sopa de cogumelo assado

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Outra sopa para aproveitar a abundância dos cogumelos no Farmers Market. Usei uma receita como base, mas adaptei tanto que ela se transformou. O resultado foi aprovado pelo provador oficial da família, que primeiro olhou com aquela cara de desconfiado, depois raspou o prato.
Usei umas 300gr de baby portabella, tomilho fresco, um litro de caldo de legumes, meia xícara de vinho branco, umas gotas de limão amarelo e meia xícara de creme de leite fresco. Azeite e sal. Pré-aqueça o forno em 400ºF/ 205ºC. Forre uma forma com papel alumínio e espalhe os cogumelos, regue com azeite e ponha pra assar. Os cogumelos assam muito rapido, portanto não vá ver tevê, nem ler o jornal na internet. Quando eles estiverem assados—murchinhos e escuros, retire do forno e coloque no liquidificador com metade do caldo de legumes. Bata, mas não deixe virar um creme. A sopa vai ficar pedaçuda. Coloque os cogumelos batidos na panela, o resto do caldo, muitas folhas de tomilho fresco e sal. Cozinhe por um bom tempo, até o caldo reduzir. Acrescente o vinho e cozinhe mais um pouco. Quando a sopa tiver engrossado, desligue o fogo, acrecente umas gotas de suco de limão, o creme de leite, acerte o sal e sirva. Como eu tinha umas sobras de garlic chives que resgatei da horta, acrescentei elas picadinhas no final. Mas não é necessário.

baked spiced butternut squash with apples and maple syrup

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A Marianne não é uma cozinheira trivial. Ela gosta de assar bolos, de fazer fudges no Natal e é a responsável pelo peru do Thanksgiving, que ela prepara metodicamente e sempre fica muito bom. Mas ela nunca foi de trocar receitas comigo, pois na verdade quem faz os ranguinhos diários é o Gabriel. Naquele dia porém ela me contou que tinha feito uma butternut squash que tinha ficado divina. Pela descrição que ela fez do prato, eu exigi—quero a receita. Ela me enviou o link para a baked spiced butternut squash with apples and maple syrup. Esperei pela chegada de mais uma abóbora na cesta e fui até o Farmers Market comprar o melhor suco de maçã. Fiz a receita e comi como sobremesa, mas tenho certeza que seria um bom acompanhamento para o peru que a Marianne vai fazer no Thanksgiving.
1/2 xícara (1 tablete) de manteiga
3/4 xícara de maple syrup puro
1/4 xícara de suco de maçã – usei o estilo cidra, bem grosso
1 colher de chá de canela em pó
1/2 colher de chá de allspice
1/2 colher chá de sal
3 butternut squashes pequenas e 4 maçãs Granny Smith, descascadas, sem sementes e cortadas em fatias
Pré-aqueça o forno em 400°F/ 205ºC. Unte um refratário com manteiga. Numa panela, misture a manteiga, o maple syrup e o suco de maçã. Leve ao fogo médio e aqueça, até a manteiga derreter. Aumente o fogo e deixe ferver até o liquido reduzir um pouco. Remova do fogo e acrescente a canela, o allspice e o sal. Bata bem com um batedor de arame.
No refratário arrume uma camada de fatias de abóbora, outra de maçãs e assim sucessivamente até acabar a abóbora e a macà. Regue com a mistura de suco, xarope e manteiga. Cubra com papel aluminio e asse por uns 50, 60 minutos. Pode ser feito um dia antes e guardado na geladeir. Na hora de servir reaqueça no forno ou microondas. Acompanha bem carnes, ou pode servir de sobremesa.

