o restaurante

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Foram várias idas ao Café, mas ainda não tínhamos experimentado o Restaurante Chez Panisse, que fica no andar de baixo da casa da Shattuck Avenue, em Berkeley. O Uriel tinha tentado fazer uma reserva pro meu aniversário e não conseguiu, acabou reservando no Café mesmo. Para comemorar os nossos 30 anos de casados ele tentou novamente e desta vez conseguiu. Fiquei temerosamente de olho no menu, que é fixo e que eles publicam online semanalmente, para ver se não iria ter que encarar coisas que normalmente não encaro, como ostras, mariscos, polvo, patê de fígado, carnes exóticas e tals. Felizmente o ingrediente menos simpatico do menu daquele dia seria peito de pato. Respirei aliviada.

Gostamos imensamente da nossa experiência no restaurante, que tem um serviço ultra atencioso e delicado. Eles ligaram antecipadamente pro Uriel pra confirmar nossa reserva e perguntaram se era alguma ocasião especial. Por isso me surpreendi quando chegou a sobremesa com um delicado cartão nos desejando “happy anniversary”. Estava tudo impecável e delicioso, mesmo o pato—que é uma carne muito forte pro meu paladar, eu consegui comer metade da porção. Saimos imensamente felizes do nosso jantar de 30 anos de casados. E no restaurante do Chez Panisse eu quero voltar mais vezes.

O menu da noite incluiu um aperitivo de prosecco ariomatizado com marmelo e laranja e uma torradinha com um patê de bacalhau negro. A seguir veio uma tortinha super leve e delicada com massa folhada recheada com carangueijo Dungénes, erva-doce, alho poró e uma salada de chicória. O primeiro prato foi um risoto de camarões do Golfo com cogumelos chanterelle, alho verde e olio nuovo. O segundo prato foi o peito de pato de Sonoma com um molho de laranja e mandarin, blinis de raiz de salsão e salada de agrião. A sobremesa foi fondant de chocolate com sorvete de gengibre. As sobremesas do Chez Panisse sempre são o ponto alto da refeição pra mim, porque elas são incríveis. Pra finalizar vieram dois biscoitinhos e café pro meu marido. Eu bebi duas taças de sauvignon blanc da vinícola californiana Quivira que estava perfeito e combinou com tudo o que comi.

days of wine & roses

dois dias dois dias
dois dias dois dias
dois dias dois dias
dois dias dois dias
dois dias dois dias
dois dias dois dias
dois dias dois dias
dois dias dois dias

Eu não carrego comigo mais nenhuma câmera fotográfica, nem das grandes, nem das compactas. Carrego apenas o meu iPhone, que [lordhavemercy!] virou praticamente uma extensão do meus dedos. Faço tudo com ele, não vou a lugar nenhum, nem mesmo ao banheiro, sem ele. Meio desconcertante, né? Mas vou explicar que nele tenho relógio, despertador, biblioteca de livros [pra ler no carro, na fila, no dábliucê], discoteca de música, rádio, lista de compras, termômetro, conversor, tradutor, mapas, eteceterá, eteceterá, além de telefone e câmera de fotografar e filmar. Por causa da minha surpreendente dependência desta super útil gadget, não é de se estranhar que eu acabe fotografando tudo ao meu redor com muito mais assiduidade do que faria com uma câmera. Sem falar que não preciso fazer download de nada, pois as fotos vão automaticamente pro Instagram, Twitter e Facebook.

Não vou mentir, nem vou negar que tenho curtido muito essa fotografação e quero aproveitar todos os cliques. Por isso tenho feito essas compilações aqui, como numa galeria, geralmente registrando meu cotidiano e meus finais de semana, onde estive, o que fiz, o que comi ou cozinhei, o que vi e tals. Mais uma das minhas manias, que pode ter vida longa ou curta. Isso não posso prever, mas enquanto durar, aproveitem!

molho putanesca

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Esse molho é um clássico, mas eu não tenho nenhuma lembrança de um dia tê-lo preparado. Super falha minha, porque ele é uma delícia e fica pronto numa piscada. Nesta época do ano os tomates presentes na minha cozinha são somente os enlatados—eu estoco o fire roasted, tomates orgânicos da marca Muir Glen, que é a minha favorita. Adaptei levemente uma receita da revista Food&Wine.

