sopa de abóbora da A. Waters

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Estou quase alcançando meu objetivo de des-papelizar um pouco a minha vida e transferir todas as minhas assinaturas de revista para o iPad. De todas as revistas de gastronomia, a Food & Wine é a que tem na minha opinião o melhor design e interface. Ela não é apenas uma réplica da revista impressa, como muitas outras versões pra iPad são, mas é bem interativa e adaptada para essa mídia. Posso até dizer que estou gostando muito mais de ler essa revista na sua versão eletrônica. Na edição de fevereiro topei com essa sopa preparada pela genial Alice Waters. Tenho o hábito inconsciente de começar qualquer sopa refogando ingredientes e temperos. Mas com essa receita nada disso acontece. Podemos até ficar desconfiados—como que pode fazer um caldo saboroso sem um bom refogado? A Alice prova que é possível. O aroma da abóbora cozinhando na água com cebolas e uma folha de louro é o indício incontestável. Essa sopa foi muito simples de fazer e ficou deliciosa. Eu usei a intrigante variedade red kuri recomendada na receita, mas pode-se usar também a butternut squash ou qualquer outro tipo de abóbora.

700 gr [3 xícaras] de abóbora cortada em cubos
[red kuri, butternut squash ou outra variedade disponível]
1/2 cebola média cortada em partes
1 folha de louro
1 bulbo médio de erva-doce cortado em fatias
1 colher de sopa de azeite extra-virgem
Sal e pimenta do reino moída na hora a gosto
1 colher de sopa de manteiga sem sal
Nozes ou pecans tostadas
Folhas de manjerona fresco [*usei de orégano] para decorar

Pré-aqueça o forno em 375°F/ 200ºC. Numa panela grande coloque a abóbora cortada em cubos, a cebola, a folha de louro e 3 xícaras de água. Leve ao fogo alto e deixe ferver. Abaixe o fogo, cubra a panela e cozinhe em fogo baixo por 20 minutos.

Enquanto isso, forre uma assadeira com papel alumínio. Numa vasilha coloque as fatias de erva-doce e tempere com 1 colher de sopa de azeite, sal e pimenta do reino moída na hora. Espalhe as fatias de erva-doce na assadeira e leve ao forno por 25 minutos.

Remova a folha de louro da panela, bata o cozido de abóbora e cebola no liquidificador [com cuidado!] ou use o mixer de mão [como eu faço]. Coloque o purê de volta na panela e requente em fogo baixo. Tempere com sal, pimenta do reino moída e 1 colher de sopa de manteiga. Distribua a sopa nos pratos e coloque em cada um punhadinho de nozes [ou pecans], um pouquinho da erva-doce assada, folhinhas de orégano fresco [ou manjerona] e regue com um fio de azeite. Sirva imediatamente.

Essa sopa pode ser preparada antecipadamente, guardada na geladeira e requentada momentos antes de servir.

project paso

Se você é um dos tradicionalistas da rolha, que acha que as dos vinhos têm que ser feitas de cortiça, vira os olhos pra lá ou fecha a página. Porque essa vinicola californiana não só substituiu a cortiça pelo plástico, como também aboliu o uso do saca-rolhas nessa linha de vinhos chamada de Project Paso. No website não tem nenhuma explicação do por que dessa inovação, mas posso testemunhar em favor da praticidade. É só puxar a ponta do zigzag de plástico e pleft—remover a rolha com a mão! Pra mim, que detesto abrir vinho com saca-rolha, foi uma revelação. Já o vinho, na minha escolha pelo Sauvignon Blanc, não arrasou Péris in chammas. Bebi uma parte e usei a outra parte para fazer risoto.

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laranja vermelha & erva-doce

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Sabe quando você gasta um tempão preparando o almoço ou jantar e no último segundo percebe que esqueceu de fazer uma salada e não tem nenhum tipo de folha verde na geladeira? Foi o que aconteceu nesse dia. E eu tenho essa mania de comer salada todo dia, faça sol ou chuva, calor ou frio. Sem salada parece que algo ficou faltando. Por isso improvisei essa salada de laranja, usando as duas derradeiras laranjas vermelhas que tinham sobrado das compras da semana anterior no Farmers Market e um bulbo de erva-doce bem pequeno, conteúdo da cesta orgânica. Descasca as laranjas com cuidado pra remover toda a parte branca, rala a erva-doce no mandoline, arranja num prato ou travessa linda e tempera com floquinhos de sal Maldon, pimenta do reino moída na hora, vinagre balsâmico de pêssego [tô viciadona nesse troço!] e azeite extra-virgem. Serve-se em seguida.

aspargos frescos
[com farofinha de panko]

