
Minha preguiça de cozinhar só não tem sido maior do que a minha preguiça de escrever. Tenho certeza absoluta de que estou precisando de férias, daquelas pra não se fazer absolutamente nada, apenas comer, se divertir e dormir. A situação está tão crítica que outro dia abri uma correspondência do TripleA e deixei o booklet que eles me mandaram dobrado na página dos cruzeiros pelo Alaska. Minha vontade era pegar um navio e ficar pelo menos uma semana longe de tudo. Mas tem que ser navio, avião não vale!
Como um cruzeiro pelo Alaska está fora de cogitação neste exato momento, separo este tempinho para contar que umas semanas [meses?] atrás me deparei com umas uvas negras muito interessantes no Farmers Market. Chamadas de black maroo grapes elas são bem doces, bem escuras e tem um sumo que mancha os dedos. No dia que comprei as uvas, preparei uma receita inventada de halibut frito na manteiga queimada com molho de uva negra. Foi só queimar a manteiga, fritar o peixe, bater as uvas no liquidificador, coar, juntar à manteiga na frigideira e deixar reduzir. No final acrescentar um punhadinho das próprias uvas cortadas ao meio. Ficou realmente uma delicia e não teve sobras.
Mas o que sobrou das uvas frescas, infelizmente, encalhou. Daí que resolvi assar as frutas, pra dar um toque diferente e assim não deixar elas serem desperdiçadas. Você pode assar no forno, mas eu fiz na churrasqueira, as uvas embrulhadas numa folha de papel alumínio bem grosso e salpicadas com um pouquinho de brandy. Essas uvas assadas renderam. Acompanharam uma panna cotta básica de baunilha e depois essa gelatina de uva.
As uvas brancas vieram na cesta orgânica e estavam arriscadas a virar uva passa quando me deu um cinco minutos. Vou confessar que não sou, nunca fui lá muito fã das uvas. Para fazer a gelatina, bati as uvas brancas no liquidificador com quase nada de água, coei e medi duas xícaras. Como faltou um pouquinho de suco pra completar duas xícaras, completei com um pouco de leite [por isso essa aparência cremosa]. Uma xícara foi pra panela com um pouco de mel para adoçar e 1 colher de sopa de agar-agar. Deixei ferver, desliguei o fogo, juntei a outra xícara de suco de uva e coloquei em forminhas de gelo molhadas. O agar-agar solidifica rapidíssimo, entao em meia hora você poderá ter uma sobremesa. Servi com as uvas negras assadas. Ao invés de virarem passas, as uvas, brancas e negras estrelaram num prato salgado e em duas sobremesas. High five!















mas ele não passou pelo nosso controle de qualidade. Não estava ruim, não estava sem gosto, não estava verde, nem podre, estava apenas mediano.
Adoro quando resolvo o que vou fazer para o jantar já no meio da tarde e fico com aquela sensação de certeza e de firmeza de que vou chegar em casa e, pá pum, em menos de meia hora o jantar já vai estar na mesa. Quando isso acontece, quase sempre fruto de um mero acaso, eu ganho o dia. Porque chegar em casa depois de um dia de trabalho e ficar naquele abre e fecha neurótico de porta de geladeira e de despensa, é para abalar até os que têm nervos de aço.


As garrafinhas dos refrigerantes vintage da 