1/4 xícara de azeite de oliva extra-virgem
3 dentes de alho picados
6 filés de aliche/anchova
1/4 colher de chá de pimenta vermelha em flocos
1 colher de sopa de extrato de tomate [orgânico]
1 lata grande de um litro de tomates [fire roasted orgânicos]
1 pitada de açúcar
2 ramos de manjericão [usei salsinha]
1/4 xícara de azeitonas pretas kalamata picadas
1 colher de sopa de alcaparras escorridas
Sal a gosto

Numa panela grande e robusta aqueça o azeite. Adicione o alho, os filés de aliche e a pimenta em flocos e refogue em fogo médio, mexendo de vez em quando, por 5 minutos. Adicione o extrato de tomate e mexa por 1 minuto. Adicione os tomates em lata [tudo junto, os tomates e o suco]. Coloque a pitada de açúcar, as azeitonas picadas, as alcaparras e o manjericão. Adicione sal a gosto e deixe cozinhar em fogo baixo por uns 30 minutos, até que reduza e fique um molho bem grosso. Sirva sobre macarrão cozido al dente em bastante água salgada. Eu usei o talharim. Esse molho pode ser feito com antecedência e guardado na geladeira por até 3 dias.

muitos poucos livros

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2011 deve ter sido o ano em que eu menos comprei livros. Primeiro foi por causa do choque da mudança, com o empacotamento de uma casa inteira, dez anos de acúmulo, e perceber que eu tinha cacareco pra caramba! Muitas doações e reciclagens depois, ainda continuei com muito cacareco. Dei um fim em anos de coleção de revistas, doei muitos livros, fiz o possível e mesmo assim precisamos de dois caminhões gigantes pra carregar tudo de uma casa para a outra. Embora tudo isso não tenha sido exclusiva culpa dos livros, confesso que dei uma brecada de leve. Sem falar que fiquei entretida com outras mil coisas—além da arrumação, as pequenas reformas, troca de piso, instalação de fogão, descobrimento e desbravamento da cidade, eteceterá, eteceterá. Não adquiri tantos livros também porque me peguei meio que no flagra folheando alguns deles sem o menor entusiasmo. É muito livro, muitos lindos, inspiradores, divertidos, mas nem todos realmente úteis. Tomei uma canseira das revistas também, principalmente quando percebi que não estava dando conta de manter o ritmo de leitura das publicações que chegavam mês após mês, não me dando oportunidade nem de tomar um fôlego. Cancelei várias assinaturas e algumas eu troquei pela versão eletrônica, pra ler no iPad. Essa troca funcionou muito bem pra mim e espero poder eventualmente fazer isso com todas as revistas que assino. Quanto aos livros, vou indo no passinho do elefantinho. Quem sabe em 2012 meu ânimo de leitura retorne. Sempre lembrando que agora eu tenho um porão enorme e uma garagem que já virou depósito, o que significa espaço à beça pra poder encher de mais coisarada.

cuscuz paulista

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Eu cozinhei pouquíssimo pras celebrações de final de ano. Fiz tudo bem simples desta vez, realmente! Para o primeiro dia do ano decidi fazer um cuscuz paulista, que pra mim é uma comida com gosto de festa. Lembro dos cuscuzes que minha mãe fazia para os aniversários e que ficavam uma delícia. Como a minha irmã tinha me presenteado com um saco de farinha de milho em flocos, aproveitei a oportunidade. Procurei e achei muitas receitas na web, mas acabei escolhendo uma em inglês, porque as medidas e os ingredientes estavam mais adaptados à minha cozinha. Também considerei essa receita adaptada um achado, pois a autora substitui a farinha de milho pela polenta—uma bóia salva-vidas para muitos expatriados que não tem acesso à farinha brasileira. Um dia testarei. Usei camarões da Flórida no lugar da sardinha em lata e aproveitei para gastar o milho orgânico que recebi no verão e tinha congelado.

1/3 xícara de azeite de oliva
1 xícara de cebola picada
4 ramos de cebolinha picados
4 dentes de alho picados
1 xícara de ervilhas congeladas [deixe descongelar]
1 xícara de milho congelado [deixe descongelar
2 xicaras de tomate picado em lata [usei orgânico fire roasted]
2 xícaras de farinha de milho em flocos
1/4 xícara de salsinha fresca picada
1/3 xícara de azeitonas verdes picadas
4 ovos cozidos—2 fatiados e 2 picados
1 xícara de camarões limpos e descascados
Sal e pimenta do reino moída na hora a gosto.