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Esfriou, choveu, choveu, choveu, baixou até neblina e hoje pela manhã tive que limpar uma camada de gelinho do vidro do meu carro e vi telhados e gramas das casas cobertos de geada. Mesmo assim os já presentes e evidentes sinais da primavera não permite tolos enganos—o inverno já virou a esquina, pelo menos oficialmente. E os sinais da nova estação estão por todos os lados. Um deles é a chegada dos aspargos. Uma chegada mundialmente celebrada, vamos concordar, pois esse legume é super versátil, além de delicioso. Dá pra fazer tanta coisa com eles, cozidos ou crus. Desta vez usei um maço para fazê-los da maneira mais simples possível, cozendo no vapor, temperando com azeite e limão e servindo com uma farofinha. Vi uma idéia mais ou menos como essa em algum lugar, mas esqueci onde. Por isso nem pude ter um guia e tive que inventar.
Numa frigideira coloque um pouquinho de azeite e refogue um ou dois dentes de alho picadinho. Junte panko [farinha de pão japonesa] o suficiente e refogue até ficar levemente dourado. Tempere com sal e com raspinhas da casca de limão [usei o Meyer] e polvilhe sobre os aspargos já temperados com azeite e suco de limão [usei o Meyer]. Sirva a seguir. Só isso.

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frogurt com azeite & sal

frogurt-iog-gregoVou me desculpar e passar essa receita na frente das outras que estão na fila para serem publicadas—um passinho pra frente por favor, licencinha, licencinha. O motivo é absolutamente óbvio, basta olhar para as essas fotos ou até mesmo para a sua versão no instagram para entender que esse negocinho ficou delicioso demais. Vi a idéia no lindíssimo blog da Keiko, neste post sobre a Grécia. A receita não tem absolutamente nada de especial ou de complicada. São apenas dois ingredientes para o frogurt e mais dois ingredientes adicionados na hora de servir. Mas o resultado é deveras excepcional. Ficamos encantados com a delicadeza dessa mistura e devoramos tudo num dia, não teve sobras.

720 gr de iogurte grego integral—senão drene bem um iogurte natural
200 gr de açúcar
Azeite de oliva extra virgem—use o melhor que puder e tiver
Sal marinho em flocos—ou sal Maldon
Misture bem o iogurte com o açúcar até ficar bem incoporporado e o açúcar dissolver. Coloque numa vasilha e leve à geladeira por pelo menos 1 hora, para gelar bem. Depois coloque na sorveteira e siga o procedimento regular da máquina, até o iogurte virar um creme bem grosso.

Na hora de servir coloque em copos, regue com um pouquinho de azeite extra-virgem frutado—eu usei esse californiano da variedade Ascolano, e salpique com os flocos de sal—eu usei o Maldon, que é meu favorito. Sirva-se de uma segunda porção, se quiser. Nós quisemos!

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receitas sem fotos

Meu velho iMac não está conectando na internet. Justamente esse, que é o computador onde eu desovo e processo todas as fotos para o blog porque a tela é maior e melhor. Hoje fiz uma investigação e um interrogatório, me aproveitando da sapiência e gentileza de dois colegas, um programador e outro meterorologista. Chegamos à conclusão que: 1. o airport precisa ser atualizado. 2. o airport tá bichado e precisa ser trocado. Enquanto isso faço o que posso do laptop que fica na cozinha. A combinação desse pequeno probleminha com a correria de trabalho e outras coisas, está me deixando meio desanimada. Até tenho uns assuntos e receitas para publicar, mas simplesmente não estou conseguindo. Se eu pudesse dormir menos horas, essa condição de falta de tempo se resolveria facilmente. Sem falar que ainda entramos no nosso daylight saving time e por isso voltamos a acordar no escuro e não está sendo fácil tentar dormir menos.

Outro dia estava pensando que sou uma pessoa mais de imagens do que de palavra. Será? Porque às vezes fico frustradíssima quando vejo algo super legal e não consigo fotografar. Faço mil pataquadas, tropeço e caio no meio da rua, fico pra trás do grupo, aguentando filho e marido revirando os olhos, só porque eu preciso captar uma imagem. Depois de escolher entre trocentas fotinhos, cortar uma por uma [minto, uso um sistema], sempre gosto de montar as imagens numa galeria com a intensão de dizer algo, contar uma história. Can you dig it?

E as minhas histórias neste momento giram em torno da minha vidinha pacata—a casa, os gatos, os vizinhos, as plantas, as flores, as frutas, os legumes, a garrafa de vinho, detalhes da paisagem que está mudando.

