei suco e raspinhas de outro limão meyer no creme. Mas se não achar o meyer use o limão amarelo comum, o siciliano.

1 e 1/2 xícaras de creme de leite fresco
1 xícara de lemon curd
Suco e raspas da casca de 1 limão pequeno
1 colher de chá de sementes de cardamomo
1 colher de sopa de limoncello

Num pilão moa bem as sementes de cardamomo. Numa panela pequena coloque 1 xícara de creme de leite e as sementes de cardamomo moídas. Leve ao fogo até ferver. Desligue o fogo e deixe esfriar. Leve a mistura do creme com cardamomo à geladeira. Quando a mistura estiver bem gelada, passe tudo pou uma peneira fina, para remover as sementes de cardamomo. Junte a 1/2 xícara extra de creme de leite, 1 xícara de lemon curd e o suco e raspas de limão. Misture bem. Se precisar use um batedor de arame. Junte o limoncello e coloque o creme na sorveteira. Espere o sorvete firmar, transfira para uma vasilha com tampa e leve ao congelador até a hora de servir.

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sopa de brócolis & romanesco

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com molho verde

Fiz essa sopa para o almoço de um domingo gelado. Fiz porque estava frio e também porque eu tinha muitos brócolis e um romanesco enorme e queria dar um fim neles. O Uriel achou estranho, sopa no almoço. Mas depois lambeu os beiços e levou duas porções das sobras, pra comer no trabalho durante a semana. A sopa ficou cremosissíma, sem a adição de nenhum creme. E a invencionice do molhinho foi o toque de classe, que adicionou um sabor extra, cítrico e picante, à sopa. Fiz tudo sem medida.

Numa panela larga e funda refogue alho picado num pouco de azeite. Adicione as flores e os talos cortados do brócolis e do romanesco e refogue por uns minutos. Adicione então uma medida de caldo de legumes e a mesma medida de água. Tempere com sal e pimenta vermelha em flocos e deixe cozinhar até os legumes ficarem bem macios e reduzir uma parte do liquido. Desligue o fogo e bata tudo no liquidificador [com cuidado!] ou use o mixer de mão. Coloque tudo numa sopeira e sirva imediatamente, com uma colherada do molho verde por cima de cada porção.

molho verde
Coentro fresco
Nozes tostadas
Sal e pimenta do reino
Iogurte grego
Azeite
Suco de limão verde [lime]

Coloque todos os ingredientes no mini-processador ou no liquidificador e bata bem até formar um creme. Sirva sobre a sopa. O que sobrar guarde num pote de vidro com tampa na geladeira.

brownies de azeite [e coco]

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Esses não são os brownies da Alice B. Toklas, mas nem por isso deixam de causar um certo furor. Fiz a receita para levar num evento com muitas pessoas normais—aquelas que curtem chocolate. E como tem chocolate nesse bolinho! E tem também azeite de oliva extra-virgem e coco ralado salpicado com flor de sal. Verdadeiramente requintado. Foi esse o elogio que ouvi de alguém que provou o brownie. A receita do olive oil and coconut brownies saiu do NYTimes.

3/4 xícara de azeite de oliva
1/3 xícara de cacau puro em pó
1/2 xícara mais 2 colheres de sopa de água fervendo
60 gr de chocolate amargo ralado[*usei 99% cacau da Scharffen Berger]
2 ovos grandes
2 gemas de ovos grandes
1 colher de chá de extrato puro de baunilha
2 e 1/2 xícaras de açúcar [*coloquei somente 2]
1 e 3/4 xícaras de farinha de trigo
3/4 colher de chá de sal [kosher]
80 gr de chocolate meio amargo picado [*usei 60% cacau da Scharffen Berger]
2 xícaras de coco ralado
Flor de sal para salpicar

Pré-aqueça o forno em 350ºF/ 176ºC. Unte uma forma retangular com azeite. Numa vasilha grande bata com o batedor de arame o cacau em pó e 1/2 xícara mais 2 colheres de sopa de água fervendo, até dissolver bem. Adicione o chocolate amargo [usei o 99% cacau] ralado e bata até o chocolate derreter completamente. Adicione o azeite e bata. Depois adicione os ovos, as gemas e a baunilha e continue batendo até ficar bem incorporado. Junte o açúcar e bata até tudo ficar bem incorporado. Usando uma espátula, coloque a farinha e o sal, combinando bem. Coloque os pedaços picados do chocolate meio amargo [usei o 60% cacau] na massa e misture bem com a espátula.

Coloque metade da massa na forma untada com azeite, espalhe por cima 1 xícara do coco ralado. Cubra com o resto da massa. Espalhe por cima a 1 xícara restante de coco ralado, salpique flor de sal por cima e leve ao forno por 30 minutos. Transfira a forma do forno para uma grade e deixe esfriar completamente. Depois de frio corte em quadradinhos. Esse brownie solidifica somente depois de frio.

I Love You Alice B. Toklas!