sou um pudim ambulante

Bem na minha frente e atrapalhando o meu acesso à marca de desodorante que eu costumo usar, estava uma mãe com quatro filhas. As meninas abriam os desodorantes um por um, cheiravam e murmuravam comentários elogiosos, dependendo do tipo de perfume. Violeta espanhola, hmmm, esse é realmente delicado. Algodão doce, ohh, esse eu gostaria de lamber. A mãe tentava dissuadir as meninas daquela lenga-lenga que a estava empatando, dizendo algo como—vocês ainda são muito novas pra usar desodorante, o que vocês precisam é apenas um bom banho. Concordei. A mãe também precisava de uma chuveirada, mas isso não vem ao caso. O caso é que eu não gosto de desodorante com cheiro forte e a marca do desodorante que eu uso lançou uma linha com cheiros inacreditáveis. Naquela confusão de meninas matracando, murmurando, cheirando, abrindo e fechando embalagens e tirando e pondo desodorantes das prateleiras, eu tive um cinco minutos de ansiedade, peguei o primeiro desodorante que alcançei e casquei fora. Desde então está tudo muito estranho por aqui, pois nunca na vida eu tive um sovaco com cheiro de baunilha e chai.

feijoa

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Meu primeiro encontro com a feijoa foi num Farmers Market no ano passado. Foi uma surpresa descobrir essa frutinha muito parecida com a goiaba, em gosto, cheiro e forma. Também foi surpresa descobrir que ela é conhecida como Mexican guava, embora seja original do sul do Brasil. Este ano já encontrei as feijoas novamente no mercado e já me deliciei com a sua doçura perfumada.

Mas surpresa mesmo eu tive quando um dos meus colegas entrou no prédio numa manhã anunciando—vocês viram que esses arbusto que temos na frente da porta é de Mexican guava? Fui correndo olhar e lá estavam mesmo as frutinhas verdes penduradas. Toquei, cheirei e comecei a rir do meu grau de distração e falta de percepção. Eu passo todo dia em frente desses arbustos, pois eles formam uma espécie de biombo entre a nossa porta dos fundos e a rua. Ali ficam sempre uns dois ou três esquilos que me assustam quando pulam de galho em galho. Outro dia tinha um lá coitado, tão pelado, talvez com algum tipo de doença de pele esquilítica que o deixou parecendo um rato. Com todo esse tempo gasto, entrando e saindo pela porta, observando e me sobressaltando com os esquilos e tal, como foi que eu não percebi que estava em frente à um pé de feijoa?

you can get everything you want

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at Alice’s restaurant

Eu tirei essa foto na Portobello Road em Londres porque eu adorei o lugar e também porque me lembrei imediatamente do Alice’s Restaurant do Arlo Guthrie. O Arlo era um jovem hippiezinho no Festival de Woodstock e continua um hippie até hoje, já não tão jovem. Mas quando ele ainda era um piázinho desengonçado, compôs uma música chamada Alice’s Restaurant, que é literalmente uma viagem, pois dura quase meia hora. Depois o Arthur Penn dirigiu o Arlo num filme, também chamado Alice’s Restaurant, com a Alice e seu restaurante. O filme é outra viagem, hiponga.
Não sei explicar exatamente como, onde e por que, mas eu e o Uriel temos até essa private joke, quando dizemos um pro outro—you can get everything you want [at Alice’s restaurant]. Também não sei por que eu gosto tanto do Arlo e tiro foto do restaurante—ou pelo menos parecia um restaurante, em Londres, só por causa da música dele. Talvez não seja somente pelo fato do Arlo ser fofo, engajado e cantar músicas de protesto, mas também porque ele é o filho caçula do Woody Guthrie. Quem é Woody Guthrie, você me perguntará? E eu responderei prontamente, Woody Guthrie foi um grande folk singer norte-americano e um dos caras que influenciou Bob Dylan.

my own private junk food

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O cachorro-quente é uma daquelas comidas que faz parte da história gastrônomica da minha vida. O impacto que esse sanduíche me causou, comida alguma nunca se equiparou. Fazia muito tempo que eu não comia um cachorro, portanto estava mais do que na hora. O detalhe especial dessa junk food é que nada ali é realmente junk, a começar da salsicha—da melhor qualidade, até as batatas fritas e o molhinho de cebola e pimentão. Nada é ordinário, tudo é orgânico, até a maionese. Pra comer sem culpa, com gosto, ficar com aquela cara alegre, cheia de satisfação.
Eu cozinho as salsichas na água, escorro, retorno a panela ao fogo, rego com um pouco de azeite, jogo cebola e pimentão verde cortados em rodelas e refogo, até os legumes ficarem macios e formarem um molho. Só isso!