Num domingo fiz um almoço pro meu filho e minha nora. Mas como ainda estava me recuperando de uma gripe morfelenta que me deixou um bagaço por duas semanas, resolvi que iria tentar simplificar ao máximo, fazendo um peixe na churrasqueira. Preparei uma posta grande de atum, que só temperei com sal, pimenta, raspas e suco de laranja. Foi pra grelha embrulhado em papel alumínio sobre uma cama de rodelas de laranja—aquelas da minha bondosa vizinha. O peixe assou rápido e ficou super úmido e tenro. Todos gostaram. Acompanhou salada de batata com vagens e salada verde de folhas. Num outro domingo fiz peixe de novo, desta vez bacalhau fresco do Pacífico, pescado em Half Moon Bay. Cozinhei as postas num molho de tomate [aquele em lata orgânico], depois de fazer um refogado com alho poró. E temperei com curry vermelho tailandês e coentro fresco.

Toda segunda-feira tenho precisado praticamente colocar um post-it na testa para lembrar, mesmo depois de ja ser avisada duas vezes pelo meu calendário no iPhone, que é dia de pegar a cesta orgânica. Já passei reto pela fazenda duas vezes. Da primeira vez eu voltei—estava no meio do caminho quando caiu a ficha. Da segunda vez eu entrei em casa e chorei. Depois me recompus e mandei um texto pra pra minha ex-nora, pedindo pra ela ir pegar a cesta pra mim. Essa amnésia recorrente tem acontecido por causa da minha imensa ânsia de voltar pra casa no final do dia de trabalho.

O que me deixa feliz é que a primavera já está bem presente até na minha cozinha, com a chegada de alguns tímidos aspargos. Está finalmente chovendo tudo o que não choveu quando deveria ter chovido. Tenho deixado os gatos sairem no quintal [com supervisão] durante o final de semana. Vamos mandar repintar a casa inteira por fora. E consertar uma goteira. Essa será a minha primeira primavera em Woodland.

bolo de nozes

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A revista Bon Appetit foi uma das que entrou na leva das assinaturas canceladas, quando percebi que tinha mais revistas empilhadas do que o meu tempo me permitia ler. Resolvi voltar a assiná-la, mas desta vez somente na versão para iPad. Ela não é a melhor revista eletrônica do mercado [a Food & Wine para iPad é bem melhor], mas tem um bom conteúdo. A edição de março de 2012 veio com uma matéria muito linda sobre um almoço na casa do chef do restaurante NOMA, René Redzepi. Guardei duas receitas dele que quero fazer, uma delas era a desse incrível bolo de nozes que foi criação da esposa do chef, Nadine Levy Redzepi. Fiz apenas metade da receita, porque achei que daria um bolo muito grande para apenas duas pessoas. Mas fiquei encantada com o resultado––um bolo denso e úmido, com sabor acentuado das nozes e pouco doce. Se eu tivesse feito a receita inteira, não teria sido problema, pois o bolo pequeno simplesmente desapareceu da forma. Adoramos!
serve de 18–24 porções
16 colheres sopa de manteiga sem sal em temperatura ambiente
6 colheres de sopa de açúcar tipo demerara ou turbinado [raw]
7 xícaras de nozes
3/4 xícara de farinha de trigo
1 e 1/2 xícara de farinha de amêndoa [ou almond meal]
3/4 xícara de açúcar branco
6 ovos grandes
3/4 xícara de creme de leite fresco
1/2 xícara de iogurte natural integral
1 colher de chá de sal kosher
1 fava de baunilha cortada ao meio e as sementes raspadas com uma faca [*usei 1 colher chá de baunilha em pó]
Pré-aqueça o forno em 350°F/ 176ºC. Unte uma forma retangular grande [33X22cm] com manteiga e polvilhe com 3 colheres de açúcar demerara ou turbinado [raw]. Reserve. Coloque as nozes no processador e pulse até elas ficarem grosseiramente picadas. Reserve 2 xícaras dessas nozes. Adicione a farinha ao restante das nozes no processador e pulse até obter uma farinha. Adicione a farinha de amêndoa e pulse até incorporar. Reserve.
Na batedeira, coloque a manteiga e o açúcar branco e bata por uns 3 minutos ou até ficar uma creme liso. Adicione os ovos, o creme de leite, o iogurte e o sal. Junte as sementes de baunilha [raspe com uma faca—eu usei a baunilha em pó]. Bata bem. Adicione a mistura de nozes e bata para incorporar bem. Junte as xícaras de nozes picadas getilmente, usando uma espátula. Coloque a massa na forma untada, polvilhe a massa com as restantes 3 colheres de sopa de açúcar demerara e leve ao forno. Asse por uns 55 minutos ou até o centro ficar bem cozido. Remova do forno, deixe esfriar bem e sirva. Pode servir acompanhado de creme de leite batido em chantily ou sorvete. Esse bolo pode ser feio com antecedência e guardado cobert na geladeira por até 3 dias.
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