Unte uma forma grande com um buraco no meio com azeite. Decore o fundo da forma com os 2 ovos cortados em rodelas e fatias de cebolinha [usei chives/ciboulette]. Reserve. Numa panela grande e robusta refogue a cebola, a cebolinha e uma pitada de sal. Deixe apenas suar por uns 6-8 minutos. Adicione o alho e refogue por mais um minuto. Adicione as ervilhas e o milho e refogue por 2 minutos. Adicione o tomate e deixe cozinhar por uns 3 minutos. Coloque os camarões, as azeitonas, os 2 ovos picados e a salsinha picada e deixe cozinhar brevemente. Acerte o sal e junte pimenta do reino moída. Adicione a farinha de milho aos poucos, mexendo sempre com uma colher de pau até formar uma massa bem molhada, porém firme. Coloque essa massa na forma untada e decorada e aperte bem com uma espátula. Cubra e leve à geladeira até a hora de servir. Desenforme e sirva em temperatura ambiente.

salada de lentilha
[com camarão]

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As lentilhas são a única tradição de ano novo que ainda sigo. O restante das superstições e rituais já viraram coisa do passado. Não acredito que essas coisas vão fazer grande diferença no meu ano, então salvou-se apenas o detalhe da comida. No dia 30 de dezembro fomos almoçar num bistrozinho francês em Sacramento e eu pedi uma entrada com lentilhas e camarões. Gostamos tanto do que comemos, que eu decidi tentar replicar a receita em casa. Fiz, ficou bem parecido e foi o nosso prato com lentilhas do ano novo. Usei camarões um pouco menores do que o servido no restaurante, porque comprei o selvagem pescado na Flórida. E usei a lentilha verde de Puy, que continua bem firme depois de cozida e é ótima em pratos assim, servida como salada.

Numa panela, coloque 1 xícara de lentilhas e cubra com água. Cozinhe até as lentilhas ficarem macias. Escorra a água. Reserve. Numa outra panela refogue rapidamente um punhado de camarões em um pingo de azeite, tempere com sal e pimenta do reino moída na hora. Reserve. Bata 1 xícara de creme fraiche com um punhado de ciboulette picadinha, temperado com sal, pimenta do reino moída na hora e um fio de azeite. Reserve. Misture umas 2 colheres de sopa de mostarda dijon com um pouco de suco de limão, um fio de azeite e sal. Bata bem para emulsificar e reserve. Monte a salada, colocando as lentilhas cozidas numa travessa, regue com o molho de mostarda. Coloque os camarões sobre as lentilhas e o creme fraiche no centro. Sirva a seguir acompanhado de pão fresco ou torradas.

Dione Lucas

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Pouca gente sabe, mas antes de Julia Child, a grande musa foi Dione Lucas—a primeira mulher a se graduar pela escola Le Cordon Bleu e a primeira chef a ter um programa de televisão nos EUA. Dione Lucas não era americana, mas sim inglesa. Trabalhou como chef na Europa, abriu o primeiro restaurante e escola Cordon Bleu em New York e foi estrela do primeiro cooking show norte-americano, televisionado entre 1948 e 49 pela rede CBS. Ela também escreveu vários livros sobre culinária francesa e, obviamente, foi uma grande influência e inspiração para a sua mais famosa procedente, Julia Child.

os dias restantes

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Foram umas das melhores férias que já tive, porque não fiz nada e fiz esse nada muito bem acompanhada. Ficamos em casa na semana entre o Natal e o Ano Novo e descansamos muito. Tivemos dias ensolarados e lindos, colocamos muitas coisas em ordem, conversamos com a família pelo skype e aproveitamos o tempo juntos. No último dia de 2011 preparei lentilhas e cuscuz paulista para o nosso almoço de primeiro dia do ano novo e à noitinha partimos para Napa, onde jantamos no restaurante Oenotri e depois passamos a meia noite no wine bar 1313. No primeiro dia ficamos em casa, no segundo dia celebramos 30 anos de casados e no terceiro dia voltamos ao trabalho e à rotina. Nosso final de ano foi simples e tranquilo, mas foi memorável.