I Love You Alice B. Toklas
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Peter Sellers é um advogado trintão na Los Angeles do final dos anos sessenta, levando uma vidinha bem sem graça e sendo levemente pressionado pela namorada para marcar a data do casamento. Até que conhece uma hippie que acaba passando uma noite na casa dele. No dia seguinte ele sai pra trabalhar e ela fica na casa e resolve fazer uma receita de brownies para deixar como agradecimento para o anfitrião. A receita é aquela famosa, da Alice B. Toklas, com um toque verde especial. De volta ao apartamento, o advogado e toda a família, incluindo a futura noiva e os pais, provam os brownies e já dá pra imaginar o que vai acontecer. Depois de comer os “groovy brownies”, a vidinha maçante e careta do advogado muda totalmente. Não vou contar toda a história, assistam porque um filme com o Peter Sellers sempre vale à pena e I Love You, Alice B. Toklas! de 1968 não é exceção.

Anos atrás, adquiri numa loja de antiguidades o The Alice B. Toklas Cook Book, o livro de receitas da companheira da escritora Gertrude Stein, a famosa Alice B.Toklas. Nele, foi acidentalmente publicada uma receita de um brownie de maconha, que evidentemente foi descoberta e virou um frisson durante a revolução do amor nos anos 60. A receita foi uma brincadeira de um dos amigos da Alice, que enviou a receita que acabou passando intacta pela revisão na época. O livro é uma delícia de leitura, relatando com detalhes gastronômicos [e com muitas receitas ilustrativas] os anos em que Gertrude e Alice viveram na França. E também tem lá, pra quem quiser testar com cautela, a intrigante e célebre receita do brownie.

pasta com harrissa e verdura

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Mais uma idéia criativa para gastar as diversas folhas verdes que recebo [ininterruptamente] toda semana na cesta orgânica. Determinação é realmente o meu nome do meio e nunca que vou desperdiçar essas preciosidades enfiando tudo num pote de caldo de legumes. Tenho preparado muitas coisas gostosas com essas verduras. Para replicar a receita de harissa spaghettini da Heidi Swanson, usei espaguete integral e as folhas escuríssimas da saborosa dino kale [cavolo nero].

3 dentes de alho
1 pitada de sal
1/4 xícara de azeite de oliva extra-virgem
2 colheres de sopa de pasta de harissa
250 gr de macarrão integral
1 maço de dino kale [cavolo nero]
1/2 xícara de azeitonas pretas secas [*usei a kalamata]
1/2 xícara de pinoles tostados
Casca ralada de 1 limão

Cozinhe o macarrão numa panela funda com bastante água e sal. Enquanto isso, amasse o alho com uma pitada de sal num pilão formando uma pasta. Misture a pasta de alho com a harissa e o azeite. Quando o macarrão estiver quase cozido [al dente] jogue na água do cozimento as folhas do dino kale rasgadas grosseiramente com as mãos. Conte até seis e remova as folhas. Escorra o macarrão. Reserve.

Na mesma panela onde o macarrão cozinhou, jogue a pasta de alho, azeite e harissa e deixe esquentar. Junte o macarrão cozido, as folhas cozidas de verdura, as azeitonas, os pinoles e as raspas da casca de limão. Misture bem e sirva. Faz de 4 a 6 porções.

os habitués

Temos esse hábito de voltar sempre ao mesmo lugar e pedir sempre a mesma comida. Quando elegemos um lugar como bom e gostamos da comida, voltamos e repetimos. Não é sempre que isso acontece, mas temos nossas preferências. Uma delas é a pizzaria da esquina do cinema, onde podemos comer uma salada fresquinha, um sanduíche com batatas fritas, pizzas bem razoáveis e beber vinhos locais. O ambiente é agradável, com mesas internas e externas—na varanda e no jardim aproveitadas durante quase todo o ano graças à aquecedores instalados no teto da varanda e um fire pit no jardim.

Vamos lá com uma certa frequência, muito mais do que tínhamos contabilizado. Pedimos sempre uma salada caesar para dividir entre nós dois, eu bebo uma taça de merlot, petite sirah ou shiraz de vinícolas locais, o Uriel bebe uma Buckler, a cerveja sem álcool. Depois pedimos uma pizza margherita de 12 inches. Todo sábado vamos nessa pizzaria e pedimos a mesma coisa.

Num sábado fomos jantar mais tarde do que de costume, depois de sair de uma sessão de cinema. Decidimos não pedir a salada e o Uriel decidiu beber somente água e não pedir a Buckler. O garçon, provavelmente um estudante da universidade como a maioria dos fornecedores de serviços nos restaurantes da cidade, veio anotar nosso pedido:

F—vou beber uma taça de merlot, por favor.
U—pra mim, somente água, obrigado.
G—não vai pedir uma Buckler hoje?
U—[cara de surpresa] ahn, hoje não.
F—e queremos uma margherita de 12 inches.
G—não vão dividir a salada hoje?
F&U—[cara mais do que de surpresa] ahn, não…
G—então hoje vai ser só o vinho e a pizza?
F&U—[sorriso petrificado] sim, só isso, obrigado!

Logo que o garçon se retirou, depois de fazer uns salamaleques meio sem graça, certamente motivado pela nossa reação com as perguntas dele, tivemos um ataque de riso. Eu tive que até ir ao banheiro pra me recompor, enxugar lágrimas e assoar o nariz. Foi um choque perceber que o garçonzinho não só nos conhecia, como sabia até que o que costumavamos pedir. Como assim, não vai beber a Buckler? E não vão dividir a salada? O que está acontecendo com vocês hoje? Algum problema, querem conversar sobre o assunto? Essa mudança na nossa rotina do sábado à noite deve ter desalinhado o chakra do moço, que já estava com o nosso pedido praticamente anotado mentalmente.